AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO E DEGRADAÇÃO DO CORANTE REMAZOL BLACK B ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ambiental

Autores

Ribeiro, E.G.T. (UFPE) ; Silva, L.C. (UPE) ; Costa, L.H.P. (UFPE) ; Calado, S.C.S. (UFPE) ; Silva, V.L. (UFPE)

Resumo

A contaminação dos cursos d'água devido à evolução do uso de corantes na indústria têxtil vem se tornando um grave problema, devido aos riscos que esta representa ao meio ambiente e à saúde humana. Frente a isso, tratamentos cada vez mais específicos vêm sendo estudados. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de remoção da cor e degradação do corante RB5 em meio aquoso, empregando 3 diferentes tipos de Processos Oxidativos Avançados(POA). Os ensaios foram conduzidos com concentrações de H2O2 150mg.L-1, Fe+2 2mg.L-1. O tempo de reação foi 40min. Os resultados dos processos de Fenton, Foto-Fenton UV-A e Foto-Fenton UV- vis, apresentaram a maior eficiência (100%) do processo Foto-Fenton UV-A devido à influência de radiação UV-A na geração de radicais OH através de fotólise.

Palavras chaves

Remazol Black B; Degradação; POA

Introdução

Corantes são substâncias químicas, sintéticas ou naturais, que ao serem adicionadas a outra substância confere, intensifica ou restaura a cor. São empregados em vários tipos de indústria, entre as quais se destacam a têxtil, farmacêutica, alimentícia, cosmética, de fotografia, entre outras. Apenas a indústria têxtil, é responsável pela utilização de cerca de 20% dos tipos de corantes disponíveis no mercado (MARIN, 2015). Corantes têxteis sintéticos podem ser classificados de acordo com sua estrutura em ácidos, básicos, reativos, dispersos, azo, diazo e metais complexos (CARVALHO, 2016). O Remazol Black B (RB5) é um corante do grupo azo que reage nas fibras sintéticas de acordo com as interações de Van der Waals. O tingimento é baseado na forte interação entre os orbitais π do corante e da fibra (ALMEIDA, 2018). O grande problema a cerca desse processo deve-se ao fato de que para cada quilograma de produto finalizado há cerca de 100L de água poluída e, mesmo quando em baixas concentrações, o RB5 pode alterar a coloração e toxicidade da água. Além de causar dano ambiental, devido ao bloqueio da luz solar e presença de aberrações cromossômicas em animais, pode agravar problemas respiratórios crônicos em humanos, como a asma e a rinite alérgica. Assim, surge a necessidade de realizar o tratamento destes efluentes antes do descarte (ARSLAN-ALATON et al 2008; RODRIGUES et al 2009). Entre as principais técnicas para remoção e degradação de corantes está o uso de Processos Oxidativos Avançados (POA), utilizando o peróxido de hidrogênio (H2O2) como agente oxidante e sulfato ferroso (FeSO4.7H2O) como catalisador (BANASCHIK et al., 2018). O presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de diferentes tipos de POA na remoção e degradação do corante RB5 em meio aquoso.

Material e métodos

O estudo do efeito na remoção e degradação do corante RB5 através de POA foi realizado em soluções de efluente sintético aquoso na concentração de 100mg.L-1. Utilizou-se os reagentes RB5 (DyStar ≥ 85%), H2O2 (Degussa, 14,7mol.L-1 padronizada), KMnO4 (Alfa Aesar ≥ 98%), FeSO4.7H2O (Carlo Erba ≥ 98%) como catalisador, e H2SO4 0,5M (Quimex ≥ 95%), para ajuste de pH. Os tipos de POA avaliados foram: Fenton, Foto-Fenton UV-A e Foto-Fenton UV-vis. Para o estudo de Foto-Fenton com radiação UV-A foi utilizado um reator de batelada de confecção própria, composto por 3 lâmpadas fluorescentes UVA blacklight blue (Xelux T10 BL B). Para o estudo de Foto-Fenton com radiação UV-vis foi confeccionado o mesmo tipo de reator, porém, as lâmpadas utilizadas foram fluorescentes do tipo UV-vis luz do dia especial (Osram Universal Brasil k 528). Ambas com 60cm e potência de 20W cada, dispostas em paralelo. Em cada ensaio foram utilizados 50mL do efluente aquoso disposto em placas de Petri. A solução de RB5 foi acidificada com H2SO4 até atingir pH 3,0. As quantidades pré-estabelecias de FeSO4.7H2O 0,008mol.L-1 e de H2O2 1,47mol.L-1 foram adicionadas e homogeneizadas em seguida. A solução de H2O2 1,47mol.L-1 foi obtida a partir do H2O2 14,7mol.L-1 e padronizada com KMnO4 em meio ácido (VOGEL, 1960). Após este procedimento, as amostras destinadas ao processo de Fenton foram dispostas numa caixa escura; as amostras para o processo de Foto-Fenton UV-A foram colocadas no reator UV-A; e as amostras tratadas com Foto-Fenton UV-vis no reator UV-vis. Ligaram-se os reatores e cronometrou-se 40min. Após o tempo decorrido, as amostras foram levadas para análise. A caracterização do RB5 foi realizada em espectrofotômetro Aquamate UV-Vis, da Thermo Spectronic, no comprimento onda de 597nm.

Resultado e discussão

Os resultados das caracterizações de degradação realizadas no efluente de RB5 após tratamento são mostrados na Tabela 1. Analisando os percentuais de degradação verifica-se que a eficácia do método POA aplicado segue a ordem Foto-Fenton UV-A Foto-Fenton UV-vis Fenton. Para o processo Fenton, o resultado foi estimado a partir da análise de regressão linear, com as mesmas condições aplicadas aos 2 processos Foto-Fenton. O resultado para as 3 triplicatas do processo que utilizou Foto-Fenton UV-A foi 100% em degradação do RB5. Isto pode ser explicado devido ao processo de fotólise da molécula, que ocorre quando a luz UV é diretamente absorvida pelo H2O2 (SILVA et al., 2017), uma vez que ao empregar radiação UV com comprimentos de onda curtos aumenta-se a produção de radicais OH, otimizando a degradação (BELLIDO, et al., 2019; SILVA et al., 2018). Entretanto, devido à alta eficiência do processo UV-vis, que conseguiu degradar mais de 97% do corante, este seria mais apropriado para aplicação em larga escala, com vantagens econômicas, ocupacionais e respeito pelo meio ambiente. A análise da Figura 1, sobre o efeito da descoloração do RB5 confirma a tendência mostrada na Tabela 1, de que os POA Foto-Fenton UV-A e UV-vis mostram-se mais eficazes que o processo Fenton, obtendo uma maior descoloração do RB5, devido ao efeito da radiação sobre as amostras. É possível notar ainda que para os POA Foto-Fenton UV-A e UV-vis, os picos de absorção característicos do RB5 desaparecem após o tratamento, enquanto que para o POA Fenton 2 novos picos surgem na região de 190nm, indicando a formação de novas espécies com transições na região UV.

Tabela 1– Percentual de remoção do RB5.

Para os processos de Fenton, Foto-Fenton UV-A e UV-vis, empregando condições experimentais otimizadas.

Figura 1 − Espectros de absorção do UV-vis para o RB5 100mg.L-1.

(−) Antes do Tratamento; (...) Após o tratamento com o POA: A- Fenton, B-Foto-Fenton UV-A e C- Foto-Fenton UV-vis.

Conclusões

O processo Foto-Fenton UV-A apresentou maior eficiência, 100% de degradação e remoção de cor do corante Remazol Black B, dentre os POA estudados. A vantagem apresentada em relação ao Foto-Fenton UV-vis e ao Fenton se deve ao aumento na radiação que tem influência direta na produção de radicais OH. O uso de UV-vis é 70% mais barato, tornando o processo mais atrativo para a utilização da tecnologia em larga escala. Além de ser mais vantajoso para o meio ambiente, uma vez que este processo pode ser facilmente adaptado ao uso luz solar. Característica que evidencia a aplicabilidade do método.

Agradecimentos

Referências

ALMEIDA, E. J. R. D. Avaliação da remoção de cor e toxicidade de azo corantes pelo emprego de tratamentos microbiológicos, adsortivos e processos oxidativos avançados. 2018.
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BANASCHIK, R.; JABLONOWSKIA, H.; BEDNARSKIC, P.J.; KOLB, J.F. Degradation and intermediates of diclofenac as instructive example for decomposition of recalcitrant pharmaceuticals by hydroxyl radicals generated with pulsed corona plasma in water. Journal of Hazardous Materials, v. 342, 651–660, 2018.
BELLIDO, J. D. A.; ALMEIDA, M. M.; COTTA, A. L. S.; JÚLIO, J. P. O.; VAZ, C. A. S. Fotocatálise heterogênea aplicada no tratamento do corante rodamina b–uso de catalisador de TiO2 sob radiação UV. e-xacta, v. 12, n. 1, p. 11-19, 2019.
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SILVA, L. R. C.; SILVA, T. L.; ARAÚJO, F. P.; SILVA FILHO, E. C.; OSAJIMA, J. A. Uso de fotólise direta e H2O2/UV em solução aquosa contendo o corante violeta cristal. Holos Environment, v. 17, n. 1, p. 138-148, 2017.
MARIN, S. L. A. Remoção dos corantes têxteis CI Reactive Blue 203 e CI Reactive Red 195 mediante o uso de bagaço de maçã como adsorvente. 2015. Dissertação de Mestrado. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
RODRIGUES, C. S. D.; MADEIRA L. M.; BOAVENTURA, R. A. R. Optimization of the azo dye Procion Red H-EXL degradation by Fenton's reagent using experimental design. Journal of Hazardous Materials, v. 164, n. 2-3, p. 987-994, 2009.
VOGEL, A. I. Química Analítica Cuantitativa, Teoría y Práctica. Buenos Aires: Kapelusz, 1960. v. 1.

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