IMPLEMENTAÇÃO DE MAQUETES TÁTEIS COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE LIGAÇÃO IÔNICA PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Travassos de Sousa, D.G. (IFPA - CAMPUS SANTARÉM) ; Silva Pontes, E. (IFPA - CAMPUS SANTARÉM) ; Paiva de Sousa, D. (IFPA - CAMPUS SANTARÉM) ; da Cruz Cota, M.A. (IFPA - CAMPUS SANTARÉM) ; Silva dos Santos, M.S. (IFPA - CAMPUS SANTARÉM) ; Vilhena Madureira, N.L. (IFPA - CAMPUS SANTARÉM)

Resumo

O trabalho apresenta uma experiência vivenciada em uma turma de especialização, cujo objetivo era ministrar uma aula utilizando maquetes táteis como recurso didático para ensinar conteúdos da disciplina de Química, para posteriormente verificar entre os sujeitos envolvidos na aula, se a utilização de materiais adaptados para ensinar alunos com deficiência visual, contribuiriam com o trabalho dos professores ao ensinar alunos cegos. Participaram da pesquisa 30 professores, para verificar sobre os impactos causados quando a utilização desses recursos, foi aplicado um questionário fechado para os professores. Os resultados demonstraram que a maioria não sabe como é o sistema Braille, porém, evidenciaram desejos de aprender, reconhecendo o quão os recursos contribuem no ensinar o aluno cego.

Palavras chaves

Maquetes táteis; Braille; Ensino-aprendizagem

Introdução

A utilização de material didático adaptado para pessoas com deficiência visual, proporciona interação entre os alunos, e o uso do sistema Braille, viabiliza às pessoas cegas o acesso à informação e à comunicação escrita nas mais diferentes áreas do conhecimento, entre elas, a Química. Segundo Reily (2004), esse sistema oportuniza ao aluno com cegueira, diversos meios de acesso ao conteúdo escolar, seja ele tátil, auditivo entre outros, respeitando o tempo necessário para tal, criando assim condições favoráveis à sua aprendizagem, assegurando-lhe igualdade em relação aos outros alunos. Reily (2004, p. 139) destaca a importância de os professores terem conhecimento sobre o sistema Braille, pois “deter noções sobre as especificidades da leitura e escrita em Braille auxilia o educador a perder o receio de se aproximar do aluno com cegueira”. Conforme as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2006b), a Educação Especial perpassa por todos os níveis de ensino, transversalmente, oferecendo o suporte necessário para a prática educacional inclusiva. Dessa forma, considera-se importante o apoio oferecido pela Educação Especial ao professor do ensino regular, para que ele desenvolva, com o aluno cego, os mesmos conteúdos que desenvolve com os demais alunos, sem causar-lhe prejuízos na aprendizagem. Neste sentido A simbologia Braille utilizada na disciplina de Química vai sendo ensinada ao aluno cego pelo professor especializado nesse sistema, na medida em que os conteúdos vão sendo desenvolvidos pelo professor da disciplina. Pesquisas apontam que mesmo com a oferta desse apoio, o ensino de Química é transmitido somente através da oralidade, no entanto, o aluno cego apesar de ter uma excelente memoria auditiva, não lhe é possível assimilar a grande quantidade de conceitos e informações trabalhadas na escola. Por esse motivo faz-se necessário a aquisição ou construção de materiais didáticos que possibilitem ao aluno cego assimilar os conteúdos da disciplina. Vygotsky (1995), diz que a cegueira não pode ser tratada apenas como uma deficiência, mas, em certo ponto, como uma fonte de manifestação de habilidades, ou seja, o teórico enfatiza, que a deficiência visual provoca outras necessidades, o que acaba desenvolvendo outras capacidades para completar a falta da visão, como a utilização das mãos, por exemplo. Nesse sentido, ao professor cabe, motivar o aluno cego, lhe dando possibilidades de ampliar seu conhecimento, proporcionando o contato com materiais que possam ser tocados e que provoquem sons. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo apresentar para professores que estão cursando uma especialização, materiais didáticos táteis para ensinar conteúdos de “química, neste caso a ligação iônica. As maquetes táteis produzidas e apresentadas aos professores, contribuem significativamente no aprendizado do aluno cego; nos professores ficou evidente a necessidade de formação continuada, para assim aprender a construir e utilizar recursos de apoio para o ensino de conteúdos para alunos com deficiência visual. A relevância do trabalho consiste no fato de que elaborar materiais didático tátil pode ampliar o ensino de química no município de Santarém, no estado do Pará e cidades vizinhas, uma vez que esses materiais contribuem para o ensino e o aprendizado de alunos com deficiência visual

Material e métodos

A pesquisa é de cunho qualitativo, haja vista que “se desenvolve numa situação natural, é rico em dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualizada” segundo (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.18). Inicialmente confeccionou-se maquetes, optou-se por utilizar material alternativo e de baixo custo (garrafas pet, palitos de dente, barbante, folhas e bolas de isopor, cola de silicone, TNT, EVA, tinta guache e papel sulfite), a escolha por esses materiais justificou-se porque facilitaria a reprodução futura desse material pelos professores que atuam com alunos que possuem deficiências relacionadas à visão. Foram confeccionadas duas maquetes táteis, uma para o ensino de distribuição eletrônica (figura 1) e outra para regra do octeto e ligação iônica (figura 2). Após a construção, apresentamos as maquetes a 30 professores da educação básica de ensino em Santarém PA e cidades vizinhas, professores que estão na condição de alunos do curso de especialização em ensino de ciências e matemática do IFPA campus Santarém. Em uma aula, mostramos na prática, como ensinar sobre ligações químicas dando ênfase a ligação iônica, iniciando com a maquete sobre distribuição eletrônica de LINNUS PAULING onde cada subnível (S, P, D, F) estava descrito em Braille, e os elétrons (2, 6, 10, 14) representados por bolas de isopor de tamanhos diferentes, onde cada tamanho de bola representava um subnível, que conforme a distribuição eletrônica de cada elemento da tabela periódica, eram distribuídas através da maquete baseando-se pelo barbante e setas sempre na diagonal. Em seguida, deu-se continuidade ao conteúdo relacionado a regra do octeto com a segunda maquete, onde as garrafas pets representavam os elétrons da última camada de valência de cada elemento sempre se guiados pelas tampas e o barbante para estabilizar os elementos formando assim a ligação iônica. Após a aula, aplicou-se um questionário com perguntas fechadas com o objetivo de verificar o impacto que causou nos professores a utilização das maquetes táteis como recurso didático para ensinar “Química a alunos com deficiência visual

Resultado e discussão

Os postulados de Vygotsky (1995) apontam que, para suprir a falta de visão, é importante apresentar possibilidades para compensar e superar a deficiência. Nessa perspectiva, foi perguntado aos alunos/professores quantos sabiam o sistema de leitura e escrita em Braille. 92,3% responderam não saber esse sistema justificado pela falta de oferta do mesmo, tanto na grade curricular da graduação quanto na formação continuada. Posteriormente foi indagado se teriam vontade de aprender esse sistema de leitura, todos responderam que sim, mostrando interesse e também compreensão da importância do Braille para o ensino de pessoas com deficiência visual, tais posicionamentos, ratificam a recomendação de Reily (2004) que deter noções sobre as particularidades da leitura e escrita em Braille auxilia o educador a perder o receio de se aproximar do aluno com cegueira. Também foram questionados se aulas com materiais em sistema Braille ajudam no ensino de pessoas com deficiência visual e se as maquetes táteis apresentadas com matérias alternativos e de baixo custo foram uma boa alternativa na abordagem dos conteúdos, todos responderam que sim, justificado pela importância desses materiais didáticos para o ensino de química e demais disciplinas para alunos com cegueira, comprovando o que Reily (2004) afirma quando diz que esse sistema oportuniza ao aluno com cegueira, diversos meios de aceso ao conteúdo escolar, respeitando o tempo necessário para tal, criando assim condições favoráveis à sua aprendizagem, assegurando-lhe igualdade em relação aos outros alunos. Por fim foi pedido que avaliassem com um conceito (Excelente, bom, regular e insuficiente) a atividade exposta a eles,76,9% dos professores acharam a atividade excelente e 23,1% boa, o resultado comprova o que determina BRASIL (2006b), que a Educação Especial deve oferecer o suporte necessário para a prática educacional inclusiva. Dessa forma, considera-se importante o apoio oferecido pela Educação Especial ao professor do ensino regular, para que ele desenvolva, com o aluno cego, os mesmos conteúdos que desenvolve com os demais alunos.

Figura 1: Maquete distribuição eletrônica

Maquete Tátil sobre a distrinuição eletrônica de Linnus Pauling

Figura 2: Regra do octeto e ligação iônica

Maquete Tátil sobre a Regra do octeto e ligação iônica

Conclusões

Com base nas respostas do questionário foi possível compreender a importância da utilização de materiais didático, como maquetes táteis, para o ensino de alunos com deficiência visual, bem como a necessidade da implementação do sistema de leitura e escrita em Braille na grade curricular dos cursos de licenciatura e formação continuada para professores, que a formação e utilização de recursos didáticos adaptados, é de suma importância para a inclusão dos alunos com deficiência visual na sala de aula, pois através deles, os alunos cegos tem possibilidades de aprender os mesmos conteúdos que os demais alunos. Os alunos/professores mostraram-se favoráveis a utilização desses materiais didáticos, por entenderem a sua contribuição no processo de inclusão e de ensino-aprendizagem.

Agradecimentos

Instituto federal de educação ciência e tecnologia do Pará (IFPA)

Referências

BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. 2. ed. Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2006b.
LÜDKE, M; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU; 1986.
REILY, L. Escola inclusiva: linguagem e mediação. Campinas: Papirus, 2004
VYGOTSKY, L. S. Fundamentos da defectologia. Havana: Pueblo y Education, 1995. (Obras completas, tomo 5).

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