Exposição Ciência na Cozinha como meio de popularização da Química

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Borges, M.N. (UFF) ; Miranda, M.V. (UFF) ; Cavalleiro, S.F. (UFF) ; Martins, M.T.M. (UFF)

Resumo

Centros e Museus de Ciências tem um papel fundamental na educação científica, uma vez que além de serem acessíveis a qualquer pessoa, ensinam de modo menos formal e divertido. Assim, no sentido de popularizar a Química como uma ciência do cotidiano, esse trabalho relata a experiência de realizar a exposição temporária chamada “Ciência na Cozinha”, realizada na Casa da Descoberta. O tema foi escolhido porque a cozinha estimula a curiosidade e a aprendizagem em torno da Química e suas interfaces. Durante a exposição várias transformações físicas, químicas, biológicas e suas tecnologias puderam ser problematizadas e compreendidas. Os resultados mostraram que a exposição foi um sucesso de público e que os estudantes de Química envolvidos tiveram grande amadurecimento profissional.

Palavras chaves

Química na Cozinha; Exposição temporária; Divulgação científica

Introdução

Embora a Ciência e a Tecnologia sejam fundamentais para o desenvolvimento de uma nação, a população nem sempre se dá conta de que muitas políticas públicas como a obrigatoriedade da vacinação ou do uso de cinto de segurança, ocorrem em função da pesquisa científica e não do senso comum. Marandino (2008; 2013) enfatiza a importância que Museus e Centros de Ciências têm na educação científica, pois tais locais assumem o compromisso de colaborar com as escolas para que o conhecimento produzido pela sociedade científica seja disseminado e compreendido num contexto histórico-cultural. Com o objetivo de demonstrar que o conhecimento científico e tecnológico está acessível a todos e muito mais próximo do que se imagina, organizou-se no espaço de divulgação científica - Casa da Descoberta- a exposição temporária “Ciência na Cozinha”. A cozinha foi escolhida como tema para estimular a curiosidade e a aprendizagem em torno da Química e suas interfaces. É nesse ambiente, no qual muitas transformações físicas, químicas e biológicas ocorrem, que várias tecnologias podem ser problematizadas. Do aquecimento no fogão à lenha ao micro-ondas ou nos diferentes métodos de conservação de alimentos, a Química está presente, pois muitas técnicas surgiram a partir da necessidade de se preparar e conservar alimentos (CHACON et al, 2015). Também consideramos importante pensar na cozinha como um espaço socialmente construído, cuja ocupação e comando podem despertar muitas lembranças, como afeto ou a opressão (SILVA, 2009). Assim, esse trabalho se propõe a relatar como a realização de uma exposição temporária sobre química na cozinha contribuiu tanto para a popularização e divulgação científica, quanto para a formação dos graduandos de Química envolvidos.

Material e métodos

Para viabilizar a exposição “Ciência na Cozinha” foram feitas várias reuniões que tiveram como objetivos principais: fazer levantamento de custos, pesquisar e selecionar experimentos/atividades, produção de material para divulgação e treinamento de monitores voluntários. A seleção de atividades/ experimentos, além de priorizar a relação com a cozinha levou em consideração também fatores normalmente já utilizados na Casa da Descoberta como: baixo risco para os visitantes; maior interatividade possível, baixo custo, pouca geração de resíduo; rapidez de execução e forte apelo sensorial (BORGES et al, 2011). Também acrescentamos a preparação de alimentos e degustação, assim como oficinas de confecção de lembrancinhas e painel de temático para registro de fotos. O espaço expositivo foi organizado de modo que o visitante percorresse um circuito dividido em 6 setores: 1) laboratório X cozinha - semelhanças e diferenças; 2) Fontes de Aquecimento - do fogão à lenha ao aquecimento por indução magnética; 3) Técnicas de Cozinha e Laboratório: o banho Maria e a destilação; 4) Fermentação: pão e iogurte (com degustação); 5) Sabores e odores: ésteres (degustação de balas); 6) oficinas de lembrancinhas: fotos e chapéu de cozinheiro e um painel para tirar fotos. Para cada um deles havia um banner com um texto explicativo, um monitor e uma mesa onde o material era colocado. A percepção de satisfação do público foi feita em função da manifestação verbal e por escrito com uma pergunta simples sobre o que acharam da exposição. As opções de resposta eram: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. A auto-avaliação levou em consideração aspectos como: número de visitantes, logística e comprometimento da equipe.

Resultado e discussão

A exposição durou três semanas, funcionando de segunda à sexta-feira entre 9- 11H e 14-17H. Foram registrados 663 visitantes, sendo que 75% destes, pertencentes a grupos escolares previamente agendados. A divulgação foi feita principalmente através da página da Casa da Descoberta no facebook. As visitas mediadas por monitores eram conduzidas em pequenos grupos pelos seis setores expositivos. As perguntas que guiaram a visitação foram: A cozinha é um laboratório? O cozinheiro se aproxima de um químico no seu fazer profissional? No decorrer da visita, diante de utensílios de cozinha e de laboratório, técnicas e métodos de separação e mistura foi possível estabelecer diversas relações e reflexões que aproximaram a Ciência do cotidiano. A abordagem multidisciplinar e multicultural buscou valorizar os saberes de diferentes povos que contribuíram para que a cozinha se tornasse um espaço privilegiado de interlocução com a Ciência. No setor da fermentação, por exemplo, o público aprendeu sobre essa técnica milenar conhecendo também seu processo histórico. Viram como exemplos de fermentação a produção do kefir e do pão, que foram preparados durante o evento e puderam ser degustados, fazendo a alegria dos visitantes. A exposição sobre cozinha atendeu ao propósito de compartilhar o saber acadêmico com a sociedade, mostrando que a Química está presente no cotidiano. Os graduandos de Química conseguiram vencer o maior desafio da mediação, que é comunicar Ciências numa linguagem acessível para qualquer pessoa. Muitos visitantes fizeram comentários positivos, voltaram e recomendaram a exposição para familiares e amigos. A pesquisa de satisfação foi disponibilizada apenas na última semana, mas todos os visitantes que responderam, classificaram a exposição como boa ou ótima.

Conclusões

A exposição atingiu s objetivo educacional de fazer uma conexão entre o saber acadêmico e o popular. Foi uma experiência de aprendizagem muito rica para os graduandos, que participaram ativamente de todo o processo expositivo e mostraram capacidade de planejar, realizar, mediar e avaliar criticamente uma atividade de divulgação científica. Todos os participantes que responderam a pesquisa de satisfação aprovaram a exposição considerando-a boa ou ótima. Desse modo ficamos satisfeitos com o sucesso do evento, sendo que o único problema foi a limitação financeira.

Agradecimentos

Aos que participaram como monitores voluntários; À Casa da Descoberta por ter fornecido infraestrutura e recursos materiais para a montagem da exposição e a PROEX/UFF, pelas bolsas dos monitores.

Referências

BORGES, M. N. et al. Ações de divulgação de química na Casa da Descoberta - centro de divulgação de ciência da Universidade Federal Fluminense. Química Nova, v. 34, n0 10, 1856-1861, 2011.
CHACON, E. P. et al. A química na cozinha: possibilidades do tema na formação inicial e continuada de professores. Revista Brasileira de Ensino de Ciências e Tecnologia, v 8, n0 1, 159-177, 2015.
MARANDINO, M. Educação em museus e divulgação científica. ComCiência, n0 100, 1-1, 2008.
MARANDINO, M. Museus de Ciências como espaços de educação. In: FIGUEIREDO, B. G. & VIDAL, D. G. (Orgs.). Museus: dos gabinetes de curiosidades à museologia moderna. Belo Horizonte: Fino Traco Editora, 2013.
SILVA, M. A. Cozinha: espaço de relações sociais. Iluminuras, v. 10, n0 23, 245-256, 2003.

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