DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ETANOL NA GASOLINA DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS NA REGIÃO CENTRAL DE VÁRZEA GRANDE-MT

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Teles, A.M.B. (IFMT) ; Cavalcante, P.R. (IFMT) ; Valentini, C.M.A. (IFMT)

Resumo

A investigação a partir de fatos cotidianos tem ganhado espaço nos dias atuais. Entre eles, tem-se como exemplo a adulteração da gasolina. A qualidade da gasolina é determinada pela Resolução ANP 684/2017. O percentual de etanol anidro na gasolina é de 27%, sendo sua determinação realizada pelo Teste da Proveta. O objetivo deste trabalho foi determinar o teor de etanol anidro na gasolina em postos de combustíveis de Várzea Grande-MT por um método alternativo, usando seringa e compará-lo como Teste da Proveta. Pode-se observar que nem todas as amostras coletadas dos diferentes postos de combustíveis apresentam teores de etanol anidro dentro das exigências estabelecidas pela Agência (ANP), e que o teste pelo método alternativo se mostrou eficaz se comparado ao Teste da Proveta.

Palavras chaves

Qualidade da gasolina; Experimentação química; Teste da proveta

Introdução

A sociedade interage com a Ciência e os fenômenos químicos tanto em situações cotidianas como em situações tecnológicas mais avançadas (Adams et al., 2016). Os combustíveis, sejam eles os não renováveis ou os renováveis, por exemplo, são assuntos do dia a dia das pessoas, tanto do ponto de vista econômico, tecnológico e ambiental. Sendo assim, são muito apropriados para a discussão e experimentação em sala de aula. A quantidade de etanol presente na gasolina é determinada pela Resolução ANP N° 684/2017, que estabelece as especificações da gasolina de uso automotivo a serem atendidas pelos diversos agentes econômicos em todo o território nacional. O percentual obrigatório de etanol anidro na gasolina comum é de 27% sendo que a margem de erro é de 1%, e sua determinação pode ser realizada pelo Teste da Proveta (ANP, 2017). As abordagens interdisciplinares de assuntos atuais em sala de aula, como exposto, são fundamentais para a formação do aluno. Uma execução bem planejada de experimentos com materiais alternativos, que substituam aparelhagens de laboratório é essencial para despertar nos alunos o gosto pela química e aproximá-lo dessa ciência tão presente no cotidiano. Segundo Guimarães (2009), “a experimentação pode ser uma estratégia eficiente para a simulação de problemas reais que permitam a contextualização e o estímulo de questionamentos de investigação”. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo principal a coleta de amostras de gasolina de 10 diferentes postos de combustíveis no município de Várzea Grande-MT com o intuito de avaliar a quantidade de etanol presente na gasolina por meio de um método alternativo, usando uma seringa como instrumento de medida, aplicável em aulas de química, e comparar seus resultados ao método oficial da Proveta.

Material e métodos

O trabalho foi realizado no município de Várzea Grande-MT, com população de 274.013 pessoas (IBGE, 2017) e com uma frota de 66.777 veículos automotivos que utilizam álcool, gasolina ou ambos (carros tipo flex) (IBGE, 2016). As amostras de gasolinas foram coletadas em 10 postos de combustíveis localizados na região central do município de Várzea Grande-MT e armazenadas em frascos de vidros. As amostras coletadas foram analisadas em local aberto e ventilado. Para o teste com material alternativo, foi utilizada uma seringa de 60 mL e, para o Teste da Proveta, uma proveta de vidro graduada de 100 mL. Para ambos os testes foram utilizados 20 mL de gasolina e 20 mL de água mineral. Agitou-se tanto a proveta quanto a seringa com a mistura e após 15 minutos fez-se a leitura do volume da fase aquosa nos dois materiais. Os dados amostrais foram submetidos ao teste de normalidade (Shapiro -Wilk) e, posteriormente, devido a não normalidade, foi utilizada a análise de Kruskal-Wallis a 5% de probabilidade. Utilizou-se como programa estatístico o software livre Past versão 3.14 (HAMMER, 2016).

Resultado e discussão

Pela análise tanto do Teste de Proveta quanto do método alternativo da seringa, ficou evidente a separação de fases e a mudança do volume da gasolina. A mistura água+etanol é um sistema homogêneo (monofásico), com propriedades diferentes daquelas das substâncias que a compõem. Já a mistura água+gasolina é um sistema heterogêneo, bifásico. Quando a água é misturada à solução gasolina¬etanol, o etanol é extraído pela água e o sistema resultante continua sendo bifásico: gasolina-água+etanol. Isso ocorre porque a molécula de etanol apresenta uma parte polar e outra apolar, ou seja, o etanol é solúvel tanto em água como em gasolina. Em função dessa natureza da molécula de etanol, ele pode formar ligações do tipo dipolo- dipolo induzido com as moléculas dos hidrocarbonetos presentes na gasolina, que são interações intermoleculares fracas, ou pode formar ligações ou pontes de hidrogênio com a água, que são interações intermoleculares muito fortes (MARCHI et al., 2014). Observou-se que não houve diferença estatisticamente significativa (teste de Kruskal-Wallis a 5%) na comparação entre os valores do teor de etanol para o método alternativo e método da proveta (figura 01). Nesse contexto, é possível trabalhar essa atividade prática com os alunos em sala de aula, usando a seringa em substituição da proveta. Também, é possível fomentar ainda o uso de outros materiais alternativos que porventura os alunos sugiram durante os experimentos. Dessa forma, o aluno desenvolverá seu raciocínio lógico e argumentativo, tornando-se um sujeito ativo, podendo participar de todo processo de investigação e da proposta de resolução de um problema (ROSITO, 2003).

Figura 01 - Teor de etanol na gasolina

Figura 01 - Percentual de etanol na gasolina das amostras de 10 postos de combustíveis no município de Várzea Grande-MT.

Conclusões

Os métodos de análises utilizados para análise do teor de etanol na gasolina, tanto o alternativo como o da proveta, não diferiram significantemente entre si. Por meio de dois métodos de análises utilizados foi possível concluir que nem todas as amostras coletadas dos postos de combustíveis apresentaram teores de etanol anidro dentro dos padrões estabelecidos pela ANP. O método alternativo com a seringa pode ser usado em sala de aula como meio de determinação do teor de etanol na gasolina e, para uma melhor discussão a respeito dos dados, recomenda-se aumentar o número de amostras.

Agradecimentos

Agradecemos a todos que contribuíram para a elaboração deste trabalho. Ao IFMT pelo apoio à pesquisa. Especialmente a professora Carla Maria Abido Valentini, pela motivação.

Referências

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ANP -AGÊNCIA NACIONAL DO PETROLEO GAS NATURAL E BIOCOMBUSTIVEL. Resolução ANP Nº 684/2017 -Dispõe sobre a alteração da Resolução ANP nº 40, de 25 de outubro de 2013, que tratadas especificações da gasolina automotiva e das obrigações quanto ao controle da qualidade, a serem atendidas pelos diversos agentes econômicos que comercializam o produto em todo o território nacional. Disponível em: http://legislacao.anp.gov.br/?path=legislacao-anp/resol-anp/2017/junho&item=ranp-684--2017. Acesso em: 10 ago. de 2018.
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HAMMER, Ø., PAleontological STatistics: Reference manual, Version 3.14, 2016. 252p. Disponível em: http://folk.uio.no/ohammer/past/past3manual.pdf
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MARCHI, M. I.; FURLANETTO, V. PRETTO, A. H.NUNES, R. J. R. Capítulo 3: Química In: Madalena Dullius, M. M; Quartieri, M. T. (Org). Aprender Experimentando. Editora Univates, 1ª Ed.Lajeado –RS, 2014. 92p.
ROSITO, B. A. O ensino de Ciências e a experimentação. In: MORAES, R. Construtivismo e Ensino de Ciências: reflexões epistemológicas e metodológicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003. p. 195-208.

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