Análise fitoquímica, quantificação de fenóis e flavonóides totais e avaliação da atividade antioxidante do extrato etanólico do fruto do Jucá - [i]Libidibia férrea[/i] (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Silva, M.V.F. (UECE) ; Lopes, F.F.S. (UECE) ; Fernandes, V.B. (UECE) ; Guerra, D.L. (UECE) ; Morais, S.M. (UECE)

Resumo

A espécie Libidibia férrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz, popularmente conhecida como Jucá, apresenta várias propriedades medicinais. O objetivo deste trabalho é a caracterização fitoquímica do extrato etanólico dos frutos da L. férrea, a quantificação de fenóis totais, quantificação de flavonóides totais e avaliação da atividade antioxidante por meio do método do DPPH. O teor de fenóis totais foi 394,58 ± 10,61 mg eag/ g de extrato dos frutos e o teor de flavonóides de 7,03 ± 0,28 mg EQ/g de extrato dos frutos. A atividade antioxidante apresentou uma inibição do radical DPPH, com valor de CI50 3,30 ±0,18 μg/mL. O padrão positivo da Quercetina no ensaio foi CI50 1,32 ± 0,05 μg/mL. Portanto o alto teor de fenóis correspondeu uma boa atividade antioxidante.

Palavras chaves

Jucá; Análise fitoquímica; Potenciais antioxidantes

Introdução

A utilização das plantas medicinais como medicamento é muito antiga e data dos primórdios da civilização (COAN; MATIAS, 2014). A busca por alívio e cura de doenças pela ingestão de ervas e folhas talvez tenha sido uma das primeiras formas de utilização dos produtos naturais (VIEGAS Jr, BOLZANI, BARREIRO, 2006). L. férrea é uma árvore de grande porte nativa do Brasil que pertence à família Fabaceae (DRONZINO et al., 2017). Popularmente conhecida como jucá, pau-ferro, ibirá-obi, imirá-itá, muirá-obi, muiré-itá, a L. férrea é uma espécie que cresce em todo o país, comumente encontrada nas áreas de clima semiárido e seco como a caatinga, é largamente distribuída nas regiões Norte e Nordeste, principalmente no Ceará e Pernambuco (PICKLER, 2015). Segundo Drozino et al. (2017), na medicina tradicional o jucá é usado nas formas principais de chá (decocção e infusão), lambedor (planta aquecida com mel) ou garrafada (planta submergida em substância alcoólica). Sendo que as partes desse vegetal utilizadas para o tratamento de problemas hepáticos, respiratórios, distúrbios gastrintestinais e como cicatrizante (CHAGAS NETO, 2018). De acordo com Walter (2017), o fruto do jucá é utilizado como antidiarreico , antidiabéticos e para tratar a tosse e irritações da garganta, casca é utilizada como desobstruente, as folhas e raízes são utilizada como antidiarreico e antitérmicas. Portanto o objetivo deste trabalho foi determinar o teor de fenóis e flavonóides totais presentes nos frutos de L. férrea correlacionando com sua atividade antioxidante.

Material e métodos

Os frutos da L. férrea foram coletados no Parque Estadual do Cocó situada na cidade de Fortaleza, no mês de Outubro de 2018. Pesou-se 50 gramas do fruto da L. férrea. O extrato foi obtido através da maceração em que o líquido extrator foi o álcool etílico 96º GL, utilizando 300 mL do mesmo. A matéria vegetal ficou em contato com o líquido extrator por 10 dias. Após esse período, colocou-se o extrato em evaporador rotativo a vácuo para retirar o excesso de solvente, logo em seguida no banho-maria até evaporação total do solvente. Após esse processo inicial, realizamos os testes fitoquímicos qualitativos seguindo a metodologia descrita por Matos (2009). Pesou-se 50 mg do extrato e dissolvemos em 15 mL de etanol. Separou-se 9 tubos de ensaio para 7 testes. Um tubo de ensaio com a solução do extrato serviu como comparação. A determinação do teor de fenóis totais seguiu a metodologia de Sousa et al. (2007). A determinação do teor de flavonoides seguiu a metodologia de Funari e Ferro (2006). No teste de atividade antioxidante (método DPPH), utilizou-se a metodologia proposta por Yepez et al. (2002) com adaptações. Para a preparação da solução mãe (10.000 ppm), 15 mg do extrato foi solubilizado em 1,5 ml de metanol. Em seguida, foram realizadas diluições em série. Foram feitas diluições para 5.000, 1.000, 500, 100, 50, 10 e 5 ppm. Em tubos de ensaio, 1.9 mL da solução de DPPH e 0,1 mL da amostra foram misturados, em triplicata. Após 30 minutos no escuro, realizou-se a leitura no espectrofotômetro UV-VIS, no comprimento de onda de 515 nm. A concentração Inibitória para 50% do radical livre foi calculada a partir da equação da reta obtida através dos valores do índice de varredura. O valor da concentração inibitória média foi comparado ao padrão Quercetina.

Resultado e discussão

Os resultados dos testes fitoquímicos realizados no extrato da L. férrea foram expostos na figura 1. Em relação a quantificação dos Fenóis Totais, utilizou-se a curva de calibração do Ácido Gálico (y=0,127x - 0,011), determinando-se a concentração relativa a cada absorbância. O teor de Fenóis totais contidos no extrato da L. férrea é 394,58 ± 10,61 mg EAG/g de extrato. Em relação a quantificação dos Flavonoides Totais, usou-se a curva de calibração da Quercetina (y=0,067x - 0,011) para determinar a concentração correspondente a cada absorbância. O teor de Flavonóides contidos no extrato da L. férrea foi: Teor = 7,03 ± 0,28 mg EQ/g de extrato. A atividade antioxidante foi analisada por meio do método do DPPH. A absorbância do radical DPPH foi de 0,661. A avaliação da atividade antioxidante apresentou uma inibição do radical DPPH, com valor de CI50=3,30 ± 0,18 μg/mL. O padrão positivo da Quercetina no ensaio apresenta CI50=1,32 ± 0,05 μg/mL, sendo assim o extrato apresenta uma boa atividade antioxidante. Os principais grupos de metabólicos secundários presentes no extrato etanólico dos frutos foram: Fenóis, Flavonóis, Flavanonas, Taninos hidrolisáveis e Saponinas. Estes dados corroboram com estudos anteriores em que L. férrea mostrou a presença de substâncias antioxidantes como compostos fenólicos, taninos, flavonoides e saponinas, (FRAGA, 2017). O alto teor de fenóis totais pode ser interpretado pela presença de flavonois, flavonas, flavanonas e taninos hidrolisáveis, o que confirmaria o seu uso popular como cicatrizante (BRITO, 2018).


Testes fitoquímicos qualitativos do extrato etanólico das folhas de L. férrea.

Conclusões

O extrato etanólico dos frutos do jucá revelou a presença de alcalóides, fenóis simples, flavonas, flavonóis, flavanonas, saponinas e taninos hidrolisáveis. Estes dados corroboram com estudos anteriores em que L. férrea mostrou a presença de substâncias antioxidantes como compostos fenólicos, flavonoides, alcaloides e saponinas. O extrato etanólico revelou boa atividade antioxidante, o que pode ser atribuídos aos compostos fenólicos presentes no extrato. Tais dados corroboram com o potencial fitoterápico da espécie.

Agradecimentos

Agradecemos primeiramente à Deus, a orientação da profª Drª Selene Maia de Morais. E a todos os envolvidos no Laboratório de Química dos Produtos Naturais (LQPN).

Referências

CHAGAS NETO, F. C. Desenvolvimento do extrato seco de Libidibia ferrea (jucá) como alimento funcional: caracterização química e avaliação das atividades antioxidante e anti-inflamatória em modelo de neuroinflamação. 2018. 81 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas, Faculdade de Farmácia Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2018.

COAN, C. M.; MATIAS, T. A utilização das plantas medicinais pela comunidade indígena de Ventarra Alta - RS. SaBios: Revista de Saúde e Biologia, [S.l.], 2014. Disponível em: <http://www.revista.grupointegrado.br/sabios/>. Acesso em: 15 Jul. 2019.

DRONZINO, R. N. et al. Breve revisão: bioativos de libidibia ferrea e suas ações em odontologia. Mudi, [s.l], v. 21, n. 1, p.39-47, jan. 2017.http://dx.doi.org/ 10.4025/arqmudi.v21i1.37807.

FUNARI, C. S.; FERRO, V. O. Análise de própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 26, n. 1, p. 171-178, 2006. MATOS, F. J. A. Introdução a Fitoquímica Experimental. 3 ed., Edições UFC, Fortaleza, 148 p., 2009.

PICKLER, T. B. Ensaios pré clínicos da exposição martena a Caesalpinia ferrea. 2015. 88 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Programa de Pós Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade de Sorocaba, Sorocaba, 2015.

SOUSA, C. M. M. et al. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, [s.l.], v. 30, n. 2, p.351-355, 19 jan. 2007.

VIEGAS JR, C.; BOLZANI, V.; BARREIRO, E. Os produtos naturais e a química medicinal moderna. Quim. Nova, [S. l.], 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/qn/v29n2/28453.pdf. Acesso em: 4 ago. 2019.

WALTER, L. S. Tratamentos pré-germinativos e crescimento inicial de Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L. P. Queiroz. 2017. 43 f. TCC (Graduação em Engenharia Florestal) - Curso de Engenharia Florestal, Departamento de Ciência Florestal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2017.

YEPEZ, B.; ESPINOSA, M.; LÓPEZ, S.; BOLAÑOS, G. Producing antioxidantfractions from herbaceous matrices by supercritical fluid extraction. Fluid Phase Equilibria, 194, 879-884, 2002.

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