AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE Protium subserratum Engl. e Protium trifoliolatum Engl.

ISBN 978-85-85905-25-5

Área

Produtos Naturais

Autores

Soneguete, I.F.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÖNIA) ; Azevedo, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÖNIA)

Resumo

A atividade antioxidante (AAO) tem sido alvo de investigações científicas, já que várias patologias estão ligadas aos radicais livres. Neste trabalho foi avaliada a AAO dos extratos ETOH e frações da Protium subserratum e Protium trifoliolatum, pelo método do DPPH (2,2-difenil-1-pricril-hidrazil). O método utiliza a análise por UV-Vísivel, obtendo as absorbância das amostras, para cálculo da %AAO em concentrações variadas. Os resultados foram expressos tanto em porcentagem, quanto pelo índice de inibição do radical livre DPPH (EC50). O P. subserratum e P. trifoliolatum apresentaram valores de inibição do DPPH menores do que o padrão Ginkgo biloba, no entanto as frações CHCl3 não demonstrou AAO satisfatória em relação em relação ao padrão G. biloba.

Palavras chaves

Protium; Radical livre; DPPH

Introdução

Os produtos provenientes das plantas de conhecimento popular tem enfoque especial pela comunidade científica, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de novos fármacos, com menores efeitos adversos. O gênero Protium pertence a família Burceraceae, onde aproximadamente 80% das espécies da família pertencem a este gênero (SIANI et al., 1999), estando representado em todas as matas do País, sendo conhecida vulgarmente como breu na Amazônia brasileira. O breu é um óleo-resina com comprovada atividade antimalarial (DEHARO et al., 2011), analgésica, expectorante e repelente de insetos (MARQUES et al., 2010) e o óleo essencial de folhas de espécies de Protium demonstraram ação anti-inflamatória e antitumoral (SIANI et al, 1999). Um grande número de doenças tem sido relatadas quanto a ação dos radicais livres, causadas pelas espécies reativas do oxigênio (EROs) no organismo humano, destacando-se o câncer, doenças de Parkinson, Alzheimer, autoimunes, inflamatórias, síndrome demencial, entre outras (FERREIRA e MATSUBARA, 1997; SÁNCHEZ-MORENO, 2002, LIU et al, 2007). A AAO pelo método do DPPH baseia-se no sequestro do radical livre, onde esse composto reage com doadores de hidrogênio, que na presença de substâncias antioxidantes, recebe H+, sendo então reduzido. A grande vantagem desse método é ser facilmente detectado por espectroscopia, devido a sua intensa absorção na região do visível, sendo amplamente utilizado devido a sua simplicidade de análise e por apresentar resultados consistentes. Neste trabalho foi avaliada a atividade antioxidante, in vitro, de extratos e frações de folhas da P. subserrantum e P. trifoliolatum coletadas no campus da Universidade Federal de Rondônia, município de Porto Velho/RO.

Material e métodos

As espécies do gênero Protium foram coletadas no Campus José Ribeiro Filho - Universidade Federal de Rondônia (UNIR), que se localiza à margem direita da Rodovia BR 364, Km 9,5, sentido Rio Branco (AC) (O 563°56’30”/W 08°49’45") e estão depositadas no Herbário Rondoniensis (RON). As folhas do P. subserratum (537g) e P. trifoliolatum (625g), foram secas a 40°C, obtendo-se 123g, 103 g e 230g do material seco, respectivamente. O material foi extraído em EtOH 95% por 7 dias, foi filtrado e o solvente evaporado, obtendo-se 63g EEPS (Extrato EtOH, P. subserratum) e 83g EEPT (Extrato EtOH, P. trifoliolatum). Os extratos foram submetidos à cromatografia em coluna, usando sílica gel, com fase móvel hexano, CHCl3, EtOAc, acetona e MeOH. A avaliação da AAO seguiu o protocolo de Mensor et al (2001), com algumas modificações. Inicialmente, as análises foram realizadas em soluções de 100 μg/mL e 50 μg/mL e a partir dos resultados foram realizadas diluições seriadas para determinar o EC50. O G. biloba (GinkoLab 80mg), foi usado como controle positivo e o MeOH como branco. O mesmo procedimento de diluição do G. biloba foi realizado para os extratos e frações. A solução estoque de DPPH foi usada na concentração de 0,25 mM, em MeOH. A medida de AAO foi realizado no espectrofotômetro UV/VIS 2450 da Shimadzu, na região do ultravioleta (190- 360nm). As cubetas de análises foram de quartzo de 10nm de caminho óptico e de volume de 3,5 mL e a absorbância foi medida a 517nm. Esse procedimento foi realizado em triplicata para todas as soluções. Foi utilizado o programa ORIGIN 6.1 para o cálculo do EC50. As absorbâncias obtidas foram convertidas em porcentagem de atividade antioxidante (%AAO) usando a fórmula %AAO= 100 – {[( Absamostra – Absbranco) x 100]/ Abscontrole}

Resultado e discussão

O DPPH, quando consumido na reação provoca uma mudança na coloração, de violeta para amarelo, podendo estimar a capacidade antioxidante da amostra e avaliar o índice de captura de radicais livres no meio (BRAND-WILLIAMS et al, 1995). Os extratos e frações apresentaram %AAO maior ou igual ao padrão, resultando em resposta satisfatória. O medicamento utilizado de G. biloba (GinkoLab 80mg-Multilab), apresentou EC50 32,04±0,17 μg/mL. Os valores de EC50 dos extratos e frações demonstraram maior atividade quando comparados ao G. biloba, com exceção da fração da fração CHCl3 das plantas, que não demonstrou AAO, com valores de EC50 extremamente altos em relação ao controle positivo (Tabela 1). Atualmente, há um interesse crescente em todo o mundo para identificar compostos antioxidantes que são farmacologicamente ativos e possuem baixos efeitos colaterais, para o uso na medicina preventiva e na indústria alimentícia. Como as plantas produzem grande quantidade de antioxidantes que previnem o estresse oxidativo causado pelos radicais livres, elas representam uma fonte em potencial de novos compostos com atividade antioxidante (REDDY et al, 2012).

TABELA 1: EC50 dos extratos e frações

Valores de EC50 dos extratos e frações demonstraram maior atividade quando comparados ao controle positivo, G. biloba.

Conclusões

As plantas do gênero Protium mostraram resultados semelhantes entre elas, apresentando AAO acima de 90%, além de apresentarem melhores EC50 do que o padrão G. biloba, com exceção da fração CHCL3, que em ambos os casos houve baixíssima AAO. O método do radical livre DPPH, provou ser eficaz para as plantas que podem ter um potencial antioxidante de interesse farmacológico. Assim, as plantas estudadas apresentaram um potencial antioxidante expressivo, enfatizando a importância de maiores estudos para as espécies, usando outros sistemas reacionais para determinação de AAO.

Agradecimentos

CNPq. FAPERO-Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia. Universidade Federal de Rondônia.

Referências

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SIANI, A.C.; RAMOS, M.F.S.; MENEZES-DE-LIMA JR., O.; RIBEIRO-DOS-SANTOS, R.; FERNADEZ-FERREIRA, E.; SOARES, R.O.A.; ROSAS, E.C.; SUSUNAGA, G.S.; GUIMARÃES, A.C.; ZOGHBI, M.G.B.; HENRIQUES, M.G.M.O.; Evaluation of anti-inflamatory-related activity of essential oils from the leaves and resin of species of Protium. Jornal of Ethnopharmacology, v.66, p. 57-69, 1999.
VALADEAU, C.; Catégorisation des plantes et des entilés étiologiques chez lês Yanesha (piémont amazonien Du Pérou). Bulletin de I’Institut Français d’Études Andines, v. 41, n. 2, p. 241-281, 2012.

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