AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIBACTERIANA DE PRODUTOS NATURAIS

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Valente, M.C. (IFRJ) ; Barbosa, L.B.F. (IFRJ) ; Ramos, C.B. (IFRJ) ; Santos, M.V.A. (IFRJ) ; Marques, M. (IFRJ) ; Melgaço, F.G. (IFRJ)

Resumo

Diante da busca por fármacos alternativos para combater bactérias resistentes foi avaliado e testado extrato de alho para fins biotecnológicos. Utilizou-se método de infusão e liofilização para o preparo do extrato e ácido clorídrico como eluente. Anteriormente a avaliação do extrato ácido de alho, experimentos iniciais realizados com o extrato ácido de casca de abóbora apresentou atividade antimicrobiana em Klebsiella pneumoniae. Diante desse resultado, realizou-se experimentos com os microrganismos para avaliar a atividade do extrato de alho e até o momento, nenhuma atividade antimicrobiana foi observada. Perante aos resultados iniciais obtidos espera-se que testes com outras concentrações dos extratos possibilitem avaliar potenciais atividades antibióticas.

Palavras chaves

Antimicrobianos ; Bactérias ; Extratos

Introdução

Devido ao uso excessivo e indiscriminado de antibióticos diversos micro-organismos patogênicos estão cada vez mais resistentes, desta forma há a necessidade de pesquisar formas alternativas de tratamento (Brito & Cordeiro, 2012). Recentemente foi divulgada pela OMS uma lista de bactérias resistentes a todas drogas disponíveis no mercado, classificadas de acordo com a urgência da necessidade de descoberta e produção de novos fármacos de atividade antimicrobiana (OPAS/OMS, 2017). O alho (Allium sativum) pertence à família Amaryllidaceae, é utilizado para fins medicinais por possuir propriedades anti- inflamatórias, bactericida, fungicida, antioxidantes, entre outras (MINISTÉRIO DA SAÚDE/ANVISA, 2015; ANAPA, 2016; CHUNG, 2006). Segundo a literatura a alicina é responsável pelos seus benefícios medicinais (CHUNG, 2006; Toledo, 2012). Estudos anteriores mostraram a eficácia de seu óleo essencial (RESENDE, et al. 2016), de seu extrato aquoso (PRAIA, 2015) e seu extrato fresco mostrou capacidade de inibir e destruir 14 espécies de bactérias (ANAPA, 2016). A abóbora (Cucurbita pepo) pertence à família Cucurbitaceae (Ferreira et al., 2006). A hortaliça já foi pesquisada quanto a propriedades de suas sementes, polpa e folhas, as quais possuem substâncias com alto potencial biotecnológico, como anti-helmíntico, bactericida, diurético, anti-inflamatório, entre outros (Silva et al., 2003; Lima et al, 2006b; Lima e Lopes, 2008). Entretanto, alguns estudos com seus extratos etanólicos demonstraram-se pouco efetivos (Espitia-Baena et al., 2011; Farias 2012). Diante disso, o objetivo desse trabalho foi preparar e utilizar extrato bruto de alho e casca de abóbora para realização e avaliação de testes para fins biotecnológicos (potencial antimicrobiano)

Material e métodos

Preparação dos extratos O extrato da casca do alho foi obtido por infusão. Aproximadamente 5 g de casca de alho foram adicionadas em 100 mL de água destilada com uma temperatura inicial de 100 oC por quarenta minutos. Este extrato foi filtrado, liofilizado, e armazenado a 4 oC no congelador. Para o preparo do extrato de casca de abóbora, descascou-se e torrou-se a casca em estufa na temperatura de 230°C e em seguida, triturou-se em liquidificador até o ponto de pó. O eluente utilizado no preparo final de ambos extratos foi o ácido clorídrico (HCl 10-4 mol/L), de acordo com resultados de testes iniciais de citotoxicidade por disco-difusão em placas de meio ágar Müller Hinton. As bactérias gram negativas Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Serratia marcescens foram mantidas em meios de manutenção líquidos (caldo Luria Bertani) e sólidos (ágar nutriente), em estufa bacteriológica a 37oC. A manutenção adequada das culturas biológicas permite a utilização desses microrganismos para testes das atividades antibióticas dos extratos. Em placas contendo meio ágar Müller Hinton e os inóculos bacterianos colocou-se 5 discos de papel de filtro em pontos equidistantes impregnados com as concentrações 0,01; 0,1; 1; 10 e 100 ppm do extrato ácido de alho e 8 discos de papel impregnados com as concentrações 100 mg/L de extrato ácido de casca de abóbora, para serem avaliados através do método de disco-difusão com a formação de halos de inibição, comparando-se aos halos obtidos e analisados previamente com antibióticos comerciais. Os testes foram realizados em condições assépticas e repetidos três vezes para confirmação dos resultados.

Resultado e discussão

Na avaliação do teste de citotoxicidade do eluente foi observado que a concentração de 10-4 mol/L foi a ideal para ser utilizada na avaliação antimicrobiana do extrato (Figura 1). Nesta concentração não foi observada inibição do crescimento das bactérias por disco-difusão quanto ao eluente (HCl), assim apenas a atividade dos extratos que será conduzida e analisada nos testes de avaliação antimicrobiana. Em testes de sensibilidade onde há um eluente presente no extrato que possa vir a comprometer os resultados inibindo por citotoxicidade é importante que os mesmos sejam testados separadamente de seu extrato para verificar em qual concentração não se altera os resultados, resultados semelhantes aos apresentados por Farias (2012) onde o eluente etanol 70% é testado em uma cepa controle para avaliar se ocorreriam halos de inibição. Experimentos iniciais com as concentrações do extrato ácido da casca de abóbora na concentração 100 mg/L mostrou que ocorreu atividade antimicrobiana em Klebsiella pneumoniae, com halo de inibição de 1mm de raio,mas não foi observada atividade nos outros microrganismos avaliados . Nas avaliações do extrato ácido de alho foram realizadas avaliações das concentrações 0,01; 0,1; 1; 10 e 100 ppm. Em todas as concentrações analisadas, não foi observada atividade antimicrobiana (Figura 2), contrastando os resultados obtidos por estudo recente que avaliou extrato de alho com outras espécies bacterianas (Kshirsagar et al., 2018).

Figura 1

Tabela de resultados teste de citotoxicidade

Figura 2

Resultado extrato de alho

Conclusões

Resultados prévios alcançados mostram possível ação antibiótica em um dos extratos e espera-se que em maiores concentrações do extrato ácido de alho, essa atividade também possa ser obtida. Busca por fontes naturais e a bioprospecção de extratos vegetais na produção de fármacos contribui para o processo de descoberta de novos antibióticos, importantes no cenário atual, em que existe rápido desenvolvimento de resistência bacteriana aos agentes terapêuticos disponíveis.

Agradecimentos

Pelo suporte do Instituto Federal do Rio de Janeiro, Campus Duque de Caxias e pela parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Laboratório de Eletroquímica e Corrosão

Referências

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