CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO PIQUIÁ AMAZÔNICO (Caryocar villosum)

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

da Silva Souza, E. (ISB- (UFAM)) ; Yamaguchi, K.K.L. (ISB-UFAM)

Resumo

O piquiá (Caryocar villosum) é um fruto comestível e bastante apreciado pela população local. Objetivo desse trabalho foi detectar as classes químicas presentes nas cascas, sementes e polpa deste fruto por meio da prospecção fitoquímica. A metodologia realizada foi a obtenção dos extratos por diferentes técnicas de extração (maceração a quente, a frio e por agitação) e detecção das classes químicas pelo método de prospecção. A maceração por agitação foi o método que obteve o maior rendimento, com valor de 25,63% para as cascas, 9,2% para a polpa e 8,26% para as sementes. Foi possível observar as classes químicas dos fenólicos, flavonoides e saponinas, tanto nas cascas, quanto nas polpas. Conclui-se que o fruto piquiá possui componentes químicos que são de grande interesse para a indústria

Palavras chaves

fruto amazonico; prospecção; Amazônia

Introdução

Amazônia possui uma diversidade de frutas que destacam-se pela quantidade substâncias bioativas que estão associados a benefícios para a saúde e com aplicação biotecnológico (MENEZES et al.; 2011; YAMAGUCHI et al., 2015). O piquiá (Caryocar villosum) é uma espécie tradicional da região amazônica, conhecida como piquiazeiro. É comestível e bastante apreciado pela população da Amazônia com sabor e cheiro característico (PRIMACK E RODRIGUES,2001). Esse fruto nativo é popularmente utilizado como anti-inflamatório e da polpa do fruto é extraído o óleo que, além de ser utilizado na culinária, é empregado nas indústrias farmacêutica, cosméticas e alimenticias. (KUSKOSKI et al., 2006; HARBONE & WILLIAMS, 2000). O presente trabalho tem como objetivo detectar as classes químicas presentes nas cascas, sementes e polpa deste fruto. Com bases nas informações levantadas acima faz-se importante a realização desse trabalho para utilização do potencial biotecnológico do piquiá e uso sustentável desse fruto tão apreciado na região norte.

Material e métodos

O presente estudo foi realizado no Laboratório de Química Orgânica do ISB/UFAM, Campus-Coari. A coleta do fruto foi realizada no mês de março de 2018 na zona rural do município de Coari-AM, comunidade Menino Deus do Castanha, lago do Mamiá. O fruto foi levado para o laboratório, feita assepsia e pesado na balança analítica. Em seguida foi realizada a separação da casca, polpa e semente. Para obtenções dos extratos o material vegetal foi colocado na estufa para secagem sob a temperatura de 60°c por 72h. Após, o material seco foi trituração no liquidificador industrial e moinho de quatro facas tipo willy. Foi feita a pesagem de todo material moído e em seguida, separado para preparação dos extratos. Os Extratos, tanto da casca polpa e semente do piquiá (caryocar villosum), foram obtidos em triplicata baseando-se no método descrito por Herzi et al (2013): método de maceração a frio por 24 horas (MF), maceração a quente por 30 minutos usando chapa aquecedora (MQ); maceração por agitação por 30 minutos no equipamento agitador shaker por 150 rpm (MG). O solvente extrator utilizado foi o etanol. Feito esses processos, as soluções foram filtradas e colocadas em pequenos vidrinhos para secarem em capela de ar circulante. Após a amostra seca foi feita o cálculo da média e desvio padrão para verificar qual das três macerações apresentou melhor rendimento. A realização da prospecção Fitoquímica foi feita com os extratos da casca, polpa e semente a fim de detectar a presença de metabólitos secundário presente no fruto de acordo com métodos descrito por Matos (1997).

Resultado e discussão

Os resultados obtidos a partir das técnicas de extração utilizando as macerações, a frio, a quente, e por agitação, a técnica que obteve melhor rendimento foi a maceração por agitação, com valor de 25,63% para as cascas, 9,2% para a polpa e 8,26% para as sementes (figura 1). A maceração por agitação gerou a maior massa devido as moléculas interagirem-se entre si tornando a extração mas favorável. Nos testes feitos por prospecção fitoquímica foi possível avaliar a presença de 15 classes químicas orgânicas, onde observou-se a detecção de saponinas detectadas nas casca e polpa e antocinidinas, chalconas e compostos fenólicas tanto nos extratos da casca e polpa do fruto e semente. Detectou-se antraquinonas e leucoantocianidina somente na casca. Esses princípios ativos são chamado de metabólitos secundário e segundo a literatura, são correlacionadas com diversas atividades biológicas, como antioxidante, anti-inflamatória e fotoprotetoras, oferecendo benefícios para a saúde humana, obtendo assim, bons resultados dos mesmos e interesse para a indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícias.

Figura 1: Rendimento das extrações

legenda: maceração (MF - a frio; MQ - a quente e MG - por agitação)

Conclusões

Foi possível detectar no fruto piquiá (Caryocar villosum) os metabólitos secundários fenóis, flavonoides, antocinidinas e chalconas. Esses grupos de compostos podem ser responsáveis por inúmera das propriedades, como antioxidante natural e substancias bioativa e entre outros componentes químicos que são de grande interesse para as indústrias química e cosmética, possibilitando assim a aplicação desse fruto na elaboração de um produto natural e sustentável do fruto para as indústrias biotecnológicas.

Agradecimentos

Agradeço ao Instituto de Saúde e Biotecnologia-ISB/UFAM Campus Coari-AM, pelos materiais utilizados para realização deste trabalho.

Referências

HARBORNE, J.B.; WILLIAMS, C.A. Advances in flavonoid research since 1992. Phytochemistry, vol.52, p.481-504, 2000.
HERZI, N. et al. Comparison of different methods for extraction from Tetraclinis articulata: yield, chemical composition and antioxidant activity. Food Chemistry,
v.141, n.4, p.3537-3545, 2013.
KUSKOSKI, E.M., ASUERO, A. G.; MORALES, M. T.; Fett, R.; Frutos tropicais silvestres e polpas de frutas congeladas: atividade antioxidante, polifenóis e antocianinas. Ciência Rural, Vol.36, No.4, p.1283-1287, 2006.
MATOS, F.J. A. Introdução à Fitoquímica Experimental.2. ed. Fortaleza: Edições UFC, 1997, 141p.
MENEZES, E.; DELIZA, R.; CHAN, H. L.; GUINARD, J.; Preferences and atitudes towards açaí-based products among North American consumers. Food Research International. vol.44, p. 197-2008, 2011.
PRIMACK, R. B. e E. RODRIGUES. Biologia da Conservação. Londrina. 2001. 328 p.
WANG, J.; MAZZA, G. Effects of anthocyanins and other phenolic compounds on the production of tumor necrosis factor alpha in LPS/IFN-gamma-activated RAW 264.7 macrophages. J Agric Food Chem, vol.50, p.4183-4189, 2002.
YAMAGUCHI, K. K. de L.; Pereira, L. F. R; Lamarao, C. V.; Lima, E. S. ; Veiga Junior, V. F. Amazon acai: Chemistry and biological activities: A review. Food Chemistry, vol. 179, p. 137-151, 2015.

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