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60º COngresso Brasileiro de Química

MATRIZES POLIMÉRICAS DE QUITOSANA: SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E LIBERAÇÃO CONTROLADA DE NAPROXENO®


ÁREA

Química de Materiais

Autores

Maceno, D.M.S.C.S. (UNIPAMPA) ; Machado, M.L. (UNIPAMPA) ; Camargo, M.F. (UNIPAMPA) ; Pozzer, C.R. (UNIPAMPA) ; Silva, Y.J.C. (UNIPAMPA) ; Souza, R.F. (UNIPAMPA) ; Vasconcelos, R.H.M. (UNIPAMPA) ; Silva, M.D.C.R. (UFSM) ; Liendo, M.A. (UNIPAMPA)

RESUMO

Matrizes poliméricas (MP) de quitosana vêm despertando atenção para uso como carreadoras de fármacos devido a sua biodegradabilidade e biocompatibilidade. No presente trabalho foram obtidas e caracterizadas MP de quitosana, em formato de filme, para a liberação controlada de Naproxeno®. A quantidade de princípio ativo (PA) presente no medicamento e o grau de desacetilação (GD) da quitosana, também foram avaliados. O valor médio achado do GD foi de 88,1% e do PA 497,08 mg/c. As MP apresentaram boas características de manipulação, translucidez e cor. As MP mostraram um valor de espessura de 0.04 mm e 2,8E-7 g/mhPa de permeabilidade ao vapor de água, comportamento flexível, perda de cristalinidade em relação à quitosana pura e um perfil de liberação gradativo do fármaco nas primeiras 5h.

Palavras Chaves

Liberação Controlada; Quitosana; Biofilme

Introdução

Em geral, um fármaco é constituído por um princípio ativo e deve ser ingerido pelo paciente através de uma via de administração apropriada. Podem ser encontrados nas formas farmacêuticas sólidas, semi sólidas e líquidas. As sólidas orais são as mais utilizadas e classificadas como convencionais ou modificadas (ALENCAR, 2018). Registra-se a existência de uma pluralidade de sistemas de liberação de fármacos, aparecendo expressões para defini-los como liberação retardada (RETARD), repetida, controlada (CR), sustentada (SR), entre outras. Estas designações não se limitam apenas à ação farmacológica como também ao processo tecnológico de obtenção dos medicamentos (BHOWMIK et al 2012). Em terapias convencionais de administração, a concentração da droga na corrente sanguínea aumenta até atingir o nível máximo de dissolução e então declina, sendo requerida a administração de nova dose para manter os níveis de concentração adequados. Elevadas concentrações acima do considerado como faixa terapêutica podem conduzir à toxicidade, enquanto concentrações subterapêuticas são ineficazes e podem, em alguns casos, levar à ineficácia do fármaco (LYRA et al, 2007). Com o propósito de minimizar esse efeito, pesquisas recentes tornaram possível o desenvolvimento de sistemas de liberação controlada com o objetivo de modular a liberação do fármaco na faixa terapêutica por tempo prolongado utilizando-se dosagem única (BIZERRA; SILVA, 2016). Diversos sistemas de liberação controlada têm sido alvo de pesquisas utilizando biopolímeros como carreadores para liberação de fármacos. (MONÇÃO, 2018). O constante avanço tecnológico industrial combinado com o crescimento na produção e comercialização de produtos tem sido repensada por consumidores, empresários e pesquisadores que descobriram nos polímeros naturais uma fonte de produtos com características biodegradáveis, não tóxicos, recicláveis e de fonte renovável (SANTOS, 2018). Um biopolímero é um material de origem renovável e biodegradável. Além disso os biopolímeros também podem ser biocompatÍveis, ou seja, não iniciam processos imunes ou inflamatórios, são estáveis durante o seu tempo de ação no corpo e completamente metabolizados pelo organismo (BHOWMIK et al 2012; THASSU; DELEERS; PATHAK, 2007). A quitina é um biopolímero que possui importante função no exoesqueleto e paredes celulares dos organismos nos quais são constituintes (RIBEIRO, 2017). Através de tratamento químico, a quitina, é desacetilada A desacetilação da quitina é realizada para produzir seu principal derivado, a quitosana (PUVVADA; VANKAYALAPATI; SUKHAVASI, 2012; CHIAPPISI; GRADZIELSKI, 2015). A reação de hidrólise alcalina dos grupos acetamida constituintes da cadeia molecular da quitina resulta na obtenção de quitosana (CAMPANA-FILHO et al, 2007). Durante o processo de desacetilação da quitina, ocorre a formação de unidades de aminas livres na cadeia da quitosana (RIBEIRO, 2017). Os grupos amínicos livres são o principal fator das múltiplas aplicações tecnológicas deste biopolímero (LERTSUTTHIWONG et al., 2002). O grau de desacetilação define o biopolímero como quitínico, devido a sua estrutura cristalina altamente organizada e pouco solúvel, ou quitosânico, maior reatividade química e solubilidade (LOPES et al, 2017). Assim, à medida que o grau de desacetilação aumenta, a solubilidade da quitosana em meio aquoso também aumenta (DIAS et al, 2013). Materiais poliméricos a base de quitosana tem recebido uma atenção especial, devido especialmente a suas propriedades que são essenciais na aplicação de filmes e revestimentos farmacêuticos (AZEVEDO, 2007). As suas propriedades, que apresentam proximidade às do tecido natural, tais como hidrofilidade, expansibilidade, permeabilidade seletiva, consistência macia e baixa tensão interfacial faz desses materiais promissores candidatos para aplicação na recuperação de tecidos lesionado, na engenharia de tecidos (GUIMARÃES, 2018). Sendo assim, a inclusão de fármacos como anti-inflamatórios a filmes de quitosana permitiria não só a recuperação dos tecidos lesados, mas também o controle de processos inflamatórios e da dor local (VEIGA, 2012). Estes dispositivos são normalmente classificados em dois tipos, reservatório ou matriz. No tipo matriz, o fármaco se encontra dissolvido ou disperso homogeneamente na matriz polimérica, à base de quitosana para a liberação do fármaco. O presente trabalho teve por objetivos a produção e caracterização de matrizes poliméricas (MP) de quitosana, com incorporação de Naproxeno®, visando o controle de sua liberação. Realizaram ensaios a fim de avaliar as MP obtidas em relação a suas propriedades mecânicas de tração, sua espessura, estrutura cristalina mediante difração de raio X e permeabilidade ao vapor de água. Além disso, a quantidade de princípio ativo presente no fármaco, o grau de desacetilação da quitosana e o intumescimento das matrizes poliméricas de quitosana com incorporação de Naproxeno® em água foram investigados.

Material e métodos

Os reagentes utilizados (P.A.) foram ácido acético, álcool etílico, Naproxeno® (comprimidos de 550 mg/cp de farmácia de manipulação), água destilada e Quitosana (Golden-Shell Pharmaceutical). Para obtenção e caracterização das MP utilizou-se: agitador mecânico (S P Labor, RH B), balança analítica (Shimadzu, AUY 22) e digital (Quimis, UX420H), chapa de aquecimento (Quimis); estufa (Terroni, LS3000), difratômetro (Rigaku, Miniflex 300), Espectrofotômetro (Equilam, UV755B), Estufa (Ética, ETC 45), pHmetro (Bante Instrument, PHS-3BW), texturometro (Stable Micro Systems), e dessecador. A quantificação do princípio ativo, nos comprimidos de Naproxeno® Sódico, foi realizada segundo o método descrito por Feltre (1994) de titulometria volumétrica. O preparo da solução filmogênica seguiu a metodologia descrita por Alencar et al. (2018). Foi dissolvida quitosana (0,5g) em 50 ml de ácido acético 1% (v/v), seguida da dispersão do fármaco, com aquecimento por 40 min a 20ºC e agitação constante. A solução, disposta em placas de Petri, foi colocada em estufa a 20 ºC por 24h. Após, as MP foram lavadas com NaOH (0,01M) e água e realocados em dessecador por 24h. O grau de desacetilação da quitosana foi determinado dissolvendo 0,2g da mesma em solução de HCl (0,1M) e água destilada 2:1 (v/v) com adição gradual de NaOH (0,01M) até pH 2, logo iniciou-se a titulação com NaOH (0,01M), até pH maior que 9. (CARVALHO, 2017; ABREU, 2013). O índice de cristalinidade foi determinado conforme método de DRX, descrito por Dallan (2005), com radiação de cobre Ka, 40 kV, 20 mA, varredura angular de 0 a 80° e passo angular de 0,02°. As medidas de espessura foram feitas, em dez regiões, com micrômetro externo digital. Os ensaios de tração foram baseados na norma ASTM (2012), com corpos de prova de 10 mm por 80 mm (GUIMARÃES, 2018). Os testes foram realizados a 19ºC e umidade relativa de 89%, em texturômetro a 10mm/min (SANTOS, 2018). A determinação da PVA foi baseada na norma E96-95 da American Society for Testing and Materials (1995) conforme descrito por Morelli (2010). O perfil de liberação do fármaco em água foi avaliado mediante o monitoramento de sua concentração. Para isto, as MP foram imersas em béqueres contendo 100ml de água, (pH 7) e alocados em estufa a 37ºC, por 24 h. Em intervalos de tempo foram retiradas alíquotas da solução e analisadas em espectrofotômetro em 331 nm. Para a determinação do espectro de absorção no UV-Vis do Naproxeno® foi preparado uma solução com 50 mg deste e 100 ml de solução filmogênica, 10 ml da solução resultante foi diluída em 100 ml de água para varredura no intervalo 318-335 nm. O comprimento de onda de maior pico foi utilizado para a obtenção da curva de calibração (AMARAL, 1997). A concentração do Naproxeno® foi determinada a partir da curva de calibração. O grau de intumescimento das MP de quitosana com adição de Naproxeno®, foi realizado seguindo o método de Lamim (2006).

Resultado e discussão

A Figura 1 (a) mostra a aparência de uma matriz polimérica de quitosana, contendo Naproxeno®, obtida em formato de filme. De um modo geral, todas as matrizes poliméricas obtidas apresentaram boa transparência à luz visível, aderência, coloração levemente amarelada, flexibilidade e resistência mecânica ao toque. Características como aderência, elasticidade e flexibilidade são de extrema importância para biomateriais (SANTOS, 2018). Guimarães (2018) obteve filmes de quitosana pura com grau de desacetilação (GD) de 85% apresentando coloração levemente amarelada. Na tabela da Figura 1 (b) pode se notar que o valor médio do grau de desacetilação encontrado no presente estudo foi de 88,1%, próxima ao valor encontrado por Guimarães (2018). Por outro lado, Cruz (2017), ao realizar o mesmo teste de titulação potenciométrica efetuado no presente estudo para determinação do grau de desacetilação em quitosana adquirida do mesmo fornecedor, encontrou um valor de 89%. Além disso, conforme a literatura, outros trabalhos encontraram em quitosana comercial purificada um valor de grau de desacetilação entre 70% e 90% (MEDEIROS 2019; DALLAN 2005; FIORI et al, 2014 ). Medeiros (2019) afirma que esses valores correspondem a um 89,9% de grupos amino livres e a um 10,1% de grupos acetamida. Conforme Abreu (2013), o valor do grau de desacetilação obtido pelo método de titulação potenciométrica é bastante confiável quando as soluções de HCl e NaOH 0,1 mol /L são padronizadas e quando as amostras de quitosana são totalmente solúveis na solução de HCl. Por tanto o valor obtido no presente trabalho pode ser considerado confiável devido ter sido obtido o mesmo nas condições mencionadas. Abreu (2013) ainda afirma que a diferença de volume entre os pontos de inflexão apresentados pela titulação corresponde ao ácido consumido para a protonação dos grupos presentes na cadeia polimérica da quitosana. A tabela da Figura 1 (c) apresenta os valores obtidos na determinação do teor do princípio ativo de Naproxeno® por unidade de comprimido íntegro. A concentração fornecida pelo fabricante, denominada concertação teórica, foi de 500 mg/cp. Pode se observar que foi obtido, no presente estudo, um valor médio de princípio ativo de 497,08 mg/cp, o que corresponde a uma porcentagem de princípio ativo médio de 99,41%, estando em conformidade com as especificações estabelecidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2010) que estabelece um teor de Naproxeno® entre 99% e 101%. Na tabela da Figura 2 (a) apresentam-se os valores de espessura média e desvio padrão para as matrizes poliméricas de quitosana contendo Naproxeno®. Esses valores foram utilizados nas análises de permeabilidade ao vapor de água e no cálculo da tensão máxima de tração correspondente aos ensaios mecânicos. Nota-se que as matrizes poliméricas apresentaram-se com espessura média de 0,04mm ordem de grandeza de espessura que configura a matriz polimérica um filme. Dallan (2005), obteve filmes mediante soluções de quitosana de 1,0 a 2,5% (m/m) a partir da dissolução do material em solução aquosa de ácido acético a 1,0% (v/v). O menionado autor, ao avaliar a espessura dos filmes resultantes nessas condições obteve um valor médio de 0,2mm, valor acima do encontrado no presente trabalho. Entretanto, Rachtanapun et al (2021) nas matrizes poliméricas de quitosana com incorporação de Curcuma longa L. encontraram espessuras na ordem de 0,04mm. Na tabela da Figura 2 (a) são exibidos os parâmetros obtidos a partir do ensaio mecânico de tração ao qual as matrizes poliméricas foram submetidas. Este ensaio mostrou valores médios de 28,3 MPa, 223,5 MPa e 13% de tensão máxima de ruptura, módulo de elasticidade e elongação, respectivamente. No trabalho de Fiori et al (2014), os mesmos parâmetros encontrados em filmes de quitosana pura (GD 70%) apresentaram valores de tensão máxima de ruptura de 12,0 MPa, módulo de elasticidade de 576,9 MPa; e elongação de 2,1%, além disso os autores afirmaram que os filmes de quitosana apresentaram um comportamento rígido, com altos módulos de elasticidade e baixos valores de elongação. Realizando uma comparação, no presente estudo o valor de elongação foi 520% maior e o módulo de elasticidade 61,3% menor do que os valores encontrados para esses parâmetros no trabalho de Fiori et al (2014). Os valores obtidos mostram que as matrizes poliméricas contendo Naproxeno® apresentaram maior flexibilidade, do que filmes para quitosana pura, o qual é compatível visando o uso do material para a liberação controlada de medicamentos. Além disso Rachtanapun et al (2021) acharam valores de tensão de ruptura no intervalo de 12 MPa, a 30 MPa, para filmes de quitosana com diferentes quantidades de Curcuma longa L. Entretanto, a partir dos valores da Tabela da Figura 2 (a) pode se observar também que a tensão máxima de ruptura de 50 MPa achada no trabalho de Guimarães (2018) para filmes de quitosana pura encontram-se na mesma ordem de grandeza, o que pode significar que a incorporação do Naproxeno® não prejudica a sua resistência mecânica à tração. Cabe lembrar que a cristalinidade de um material e o tipo de ligações entre as suas moléculas têm influência sobre o seu comportamento mecânico (CALLISTER, 2012). Azevedo (2007) ressalta que a cristalinidade de um biofilme de quitosana contendo Naproxeno® está relacionada tanto com o seu grau de desacetilação quanto com as características do fármaco. Na Figura 2 (b) observa-se que o difratograma obtido de uma matriz polimérica contendo Naproxeno® apresenta dois halos próximos aos picos característico da quitosana pura a 10° e 20 º (Oliveira, 2016). O deslocamento observado dos halos para 12º e 23º e o aparecimento de um leve pico em 19º sugere, conforme Medeiros (2019), que a introdução de Naproxeno® em filmes de quitosana pura age modificando a sua estrutura. A partir destes halos foi determinado o índice de cristalinidade (FERNANDEZ et al 2014; HAO et al 2021). O resultado encontrado do índice de cristalinidade no presente trabalho foi de 49,67% para as matrizes poliméricas contendo o fármaco. O reportado por Medeiros (2019) para índice de cristalinidade no seu trabalho foi um valor de 60,9% para quitosana pura e 48,6% para filmes de quitosana contendo Naproxeno®, este autor sugere que a introdução do fármaco no filme aumenta a sua desordem, diminuindo a sua cristalinidade, a qual está relacionada com o caráter das ligações inter e intramoleculares no mesmo. Os resultados de PVA das MP obtidas exibiram uma média de 2,8E-7 g/mhPa. Perdana, et al (2021) encontraram para filmes de quitosana com incorporação de óleo essencial de limão valores entre 6,5 E-6 g/mhPa a 1,5 E-6 g/mhPa dependendo da quantidade de óleo incorporada. Entretanto Moura et al (2012) em filmes de quitosana pura (GD 84%) acharam valores na mesma ordem de grandeza que a encontrada no presente trabalho. A curva do perfil de liberação do fármaco pode ser avaliada a partir da Figura 2 (c). Pode-se observar que nas primeiras 5 horas de ensaio existiu uma liberação gradativa atingindo um máximo às 24h. Medeiros (2019) obteve um tempo de liberação máxima de 3h e atribuiu esse comportamento à dissociação do Naproxeno® em pH 7. Já Veiga (2021), avaliando diferentes matrizes biopoliméricas para liberação controlada de fármacos obteve tempo de liberação máxima inferior a 1h. O resultado referente a intumescimento apresentou um padrão de absorção de água rápido pois em aproximadamente 30 minutos este comportamento impossibilitou a retirada e pesagem proposta inicialmente. Conforme Assis (2003), a quitosana apresenta predominância de grupos amino caracterizados por ligações covalentes (N-H), os quais geram sítios de alta polaridade, este fato e a presença de grupos acetamido favorecem o arranjo molecular de água ao redor do biopolímero e incrementam a retenção e afinidade pela mesma.

FIGURA 1

a)MP sintetizada com adição do fármaco b) GD da quitosana comercial. c) Quantidade de princípio ativo teórico e real presente no fármaco.

FIGURA 2

MP contendo o fármaco a) Espessura e propriedades mecânicas. b) Difratograma. c) Perfil de liberação do fármaco (331 nm).

Conclusões

No presente trabalho foram sintetizadas e caracterizadas matrizes poliméricas de quitosana com incorporação de Naproxeno® para avaliação de seu perfil de liberação. Cada comprimido de Naproxeno® utilizado para síntese das MP apresentou uma concentração de princípio ativo de 497,08 mg/cp. A quitosana utilizada evidenciou um GD de 88,1%. As MP de quitosana com adição de Naproxeno® apresentaram resultados satisfatórios, com boa homogeneidade, continuidade, manuseabilidade, e espessura média de 0,04mm. Os ensaios mecânicos de tração realizados sobre as MP de quitosana com adição de Naproxeno® apontaram um significativo aumento na elongação e diminuição do módulo de elasticidade em relação a filmes de quitosana pura, reportados na literatura, caracterizando um comportamento flexível. Foi possível avaliar a estrutura cristalina das MP de quitosana com adição de Naproxeno® mediante a observação de seu difratograma o qual apresentou características amorfas com halos próximos aos picos correspondentes à quitosana pura, entretanto o deslocamento desse picos pode sugerir que o fármaco modifica a estrutura, diminuindo a sua cristalinidade. Resultados dos ensaios de PVA (2,8E-7 g/mhPa) mostraram valores na mesma ordem de grandeza que os encontrados na literatura O ensaio de intumescimento das MP de quitosana com adição de Naproxeno® mostrou que as mesmas são hidratadas rapidamente perdendo a sua forma original o qual pode estar associado às características da quitosana usada e ao filme, como GD e cristalinidade. A presença de grupos amino e acetamido incrementam a retenção e afinidade pela água e materiais poliméricos amorfos facilitam a absorção de água devido à suas ligações intramoleculares e mobilidade de suas cadeias. O perfil de liberação mostrou uma concentração de Naproxeno® em solução máxima após 5h de ensaio. Estes resultados indicam que os filmes obtidos, podem ser considerados como matrizes carreadoras de Naproxeno® para aplicações biomédicas e farmacêuticas.

Agradecimentos

Agradecemos à Unipampa e a todos os que direta ou indiretamente contribuíram na elaboração deste trabalho

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