Prospecção fitoquímica e atividade antioxidante de Bellucia dichotoma

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Mendes, V.C. (ISB-UFAM) ; Oliveira, A.L.F.M. (ISB-UFAM) ; Yamaguchi, K.K.L. (ISB-UFAM)

Resumo

A Bellucia Dichotoma conhecida popularmente como Goiaba-de-anta tem seu consumo principalmente pelos animais silvestres, apesar de não possuir nenhuma restrição,ela é pouco consumida pelos humanos. O trabalho buscou ampliar o conhecimento cientifico por meio da caracterização química a avaliação da atividade antioxidante.Foram realizados a obtenção do extrato vegetal, prospecção fitoquímica, análise cromatográfica e avaliação da atividade antioxidante qualitativa. Na Prospecção fitoquímica foram detectados metabólicos secundários como Antocianidinas, Chalconas, Leucoantocianidinas e Catequinas,obteve-se resultado positivo na análise antioxidante e obteve a separação dos constituintes utilizando CCD, aumentando o potencial alimentício do fruto e demonstrando a capacidade para uso industrial

Palavras chaves

goiaba de anta; caracterização química; Amazônia

Introdução

A espécie Bellucia dichotoma Cogn., pertencente a família Melastomataceae Juss. Conhecida popularmente na Amazônia como Araçá-de-anta, goiaba-de-anta (nome vulgar mais conhecido), e goiaba-de-anta-branca. É um fruto nativo da região Amazônica e possui distribuição nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima (Cavalcante, 1991). Na Amazônia, pode ser encontrada em florestas de capoeiras que foram originadas após a supressão das árvores da floresta primária, ou em florestas de bordas, pastagens abandonadas e, margens de estradas e ramais. Os frutos da goiaba-de-anta são comestíveis e muitos abundantes em florestas de capoeiras, no entanto, são desprezados pelas populações, talvez por falta de conhecimento do potencial alimentício (Rabelo, 2012; Cavalcante, 1996). No entanto esses frutos são bastantes consumidos por animais silvestres, tais como: antas, macacos, jabutis, aves e morcegos. Poucos estudam são reportados na literatura sobre esses frutos, sendo descrito principalmente seus dados botânicos como hábito de crescimento, inflorescência, entre outros, mas sem relatos sobre a composição química (Rabelo, 2012). Propõe-se então um estudo dos extratos desse fruto visando a prospecção fitoquímica, caracterização da composição de metabolitos secundários e bioensaios para avaliação das atividades antioxidante do extrato. Considerando a importância de substâncias bioativas em aplicações biotecnológicas para a saúde da população, seu estudo fitoquímico aliado a bionsaios é útil para o aproveitamento em massa dessas matérias primas, com a perspectiva de uma melhor utilização das mesmas, agregando valor ao fruto in natura e aos seus possíveis produtos.

Material e métodos

As amostras foram obtidas em Coari, no Amazonas. Após a coleta, os frutos foram submetidos ao processo de seleção, higienização e secagem na estufa por 48:00h à 60 °C, foi realizado após isso a moagem do fruto seco em um liquidificador industrial, com isso feito o extrato foi produzido por maceração a frio 1:10 com hexano e metanol e reservado em frascos pequeno de vidro até as análises. A realização da prospecção Fitoquímica foi feita com os extratos da casca, polpa e semente a fim de detectar a presença de metabólitos secundário presente no fruto de acordo com métodos descrito por Matos (1997). O comportamento cromatográfico do extrato foi avaliado por Cromatografia em Camada Delgada (CCD), utilizando placas cromatográficas de fase normal de gel de sílica para os extratos obtidos em etanol e metanol. Os eluentes foram preparados conforme a natureza da amostra, ou seja, polar ou apolar visando a melhor separação cromatográfica. Como reveladores, foram utilizados luz ultravioleta (ʎ= 254nm e 356nm) e vanilina sulfúrica. O ensaio de atividade antioxidante frente ao radical livre DPPH. O método DPPH baseia-se na redução dos radicais 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH) através da doação de um átomo de hidrogênio do composto em estudo (polifenol) à molécula do radical (Sánchez-Moreno et al., 1998).

Resultado e discussão

Os valores de rendimento do extrato vegetal são importantes para demonstrar o perfil/potência industrial que esses materiais irão ter quando for necessário a utilização em larga escala. Pode-se observar na tabela 1, que a maceração à frio funciona como um bom método de extração por ser fácil, rápido e barato. Como mostrado na tabela, a técnica extrai muito, usando pouco material vegetal, com um solvente relativamente de baixo custo (hexano e metanol), e em pouco tempo. Diferentes sistemas de eluição foram montados para os extratos. Na extração feita com Hexano foi montado uma cuba 7:3 contendo 7mL de Hexano e 3mL de Acetato de Etila, para o extrato com Metanol a cuba montada foi de 9:1, sendo 9mL de Clorofórmio e 1mL de Metanol. Como o eluente é definido pela natureza de polaridade do material vegetal, a ideia foi de usar extrato hexanico para separar as substancias apolares, e o metanoílico para substancias polares, tentando assim separar uma quantidade maior de substancias. As imagens abaixo indicam a separação das substancias na placa cromatográfica com os Extratos feito com Hexano no revelador físico de luz ultravioleta à 254nm e 356nm e no revelador químico, a Vanilina Sulfúrica), respectivamente (figura 1). Na revelação com os extratos hexanicos, percebe-se que nos reveladores UV 254nm e Vanilina as substancias separadas possuem baixa polaridade, uma vez que o eluente é apolar, ele consegue arrastar as substancias, tendo valores de RF como 0,875 e 0,800. Já na UV 366nm, a polaridade da substância é caracterizada como de media polaridade, com valores de RF variando entre 0,125 e 0,750. Na revelação com os extratos Metanoílicos acima, percebe-se que nos reveladores UV 254nm as substancias separadas possuem media polaridade, uma vez que o eluente é polar, ele consegue arrastar as substancias, tendo valores de RF como 0,675 demonstrados na Tabela 1. Já na UV 366nm ocorre a separação de substancias principalmente com alta polaridade nas manchas 2 e 3, devido também a polaridade do eluente. Na Vanilina a separação é observada como média polaridade, tendo as manchas com valores de RF variando entre 0,500 e 0,900. O valor de RF é definido como a razão entre a distância percorrida pela banda do componente químico e a distância percorrida pelo eluente. Nas imagens acima percebe-se a separação de diferentes bandas indica algumas substancias presentes nos extratos do fruto. Verifica- se, portanto, que a CCD funciona como um bom método de separação, onde junto com os valores de RF podem servir como base para vários outros testes químicos de identificação das substancias. Com a aplicação da amostra de extrato vegetal e do 1,1-difenil-2 (2,4,6- trinitofenil),a placa é submetida ao banho de hidrazila (DPPH). Após isso foi possível detectar a presença ou ausência de atividade antioxidante na amostra do extrato vegetal Hexanico e Metanoílico. As imagens abaixo mostram a placa com a amostra vegetal e solventes incorporados, e também o resultado do teste. Quando se trabalha com produtos naturais que possam ter potencial biotecnológico para indústria farmacêutica ou alimentícia, o teste de atividade antioxidante é de fundamental importância, pois essas industrias irão gerar produtos que vão ser consumidos por humanos. Sá (2008), cita que um produto natural quando possui esse tipo de atividade farmacológica como os Antioxidantes, estes formam um conjunto heterogêneo de substâncias compostas por vitaminas, minerais, pigmentos naturais e outros compostos vegetais e, ainda, enzimas, que bloqueiam o efeito danoso dos radicais livres, formados nas reações metabólicas ou por fatores exógenos, ao organismo. De acordo com as imagens, é possível observar resultado positivo para atividade antioxidante tanto no extrato feito com hexano, como por metanol. indicando assim um benefício ao consumo do fruto. Borges et al., (2011) define que os agentes antioxidantes ocupam um lugar de destaque dentro da indústria, portanto são de suma importante a realização de pesquisa sistematizada desses compostos e de suas capacidades de neutralizar agentes nocivos a sistemas biológicos. Em relação à caracterização química, que avalia a presença de diferentes classes de substâncias químicas importantes para a saúde humana, foram observados diferentes resultados para o fruto selecionado, indicados na tabela 2. As leucoantocianidinas presentes no extrato hexanico, favorecem o organismo humano por ter propriedades de aumento de tonicidade e resistência das paredes capilares, que é aplicado para tratamento de diversas doenças que envolvem veias e artérias, como a má distribuição do fluxo de sangue microcirlulatório no cérebro e no coração, fragilidade capilar alterada e permeabilidade (Diabetes mellitus) (INFINITY PHARMA, 2012). As catequinas, também deu positivo indicando ação direta nas desordens estéticas como envelhecimento cutâneo intrínseco e extrínseco, ocasionado pela ação dos radicais livres e pelo processo inflamatório induzido no metabolismo do ácido araquidônico e lipólise. Também apresentam uma série de atividades biológicas, como antioxidante, quimioprotetora, anti-inflamatória e anti-carcinogênica (SCHMITZ et al., 2005). As chalconas, possuem em suas atividades farmacológicas, potencial antibacteriano, anti-inflamatório, inibidoras da tirosina fosfatase A de Mycobacterium tuberculosis e propriedades antifúngicas (BOECK et al., 2005). Souza (2011), indica que as antraquinonas possuem atividades laxativas, hepatoprotetora e anti-inflamatória.

Figura 1: Caracterização cromatográfica



Tabela 1: Fator de retenção e prospecção fitoquímica



Conclusões

A partir dos resultados obtidos, é notável a importância do trabalho na inovação da pesquisa. Os testes químicos que possibilita ter informações de varias atividades farmacológicas integram ainda mais os benefícios que se pode obter ao organismo ao consumir frutas. A Goiaba-de-anta vem como uma ótima alternativa por possuir diversos metabolitos secundários que regulam, melhoram, previnem e estimulam diversas funções fundamentais para o equilíbrio do organismo, possuem a atividade antioxidante busca eliminar agentes nocivos ao corpo como os radicais livres, além de ser um fruto de fácil acesso e com baixo custo. Portanto através de ensaios biológicos e químicos é possível afirmar que o material vegetal da pesquisa é um ótimo produto, aumentando a divulgação e valorização da região amazônica.

Agradecimentos

Referências

BARRETO, G. P. M.; BENASSI, M. T.; MERCADANTE, A. Z., Bioactive compounds from several tropical fruits and correlation by multivariate analysis to free radical scavenger activity. Journal Brazilian Chemical Society, vol.20, n.10, pp. 1856-1861, 2009.
BOECK, P. et al., Atividade antifúngica e estudos sobre o modo de ação de xanthoxilina derivada de chalconas. Archiv der pharmazie - Chemistry Life Scientific, 338, 87, 2005.
BORGES, L. L. et al,. Uma abordagem sobre métodos analíticos para determinação da atividade antioxidante em produtos naturais. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.12; Pág. 1, 2011.
CAVALCANTE, P.B. 1991. Frutas comestíveis da Amazônia. 3ª ed. CEJUP, CNPq. Museu Paraense Emílio Goeldi Coleção Adolfo Ducke. Belém. 279 pp.
CAVALCANTE, P.B. 1996. Frutas comestíveis da Amazônia; coleção Adolfo Ducke, 6ª edição, Belém Pará. p. 219-220.
GALOTTA, ana Lúcia Q. A.; BOAVENTURA, Maria Amélia D. LIMA Luciana A.R.S Atioxidant AND CYROTOXIC ACTIVITIES OF ’AÇAÍ’ (euterpe precatória mart.) Química nova. V. 31, n 06, p. 1427-1430, 2008.
RABELO, A.; Frutos nativos da Amazônia: comercialização nas feiras de Manaus-AM. INPA, 2012.
INFINITY PHARMA. Leucoantocianidinas. Potente protetor contra danos vasculares. Disponivel em: <http:// infinitypharma.com.br/uploads/insumos/pdf/l/Leucoantocianidina_2.pdf>. Acesso em: 07 de Ago. de 2019.
MARINS, A. K.; VIEIRA, D.F.; QUADROS, I.P.S.; PINHEIRO, P.F.; QUEIROZ, V.T.; COSTA, A. V. Prospecção fitoquímica das partes aéreas da erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides L.). XV INIC (Encontro Latino Americano de Iniciação Científica), XI EPG (Encontro Latino Americano de Pós-Graduação), V INIC Jr (Encontro Latino Americano de Iniciação Científica Jr.). São José dos Campos, 2011.
SÁ, A. P. C. S. Potencial antioxidante e aspectos químicos e físicos das frações comestíveis (polpa e cascas) e sementes de Jamelão (Syzygiumcumini, L. Skeels).Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2008.
SÁNCHEZ-MORENO, C. et al. A procedure to measure the antiradical efficiency of polyphenols. J Sci Food Agric, vol.76, p.270-276, 1998.
SCHMITZ, W.; SAITO, Y.A.; ESTEVÃO, D.; SARIDAKIS, O.H. Chá verde como quimioprotetor. Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 26, n. 2, p. 119-130, 2005.
SOUSA, M. S. B.; VIEIRA, L. M.; SILVA, M. J. M.; LIMA, A.; Caracterização nutricional de compostos antioxidantes em resíduos de polpas tropicais. Ciências e agrotecnologia, v.35, n.3, pp.554-559, 2011.
SOUZA,G. Fatores de Qualidade de frutos. Colet. Inst. Tecnol. Alim., Campinas, v.21, n.1, p. 20-27, 2011.
VIEIRA, L. M.; SOUSA, M. S. B.; MANCINI-FILHO, J.; LIMA, A.; Fenólicos totais e capacidade antioxidante in vitro de polpas de frutos tropicais. Revista Brasileira de Fruticultura, v. 33, n.3, p.888-897, 2011.



Patrocinadores

Capes Capes CFQ CRQ-PB FAPESQPB LF Editorial

Apoio

UFPB UFPB

Realização

ABQ