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60º COngresso Brasileiro de Química

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E QUIMIOMÉTRICA DOS DOS ÓLEOS DE ANDIROBA (Carapa guianensis AUBLET) (Meliaceae) E COPAÍBA (Copaifera sp.) (Fabaceae) COMERCIALIZADAS NO MERCADO DO VER-O-PESO (BELÉM-PA)


ÁREA

Química Analítica

Autores

Oliveira, A.C. (ESAMAZ) ; Souza, J.S. (ESAMAZ) ; Cravo, G.F. (ESAMAZ) ; Dias, P.N.S. (ESAMAZ) ; Araújo, D.R.S. (ESAMAZ) ; Pimentel, G.M. (ESAMAZ) ; de Oliveira, A.F.S. (UFPA) ; da Silva, U.C. (ESAMAZ) ; Braga, A.D.G. (ESAMAZ) ; Pina, J.R.S. (ESAMAZ)

RESUMO

Os óleos de andiroba (Carapa guianensis Aublet) e copaíba (Copaifera sp.) são produtos naturais que possuem diversas finalidades terapêuticas. Devido à relevância regional dos óleos, este trabalho objetivou avaliar a qualidade dos óleos de andiroba e copaíba por meio de ensaios físico-químicos e de rotulagem e correlacionar com dados quimiométricos. Foram adquiridas no Mercado Ver-o-Peso (Belém-PA) cinco amostras para cada tipo de óleo, e posteriormente, realizado análises físico-químicas e quimiométricas. As análises estatísticas foram feitas com valores médios e desvios padrão, e os resultados submetidos à análise de variância (ANOVA) por delineamento pelo software ASSISTAT versão 7.6 beta. Uma amostra de óleo de andiroba e de copaíba apresentaram valores destoantes da literatura.

Palavras Chaves

Carapa guianenses; Copaifera sp; Análises físico-químicas

Introdução

A região metropolitana de Belém possui o maior número de mercados públicos no estado do Pará, apresentando uma enorme diversidade de plantas com propriedades medicinais, entre os produtos mais comercializados estão os óleos extraídos a partir da andiroba (Carapa guianensis Aublet) e da copaíba (Copaifera sp.). O uso tradicional do óleo de andiroba (C. guianensis Aublet) é devido suas propriedades terapêuticas que auxiliam no tratamento de doenças de pele, artrites, reumatismos, infecções no ouvido, cicatrização de feridas e contusões (PERON, 2017). Quanto ao óleo de copaíba (Copaifera sp.), o mesmo é amplamente utilizado como antiinflamatório, cicatrizante, secativo para a pele e infecções na garganta (MILÉO et al., 2018). Análises físico-químicas (índice de acidez, entre outras) são fundamentais para avaliar se uma amostra de óleo está adulterada. Além disso, estas análises evidenciam as propriedades físico-químicas do fitocomplexo que conservam as propriedades terapêuticas dos óleos. A identificação de adulterações é realizada através da fiscalização de diversos órgãos como os internacionais (Food and Drog Admnistration – FDA, Food and Agriculture Organization of the United Nations – FAO, Word Health Organization – WHO) e nacionais (Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA) (ALVES, 2017). Neste contexto, este trabalho avaliou aspectos da qualidade físico-química destes óleos vegetais, por meio de parâmetros físico-químicos a qualidade de óleos de andiroba e copaíba comercializadas no Mercado do Ver-o-Peso (Belém-PA) e correlacionando com dados quimiométricos.

Material e métodos

As amostras foram obtidas em diferentes pontos de venda no Mercado do Ver-o-Peso, localizado no município de Belém, Pará. Sendo obtida 5 amostras de óleos de andiroba e 5 amostras do óleo de copaíba. Após obtenção das amostras suas analises foram realizadas no laboratório de físico-química da Escola Superior da Amazônia (ESAMAZ). Todos es teste foram realizados em triplicata com as amostras e os equipamentos previamente calibrados e as soluções padronizadas. Análises físico-químicas foram índice de acidez por volumetria de neutralização com solução padronizada de NaOH 0,1 M (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008). Medida potenciométrica (pH) com pHmetro Hanna Instruments HI98108. Determinação da matéria volátil em capsulas de porcelanas levadas a estufa (Quimis Q317M32) à temperatura de 105°C, durante 3 horas(INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008). Viscosidade utilizando um Viscosímetro Copo Ford (orifício nº 3) (ALMEIDA et al., 2011). Determinação da massa específica do óleo pelo pelo método de balões volumétricos (VILHENA et al., 2020). Foi determinado por meio da leitura em refratômetro digital portátil Hanna Instruments HI96801 com os resultados expressos em porcentagem, na faixa de medição 0,0 a 85,0 ºBrix (BORGES et al., 2016). Determinação da condutividade elétrica, salinidade e total de sólidos dissolvidos utilizando o método condutiométrico de forma similar a Jacinto et al., (2020), utilizando um medidor multiparâmetro ASKO Combo 5. Colorimetria por refratômetro colorímetro portátil digital Konica Minolta CR-20 (CIE L*a*b) (KONICA MINOLTA, 2013). Os resultados obtidos foram aplicados aos métodos multivariados (PCA e HCA), utilizando-se o software ChemoStat v2 (DE MOURA JÚNIOR et al., 2021).

Resultado e discussão

Os resultados dos testes físico-químicos estão na tab 1. A legislação recomenda para óleos vegetais prensados a frio e não refinados o valor máximo de 4,0 mg NaOH/g para o IA (BRASIL, 2021). Os óleos de andiroba obtidos no Mercado Ver-o-Peso apresentaram o IA variando de 32,38 a 98,82 mg NaOH/g, muito acima do preconizado. O TV foi menor para as amostras de andiroba. Em relação à viscosidade, os óleos apresentaram um elevado teor. Isso pode ser explicado, pois segundo Cavalcante (2016), as atrações intermoleculares presentes em cadeias longas de ácidos graxos favorecem a alta viscosidade em óleos. Ao analisar a densidade, os óleos apresentaram densidade valores dentro dos padrões (< 1,0 g/cm3), com exceção da amostra C4 (1,0185 g/cm3). Para as amostra de copaíba, o menor SST para a C4, com 41 58,83 ºBrix. No geral, as amostras de andiroba e copaíba apresentaram um pH ácido, apenas a amostra C4 apresentou um pH 9,32, considerado alcalino. Quanto à condutividade elétrica, as amostras A1 e C1 apresentaram os maiores valores de 143,67 e 140,30 µS.cm-1, respectivamente. A salinidade também demonstrou valores elevados para as amostras A1 (75,90 ppm) e C1 (75,37 ppm). Para o total de sólidos dissolvidos, as amostras com altos teores foram A1 (99,50 ppm) e C1 (97,43 ppm). Através da análise do gráfico de PCA (Fig 1), em relação ao óleo de andiroba as amostras A2/A3 e A4/A5 mostraram alta similaridade nos seus parâmetros físico- químicos analisados podendo estar relacionadas às amostras de mesma origem e apenas comercializadas em locais diferentes. A amostra A1 e C4 apresentaram diferença significativa dos parâmetros analisados podendo estar relacionada à adulteração, condição de má de estocagem, armazenamento o que pode influenciar na qualidade do óleos vegetais.

Tabela 01

Propriedades físico-químicas dos óleos de andiroba e copaíba.

Figura 1

Gráficos PCA dos óleos vegetais

Conclusões

Os óleos de andiroba apresentaram elevado valor para o índice de acidez. Os parâmetros de CE, S e TDS foram os mais altos também para A1, indicando alto teor de íons nas amostras, esses valores influenciaram no índice de acidez da amostra, já TV, V e SST apresentaram teores relativamente próximos entre si, e os testes de densidade (menor que 1,0 g/cm3 ) e pH (ácido) se encontram dentro do esperado. Pode-se inferir que a amostra C4 apresenta em sua composição a adição de algum componente que contribuiu para o aumento da polaridade e densidade do óleo.

Agradecimentos

A ESCOLA SUPERIOR DA AMAZÔNIA

Referências

PERON, L.M. Avaliação dos limonóides presentes no resíduo industrial de andiroba
(Carapa guianensis) usando cromatografia líquida de ultra eficiência acoplada à
espectrometria de massas (clueem). Dissertação (Mestrado em Química Orgânica) –
Campinas, Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas, 112p, 2017.

MILÉO, H.T.S.; SILVA, J.F.; LOBATO, C.C.; GAMA, J.R.V. Produtos florestais não
madeireiros mais comercializados na vila de Alter do Chão, Santarém, Pará. Cadernos
de Agroecologia vol. 13, n° 1, jul. 2018.

ALVES, D.T.V. Produção de emulsão a partir do óleo extraído das sementes da Carapa
guianensis abul. (andiroba): análise do perfil de ácido graxo e estudo da estabilidade físico-química. Projeto de investigação científica do Curso de Farmácia – Centro Universitário Fibra, Belém, 2017.

INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São
Paulo, v.1, 4.ed., p. 1020, 2008.

VILHENA, A.E.G.; SEHWARTZ, R.L.C.; BEZERRA, P.T.S.; BRASIL, D.S.B.
Caracterização físico-química do óleo de castanha do Pará extraído por prensagem
hidráulica. Braz. Ap. Sci. Rev.,Curitiba, v. 4, n. 3, p. 859-865, 2020.

BRASIL. Instrução Normativa nº 49, de 22 de dezembro de 2006. Aprova o Regulamento
Técnico de Identidade e Qualidade dos Óleos Vegetais Refinados; a Amostragem; os
Procedimentos Complementares; e o Roteiro de Classificação de Óleos Vegetais
Refinados. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inspecao/produtosvegetal/legislacao-1/normativos-cgqv/pocs/instrucao-normativa-no-49-de-22-de-dezembrode-2006-oleos-vegetais-refinados. Acesso em: 16 de abril de 2021.

CAVALCANTE, G.H.R. Estudo de óleos nativos da Amazônia (babaçu e andiroba):
modificação química, caracterização e avaliação como biolubrificante. Tese (Doutorado em Biotecnologia) – São Luís, Universidade Federal do Maranhão, 82p, 2016.