Análise léxica de conteúdos sobre o consumo de agrotóxicos e a contaminação de água subterrânea

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Silva, M.I. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Francelino, J.W.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Souza, A.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Gomes, B.T.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Moreira Filho, J.B. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Pinto, L.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Souza, T.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Macedo, R.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Martins, L.D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Lima, M.T.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI) ; Paula Filho, F.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI)

Resumo

Através desta pesquisa buscou-se identificar e quantificar os agrotóxicos de uso comum nas lavouras brasileiras e estudos sobre seu impacto na contaminação de águas subterrâneas. Na coleta dos dados foram consultadas diferentes bases bibliográicas compreendendo o período entre 2009 a 2017. A análise de similitude através do Softwere Iramuteq, v 0.7alpha2, permitiu verificar a relação entre os arquivos selecionados através dos termos com maior frequência. A nuvem de palavras agrupou termos de maior frequência no corpus, que foi composto por 34 UCIs que deram origem a 60 segmentos que continham 6.117 ocorrências, lemas, 1147 e 1.444 formas. Foi possível observar a totalidade de 11 principais compostos com maior potencial de contaminação das águas subterrâneas pelo GUS.

Palavras chaves

Análise léxica; Água subterrânea; Agrotóxicos

Introdução

Brasil é o maior consumidor de agrotoxicos do planeta, sendo considerado o mercado mais promissor para a indústria de pesticidas, apresentando cerca de 10% de crescimento ao ano (Ministério do Meio Ambiente, 2015; Martins, 2018). Em áreas de atividade agrícola, a principal preocupação é a contaminação dos recursos hídricos com resíduos de agrotóxicos. Essas substâncias são compostos orgânicos sintéticos com baixo peso molecular, geralmente com baixa solubilidade em agua e alta atividade biológica (Soares et al. 2017). A utilização das águas subterrâneas para fins agrícolas exige uma série de cuidados, principalmente relacionados aos impactos decorrentes das características físico-químicas da água de irrigação, que podem afetar o solo, as culturas, os sistemas de distribuição e os próprios mananciais hídricos locais (Soares et al. 2017). Os processos envolvidos no destino ambiental dos agrotóxicos dependem de suas propriedades físico-químicas e forma de aplicação, características do solo e condições ambientais (Spadotto, et al, 2004; Spadotto, et al, 2010). Dentre estes processos estão a lixiviação, escoamento superficial, sorção, degradação química e biológica e volatilização. A FAO (Food and Agriculture Organization) adverte que operações agrícolas podem contribuir para degradação da qualidade da água. O impacto das atividades agrícolas modernas sobre a qualidade das águas subterrâneas tornou-se conhecido em alguns países industrializados durante a década de 1970 (MARTINS, 2018). A realização deste trabalho teve como objetivo congregar informações das bases de dados oficiais e científicas relativas referente a comercialização de agrotóxicos no Brasil, tratando estes dados estatisticamente através de análise lexicométrica.

Material e métodos

A coleta dos dados foi realizada através de buscas nas bases de dados pub med, Google acadêmico, scielo e tese e dissertações da CAPES. A coleta dos dados sobre os produtos vendidos e seus quantitativos foi realizado no site do Ibama. Apresentam os valores totais de ingredientes ativos comercializados no país. Os dados coletados compreendem ao período de 2009 a 2017. O critério de exclusão utilizado consistiu em eliminar todos os corpus que não se enquadrassem nos critérios de inclusão do estudo, ou seja, o seu conteúdo que não estiver relacionado com “contaminação águas subterrâneas por pesticidas”, sendo também excluídos os que não disponibilizavam acesso aos dados. Foi realizado uma análise de similitude no iramuteq para verificar a relação entre os arquivos selecionados através dos termos com maior frequência, a organização dos resumos foi utilizado o Libre Office, e posteriormente criado um arquivo.txt, para leitura no Software Iramuteq1 (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) versão 0.7 alpha 2, programa de software baseado no método de Alceste e desenvolvido por Pierre Ratinaud (CAMARGO et. al, 2013). A análise lexicométrica no Iramuteq, passa por várias fases. Primeiro passa pela análise do que é comum a todo o corpus, onde o vocabulário é listado de acordo com a frequência sendo possível analisar o perfil geral do corpus. As palavras mais frequentes são em geral as compartilhadas por todo o corpus, em seguida, acontece a análise do que difere. A análise de especificidades permite destacar o que difere entre os atributos de uma variável (por exemplo, entre autores diferentes ou em diferentes períodos temporais). É uma ferramenta crucial para testar hipóteses. (MUTOMBO, 2013)

Resultado e discussão

A partir do levantamento de dados de comercialização de pesticidas, foi possível elencar que o glifosato e seus sais, óleo mineral e 2,4 – D correspondem aos agrotóxicos mais comercializado (Figura 1). Os resultados da análise léxica resultaram em 34 artigos científicos, onde as palavras foram agrupadas e organizadas em função da sua frequência (Figura 2a). As palavras contaminação e água foram as que tiveram maior frequência no corpus, 102 e 120 vezes respectivamente, seguidas de subterrâneo 75 e pesticidas 56 vezes (Figura 2a). Dessa forma a seguir temos a descrição do corpus: composto por 34 UCIs que deram origem a 60 segmentos que continham 6.117 ocorrências, lemas, 1147 e 1.444 formas, 567 palavras que aparecem uma vez. O Dendograma permite compreender os temas mais abordados relacionados com a contaminação das águas por pesticidas (Figura 2b). No levantamento realizado os estados brasileiros com ocorrência de estudos sobre os impactos do uso de agrotóxicos sobre a qualidade das águas subterrâneas foram: São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Sergipe, Paraná, Santa Catarina, Curitiba, Bahia, Pernambuco e Ceará. Nestes estudos é evidenciado que os compostos com maior potencial de contaminação das águas subterrâneas são: Glisofato, Azoxistrobin, Ciromazina, Clorfenapir, Dimetoato, Fenarimol, Imidacloprida, Iprodiona, Metalaxil, Tebuconazol e Triflorina.

Figura 1

Figura 1. Agrotóxicos mais comercializados no Brasil no período de 2009 a 2017.

Figura 2

Figura 2. Gráficos de nuvem de palavras e dendograma de similaridades de classes.

Conclusões

A análise léxica demonstrou haver apenas estudos publicados sobre o uso de agrotóxico e seus impactos na qualidade das águas subterrâneas, em 12 estados do Brasil. As palavras contaminação, água, e subterrâneo, assume uma posição de destaque, apresentando o risco também como elemento central. O levantamento de dados da comercialização demonstrou que os principais agrotóxicos com potencial para contaminação das águas subterrâneas são Glisofato, Azoxistrobin, Ciromazina, Clorfenapir, Dimetoato, Fenarimol, Imidacloprida, Iprodiona, Metalaxil, Tebuconazol e Triflorina.

Agradecimentos

A Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP (Processo BP3-0139-00276.01.00/18).

Referências

BRASIL. Decreto no 4.074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei no 7802/1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 08 jan 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto/2002/D4074 .htm >.Acesso em: 07 jun. 2019.

CAMARGO, B. V.; JUSTO, A. M. IRAMUTEQ: Um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518, 2013.

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Ministério do Meio Ambiente (2015). Segurança Química. Agrotóxicos. Disponível em: http://www.mma.gov.br/seguranca-quimica/agrotoxicos. Acesso em nov. 2018.

SPADOTTO, C. A. 2004. Screening method for assessing pesticide leaching potential. Pesticidas: Rev. Ecotoxicol. Meio Amb. 2004, 12, 69.

SPADOTTO, C. A.; SCORZA JR., R. P.; DORES, E. F. G. C.; GLEBER, L.; MORAES, D. A. C.; Embrapa Monitoramento por Satélite. Documentos, 2010, 78, 46p.

SOARES, D. F; FARIA, A. M.; ROSA, A. H. Análise de risco de contaminação de águas subterrâneas por resíduos de agrotóxicos no município de Campo Novo do Parecis (MT), Brasil. Revista de Eng Sanit Ambient | v.22 n.2 | mar/abr 2017.

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