AVALIAR A VIABILIDADE E APLICAÇÃO DO KIT DE EXPERIÊNCIAS LAB. 42® NAS AULAS DE QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO EM UMA ESCOLA CAMPO-ESTÁGIO

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Nascimento, M.C. (UEA) ; Eleutério, C.M.S. (UEA)

Resumo

Este estudo foi desenvolvido com a finalidade de avaliar a viabilidade do Kit de Experiências Lab. 42 produzido pela Manufatura de Brinquedos Estrela S.A. ®. Para alcançar os objetivos foi necessário analisar a Proposta Curricular de Química elaborada pela Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino – SEDUC, o Livro Didático e Plano de aula utilizado pelos professores regentes da escola campo-estágio. Os conteúdos selecionados foram aqueles que seriam abordados no 2º semestre do ano letivo. Nas aulas de regência foram realizadas 26 experiências que envolveram alunos do 1º e 3º ano do turno vespertino da referida escola. Os resultados positivos deste estudo confirmam a possibilidade de uso do Kit de Experiências Lab. 42 nas aulas de química no Ensino Médio.

Palavras chaves

Material didático; Atividades experimentais; Ensino de Química

Introdução

Este estudo foi desenvolvido em uma escola pública durante o período de Estágio Supervisionado. A prática de ensino de ciências tem um papel de consolidar e articular na escola campo-estágio os conhecimentos adquiridos durante o processo de formação inicial. De acordo com Silva e Gaspar (2018), Estágio Supervisionado é compreendido como campo de conhecimento e a ele deve ser atribuído um estatuto epistemológico indissociável da prática, concebendo-o como a práxis, o que o define como uma atitude investigativa que envolve a reflexão e a intervenção em questões educacionais. A Lei nº 11.788 de 25 de setembro de 2008, que dispõe sobre o Estágio Supervisionado no art. 1º § 2º, ampara o desenvolvimento de atividades que possibilitem o aprendizado por competências e a contextualização curricular, visando a construção da identidade profissional. No que diz respeito ao ensino de Química, ainda hoje um número considerável de alunos do Ensino Médio, não possuem afinidade com essa disciplina o que lhes tem provocado certo desconforto. Várias são as hipóteses atribuídas às essas atitudes como, por exemplo, o tipo de aula ministrada pelo professor que ainda segue o modelo tradicional de ensino: sem aulas práticas, descontextualizado, sem relação com outras disciplinas e com o cotidiano do aluno. O material didático utilizado pelos professores na maioria das vezes se resume em slides printados do livro didático ou extraídos da internet. Este tipo de prática fortalece ainda mais o desinteresse dos alunos por essa disciplina. E o que fazer para minimizar essa problemática? Para responder a essa indagação procuramos saber o que vem sendo desenvolvido pelos professores de química em diferentes escolas brasileiras. Foi constatado que alguns professores já desenvolvem atividades de ensino fundamentadas em diferentes abordagens: experimental, lúdica, ambiental, etnográfica, CTS e CTSA, histórica, cotidiana, pedagogia de projetos e outras. Dentre essas abordagens elegemos a experimental para amparar as atividades de estágio, pelo fato desta abordagem permitir contextualizar fatos e fenômenos, auxiliar na construção e proposição de hipóteses que podem ser testadas através de pequenos e simples experimentos. De acordo com Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio - PCNEM (2002) e as Orientações Curriculares Nacionais (2006), a experimentação é uma prática presente no cotidiano de qualquer um de nós, por isso, não deve ser uma atividade exclusiva para ser executada apenas no laboratório. A experimentação pode ser realizada na própria sala de aula utilizando materiais de baixo custo ou ainda utilizar pequenos kits (brinquedos) que servem para aguçar a curiosidade dos alunos como, por exemplo, o Kit de Experiências Lab. 42, produzido pela Manufatura de Brinquedos Estrela S.A. que neste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) se configurou elemento de avaliação. O Kit contém sete frascos com soluções (carbonato de amônio (NH4)2CO3, cloreto de ferro (FeCl3), fenolftaleína (C20H14O4), hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), nitrato de prata (AgNO3), sulfato de cobre (CuSO4) e tintura de iodo (I2) de 10 ml; quatro tubos de ensaio; duas pipetas; uma estante para tubo de ensaio; um óculos de segurança; uma escova de limpeza para tubos de ensaio e um manual de instruções. No manual estão contidas informações de grande relevância como: regras de segurança, de primeiros socorros, instruções para realizar as experiências e algumas regras de medidas. É importante ressaltar que em um livro do 1º ano do Ensino Médio utilizado pelos professores e alunos da escola campo-estágio, estas informações estão presentes, chamando a atenção dos alunos para a manipulação de materiais e reagentes potencialmente perigosos, por isso, é necessário que o trabalho seja feito com rigor e cuidado, respeitando normas e procedimentos de segurança que, embora possam parecer simples e óbvios, são fundamentais para que se obtenha um resultado produtivo e seguro. o Kit de Experiências Lab. 42 é recomendável para crianças maiores de 10 anos, por possuir substâncias químicas classificadas como perigosas.Este material se configurou um importante instrumento de ensino e aprendizagem durante a prática de Estágio Supervisionado.

Material e métodos

Considerando a importância do método de abordagem nas pesquisas com características qualitativas, optamos pela abordagem indutiva para sustentar a realização das atividades experimentais na escola campo-estágio. Segundo Lakatos e Marconi (2003), o método indutivo é responsável pela generalização, isto é, parte do particular para o geral. Nesse método é imprescindível a verificação do dado particular, assim como de sua utilização de forma geral, por meio de uma experimentação ampla para que a generalização obtida seja considerada verdadeira. As pesquisas com características qualitativas consideram a interpretação e a não quantificação dos resultados; consideram a subjetividade do sujeito; o processo de investigação é flexível; se interessa muito mais pelo processo do que pelos resultados; o pesquisador exerce influência sobre a situação de pesquisa e também é influenciado por ela. O método de abordagem e o indutivo; a amostra é geralmente pequena; a análise dos dados é interpretativa e descritiva; os resultados são situacionais e limitados ao contexto (PASCHOARELLI, MEDOLA, BONFIM, 2015). Para avaliar a viabilidade do Kit Lab. 42 na escola foram necessários analisar o manual de experimentos do Kit, a Proposta Curricular de Química do Ensino Médio/SEDUC-AM (2012) e o livro didático utilizado pelos professores e alunos. Para realizar esses julgamentos, optamos pela pesquisa documental que de acordo com Gil (2008), este tipo de pesquisa se caracteriza pela análise de materiais (Kit de Experiências Lab. 42) que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Na perspectiva de Martins e Theophilo (2009), a etapa documental pode complementar a pesquisa, subsidiando dados encontrados por outras fontes (manual de instruções, a Proposta Curricular de Química e o livro didático) no sentido de corroborar a confiabilidade dos dados. Além da pesquisa documental elegemos a abordagem experimental para mostrar a possibilidade de aplicação do material (Kit Lab. 42) produzido pela Manufatura de Brinquedos Estrela S.A. ®. Para realizar as aulas práticas nas aulas de regência, foram selecionados 26 experimentos de séries diferentes. Os resultados foram significativos e comprovaram a viabilidade de aplicação do Kit Lab. 42.

Resultado e discussão

Para avaliar a viabilidade do Kit de Experiências Lab. 42, foi necessário analisar a Proposta Curricular de Química (SEDUC-AM, 2012), o Livro Didático e o Manual contido no Kit. A análise consistiu em organizar por série e por bimestre os conteúdos visando à realização dos experimentos (Figura 1). Pelo fato do Estágio Supervisionado ter iniciado no 2° semestre, foi necessário priorizar alguns conteúdos: funções inorgânicas, reações químicas e biomoléculas. Os experimentos foram selecionados considerando os conteúdos ministrados pelos professores no 3° e 4º bimestre. As experiências de n° 21, 22, 23 24, 25, 29, 32, 33, 37 demonstravam o caráter básico e ácido das substâncias: carbonato de amônio (NH4)2CO3, vinagre (CH3COOH), sulfato de cobre II (CuSO4), sabão em pó, hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e bicabornato de sódio (NaHCO3), A experiência 31 denominada “sangue do diabo” foi preparada como carbonato de amônio ((NH4)2CO3) e fenolftaleína (C20H14O4). A Proposta Curricular (SEDUC-AM, 2012), sugere que os alunos reconheçam as reações químicas, observem as diferenças entre os seus estados iniciais (reagentes) e finais (produtos) e entendam que as mudanças ocorridas nas reações são resultados das quebras de ligações. A prática de nº 17, por exemplo, permitiu que os alunos observassem a ocorrência de uma reação química quando foi colocado em uma garrafa PET (Polietileno tereftalato) 100 mL de vinagre (CH3COOH) e 3 colheres de chá de bicarbonato de sódio (NaHCO3). Através da reação química entre o ácido acético (CH3COOH) e o bicarbonato de sódio (NaHCO3) foi possível demonstrar aos alunos a Lei de Lavoisier “Lei da Conservação da Massa”. Os alunos observaram uma quantidade de formação de bolhas (gás carbônico) quando o bicabornato de sódio entrou em contato com o vinagre. Os produtos desta reação são o acetato de sódio, água e o gás dióxido de carbono, traduzida pela equação química: NaHCO3 (s) + CH3COOH (aq) → NaCH3COO (aq) + H2O (l) + CO2 (g). Para tratar os conteúdos relacionados com as biomoléculas a Proposta Curricular orienta que sejam estudados na Bioquímica os seguintes conteúdos: carboidratos, lipídios e proteínas (Figura 2). No livro didático estes conteúdos são evidenciados partindo do tema “Química dos Alimentos”. No Manual do Kit, as práticas 3, 4 e 5 possibilitaram a contextualização dos conteúdos relacionados com as proteínas. Os experimentos 6, 7, 8, 9 e 15 possibilitavam a discussão sobre os carboidratos, tomando como referência o amido. Percebemos que quando o conteúdo está associado a uma experimentação é bem mais compreendido. A curiosidade dos alunos é estimulada, eles se envolvem, fazem perguntas, dialogam uns com outros na perspectiva de encontrarem respostas para os fenômenos evidenciados (resultados das reações). É importante destacar as contribuições dos PCN+ (BRASIL, 2002) que propõem as atividades experimentais para serem realizadas na educação básica com o intuito de permitir que alunos participem da construção do conhecimento, desenvolvendo a curiosidade, o hábito de questionar, entre outros. Os resultados da investigação contribuíram para uma breve reflexão a respeito das práticas experimentais desenvolvidas na escola campo-estágio. Os autores Ataíde e Silva (2011), defendem que para uma aula prática ser desenvolvida e proveitosa, não há necessidade da escola ter um laboratório completo com reagentes, vidrarias e equipamentos. A atividade se tornará muito mais significativa, se o professor realizar os experimentos utilizando materiais que estão ao alcance do aluno e faça parte de seu dia a dia.







Conclusões

Este estudo demonstrou a possibilidade do professor de Química do Ensino Médio, trabalhar os conteúdos disciplinares utilizando o Kit de Experiências Lab. 42, produzido pela Manufatura de Brinquedos Estrela S.A. ®. Foi comprovado que as práticas propostas no Kit podem ser aplicadas nas três séries do Ensino Médio, vinculadas aos conteúdos presentes na Proposta Curricular da Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino – SEDUC/AM e no livro didático utilizado por professores e alunos. Foi constatado que o referido Kit pode ser utilizado como instrumento didático para subsidiar a prática do professor e melhorar a compreensão dos alunos em relação aos fenômenos químicos. O uso de atividades práticas promove maior interação entre professor-aluno e o aprendizado torna-se mais significativo, consequentemente, aumenta o interesse do aluno pelas aulas na educação básica.

Agradecimentos

A equipe gestora, professores de Química e alunos da Escola Estadual João Bosco.

Referências

ATAIDE, M.C.E.S.; SILVA, B.V.C. As metodologias de ensino de ciências: contribuições da experimentação e da história e filosofia da ciência. HOLOS, vol. 4, 2011.
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LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Metodologia Científica, 2003.
PASCHOARELLI, L.C.; MEDOLA, F.O.; BONFIM, G.H.Cruz. Características Qualitativas, Quantitativas e Qualiquantitativas de Abordagens Científicas: estudos de caso na subárea do Design Ergonômico. Revista de Design, Tecnologia e Sociedade. 2(1), 2015.
MARTINS, G.A.; THEÓPHILO, C.R. Metodologia da investigação cientifica para ciências. São Paulo: Atlas, 2009.
SILVA, H.I.; GASPAR, M. Estágio Supervisionado: a relação teoria e prática reflexiva na formação de professores do curso de Licenciatura em Pedagogia Rev. bras. Estud. Pedagog., Brasília, v. 99, n. 251, p. 205-221, jan./abr. 2018.
SILVA, L.P.; LIMA, A.A.; SILVA, S.A. Analogias no Ensino de Química: Uma investigação de sua Abordagem nos Livros Didáticos de Química do Ensino Médio. Anais. XV Encontro de Química (XV ENEQ), Brasília, DF, Brasil, 2010.

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