Perspectivas e dificuldades dos graduados em Química no Início da carreira docente do Município de Tauá- Ceara

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Pacifico, S.N. (UVA) ; de Lima, D.R. (UFC) ; Santiago, L.F. (UFRPE) ; Felix, G.V. (UECE) ; Gonçalves, E.N.S. (IDETE) ; Peres, J.G. (UECE) ; Lins, P.V.D. (UECE) ; Sena, F.S. (UECE) ; Abreu, (UECE) ; Sousa Neto, V.O. (UECE) ; Cidrão, J.D.S.A. (UECE) ; Araújo, L.R.G. (UECE) ; Abrante, I.A. (UECE) ; Sousa, A.C.G.A. (UECE) ; Nonato, E.C. (UECE)

Resumo

Tendo em vista a importância da discussão do trabalho do professor, o presente estudo teve como intuito investigar os principais conflitos existentes na carreira de um professor de Química e suas causas, além de conhecer as expectativas de pessoas que concluíram a licenciatura nesta área mas não estão atuando. Cerca de 37% destes afirmaram que não se sentem preparados com a formação que tiveram. A dificuldade mais relatadas pelos docentes diz respeito a conclusão dos conteúdos programados para o período. Além da adaptação dos conteúdos ao conhecimento dos alunos e problemas comportamentais das turmas. Diante disso, faz-se necessário uma mudança na grade curricular de cursos de licenciatura, visando formar professores mais qualificados.

Palavras chaves

Docência; Formação de professores; Dificuldades no ensino

Introdução

A sociedade e suas constantes transformações trazem à docência mudanças que constantemente tornam-se obstáculos, sobretudo para aqueles que estão ingressando neste complexo âmbito. É fato que ser professor acarreta consigo inúmeros desafios, todavia, ao passar dos anos, acaba sendo mais fácil para um profissional encontrar meios de resolver situações que eventualmente venham a surgir. Ao contrário de outras profissões em que os iniciantes são submetidos a realização de tarefas mais simples e gradativamente chegam a patamares mais elevados, os professores em início de carreira precisam assumir as mesmas responsabilidades que um profissional com experiência (VEENMAN, 1984) Existem diversos estudos voltados ao início da carreira docente, especialmente no que diz respeito às dificuldades vivenciadas nesta época. É fundamental que o iniciante saiba como lidar com os obstáculos encontrados, pois além da importância da aquisição de experiências que cada fase proporciona, esta poderá determinar seu futuro e sua relação com o trabalho (TARDIF, 2002). Com base na literatura, pode-se constatar que existem diversos aspectos que precisam ser objeto de reflexão, como por exemplo a grade curricular, que muitas vezes é apresentada de forma fragmentada e composta de conteúdos considerados importantes, mas o que se nota é que “ensinam muita coisa que nunca se utiliza e esquecem-se de ensinar o que realmente faz falta” (GEER, 1982, p. 196)

Material e métodos

Na busca de investigar mais a fundo as principais dificuldades que permeiam o início da docência em Química, este estudo buscou analisar diversos aspectos que influenciam no percurso até a sala de aula, inclusive a formação. Para participar da pesquisa, era necessário atender aos seguintes critérios: ter concluído licenciatura em universidade pública e possuir menos de três anos de magistério Devido às dificuldades de inserção no mercado de trabalho, a pesquisa abrangeu desde as pessoas que concluíram a licenciatura, mas não estão exercendo a docência, tendo como intuito analisar suas perspectivas acerca da docência e avaliar suas opiniões sobre a qualidade da formação, como aqueles que estão, no máximo, em seu terceiro ano de experiência, a fim de investigar da forma mais completa possível, todos os sentimentos incluídos neste processo. O questionário para os professores iniciantes busca englobar os diversos aspectos que fazem parte do cotidiano destes, desde a natureza da escola que atuam, o tempo e nível de atuação, as dificuldades enfrentadas, dentre outros. Já os licenciados que ainda não atuam, foram submetidos a questões ligadas a formação, às suas perspectivas acerca da carreira, além de investigar se a escolha pela formação foi feita com a finalidade de ser professor. Os licenciados que participaram da pesquisa foram aqueles com os quais foi possível fazer contato e que se dispuseram a responder o questionário, totalizando catorze pessoas. Feita a coleta dos dados, estes foram organizados a fim de se obter uma avaliação completa. Para melhor compreensão, muitos resultados foram situados em tabelas e os demais em gráficos através da ferramenta Microsoft Excel 2013

Resultado e discussão

O ponto crucial para iniciar um questionamento a este público é a intenção acerca do ingresso na carreira. Como mostra o Gráfico 1, 25% dos licenciados afirmaram que não pretendem ser professores. Um deles justifica que tinha interesse apenas na formação superior, cada vez mais exigida no mercado de trabalho. O seguinte relata que durante o estágio, após se deparar com a realidade escolar, percebeu que não era a profissão que desejava seguir. Neste último caso, o choque com a realidade, amplamente discutido na literatura (VEENMAN, 1988; FLORES, 1999; GUTERRES, 2011), foi o que acarretou a desistência do participante, ocorrendo ainda durante a formação. Outro questionamento feito a este público foi acerca de suas maiores preocupações com a profissão. As respostas obtidas, encontradas no Gráfico 2, demonstram que o principal receio, citado por 37,5% dos participantes, é com relação ao rendimento dos alunos, seguido pelo desinteresse, indisciplina na sala de aula e desvalorização da profissão, mencionado por 25%. Cerca de 12% citaram a falta de materiais, a relação com os alunos, a carga horária e a contextualização dos conteúdos. Alguns destes tópicos também foram referidos nos trabalhos de Veenman (1984) e Imbernon (1994) por professores em início de carreira. Na Tabela 1, todos os docentes tiveram experiência no Ensino Médio e um atuou também no Ensino Fundamental. Três participantes tiveram experiência em escolas públicas, um em instituição particular e dois lecionaram em ambas. Fizeram parte da pesquisa professores que possuíssem até três anos de experiência, porém o tempo máximo obtido foi de até dois anos, por dois professores, sendo um de Química e o outro de Física. Todos os demais possuem até um ano na docência, como pode ser observado na Tabela 2.

Conclusões

A inserção de licenciados em Química no mercado de trabalho tem sido difícil, pois dentre os participantes 42,8% não conseguiram encontrar vaga na área e 21,4% estão atuando em área diferente da sua formação. Os principais receios relacionados a profissão para os não atuantes são, em ordem crescente, a falta de materiais, a relação com os alunos, a carga horária, a contextualização, a desvalorização da profissão, o desinteresse, indisciplina e rendimento dos alunos. Assim, pode-se concluir que a atual grade curricular de cursos de licenciatura necessita passar por mudanças.

Agradecimentos

UECE, ABQ, UVA E IDETE

Referências

VEENMAN, S. Perceived Problems of beginning teachers. In: Review of Educactional Research Summer, 54(2), pp.143-178, 1984.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação de professores. São Paulo: Vozes, 2002
GEER. B. Ensinar. In: S. Grácio e S. Stoer (eds.), Sociologia da Educação II – A construção social das práticas educativas. Lisboa: Livros Horizonte, pp. 183-203, 1982.
FLORES, M. A.; PACHECO, J. Formação e avaliação de professores. Porto– Portugal: Porto Editora, 1999
GUTERRES, Maria Filomena Lay. Choque de realidade dos professores principiantes em Díli (Timor-Leste): um estudo. Dissertação de mestrado. 2011.