ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA LUZ NA COMPOSIÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE LARANJA EXTRAÍDO DA ESPÉCIE Citrus sinensis

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Lobo, V. (UTFPR) ; Spode, E. (UTFPR) ; Rosa, M. (UNIOESTE)

Resumo

O óleo essencial de laranja é obtido atualmente como produto secundário do processamento do suco da laranja e possui diversas aplicações nas indústria farmacêutica, de cosméticos e de alimentos. Os objetivos desse trabalho são a obtenção do óleo essencial e posterior estudo da sua degradação perante a luz. A metodologia de obtenção de óleo essencial utilizada foi a extração por hidrodestilação e a fotodegradação foi realizada pela irradiação de uma amostra de óleo extraído solubilizada em hexano empregando uma lâmpada de Hg de 100 W sem o bulbo protetor pelo tempo de 120 min. A degradação foi acompanhada por análises em cromatografia a gás, sendo possível observar a rápida alteração de composição do óleo essencial de laranja em presença de luz.

Palavras chaves

Clevenger; Fotodegradação; Laranja

Introdução

Os óleos essenciais constituem uma classe de produtos originados de matrizes vegetais como as flores, frutos, cascas e sementes. Definem-se como mistura de compostos aromáticos e voláteis, tendo como uma das funções exalar o aroma de cada espécie. Há muito tempo, os óleos vem sendo utilizados como colaboradores em tratamentos de saúde, entretanto, foi a partir de século XX que foram realizados estudos mais aprofundados das moléculas. O óleo essencial de laranja é um subproduto da indústria de sucos concentrados, que possui um alto valor agregado, já que é um extrato de suma importância para aplicação em diversas áreas industriais. Sua composição pode variar de acordo com o método de extração ou de acordo com a espécie de laranja utilizada, mas é composto basicamente pelas substâncias químicas, denominadas de limoneno, mirceno e linalol. Sendo que destes, geralmente o limoneno é o mais abundante, podendo chegar a 90% da composição total. Esse monoterpeno vem sendo muito estudado, devido ao fato de poder apresentar atividade antimicrobiana, antioxidante e inseticida. Entretanto, para que as propriedade benéficas dos óleos possam ser usufruídas pelos consumidores é necessário garantir a sua qualidade até o destino final e, devido à falta de investimentos no setor, o óleo essencial obtido pelas indústrias de suco no Brasil ainda é considerado de baixa qualidade. Nesse contexto é justificada a importância do estudo do óleo essencial de laranja e de quais parâmetros podem interferir na sua qualidade, já que a degradação do mesmo não é de interesse das indústrias que o utilizam como matéria-prima para obtenção de seus produtos. A fotodegradação em si, é um dos mais comuns meios de se ocorrer a degradação de óleos essenciais, e por esse motivo seu estudo é justificado.

Material e métodos

A matéria-prima utilizada foi a laranja da espécie Citrus sinensis, denominada comercialmente de laranja-pera, obtida no comércio de Toledo – PR. O óleo essencial foi extraído pelo processo de hidrodestilação Clevenger de 558g de casca da laranja (com umidade de 75%). Estas foram picadas em tamanho de aproximadamente 0,5cm, aumentando a área da superfície de contato da casca com 1000mL de água destilada. Para a análise da fotodegradação do óleo essencial utilizou-se um fotorreator com lâmpada de Hg 100 W sem o bulbo protetor que fornece irradiação tanto na região do UV quanto na região do visível. A degradação ocorreu durante intervalos de 20, 40, 60, 80, e 120 min., estando o óleo diluído em hexano. O processo e foi acompanhado com a utilização da cromatografia a gás através da diminuição da concentração do principal composto do óleo essencial de laranja. A análise quantitativa do óleo essencial de laranja foi baseada na metodologia modificada de Hussain et al. (2010). Ela foi realizada utilizando um Cromatógrafo de fase gasosa com ionização de chama (CG/DIC - PerkinElmer, Clarus 680), equipado com coluna capilar de sílica fundida (30m x 0,25mm d.i.) com fase estacionária Elite-5 (5% de difenil e 95% de dimetil polisiloxano) de 0,25 µm de espessura do filme; gás de arraste hidrogênio, ajustado para fornecer uma vazão de 1 mL min-1. As temperaturas do injetor e do detector foram de 220°C e 250°C, respectivamente, o tipo de injeção: com divisão de fluxo na razão de 1:40. Foi injetado 1,0 µL de uma solução (2,0µL de óleo: 1mL n-heptano). A temperatura do forno foi programada para 80 – 240ºC (4ºC min).

Resultado e discussão

O volume de óleo extraído foi de 2,1 mL, obtendo o rendimento da extração, em relação à massa de casca utilizada, em 1,5% massa/volume. A análise do óleo essencial extraído da casca de laranja Citrus sinensis foi realizada em CG/DIC e revelou que o pico máximo se apresenta em 5 minutos e 27 segundos, com área relativa a esse pico de 564112 uV*sec. Sabe-se, por outros trabalhos, que o constituinte principal do óleo de laranja é o limoneno e que a sua concentração pode ultrapassar 90%, então, provavelmente esse pico corresponde ao composto limoneno, mas essa informação só pode ser confirmada após uma análise utilizando padrões analíticos (CG/MS). A partir dos cromatogramas após a irradiação de luz foi possível observar que o óleo foi alterado/degradado, visto que a redução da área do pico principal foi significativa. Isso porque foi possível observar que, após 1 hora de irradiação de luz, a área do pico teve uma redução de aproximadamente 69%, mas, após 2 horas de irradiação, a variação da área do pico principal se apresentou estatisticamente equivalente à primeira hora. Sabe-se que a área é diretamente proporcional a concentração do composto, ou seja, quando a área diminui, a concentração diminui também. Ao comparar os cromatogramas do óleo essencial sem degradar e após a irradiação (Figura 1), é possível notar a diferença e o surgimento de alguns picos antes inexistentes. Esse é um indício de que pode estar formando outros compostos. Muito próximo ao pico do solvente foram formados picos que não existiam ou possuíam uma intensidade muito menor, como por exemplo, os dois picos formados no tempo de 1,8 min. Assim, essa figura corrobora com a sugestão que a absorbância da amostra aumentou durante a fotodegradação devido à formação de produtos da reação.

Figura 1: Comparação dos cromatogramas do óleo de Citrus sinensis

São apresentados os 3 cromatogramas do óleo essencial extraído da casca da laranja-pera comercial.

Conclusões

Foi possível comprovar a degradação do óleo pela ação da luz a partir dos resultados da cromatografia gasosa, onde mesmo sem quantificar os compostos, foi possível identificar a alteração de área do pico principal, que pode ser referente ao limoneno. Através dessa análise conclui-se que após a degradação a concentração do limoneno de Citrus sinensis diminuiu em torno de 70%.

Agradecimentos

UTFPR

Referências

HUSSAIN AI, ANWAR F, SHAHID M, ASHRAF M, PRZYBYLSKI R. Chemical composition, antioxidant and antimicrobial activities of essential oil of spearmint (Mentha spicata L.) from Pakistan. J Essent Oil Res 22: 78-84, 2010.

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