CHEMICAL BOND WAR: UMA ADAPTAÇÃO DO JOGO DE TABULEIRO WAR PARA O ENSINO DE LIGAÇÕES QUÍMICAS

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Ensino de Química

Autores

Abrantes, P.G. (INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA) ; Resende-filho, J.B.M. (INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA) ; Meneses, M.G. (INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA) ; Santos, L.C. (INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA)

Resumo

O ensino de Química ainda enfrenta problemas com a rejeição dos alunos por acreditarem que o conteúdo é de difícil assimilação. Tentando desfazer esse pensamento e contribuir com o ensino-aprendizagem, muitos professores buscam métodos de estimular ao mesmo tempo em que educa. O presente trabalho tem como objetivo relatar a criação e aplicação de um jogo educativo, para ser usado em horário extraclasse, que aborda o tema de Ligações Químicas. Nomeado de Chemical Bond War, tal jogo foi desenvolvido com base no jogo War®, e tem o objetivo de reforçar o conteúdo visto em sala. Foi apresentado e aplicado em horário extraclasse contando com a participação de 8 alunos do Ensino Médio. Com a aplicação, verificou-se que os alunos estavam interessados, como também ajudou na compreensão do tema.

Palavras chaves

Ligações Químicas ; Ensino de Química; Jogo Didático

Introdução

Embora a Ciência e a humanidade venham evoluindo constantemente, ensinar Química ainda é um desafio para muitos professores. Por ser considerada uma área de difícil compreensão, inúmeros alunos a veem como uma matéria enfadonha e desnecessária (ALBUQUERQUE et al., 2011; BENEDITI et al., 2006), sendo, as vezes, caracterizada pela mera memorização de conceitos, fórmulas e regras (GOMES, 2008). A fim de quebrar essa concepção, inovar e facilitar o processo de ensino-aprendizagem, como também atrair o interesse dos alunos, muitos professores buscam fugir do ensino tradicional a partir da utilização de jogos didáticos (CUNHA, 2012). Além de educar, sua manipulação tem a finalidade de proporcionar diversão e prazer, levando para sala de aula um método diferente e produtor. Entretanto, suas funções devem ser bem definidas de modo que nenhuma se sobressaia mais que outra (SOARES; CAVALHEIRO, 2006). É possível também estimular e possibilitar uma melhor aprendizagem por meio de atividades lúdicas extraclasse. “Alguns materiais exteriores à sala de aula, e sua consequente manipulação, facilitam a aquisição de conceitos e introduzem a experimentação de diversos materiais concretos, subsidiando a prática docente” (SOARES, 2012, p. 34). Desta forma, o objetivo desse trabalho é desenvolver um jogo para ser usado em atividades realizadas fora de sala de aula, que aborde a formação de compostos químicos utilizando os conceitos relacionados ao conteúdo de Ligações Químicas. Este instrumento lúdico terá como finalidade despertar a curiosidade dos discentes sobre a temática trabalhada, como também, evoluir/construir conhecimentos de forma recreativa.

Material e métodos

O jogo denominado Chemical Bond War, baseado no jogo de tabuleiro War®, da Grow, foi desenvolvido por alunos do curso superior de Licenciatura em Química do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), campus Sousa, na disciplina de Prática Profissional IV. Tal jogo foi confeccionado tendo como eixo central os conhecimentos químicos relacionados à formação de compostos a partir da “transferência” ou “compartilhamento” de elétrons, ou seja, para vencer seus adversários, é necessário que os alunos saibam sobre Ligações Químicas. Chemical Bond War pode ser jogado por no mínimo 3 e no máximo 6 pessoas. Compõe-se de: um tabuleiro com um mapa contendo 6 continentes, cada um deles dividido em um determinado número de territórios (elementos químicos); 6 conjuntos de peças de cores diferentes, que representaram os elétrons que os jogadores deverão usar para formar as ligações entre os territórios; 20 cartas de objetivos; 42 cartas de jogo, sendo 40 representando cada um território (elemento químico) combinado com uma figura dos estados de agregação da matéria (sólido, líquido e gasoso) e 2 coringas (contendo os 3 estados de agregação da matéria). Além disso, possui 6 dados, sendo 3 vermelhos, usados para os ataques e 3 amarelos, usados para as defesas. Para avaliar a efetividade do jogo, o mesmo foi aplicado em horário oposto ao da aula e contou com o envolvimento de 8 alunos (divididos em grupos de 4 pessoas) do 3º ano do Ensino Médio do IFPB, que se disponibilizaram a participar. Inicialmente, foram feitas a apresentação e explicação da ferramenta para que os discentes pudessem se familiarizar, já que alguns ainda não conheciam o War. Após a aplicação, questionamentos foram levantados para verificar suas opiniões a respeito do jogo.

Resultado e discussão

Por não conhecer o War e por ele apresentar certo nível de complexidade, confeccionar o jogo Chemical Bond War (Figura 1) não foi uma tarefa fácil para os alunos da graduação. Para adaptá-lo, foi necessário estudar o jogo de tabuleiro de modo a combinar algumas de suas regras e objetivos com o conteúdo químico. Em relação a seu emprego extraclasse, funcionou como reforço para o tema, já que foi construído com o intuito de ser utilizado fora de sala de aula, uma vez que é bastante demorado e só pode ser jogado por no máximo 6 pessoas. Através da observação dos alunos durante o jogo e da avaliação feita pelos mesmos, notou-se que o jogo foi bem aceito, divertindo-os e contribuindo com o processo de ensino-aprendizagem, confirmando que “o lúdico pode apresentar diversas contribuições para o ensino especialmente no âmbito pedagógico, sendo capaz de ‘mexer’ com as emoções dos envolvidos na atividade” (CORRÊA, 2013, p. 13). O comportamento dos discentes durante a partida mostrou que todos estavam bem empenhados em atingir seus objetivos no intuito de vencer. Além disso, afirmaram que jogariam novamente o jogo, por abordar o conteúdo de forma mais clara, como também não mudariam nenhuma regra por acharem estar bem elaborado. A única observação que os mesmos fizeram foi sobre a duração da partida, entretanto, vale ressaltar que os participantes do jogo demonstraram interesse em continuar utilizando-o como instrumento didático/recreativo.

Figura 1

Jogo Chemical Bond War desenvolvido com base no jogo de tabuleiro, War®.

Conclusões

O Chemical Bond War permite que os alunos aprendam conceitos relacionados a ligações químicas, tendo em vista que para atingir seus objetivos eles precisavam conhecer quantos elétrons serão “transferidos” ou “compartilhados” para formar os compostos químicos. Grande parte dos alunos envolvidos procuraram, posteriormente, por iniciativa própria, o material lúdico em horário extraclasse (intervalo, recreio), o que, por sua vez, permite-nos inferir que o jogo despertou a curiosidade suficiente dos discentes pelo jogo e, (in)diretamente, pelo conteúdo abordado no mesmo.

Agradecimentos

CAPES. IFPB, campus Sousa.

Referências

ALBUQUERQUE, A. L.; SILVA, J. A. C.; NASCIMENTO, M. S.; SOUZA, J. R. T. Instrumentos para o Ensino de Química. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 52., 2012, Recife. Anais... Rio de Janeiro, 2011. p. 34 - 46.

BENEDETTI, L. P. S.; BENEDETTI-FILHO, E.; ROSA, P. C.; FIORUCCI, A. R. O uso do lúdico no ensino de química: um jogo de tabuleiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA, 46., 2006, Bahia. Anais... Rio de Janeiro, 2006.

CORRÊA, E. R. O lúdico e os jogos no ensino de química: um estudo sistemático em eventos na área. 2013. 147 f. TCC (Graduação) – Curso de Licenciatura em Química, Universidade Federal do Pampa, Bagé, 2013.

CUNHA, M. B. Jogos no Ensino de Química: Considerações Teóricas para sua Utilização em Sala de Aula. Química Nova na Escola, v. 34, n. 2, p. 92-98, 2012.

GOMES, R. S. As dificuldades de aprendizagem de química no ensino médio: uma barreira a ser rompida por alunos e professores. 2008. 46 f. Monografia (Graduação) – Curso de Licenciatura em Química, Centro Federal de Educação Tecnóloga de Campos, Rio de Janeiro, 2008.

SOARES, M. H. F. B.; CAVALHEIRO, E. T. G. O lúdico como um jogo para discutir conceitos em termoquímica. Química Nova na Escola, n. 23, p.27-31, 2006.

SOARES, M. H. F. B. O lúdico em química: jogos e atividades aplicados ao ensino de Química. 2012. 203 f. Tese (Doutorado) – Curso de Pós-graduação em Química, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2012.

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