A CONSTRUÇÃO DE UMA PIRÂMIDE ALIMENTAR COMO ESTRATÉGIA PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS EM UMA ALDEIA DA ETNIA ASSURINÍ NO PARÁ

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Assuriní, I. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, I. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, I.P. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, K. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, M. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, N. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Assuriní, S.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Diniz, V.W.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

Resumo

Ensinar ciências na realidade escolar indígena faz com que o professor busque constantemente contextualizar a sua prática. Através dos hábitos alimentares é possível discutir a função e classificação dos alimentos. Este trabalho teve por objetivo a construção de pirâmide alimentar de acordo com a realidade dos indígenas Assuriní do Trocará. Alunos do curso de Licenciatura Intercultural Indígena produziram materiais didáticos utilizando cartazes de cartolina para demonstração da atividade e que poderão ser utilizados com alunos da educação básica. A atividade gerou a discussão a respeito da classificação dos alimentos consumidos na aldeia e contribuiu para mostrar a importância dos materiais adaptados à realidade de cada comunidade.

Palavras chaves

Educação Indígena; Pirâmide Alimentar; Ciências

Introdução

A educação indígena ganha destaque em cenários onde cada vez mais se valoriza o respeito às diversas culturas. O ensino de ciências se mostra desafiador principalmente em comunidades tradicionais onde, em sua maioria, a ciência (nos moldes ocidentais) não faz parte de seu cotidiano, o que pode gerar conflito e/ou desconfiança (BAPTISTA, 2010). A classificação dos alimentos é importante para que se conheça com mais propriedade os tipos de alimentos consumidos, quais devem ser mais ingeridos e quais as funções deles no organismo. O ambiente escolar se mostra muito importante para atividades de conscientização e educação voltados à saúde e a prática de mudanças de hábitos, inclusive o alimentar (SILVA et al, 2013). Durante as aulas de ciências, têm-se a oportunidade de compreender melhor os fenômenos e transformações da matéria e também, se compreender com mais clareza a importância de uma boa alimentação para a saúde humana, nesse contexto, a elaboração de materiais didáticos que mostrem os hábitos e esclareça sobre a importância dos alimentos se faz de grande importância. O objetivo desse trabalho foi a construção de uma pirâmide alimentar com os alimentos que são consumidos na aldeia Assuriní do Trocará. Esta pirâmide poderá ser utilizada nas atividades docentes desses graduandos, bem como servir de base para construção de outros materiais adaptados à realidade local.

Material e métodos

A atividade foi desenvolvida com os alunos da área de Ciências Naturais e Matemática da turma do curso de Licenciatura Intercultural Indígena da Universidade do Estado do Pará, na aldeia Assuriní do Trocará no município de Tucuruí-PA. Inicialmente foi realizada uma exposição dialogada referente à Química dos alimentos, onde foi abordado a função dos alimentos, os tipos, produção, preparo, conservação e a relação dos alimentos com a saúde. Durante a exposição foi mostrada a Pirâmide Alimentar. Este conteúdo é parte da ementa da disciplina Cotidiano Indígena e Saberes Químicos. Em um segundo momento foi solicitado que os alunos, individualmente montassem uma pirâmide alimentar com base no que foi discutido durante a aula e ao final foi pedido que se socializasse com os colegas a sua produção. Em um terceiro momento a turma foi dividida em duas equipes e cada equipe deveria construir uma pirâmide alimentar utilizando cartolina, lápis de cor e canetas para desenharem os alimentos que são habitualmente consumidos na aldeia e que fazem parte do cotidiano dos Assuriní. Após a construção em equipe foi socializado e aberto para discussão e contribuições dos demais alunos da turma.

Resultado e discussão

Durante a atividade individual de construção da pirâmide alimentar foi observado que predominantemente os graduandos reproduziram os alimentos mostrados durante a exposição do professor e nos livros didáticos. Após a provocação para a construção da pirâmide em grupo com os alimentos da aldeia foi observado uma discussão e levantamento de dados na equipe referente à classificação dos alimentos por eles consumidos. Quando foram desenhar os alimentos que eles consomem, foi observado que a pirâmide alimentar assumiu outro aspecto. Macaxeira, cará, tapioca, farinha de mandioca, bolachas, ingá, açaí, bacurí, tucumã, inajá, jaca, peixes, carnes de caça, ovos, castanha do Pará, refrigerantes, bolachas recheadas, bombons, dentro outros alimentos, apareceram na atividade dos alunos mostrando que é possível construir uma pirâmide alimentar, e principalmente, materiais didáticos com a realidade da aldeia. Durante a socialização foi acrescentado mais alimentos típicos da alimentação dos Assuriní que não constava nos desenhos da cartolina. A atividade reforçou a discussão levantada que o docente deve ser capaz de direcionar os conhecimentos para a realidade dos alunos, deve mostrar, através do cotidiano do discente, a ciência aplicada de modo que se incorpore no universo em que o aluno está inserido (DELIZOICOV, ANGOTI, PERNAMBUCO, 2002).

Conclusões

A construção da pirâmide alimentar de acordo com os hábitos dos Assuriní se mostrou bastante eficiente e os discentes interagiram bastante ao longo da discussão sobre seus hábitos alimentares e como classificar cada alimento consumido na aldeia. O processo de ensino-aprendizagem se mostra mais dinâmico e envolvente quando se traz para o centro a cultura e os hábitos de cada povo. O cotidiano se mostra um grande motivador na consolidação do conhecimento e na construção de atividade pedagógicas.

Agradecimentos

Referências

BAPTISTA, G. C. S. Importância da Demarcação de saberes no Ensino de Ciências para Sociedades Tradicionais. Ciência & Educação, v 16, n 3, 679-694, 2010
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez, 2002. 364 p.
SILVA, M. X.; SCHWENGBER, P.; PIERUCCI, A. P. T. R.; PEDROSA, C. Abordagem Lúdico-Didática Melhora os Parâmetros de Educação Nutricional em Alunos do Ensino Fundamental. Ciências e Cognição, v 18, n 2, 136-148, 2013

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