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60º COngresso Brasileiro de Química

Interações entre Ibuprofeno e Cetoprofeno com celulose bacteriana modificada


ÁREA

Físico-Química

Autores

Nascimento, A.M. (UFPI) ; Barud, H.S. (UNIARA) ; Silva-filho, E.C. (UFPI)

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi a modificação da superfície da celulose bacteriana com 3-aminopropil-trimetoxisilano (APTS), para uso como material adsorvente para os fármacos ibuprofeno e cetoprofeno em meio aquoso.A modificação química foi feita pelo método ex situ com APTS. FTIR: 3340 cm-1 O-H da celulose tipo I, 2900 cm-1 e 2910 cm-1,C-H de grupos CH2 e CH3, 1560 cm-1 e 780 cm-1: flexão de grupos amino primários. DRX: 14,4°;16,8°;22,6° e 34,9° (2θ) relacionados aos planos (101),(101`),(002) e (040), da celulose nativa do tipo I.O efeito do tempo de contato na adsorção dos fármacos ibuprofeno e cetoprofeno para a amostra celulose bacteriana pura resultou em qmax = 10 mg g-1, com o tempo máximo de 120 min no equilíbrio.Com a celulose bacteriana modificada, qmax registrou quase 100 mg g-1.

Palavras Chaves

celulose bacteriana; adsorção; interação

Introdução

A celulose bacteriana é o ponto de partida ideal para o desenvolvimento de materiais com grandes utilidades. Além disso, sua rede tridimensional bem organizada de fibras contribui para o desenvolvimento de substitutos temporários da pele, curativos e vasos sanguíneos artificiais antimicrobianos. A modificação química de celulose para uso como adsorvente foi investigado, já que é destinada a alterar propriedades, como caráter hidrofóbico ou hidrofílico, elasticidade, resistência térmica e microbiológica. Baseia-se na polimerização de precursores moleculares, como tetraalcóxidos de silício Si(OR)n ou organotrialcoxissilanos RnSi(OR)4-n. As reações de hidrólise e condensação da unidade de alcóxido resultam na formação de uma estrutura tridimensional de rede baseada em siloxano. As características oferecidas pelo processo sol-gel permitem a introdução de moléculas orgânicas dentro de uma rede inorgânica. Partindo do pressuposto da modificação química da celulose vegetal, está sendo proposto neste trabalho a modificação da celulose bacteriana com silanos que possam ser aplicados na liberação controlada de fármacos anti-inflamatórios, para associar as propriedades destas substâncias à celulose. Os fármacos Cetoprofeno e Ibuprofeno são anti-inflamatórios eficazes para alívio da dor e diminuição da inflamação, no entanto, estes medicamentos são utilizados por cápsulas orais ou comprimidos em doses de até 300 mg/dia e apresentam meia-vida de eliminação curta. Assim, o objetivo deste trabalho foi a modificação da superfície da CB com APTS, para uso como material adsorvente para os medicamentos ibuprofeno e cetoprofeno em meio aquoso. As propriedades estruturais e físico-químicas da celulose modificada foram estudadas e sua eficiência na adsorção dos medicamentos foi determinada.

Material e métodos

As mantas de celulose bacteriana pura foram fornecidas pelo Laboratório do grupo BioPolMat localizado na Universidade de Araraquara (UNIARA). Elas são compostas de 1% de celulose e 99% de água. Os reagentes utilizados foram 3- aminopropil-trimetoxisilano - APTS (Aldrich); HCl 1 mol L-1 (Dinâmica); NaOH, em pó 1 mol L-1 (Dinâmica) e água purificada pelo sistema Milli-q. Os fármacos usados foram Ibuprofeno (λmax = 221 nm) e Cetoprofeno (λmax = 260 nm), ambos com pureza de 98% (Sigma Aldrich). Todos os reagentes eram de grau analítico e não foi necessária purificação prévia. A funcionalização da celulose foi realizada pelo método ex situ, segundo Stumpf et al., (2018), na qual a modificação química é feita após a produção de CB e cada manta desta foi modificada usando o agente de acoplamento, APTS (10.0 mL), em três diferentes proporções 30, 50 e 70%. A mistura permaneceu durante 6 h sob agitação constante. Posteriormente, o material modificado foi seco superficialmente com papel toalha para retirar água e APTS residual. Logo após as amostras modificadas foram secas em estufa (50 °C por 6 h). As amostras secas, então, resultaram em filmes finos que foram armazenados em dessecador.

Resultado e discussão

No FTIR, as bandas observadas em 3340 cm-1 são atribuídas ao estiramento de O-H da celulose tipo I. Em 2900 cm-1 e 2910 cm-1, alongamento C-H de grupos CH2 e CH3. Outras bandas na faixa de 1200–900 cm− 1 estão relacionadas aos estiramentos C-O e C-O-C de ligações glicosídicas e anéis piranóides. Em 1560 cm-1 e 780 cm-1 há bandas atribuídas à flexão de grupos amino primários (NH2) e alongando a vibração de Si-O-Si, proveniente da APTS. No DRX, os picos em 14,4°; 16,8°; 22,6° e 34,9° (2θ) relacionados aos planos (101), (101`), (002) e (040), respectivamente, que são atribuídos ao espaçamento interplanar da celulose nativa do tipo I, sendo comprovado pelo fato de a geometria da celulose bacteriana é determinada por ligações de hidrogênio intra e intermoleculares e interações Van der Waals, formando cadeias paralelas justamente de celulose do tipo I. A quantidade de fármaco adsorvido, qe, aumentou sendo mais pronunciado durante os minutos iniciais, indicando rápida adsorção devido à alta disponibilidade de sítios de adsorção na superfície do adsorvente. O efeito do tempo de contato na adsorção dos fármacos ibuprofeno e cetoprofeno (C = 200 ppm) para a amostra celulose bacteriana pura resultou em qmax = 10 mg g-1, com o tempo máximo de 120 min no equilíbrio, o que é considerado um valor de adsorção baixo. Com a celulose bacteriana modificada, qmax registrou quase 100 mg g-1 para o Cetoprofeno.

Influência do tempo na adsorção de celulose pura e modificada

Com a celulose bacteriana modificada, qmax registrou quase 100 mg g-1 para o Cetoprofeno.

Conclusões

Assim, a celulose bacteriana modificada pode ser usada como adsorvente destes fármacos, em meio aquoso.

Agradecimentos

CACTVS, LIMAV, UNIARA.

Referências

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