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60º COngresso Brasileiro de Química

Aplicativos móveis com atividades laboratoriais para uso didático no ensino de Química a distância


ÁREA

Ensino de Química

Autores

Gomes, G. (UNEMAT) ; Heidmann, M.K. (UNEMAT) ; Loss, R.A. (UNEMAT) ; Silva, S.S. (UNEMAT) ; Geraldi, C.A. (UNEMAT) ; Ferrão, G.S. (UNEMAT) ; Guedes, S.F. (UNEMAT)

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo apresentar alguns aplicativos disponíveis no play store que apresentam atividades laboratoriais de Química. Foi realizado um levantamento dos apps disponíveis para o sistema operacional Android. As buscas foram realizadas utilizando a palavra- chave laboratório de Química. Foram encontrados aproximadamente 232 aplicativos, com apenas 73,23% apresentaram nas descrições assuntos relacionados a Química, e os demais aplicativos envolviam as áreas de Ciências, Medicina, Física e Biologia. Observou-se também que os aplicativos tiveram um aumento do número de publicação/atualização entre 2020 e 2021. O maior número de aplicativos encontra-se no idioma inglês, gratuitos ou pagos, o que pode desmotivar a sua utilização por brasileiros.

Palavras Chaves

Ensino de Química; Laboratório virtual; Objetos Virtuais

Introdução

As novas tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs) são elementos importantes para o desenvolvimento pessoal e profissional e sua inserção na escola pode atuar como coadjuvante para a renovação da prática pedagógica. Com isso a utilização de celulares vem desempenhando um papel cada vez mais importante no cotidiano das pessoas, principalmente na área de educação (ALBU et al. 2009; OLIVEIRA, SOUTO e CARVALHO, 2016; LEITE, 2020). Nesse cenário, cabe ao professor despertar o interesse e a motivação do estudante, com a construção de metodologias que torne o processo de ensino dinâmico e criativo. Destaca-se, portanto o enorme potencial do uso de laboratório virtual de aprendizagem (LVA) no ensino de Química, com grande poder motivacional e de caráter lúdico (DALGARNO et al., 2009). Isso certamente poderá estimular o desenvolvimento de uma prática pedagógica, capaz de trazer resultados significativos para a aprendizagem dos alunos na construção do conhecimento científico (AMARAL et al., 2011). Essa estratégia se consolida entre os educadores por proporcionar um espaço onde os estudantes podem experimentar diversas situações úteis ao seu desenvolvimento, onde o aluno terá a oportunidade de “aprender fazendo” (BENITE, BENITE e SILVA FILHO, 2011). E o que mais nos interessa no contexto educativo, alunos e professores poderem vivenciar essas experiências, mesmo estando geograficamente afastados (LEITE, 2020). Nessa perspectiva, o presente estudo tem como objetivo elencar alguns aplicativos disponíveis no play store que apresentam atividades laboratoriais de Química. A ideia é fortalecer o uso desse recurso tecnológico para que possa servir como uma alternativa didático-pedagógica, capaz de auxiliar o ensino e a aprendizagem da disciplina de Química.

Material e métodos

Para o desenvolvimento deste trabalho realizou-se uma pesquisa do tipo exploratória e mista, quanto a sua abordagem, ou seja, quantitativa e qualitativa. A abordagem qualitativa difere da quantitativa por não utilizar um instrumental estatístico como base do processo de análise de um problema (LAKATOS; MARCONI, 2017). Para a construção da presente pesquisa foi necessário partir de uma questão norteadora, a saber: quais aplicativos estão disponíveis no play store para o ensino de atividades de laboratório? Assim, foi realizada a coleta de dados em duas etapas, sendo que na primeira teve uma abordagem quantitativa, com característica quantitativa-descritiva, ou seja, levantamento dos apps para celulares e tablets para o ensino e a aprendizagem de Química em laboratório virtual, disponíveis para o sistema operacional Android, em diferentes idiomas. A escolha do sistema operacional Android foi devido esse sistema operacional estar presente em mais de 90% dos celulares brasileiros, de acordo com Cardoso (2020). A busca na loja virtual Google Play Store (https://play.google.com) ocorreu no mês de agosto de 2021, assim como a seleção e a classificação dos apps, e foi utilizado como palavra-chave “Laboratório de Química”. Já na segunda etapa da pesquisa optou-se por uma abordagem qualitativa, pois o foco foi a análise do ambiente virtual e identificação de conceitos químicos abordados nos apps móveis selecionados, ou seja, em apps que simulam ambientes experimentais de química. A partir desse levantamento foram selecionados os aplicativos que continham laboratório virtual de química. E por fim realizou-se a identificação e a classificação do o ano de publicação/atualização, gratuidade e se o aplicativo apresentava alguma forma de inclusão para o público surdo.

Resultado e discussão

Com a busca utilizando a palavra-chave Laboratório de Química, foram encontrados aproximadamente 232 aplicativos. Desse total, apenas 73,23% apresentaram nas descrições assuntos relacionados a Química, e os demais aplicativos envolviam as áreas de Ciências (10,77%), Medicina (7,75%), Física (4,74%) e Biologia (3,51%). Em relação aos aplicativos destinados ao ensino de Química, aproximadamente 54 % são disponibilizados na língua inglesa, dificultando o uso pelos alunos no país. A interação, troca de informações e de conhecimento entre os alunos tanto pelo idioma diferente (língua inglesa) quanto pela aprendizagem dos conceitos de química favorece o aprendizado (DAVID, 2017; ARAUJO, 2018). Apesar da grande disponibilidade de aplicativos, 28,23% necessitam de pagamento para utilizar, o que dificulta ainda mais o acesso para muitos alunos das escolas públicas do Brasil. Em relação a inclusão, apenas um aplicativo (Titration ColorCam) apresentava na descrição o formato inclusivo para o público daltônico e deficientes visuais, não sendo observado nenhum voltado para pessoas com deficiência auditiva. Um fato interessante durante a busca é o número de publicação/atualização que os aplicativos voltados ao ensino da Química tiveram em 2020 e 2021. Como pode ser observado na Figura 1, somadas juntos, o ano de 2020 (40 publicações/atualizações) e 2021 (61 publicação/atualização) totalizaram mais de 50% do número de aplicativos publicados/atualizados. Esse aumento nos aplicativos pode estar relacionado a necessidade de adaptação de ações remotas ocasionadas pela Pandemia da Covid-19 e respectiva suspensão de atividades presenciais. Dessa forma, a preocupação de meios alternativos para auxiliar o ensino a distância mostrou-se presente nos desenvolvedores de softwares educacionais.

Figura 1: Número de aplicativos analisados



Conclusões

A partir do que foi apresentado nessa pesquisa, é possível compreender a importância dos aplicativos para dispositivos móveis no contexto educacional atual. Um dos pontos observados na busca e análise dos aplicativos é que poucos apresentavam um formato de inclusão para daltônicos e cegos, não sendo verificado nenhum destinado ao público surdo. Além disso, destaca-se também que houve um aumento considerável de aplicativos a partir de 2020, possivelmente associado ao contexto da pandemia Covid-19.

Agradecimentos

Agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso pelo suporte financeiro para realização da pesquisa (Processos FAPEMAT.0234071/2021 e FAPEMAT.0234162/2021).

Referências

ALBU, M. M.; HOLBERT, K. E.; HEYDT, G. T.; GRIGORESCU, S.; TRUSCÃ, V. Embedding remote experimentation in power engineering education. IEEE Transactions on Power Systems, v. 19, n. 1, 2004.
AMARAL, E. M. H.; ÁVILA, B.; ZEDNIK, H.; TAROUCO, L. Laboratório virtual de aprendizagem: uma proposta taxonômica. Novas Tecnologias na Educação, v. 9, n. 2, 2011.
ARAÚJO, M. A. F. O jogo como atividade interativa e colaborativa na aprendizagem de inglês por alunos adolescentes de uma escola pública. Revista Humanidades e Inovação v. 5, n. 1. p. 76-85, 2018.
BENITE, A. M. C.; BENITE, C. R. M.; SILVA FILHO, S. M. Cibercultura em ensino de química: elaboração de um objeto virtual de aprendizagem para o ensino de modelos atômicos. Química Nova na Escola, v. 33, n. 2, 2011.
CARDOSO, B. 9 em cada 10 brasileiros usam celular Android, diz relatório do Google. Techtudo.21 de set. 2020. Disponível em: https://www.techtudo.com.br/noticias/2020/09/9-em-cada-10-brasileiros-usam-celular-android-diz-relatorio-do-google.ghtml. Acesso em: 01 fev. 2021.
DAVID, R. S. O ensino-aprendizagem de língua inglesa em escolas públicas: o real e o ideal. Pedagogia em Ação, v. 9, n. 1, 2017.
DALGARNO, B.; BISHOP, A. G.; ADLONG, W.; BEDGOOD JR., D. R. Effectiveness of a virtual laboratory as a preparatory resource for distance education chemistry students. Computers & Education, v. 53, p. 853-865, 2009.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
LEITE, F. C. L.; POSSA, A. D. Metodologia da Pesquisa Científica. 2. ed. rev. Florianópolis: IFSC, 2013.
LEITE, B. S. Aplicativos para aprendizagem móvel no ensino de química. Ciências em Foco, v. 13, p. 1-20, 2020. Disponível em: https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cef/article/view/14710. Acesso em: 31 ago. 2021.
OLIVEIRA, F. C.; SOUTO, D. L. P.; CARVALHO, J. W. P. Seleção e análise de aplicativos com potencial para o ensino de química orgânica. RENOTE - Revista Novas Tecnologias na Educação. v. 17, dez. 2016.