Screening fitoquímico da casca da mangabeira (Hancorniaspeciosa Gomes) para fins de bioprospcção cosmética

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Campos, G.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS) ; Chaves, S.M. (CEULP/ULBRA) ; Panontin, J.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS) ; Lacerda, G.E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS) ; Scapin, E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS) ; Seibert, C.S. (CEULP/ULBRA)

Resumo

A bioprospecção de ativos naturais está em evidência na cosmetologia. Nesse sentido, a identificação de compostos é imprescindível para o desenvolvimento de novos produtos. O objetivo deste estudo foi realizar o screening fitoquímico e identificação de compostos da casca da mangabeira (Hancornia speciosa Gomes), para prospecção cosmética. Para isso, a droga vegetal foi submetida a triagem de flavonoides e taninos e a identificação dos compostos do extrato hidroetanólico foi realizada por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. Os resultados do screening indicaram presença de flavonas e taninos condensados, que foram identificados como ácido clorogênico e catequina. Estes ativos possuem ação antioxidante e de proteção solar, podendo ser incorporados em formulações rejuvenescedoras.

Palavras chaves

Cosmetologia; Cerrado; Rejuvenescedores

Introdução

O crescente uso de substâncias ativas da biodiversidade brasileira permitiu o desenvolvimento de cosméticos com extratos vegetais em substituição a componentes sintéticos, uma vez que apresentam diversas atividades desejadas para aplicação na cosmetologia. Contudo, é necessário a realização de testes de triagem ou screening fitoquímico das plantas, além da identificação dos compostos, que pode ser realizada por diferentes técnicas cromatográficas, como a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Dentre as substâncias mais buscadas na cosmetologia, estão os compostos fenólicos, pela sua capacidade redutora, responsável pela neutralização ou sequestro de radicais livres (PEREIRA, VIDAL, CONSTANT 2009). A incorporação de extratos vegetais em formulações cosméticas já foi descrita com desenvolvimento de cosméticos corados com corantes naturais de antocianinas do jambolão (ALVES et al., 2011, RODRIGUES et al, 2011, FARINELLI et al., 2012). Além destes componentes, óleos vegetais também se mostraram eficazes para obtenção de formulações base de cosméticos, como xampu hidratante contendo óleo de buriti (ALVARES et al, 2012) e creme utilizando óleo da semente do algodão (COUTO et al., 2012). A mangabeira (Hancorniaspeciosa Gomes) é uma planta presente no cerrado tocantinense. A parte mais popular e estudada desta árvore, para fins de bioprospecção é o fruto, principalmente na área alimentar (LIMA et al., 2018). O uso da folha (SILVA et al., 2016) e do látex (RIBEIRO et al., 2016) também está em ampla bioprospecção farmacêutica, no entanto, não há pesquisas com finalidade de bioprospecção cosmética. O objetivo deste trabalho foi avaliar os compostos presentes na casca de H. speciosa Gomes para aplicação cosmética.

Material e métodos

O screening fitoquímico foi realizado de acordo com metodologia proposta por Costa (1997) para flavonoides (Shinoda, sais de ferro e acetato de chumbo; controle positivo Passiflora incarnata) e taninos (sais de ferro e gelatina; controle positivo Stryphnodendronadstringens). Para análise cromatográfica foi preparado extrato hidroetanólico (70%) de 5g da droga vegetal para 400ml de solvente, por extração em banho de ultrassom por 5h. O extrato foi rotaevaroporado e liofilizado. A partir do extrato seco foi preparada uma solução de 1mg/ml em metanol que foi injetada em cromatógrafo Shimadzu® LC- 10Avp,utilizando-se coluna de fase reversa C18, sistema de gradiente com duas fases móveis, sendo a primeira composta por ácido fosfórico 0,1 % em água ultrapura e a segunda por ácido fosfórico 0,1 % em água ultrapura/acetonitrila/metanol (54:35:11 v/v/v), com taxa de fluxo de 1ml/min, a 22°C, com detector UV a 280nm e tempo de corrida de 120 minutos. Os picos foram comparados com os padrões disponíveis no laboratório.

Resultado e discussão

A triagem fitoquímica apontou os polifenóis flavonas e taninos condensados, interessantes para cosmetologia, uma vez que possuem propriedades antioxidante e rejuvenescedora. Já na investigação por CLAE pode-se identificar dois picos, sendo o primeiro relacionado a catequina e o segundo relacionado ao ácido clorogênico, um terceiro pico (55 minutos) não foi identificado devido a ausência do padrão. O ácido clorogênico (AC) é um polifenol que possui atividade antioxidante e fotoprotetora (NAVEED et al., 2018). Uma formulação contendo AC incorporado a um complexo fosfolipídico foi desenvolvida com o intuito de aumentar o tempo de efeito de proteção solar contra estresse oxidativo e os achados indicaram que, quando comparado a formulações convencionais, houve aumento do tempo de efeito da proteção contra a radiação ultravioleta A (BHATTACHARYYA et al., 2014). Em outro estudo, o AC foi incorporado em um sistema microemulsionado, que melhorou a solubilidade e retenção dérmica, superando a quercitina e genisteina. Além disso, quando veiculado em microemulsões fosfolipídicas do tipo óleo em água (O/A) protegem a pele contra agressões oxidativas induzidas pela radiação ultravioleta (KITAGAWA et al., 2011) e quando veiculados em microemulsões usando laurato de sacarose, há melhora da liberação e distribuição dérmica e epidérmica (YUTANI et al., 2014). As catequinas são encontradas em diversas fontes naturais e possuem atividade antioxidante e fotoprotetora (FERREIRA-NUNES et al., 2017), possuindo efeito epigenético modulatório, quimioprotetor contra o câncer de pele (PENTA; SOMASHEKAR; MEERAN, 2017). Lin et al. (2018) verificaram que o grupamento galato, quando presente nas catequinas pode levar a menor permeabilidade cutânea do que as catequinas que não possuem este grupamento.

Triagem Fitoquímica



Conclusões

A partir dos achados em nosso trabalho, podemos concluir que a casca da mangaba (H. speciosa Gomes) possui potencial para ser utilizada na produção de cosméticos rejuvenescedores, pela presença de ácido clorogênico e catequina, uma vez que estas substâncias são responsáveis por efeitos antioxidantes, antiinflamatórios e de proteção solar.

Agradecimentos

Agradecimentos á Universidade Federal do Tocantins e á universidade CEULP/ULBRA.

Referências

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