Óleo essencial de Pimenta de macaco (Piper arboreum) da ilha do Marajó-Pará: Quimiotipo Limoneno

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Santos, E.L. (UEPA) ; Gomes, K.L.S. (UEPA – SALVATERRA) ; Lima, A.M. (UEPA – SALVATERRA) ; de Lima, M.N.N. (UEPA – SALVATERRA) ; Nunes, L.P. (UEPA – SALVATERRA) ; dos Santos, R.L. (UEPA – SALVATERRA) ; Vital, R.M. (UEPA – SALVATERRA) ; Moura, V.F.S. (UFMG) ; da Silva, A.R.C. (FIBRA) ; Andrade, E.H.A. (MPEG) ; Figueiredo, P.L.B. (UEPA)

Resumo

Piperacea é uma família de ervas, arbustos, pequenas árvores, árvores aromáticas e trepadeiras, compreendendo aproximadamente 4000 espécies. Um espécime de Piper arboreum foi coletada no Município de Salvaterra, Marajó, Pará. O óleo essencial foi extraído das folhas (Hidrodestilação, 3h) e sua composição química analisada por CG-EM. O rendimento em óleo foi de 1,40% (m/v). O monoterpeno hidrocarboneto Limoneno (59,31%) foi o constituinte majoritário do óleo essencial, seguido do sesquiterpeno hidrocarboneto E- Cariofileno (5,24%), e dos monoterpenos hidrocarbonetos α-Pineno (4,06%) e (E)-β-Ocimeno (3,08%). A comparação da composição química desde espécime com a literatura sugere a existência de ao menos seis quimiotipos de Piper arboreum.

Palavras chaves

voláteis; Hidrodestilação; CG-EM

Introdução

Piperacea é uma família de ervas, arbustos, pequenas árvores, árvores aromáticas e trepadeiras, representada por quatro gêneros: Piper, Peperoma, Manekia e Zippelia, compreendendo aproximadamente 4000 espécies (WANKE et al., 2007; MONTEIRO; GUIMARÃES, 2009). Muitos táxons de Piperaceae são ricos em metabólitos secundários bioativos, incluindo alcaloides, amidas, flavonoides e terpenos, possuindo assim importância econômica e medicinal, como Piper nigrum L. (pimenta-do-reino), P. umbellatum L. (pariparoba) e P. methysticum L. (kavakava) (YUNCKER, 1958; BARROS et al., 1996; SILVA; MACHADO, 1999). O gênero Piper tem aproximadamente 700 espécies, com cerca de 170 no Brasil (YUNCKER, 1972). Várias plantas deste gênero são largamente utilizadas na medicina popular em muitas partes do mundo e têm seus metabolitos secundários com diversas atividades biológicas (PARMA et al., 1997). Muitas espécies de Piper são aromáticas e seus óleos essenciais são constituídos de monoterpenos, sesquiterpenos, fenilpropanoides, aldeídos, cetonas e alcoóis de cadeia longa (Cysne et al., 2005). E alguns extratos vegetais apresentam aplicações medicinais com propriedades inseticidas, bactericidas e fungicidas (Potzernheim et al., 2006; Nascimento, 2011). Tendo em vista o grande potencial econômico de espécies do gênero Piper, este trabalho descreve a composição de um espécime de Piper arboreum da ilha do Marajó, estado do Pará.

Material e métodos

Um espécime de Piper arboreum foi coletada no Município de Salvaterra, Marajó, Pará especificamente (GPS Lat. 0°45'30,13''S, Long. 48°30'57,18''W). As folhas foram separadas para a identificação botânica por comparação com amostras autenticas presentes no Herbário do Museu Paraense Emilio Goeldi. As folhas in natura foram cortadas com tesouras do tipo inox e posteriormente foram levadas para o processo de extração. Os óleos essenciais foram extraídos por hidrodestilação em aparelho de Clevenger modificado (3h) de acordo com a metodologia descrita por Maia e Andrade (2009). A composição química foi analisada por Cromatografia gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (CG-EM) com a injeção de 1 μL (Auto injetor AOC- 20i) de solução de óleo em hexano (2:500) em sistema Shimadzu QP 2010 equipado com coluna capilar de sílica Rtx-5MS. A identificação dos componentes baseou-se no tempo e índice de retenção linear (série de n- alcanos C8-C40), comparação e interpretação dos seus espectros de massas, com espectros existentes nas bibliotecas Adams (2006), NIST (2012) e FFNSC 2 (MONDELLO, 2011).

Resultado e discussão

O rendimento em óleo foi de 1,40% (m/v). A classe dos monoterpenos hidrocarbonetos (72,71%) foram predominantes, seguida dos sesquiterpenos hidrocarbonetos (13,04%). Ao todo foram identificados treze constituintes químicos (Tabela 1) que compreendem 85,40% do conteúdo total do óleo essencial. O monoterpeno hidrocarboneto Limoneno (59,31%) foi o constituinte majoritário do óleo essencial, seguido do sesquiterpeno hidrocarboneto E-Cariofileno (5,24%), e dos monoterpenos hidrocarbonetos α-Pineno (4,06%) e (E)-β-Ocimeno (3,08%), as estruturas químicas desses constituintes são mostradas na Figura 1 e o cromatograma do óleo essencial na Figura 2. A variabilidade na composição química do óleo essencial de oito espécimes de Piper arboreum foi estudada por Andrade, Guimarães e Maia (2009), os espécimes foram coletados no municípios de Abaetetuba, Alter do chão, Anajás, Ananindeua, Peixe-boi, Serrado do Naviu (Amapá) e Manaus (Amazonas). Os oito espécimes foram agrupados pelos autores em 5 quimiotioos: A) p- Cimeno (21,9%) e Atractilona (11,7%), B) α-Zingibereno (16,3 – 33,8%), Hinesol (13,3 – 15,9%), 10-epi-γ-eudesmol (9,9 – 15,9%), C) Isvarano (44,0%), D) β-Selineno (10,4 – 35,5%) e E-Cariofileno (8,7 – 20,5%), E) Bulnesol (16,8%), β-diidroagarofurano (11,9%) e α-Copaeno (11,7%). Desta forma, o tipo químico descrito neste trabalho (Limoneno, 59,31%) difere dos cinco tipos químicos dos autores.







Conclusões

A variabilidade química presente nos óleos essenciais sugere a existência de ao menos seis quimiotipos de Piper arboreum, sendo o quimiotipo Limoneno descrito neste trabalho.

Agradecimentos

CNPQ, CAPES, UEPA, MPEG

Referências

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