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60º COngresso Brasileiro de Química

SEMÁFORO DA QUÍMICA E SUAS POSSIBILIDADES: JOGO DE BAIXO CUSTO PARA SER UTILIZADO NO ENSINO DE QUÍMICA NAS ESCOLAS DO ENSINO MÉDIO DO SUL E SUDESTE DO PARÁ, AMAZÔNIA ORIENTAL


ÁREA

Ensino de Química

Autores

Sousa, B.T.P.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ) ; Emidio-silva, C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ)

RESUMO

O ensino de química tem sido cada vez mais desafiador no Brasil. Muitas são as causas, mas uma delas pode ser mediado pela utilização de jogos lúdicos no ensino-aprendizagem de química. Esta pode ser uma forma de auxiliar o professor a tornar a aula mais dinâmica e menos cansativa. Este trabalho tem como objetivo ajudar a demonstrar, a utilização do Jogo Semáforo Químico com os conteúdos da “Tabela Periódica e Configuração Eletrônica” como ferramenta metodológica, confeccionado com materiais de baixo custo e ainda com perguntas e respostas. O jogo foi aplicado em uma turma de Licenciatura em Química, da Unifesspa, Marabá- Pa. Conclui-se que, a inserção de ferramentas lúdicas pode ser uma alternativa para ajudar os estudantes a compreender melhor os conceitos de química.

Palavras Chaves

Ciências-Química; jogos-didáticos; Jogo-Semáforo-Químico

Introdução

O ensino de ciências exatas nas escolas brasileiras ainda é conduzido no formato tradicional, tais como a memorização de formulas, cálculos e repetições de nomes. Esses tipos de metodologia na maioria dos casos são totalmente desvinculados da realidade dos educandos. Esse é um problema também na região do sul e sudeste do Pará, Amazônia Oriental e na cidade de Marabá. Essa crítica não deve ser feita de forma leviana e em depreciação aos professores, mas a uma série de circunstâncias que permanecem ao longo das décadas: a precarização do ensino público no Brasil; a formação de professores de química ainda de forma bastante conteudista; a inexistência dos laboratórios e espaços adequados para as práticas e experimentos de química; a desvalorização da ciência como um todo; a desvalorização do profissional professor, entre muitos outros. Com relação aos educandos, existem alguns fatores que contribuem para o baixo rendimento no ensino de química, tais como: o desinteresse pessoal de muitos pela Ciência e pela Química especificamente; o momento de transição do ensino fundamental para o ensino médio, que acaba trazendo muitas inseguranças para o educando; a não relação dos conteúdos de química com o cotidiano dos alunos; as dificuldades em assimilar assuntos que precisam necessariamente da matemática, que é, em muitos aspectos, o caso da Química. Para superar essas e outras situações relacionadas as dificuldades de aprendizagem de química (ROCHA & VASCONCELOS 2016) é necessário um olhar mais amplo sobre toda a realidade local do sul e sudeste do Pará e região Amazônica. Mas, considerando o que o professor pode intervir, ou seja, na parte em que ele pode fazer algo para mudar essa realidade, podemos indicar algumas possibilidades, como o uso de atividades lúdicas, procurar estreitar os laços com os alunos para que esses possam se engajar melhor na disciplina, buscar uma contextualização da química com a realidade dos educandos e procurar melhorar a visão da disciplina como um todo, promovendo uma inserção dos educandos na sociedade e no mundo do trabalho. Neste artigo, busca-se como sugestão mostrar as possibilidades de uma atividade lúdica de baixo custo, utilizando materiais de fácil acesso, para construção de um jogo de tabuleiro alternativo. Partindo do problema de pesquisa que é justamente superar os problemas com o ensino de química já mencionados o presente trabalho teve como objetivos: 1) demonstrar como estimular o conhecimento nos alunos por meio de um jogo educativo, visando principalmente o aprendizado de química; 2) Experimentar formas alternativas de ensino-aprendizagem de química, e além disso; 3) buscar a socialização dos indivíduos envolvidos, uma vez que todos os educando tiveram a oportunidade de participar ativamente em cada momento do jogo, e por último; 4) trabalhar conceitos de química de forma mais lúdica, interativa, dinâmica e com um maior engajamento da turma. A pesquisa procurou testar e adequar o jogo antes de ser apresentado para os professores do ensino médio, sendo aplicada com intuito de verificar o engajamento, o envolvimento e a aprendizagem do conteúdo “Configuração Eletrônica e utilização da Tabela Periódica" (FONSECA, 2013; SANTOS & MOL, 2013). Além disso, verificou-se como um jogo que trabalha o ensino de química pode produzir descontração, trabalho em grupo, e cooperação entre os acadêmicos. Segundo Sampieri, Collado & Lucio (2013; p.514), a pesquisa-ação pode ser utilizada para resolver vários problemas do dia a dia, e de maneira bem rápida. Isso vai ao encontro dos nossos objetivos que é desenvolver atividades/jogos para o professor do ensino médio utilizar para: revisar conteúdos, fixar alguns elementos de química, utilizar como avaliação, além de poder utilizar em interação com outras disciplinas na interdisciplinaridade. Também existe a possibilidade, a partir da metodologia aqui descrita, dos educandos construírem o jogo com o professore a partir dos conteúdos ministrados. Isso pode engajar ainda mais os educandos no processo de ensino- aprendizagem de química. O presente trabalho teve como objetivo demonstrar como estimular o conhecimento nos alunos por meio de um jogo educativo, visando principalmente o aprendizado de química; além disso, buscou experimentar formas alternativas de ensino-aprendizagem de química e, ainda, buscou provocar uma maior socialização dos indivíduos envolvidos uma vez que todos os acadêmicos, na sala, tiveram a oportunidade de participar ativamente em cada momento do jogo.

Material e métodos

O tipo de pesquisa aqui descrita está dentro do enfoque qualitativo onde foi também utilizado aportes teóricos e abordagem da pesquisa-ação, (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2013) onde foi construído um jogo e este foi aplicado em uma sala de aula com acadêmicos do curso de Licenciatura em Química, da Unifesspa, na disciplina de Práticas para o Ensino de Química III (Terceiro Semestre). O jogo foi construído com materiais simples, de fácil aquisição e construção. Os materiais utilizados para sua construção foram: papel cartão em três cores (verde, amarelo e vermelho); tesoura; pincel atômico (preto); papel A4; cola branca; papelão. A construção do jogo foi da seguinte forma: foi feito um dado numerado de 1 a 3, e nos espaços restantes foram colocadas as palavras “troca de participante”, de papelão e encapado com pedaços de folha em branco como mostra a Imagem 1 e posteriormente foi selado com cola branca por todos os lados e exposto ao sol para secar e endurecer; Os cartões (de 33 cm X 23 cm - cada folha de papel cartão dá para fazer quatro folhas com as medidas sugeridas) foram feitos para formar uma trilha no chão onde havia sido numerados manualmente com pincel atômico de 1 a 22 com as três cores distribuídas ao longo da trilha (cada cor tinha a sua regra específica) como mostra o desenho da trilha na imagem 1; o sorteio era feito papéis enrolados com uma numeração de 1-3.

Resultado e discussão

Já colocado as condições atuais do ensino de química corroborado por Souza et al. 2018: O ensino de Química nas escolas brasileiras ainda é, na maioria dos casos, conduzido de forma tradicional, valendo-se da simples memorização e repetição de nomes, fórmulas e cálculos, sendo os seus conteúdos totalmente desvinculados do dia-a-dia e da realidade dos alunos, e, por isso, a Química se torna uma disciplina maçante, fazendo com que os próprios estudantes questionem o motivo pelo qual a estão estudando, e também dificultando o ensino de tal disciplina (SOUZA, et al, 2018, p.450). Na cidade de Marabá e região observa-se poucos investimentos na educação por parte do município e políticas públicas deficitárias o que provavelmente seja um dos responsáveis pelos baixos índices no Ideb. Na realidade descrita acima a universidade pode ajudar a melhorar esses índices, contribuindo para um melhoramento da educação como um todo. A partir de construção de metodologias alternativas ou inseridas nas metodologias ativas, os acadêmicos nas licenciaturas podem ajudar na construção de materiais didáticos que auxiliem os professores especialmente da rede pública de ensino. Outro fator que tem contribuído para esse projeto é a discussão que fazem alguns autores sobre as potencialidades do uso de jogos para o ensino- aprendizagem de química como (ALBUQUERQUE, et al. 2019; GUIMARÃES & VIEIRA, 2015). Partindo dessa ideia é que foi concebido o jogo didático: Semáforo da Química e suas possibilidades: Jogo de baixo custo para ser utilizado no ensino de química nas escolas do Ensino Médio do sul e sudeste do Pará, Amazônia Oriental. A seguir apresentamos as regras do jogo, que podem ser adaptados ou modificada conforme a realidade em que os professores estão inseridos. Regras do Jogo: joga-se o dado, se der verde, observando a casa onde ele parar, o educando responde a pergunta e se acertar pula a quantidade de casas. Quando realizamos o jogo o estudante jogava novamente e se desse verde, continuava, mas se desse amarelo, ele tinha de ter atenção, ele estacionava enquanto o adversário respondia a pergunta. Se o adversário acertasse, ele pulava o número de casa, caso não, quem jogou pulava a quantidade de casas. Se desse vermelho (era uma desvantagem), parava e sorteava de imediato os papeizinhos, para saber quantas casas deveria voltar. O participante que chegasse primeiro na linha de chegada vencia o jogo. Então, resumidamente: 1) jogue o dado (pule as casas ou troque de participante); 2) verde - antes de seguir resolva o exercício, se não souber peça ajuda aos componentes do seu grupo; 3) amarelo preste atenção (estacione enquanto o adversário responde a sua pergunta e se ele souber pulará as casas, senão você pula); 4) vermelho pare e volte uma, duas, três... Casas. A imagem 1, a seguir, mostra a confecção do dado de papelão, papel e cola, e a estrutura geral do jogo de trilha: Durante a aplicação do jogo, a turma foi dividida em dois grupos, e cada grupo recebeu um material de apoio (A tabela de periódica; conceitos importantes sobre a Tabela Periódica e outros relacionados); cada grupo indicou as pessoas que iriam iniciar o jogo. Na imagem 2 são mostradas o jogo sendo aplicado na sala de aula com todos os acadêmicos envolvidos. Observa-se uma intensa participação de todos os alunos presentes, discussões, trocas de informações, descontração, competição, enfim, mobilizada uma série de percepções, comportamentos e atividades. O jogo didático para o ensino de química, pode ajudar em diversos aspectos: 1) melhorar a interação professor aluno, e na interação aluno-aluno; 2) Melhorar a inclusão dos alunos na disciplina; 3) proporcionar um momento lúdico e uma maior compreensão dos conteúdos trabalhado; 4) pode servir como momento de avaliação, fixação de conteúdos e de revisão; 5) a medida que mobiliza os conhecimentos aprendidos em outras disciplinas ajuda na relação necessárias que deve haver entre as disciplinas específicas do curso com as disciplinas didáticas ou de intervenção prática na escola. Na nossa experiência podemos observar que as regras do jogo foram bem executadas atingindo os objetivos propostos. Também nas imagens podemos observar grande interação dos alunos em diversos momentos da execução do jogo, corroborando algumas das ideias já expostas anteriormente. Percebe-se também que o material de apoio contribuiu para orientar os alunos nas respostas e na dinâmica de todo o jogo; Podemos observar nas imagens os alunos interagindo, consultando e discutindo sobre a temática escolhida para o jogo. O jogo permitiu que todos pudessem estar no centro da interação. Isso era esperado pois o dado exigia uma troca constante dos participantes em caminhar na trilha e responder as questões. Os cartões verde e amarelo foram de suma importância para auxiliar na fixação dos conteúdos trabalhados, uma vez que havia uma necessidade de responder às questões para o avanço das casas. Já o vermelho contribui para a disputa entre os jogadores, para que houvesse um ganhador no final. Essa questão da disputa é importante para o engajamento dos alunos no jogo. Embora o professor não deva deixar que a disputa seja levada às últimas consequências, destoando para um comportamento indesejável, de competição extrema, entre os educandos. Após o jogo foi realizada uma roda de conversa em que os educandos, relataram como se sentiram no jogo, os pontos altos do jogo e suas deficiências, o que poderia ser alterado. O que foi mais ressaltado fôramos pontos positivos do jogo e o engajamento dos educandos, mostrando a sua potencialidade enquanto atividade alternativa, para o ensino-aprendizagem de química.

Imagem 1

Materiais e construções do dado para o jogo.

Imagem 2

Aplicação do Jogo na Disciplina de Prática Pedagógica em Química III na UNIFESSPA

Conclusões

A aplicação do jogo Semáforo da Química foi uma experiência muito interessante, tanto para nós que aplicamos como para os alunos naquele momento. A experiência foi muito prazerosa e possibilitou uma revisão dos conceitos de química e outros relacionados a tabela periódica. Durante a aplicação do jogo percebemos uma grande socialização dos indivíduos envolvidos. Outro fator interessante é que o jogo não é fechado em um conteúdo apenas, podendo ser aplicado várias vezes, em diversos conteúdos com os mesmos materiais básicos, dados e folhas amarelas, verde e vermelhas. Percebemos que em nossa região (Amazônia Oriental) que precisamos mudar a forma de ensinar química em todos os níveis de educação: fundamental, médio e superior. É preciso contextualizar os conteúdos de química e inserir os educandos em processos de alfabetização ciência e um ensino a aprendizagem significativa. Para isso é preciso inovar, arriscar, tentar outras metodologias, materiais didáticos alternativos, se inserir nas TIC e em muitos outros movimentos atuais de ensino. É preciso pensar o ensino de forma diferente com mais foco no educando, procurando sempre que ele esteja no centro do processo de ensino-aprendizagem. O jogo aqui descrito foi utilizado em uma sala de aula no ensino superior, com bons resultados e com grandes potencialidades. No entanto, o mesmo princípio do jogo pode ser aplicado com os conteúdos de química no Ensino Médio e mesmo no ensino fundamental. O jogo é de fácil execução e após algumas explicações os jogadores podem executá-lo perfeitamente, da melhor forma possível. Além disso, pode sofrer algumas modificações e adaptações adequando as diversas realidades, escolas, espaços, professores e estudantes. Esperamos que este relato ajude outros professores em outras realidades, aproximando mais o educando aos conhecimentos químicos necessários e que esta metodologia potencialize esses conhecimentos.

Agradecimentos

Agradecemos especialmente ao Grupo de Estudos e Pesquisas para o Ensino- Aprendizagem de Ciências, Biologia, Química e Física na Amazônia - GEPECAM, pelo apoio no projeto aqui desenvolvido.

Referências

ALBUQUERQUE, Alderiza Veras; FERREIRA, Adelino Eduardo; GODOI, Thaysla Rayana; SILVA, Lidyane Gomes Mendonça; SILVA, Thiago Pereira. Aplicação de jogos lúdicos do ensino da química. https://editorarealize.com.br/revistas/ecect/trabalhos/comicacao_177.pdf. Acesso em: 16 de março de 2019.

FONSECA, M. R. M. da. Química I. 1ª ed. São Paulo. Ática. 2013.

GUIMARÃES, Ricardo Lima; VIEIRA, Luciana Munique. Jogos no ensino de química. 2015 https://www.ufpe.br/documentes/616030/851322/jogos_no_ensino_de_quimica.pdf. Acesso em: 16 de março de 2019.

ROCHA, Joselayne Silva; VASCONCELOS, Tatiana Cristina. Dificuldades de aprendizagem no ensino de química: algumas reflexões. Florianópolis: XIII Encontro Nacional de Ensino de Química, 2016.

SAMPIERI, Robrto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Maria del Pilar Baptista. Metodologia de Pesquisa. 5ª ed. Porto Alegre. Penso 2013. 624p.

SANTOS, W. L. P. dos; MOL, G. de S. Química Cidadã: Volume 1: Ensino Médio. 2. ed. São Paulo: AJS, 2013.

SOUZA, E. C.; SOUZA, S. H. S.; BARBOSA, I. C. C.; SILVA, A. S. O Lúdico como Estratégia Didática para o Ensino de Química no 1º Ano do Ensino Médio. Rev. Virtual Quim. 10 (3), 449-458. 2018.