MODELO DIDÁTICO SOBRE OS ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA COMO ALTERNATIVA PARA O ENSINO DE QUÍMICA

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

da Silva Costa, D. (IFMT CAMPUS CONFRESA) ; Silva Costa, A.N. (IFMT CAMPUS CONFRESA) ; Almeida Nascimento, D. (IFMT CAMPUS CONFRESA) ; Franco Leão, M. (IFMT CAMPUS CONFRESA)

Resumo

O modelo didático é um instrumento para construção dos saberes químicos, pois aproxima teoria e prática, o que chama a atenção dos estudantes pelo estudo. Diante disso, relatamos a elaboração e uso de um modelo didático para representar a agregação das partículas e ensinar os estados físicos da matéria. Esse modelo foi desenvolvido por acadêmicos do 5º semestre de Licenciatura em Ciências da Natureza - Química do IFMT Campus Confresa. O modelo foi constituído por materiais de baixo custo do cotidiano, cujo intuito foi favorecer aprendizagem dos conceitos iniciais da química. Os acadêmicos avaliaram de forma positiva e consideraram o modelo didático como algo claro, ideal para explicar conceitos abstratos. Logo, esse recurso didático possibilita representar estruturas e assimilar conceitos.

Palavras chaves

Ensino de química; Modelo didático; Estados físicos

Introdução

Um dos grandes desafios atuais do ensino de química nas escolas de Ensino Médio, principalmente escolas públicas, é construir uma ponte entre o conhecimento teórico, aplicado nas escolas, e o conhecimento empírico dos estudantes (OLIVEIRA, et al., 2008). Assim, para esse desafio seja superado é necessário que os professores utilizem de recursos e estratégias didáticas para que aconteçam tais relações. São vários os recursos pedagógicos disponíveis para ensinar química, que cada vez mais vem sendo utilizado como uma ferramenta auxiliadora, e uma dessas ferramentas é a modelagem didática, que dinamiza o processo de ensino aprendizagem, tornando mais atrativo e palpável (SOUSA, 2007). Dentre tantos recursos didáticos existentes, optou-se nesse estudo pelo aprofundamento teórico e prático da utilização de modelos didáticos. De acordo com Paz et al. (2006), os modelos didáticos são a base da teoria, e são classificadas em três tipos, sendo eles: o modelo imaginário, modelo teórico e o modelo representacional, que também é conhecido como maquete. Matos et al. (2009) diz que o modelo didático é uma ferramenta que auxilia o professor, promovendo a contextualização entre o conteúdo e a prática, estimulando a curiosidade dos estudantes e o estimulo ao saber químico. Modelo Didático é um método flexível quanto à sua aplicação, ou seja, suas dimensões podem ser dirigidas para diferentes públicos que vivenciam, já vivenciaram ou que ainda vivenciarão a experiência docente (SANTOS JÚNIOR; SILVA, 2017). O tempo de vivência e as diferentes experiências vividas pelos professores e estudantes, conduzem a composição dos modelos de maneira diferente. Com os modelos didáticos, os professores conseguem ensinar os conteúdos chamando a atenção do estudante e tornando a aula um momento de interação e aprendizado. Isso faz com que o estudante aprimore o desenvolvimento de habilidades linguísticas, mentais e de concentração, além de exercitarem a interação social e trabalho em equipe (SANTAN; SILVA, 2010). De acordo com Justina (2006) os recursos didáticos no ensino de química possuem grande importância, pois impulsionam os estudantes e os professores a sair da comodidade e os levam a experimentar nova saberes na química. Fonseca et al. (2014) afirma que é os métodos didáticos é de vital importância no ensino - aprendizado dos estudantes, não sendo limitado apenas a aulas tradicionais, mas sim de aulas inovadoras, diferenciadas que consigam contextualizar o conteúdo e o cotidiano dos estudantes, dinamizando o conhecimento fazendo o ensino de química ter significado. Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi relatar a utilização e a confecção de um modelo didático para ser utilizado em aulas de química, mostrando que é possível confeccionar seu próprio modelo de baixo custo e aplicá-lo em sala de aula para ser um auxílio didático.

Material e métodos

O Modelo Didático foi desenvolvido em meio às aulas de Instrumentação para o Ensino de Química, na turma do 5° semestre de Licenciatura em Ciências da Natureza com Habilitação em Química do IFMT Campus Confresa. Os acadêmicos foram desafiados a desenvolver um modelo didático para auxiliar no ensino de química, visto que os integrantes dessa turma futuramente atuarão como professores. Há partir daí surgiu a ideia de um modelo didático para exemplificar as partículas nos três diferentes estados físicos da matéria. Sendo produzido em casa, com materiais alternativos, facilmente encontrados no nosso cotidiano. Para a confecção e aplicação em sala de aula, utilizou-se 3 copos de vidro, feijões e fita adesiva, e papéis contendo informações sobre os 3 estados físicos da matéria, como ilustra a Figura 1. Para a utilização desse modelo didático e socialização do material utilizado, no primeiro momento foi explicado o em sala de aula sobre o conceito de modelo didático, juntamente com a explicação sobre os estados físicos da matéria e sua relação com a agregação das partículas constituintes. Após a explicação inicial, foi explorado o tema da aula utilizando o modelo didático, mostrando a turma os 3 estados físicos da matéria, o sólido, líquido e gasoso. Foi apresentado o modelo explicando sua finalidade, e depois deu se a sequência com o conteúdo da aula. No término dessa aula que utilizou o modelo didático como recurso pedagógico para potencializar o ensino de química, os acadêmicos avaliaram o modelo por meio de um questionário constituído por 3 questões abertas, que foram discutidas tendo como aporte o referencial teórico utilizado.

Resultado e discussão

Durante a aula os acadêmicos mostraram-se interessados e participativos, foi de grande aprendizado para ambos, além de propiciar um momento dinâmico e rico em aprendizagens. O conteúdo explicado em aula foi sobre os Estados físicos da Matéria como citado anteriormente. Sendo relembrado conceitos como, o que determina o estado em que a matéria se encontra é a aproximação que tem entre as partículas que a constitui, e a força de coesão que é o que faz com que as moléculas se aproximem umas das outras, e a força de repulsão que faz com que as moléculas se afastem umas das outras. No estado sólido, a forma e o volume não variam devido o estado de agregação das partículas, já no estado líquido o volume permanece constante, mas a forma é variável de acordo com o recipiente no qual o líquido está contido. No estado gasoso tanto a forma quanto o volume são variáveis. Cabe ressaltar que o volume, a densidade e a forma de um composto, podem variar de acordo com a temperatura. Um primeiro questionamento realizado para os acadêmicos foi se a utilização do modelo didático auxiliou na compreensão dos conceitos envolvidos. Todos eles afirmaram de que alguma maneira o recurso didático utilizado contribui para a compressão dos conteúdos por torná-lo de fácil compreensão. Acreditam eles que ao relacionar o conteúdo com algo concreto e palpável, como é o caso do modelo didático elaborado, é possível que os estudantes estabeleçam relações e assim construam uma aprendizagem significativa. Soares et al. (2003) corrobora que ao se desenvolver estratégias didáticas desde a mais simples á mais inovadora, dinamizam o processo de ensino e aprendizagem, fazendo com que os estudantes e até mesmo o professor se divirtam nessa troca de aprendizado. Ao serem questionados se o modelo didático explorado na sala de aula pode ser considerado como algo criativo e motivador, os acadêmicos avaliaram positivamente, pois eles mencionaram que foi a atividade foi motivadora e esclarecedora, ao mesmo tempo que bastante simples, porém muito criativa. Marandino et al. (2009) corrobora que os temas científicos devem ser demonstrados para que haja estimulo nos estudantes em participar, isso ocorreu durante o desenvolvimento da aula sendo que os mesmos estavam envolvidos no que estava sendo apresentado. Sobre os conteúdos de química que os acadêmicos consideram ser possíveis de serem abordados por meio de um modelo didático, muitos afirmaram que é viável a qualquer conteúdo, outros já afirmaram ser mais indicado aqueles conceitos abstratos da química. De acordo com Nicola (2016), quando o recurso didático utilizado é avaliado positivamente pelos estudantes, eles tendem a ser mais confiantes e abertos a novas situações de aprendizado, e são capazes de conceber conhecimentos mais complexos.

Figura 1 - Ilustração do modelo didático sobre estados físicos da maté

Descrição: O estado de agregação das partículas constituintes de um determinado material é determinante para definir o estado físico.

Figura 2- Modelo didático do estado gasoso

Descrição: No estado gasoso é elevado o grau de agitação das partículas constituintes desse material.

Conclusões

O resultado da elaboração e avaliação desse modelo didático para ensinar sobre os estados físicos da matéria foi bastante positivo. Tanto a produção do modelo didático como a utilização dele em aula trouxeram resultados relevantes mostrando que uso dos modelos didáticos é uma ferramenta complementar auxiliar minimizando as dificuldades encontradas no ensino de química. Cabe ressaltar que o modelo didático pode ser feito de formas diferentes com matérias diversificados para ensinar o mesmo conteúdo, usando da criatividade do professor e sua motivação para confeccioná-lo. Dessa forma as aulas de química ficam mais interessante e atrativa, portanto, os modelos didáticos são recursos viáveis para potencializar o ensino de química, uma vez que motivam e envolvem os estudantes, contextualizando os conceitos básicos e esquematizando de forma concreta o que muitas vezes fica abstrato e distante.

Agradecimentos

A FAPEMAT com incentivo no projeto "Metodologias de ensino centradas nos estudantes: Soluções práticas para as aulas de Ciências da Natureza" no edital 045/2019, e ao Instituto Federal do Mato Grosso Campus Confresa.

Referências

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MATOS, C. H. C., et al. Utilização de Modelos Didáticos no Ensino de Entomologia. Revista de Biologia e Ciências da Terra 9(1), 2009.
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SANTANA, A.S.; SILVA, I.A. A importância de modelos didáticos no ensino aprendizagem de neurociências. Saúde & Ambiente em Revista. 2010. v.5, n.2
SOARES, M. H. F. B.; OKUMURA, F.; CAVALHEIRO, T. G. Proposta de um jogo didático para ensino do conceito de equilíbrio químico. Química Nova na Escola, n. 18, p. 13-17,2003.

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