COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE MICROBIOLÓGICA DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE GABIROBA

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Castilho, N.S. (IFG) ; Silva, F.R. (IFG) ; Duarte, A.R. (IFG)

Resumo

O presente estudo avaliou a composição química e a atividade microbiológica dos óleos essenciais das folhas da espécie Campomanesia adamantium (CAMBESS) O. BERG, popularmente conhecida como Gabiroba. As amostras foram coletadas em Ipameri - Goiás e submetidas à extração por hidrodestilação em aparelho de Clevenger modificado. A análise da composição química foi realizada por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas. A atividade microbiológica deste óleo essencial foi testada frente ao fungo Sclerotinia Sclerotiorum. Foi possível observar que os principais constituintes do óleo essencial das folhas da C.adamantium foram α-Pineno, Limoneno, α-Terpineol, E-Cariofileno e Biciclogermacreno e que seu potencial microbiológico não foi evidenciado frente ao fungo testado.

Palavras chaves

Gabiroba; óleos essenciais; Campomanesia adamantium

Introdução

A espécie Campomanesia adamantium (Cambess) O. Berg popularmente conhecida como gabiroba, guavira, guabiroba-do-campo, guabiroba-do-cerrado, guabiroba- lisa e guabiroba-branca. Suas plantas são do tipo arbustivas, tendo muitas ramificações e ramos delgados. Os frutos são carnosos, as flores são brancas e apresentam folhas com comprimentos de 3 a 10 cm de comprimento (VIEIRA et al., 2011). Suas folhas e cascas apresentam propriedades anti-inflamatória, antidiarreica, e são utilizadas no tratamento de gripes e problemas no trato urinário (VALLILO et al., 2008). Os óleos essenciais são misturas complexas constituídas principalmente de monoterpenos, sesquiterpenos, fenilpropanóides, ésteres e outras substâncias de baixo peso molecular. Esses metabólitos estão relacionados com diversas funções necessárias a sobrevivência vegetal e apresentam propriedades antivirais, antifúngicas, antibacteriana, antiparasitários e inseticidas (SIQUI et al., 2000; BURT, 2004). Estes óleos têm-se mostrado uma boa alternativa no combate a doenças de plantas, em razão de sua fácil obtenção, baixo custo e por não apresentarem toxidez residual. Morais et.al. em 2009, cita inúmeros trabalhos em que os óleos essenciais apresentaram bons resultados no combate a doenças das plantas. O fungo Sclerotinia sclerotiorum é um patógeno de difícil erradicação após sua introdução na área de cultivo, sendo o agente causador do mofo-branco (HENNEBERG et al., 2012). Uso de fungicidas convencionais apresenta eficácia duvidosa, não conseguindo controlar a doença em condições de alta infestação (SILVA, 2019). Assim, foi avaliado o potencial biotecnológico do óleo essencial das folhas de C. adamantium frente ao fungo Sclerotinia sclerotiorum.

Material e métodos

As folhas de 21 plantas de C. adamantium foram coletadas na área de experimentação da Universidade Estadual de Goiás – Ipameri, Goiás, nos períodos da seca (agosto de 2016) e chuva (março de 2017). As folhas de cada espécime dessecadas à temperatura ambiente foram trituradas e submetidas à extração dos óleos essenciais por hidrodestilação em aparelho de Clevenger modificado por 2h. O óleo essencial foi coletado, seco em Na2SO4 anidro, acondicionados em frascos de vidro âmbar e armazenado em freezer (–18ºC) até serem analisados. Os óleos essenciais das folhas foram submetidos à análise por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG/EM) em um equipamento QP5050A (Shimadzu), utilizando-se uma coluna capilar de sílica fundida CBP-5 (Shimadzu). A análise quantitativa foi obtida pela integração do Cromatograma Total de Íons (TIC). A identificação dos componentes foi realizada por comparação (automática e manual) dos espectros de massas com os da biblioteca digital NIST/EPA/NIH [1998], além da comparação dos espectros de massas e dos índices de retenção calculados com os da literatura [ADAMS, 2007]. Os índices de retenção foram calculados através da co-injeção com uma mistura de hidrocarbonetos lineares, C8–C32 [Sigma, USA], e com aplicação da equação de Van den Dool e Kratz [1963]. O teste antifúngico foi realizado de acordo com a metodologia do disco de difusão em ágar (RANA et al., 2011). Um disco de papel foi embebido com 20 μL do óleo essencial em solução alcoólica nas concentrações de 100, 500, 1000, e 5000 μg.mL-1. A atividade antifúngica foi testada em meio de cultura YPDA inoculado uniformemente com 0,1 mL da suspensão de esporos de S. sclerotiorum na concentração de 106 esporos .mL-1. O período de incubação foi de 5 dias a 30°C.

Resultado e discussão

O óleo essencial obtido das folhas da Gabiroba apresentou coloração amarelada e odor adocicado, o rendimento médio foi de 0,2968% ± 0,16 (% p/p). Os constituintes majoritários no período da seca foram os monoterpenos: Borneol (4,45%) (1), Endo-Fenchol (4,55%) (2), α-Pineno (8,97%) (3), Limoneno (11,35%) (4), α-Terpineol (5,03%) (5) e o Linalool (4,13%) (6); e os sesquiterpenos: Globulol (4,12%) (7) , E-Cariofileno (7,45%) (8), Biciclogermacreno (11,95%) (10), e Germacreno D (5,05%) (9). No período da chuva os majoritários foram os monoterpenos: α-Pineno (8,32%) (3), Limoneno (8,91%) (4) e o α-Terpineol (4,07%) (5) e os sesquiterpenos: E-Cariofileno (5,79%) (8) e Biciclogermacreno (11,47%) (10)(Figura 1). A classe biosintética predominante no óleo essencial das folhas estudadas no período da seca foi a dos monoterpenos, correspondendo a um total de 47,44% dos compostos identificados e no período da chuva foi a dos sesquiterpenos com um total de 45,94% (Figura 2). Observou-se que os cinco compostos majoritários não apresentaram grande variação em seus percentuais dentro óleo essencial em ambos os períodos de coleta, indicando assim que o efeito da sazonalidade possa ser mais pronunciado nos compostos minoritários e na classe de terpenos. O conhecimento da dinâmica de produção destes compostos pela espécie da C. adamantium é importante de acordo com utilização que se quer empregar o óleo essencial e requer a avaliação da influência de outros fatores bióticos e abióticos. O aumento na produção de monoterpenos pode indicar estresses externos, como ataque de insetos (TAIZ, 2004). O estudo microbiológico demonstrou que óleo essencial, na metodologia adotada para este estudo, não demonstrou inibição quanto ao fungo fitopatogênico Sclerotinia sclerotiorum.

Figura 1

Compostos majoritários determinados no período da chuva e da seca. Fonte: a Autora, 2019.

Figura 2

Média das porcentagens das classes biossintética encontrados no óleo essencial das folhas de C. adamantium nos períodos da seca e chuva.

Conclusões

Óleo essencial não apresentou índice de inibição contra o fungo Sclerotinia sclerotiorum, assim pretende-se ampliar os dados para avaliação de fatores edáficos e climáticos nas variações dos constituintes químicos do óleo essencial desta espécie, bem como realizar novos testes para avaliar a atividade antimicrobiana frente a outros microrganismos e efeitos de dispersão.

Agradecimentos

Agradecemos a Universidade Estadual de Ipameri, por possibilitar a coletas das plantas e ao Laboratório LAMES da Universidade Federal de Goiás por disponibilizar o CG/EM.

Referências

ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gas chromatography/quadrupole mass spectroscopy, 4th ed. Carol Stream: Allured, 2007.
BURT, S. Óleos essenciais: suas propriedades antibacterianas e potenciais aplicações em alimento. Revista Internacional de Microbiologia e Alimentos: Amsterdam, v.94, n.3, p.223-253, 2004.
HENNEBERG, Luciane; GRABICOSKI, Edilaine M. G.; JACCOUD-FILHO, David Souza; PANOBIANCO, Maristela. Incidência de Sclerotinia sclerotiorum em sementes de soja e sensibilidade dos testes de detecção. Pesquisa Agropecuária Brasileira: v.47, n.6, p.763-768, 2012.
MORAIS, L. A. S.; GONÇALVES, G.G.; BETTIOL, W. Óleos essenciais no controle de doenças de plantas. RAPP- Volume 17, 2009.
RANA, I. S; RANA, A. S; RAJAK, R. C. Evalution of antifungal activity in essential iol of the Syzygium aromaticum(L.) by extraction, purification and analysis of its main componente eugenol. Braz. J. Microbiol, v.42, p.1269-1277, 2011.
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SIQUI, A.C.; SAMPAIO, A.L.F; SOUSA, M.C.; HENRIQUES, M.G.M.O.; RAMOS, M.F.S. Óleos essenciais – potencial anti-inflamatório. Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento. v.16, p. 38-43, 2000.
TAIZ, Lincoln; ZEIGER, Eduardo. Fisiologia Vegetal. Artmed: Porto Alegre, 3.ed, cap. 13, p. 309-334, 2004.
VALLILO, M. I.; MORENO, P. R. H.; OLIVEIRA, E.; LAMARDO, L. C. A.; GARBELOTTI, M. L. Composição química dos frutos de Campomanesia xanthocarpa Berg-Myrtaceae. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.28, p.231-237, dez, 2008.
VIEIRA, M. C.; PEREZ, V. B.; HEREDIA, Z. N. A.; SANTOS, M. C.; PELLOSO, I. A.O; PESSOA, S. M. Nitrogênio e fósforo no desenvolvimento inicial da guavira (Campomanesia adamantium (Cambess.) O. Berg) cultivada em vasos. Revista Brasileira Plantas Medicinais, Botucatu: v.13, p.542-549, 2011.

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