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60º COngresso Brasileiro de Química

A TECNOLOGIA DIGITAL EM AULAS EXPERIMENTAIS DE QUÍMICA NO ENSINO REMOTO: um relato de experiência.


ÁREA

Ensino de Química

Autores

Ibiapina, T.M. (UFMA) ; Lima, J.B. (UFMA) ; Bezerra, C.W.B. (UFMA) ; Leal, L.S. (UFMA) ; Sousa, B.A. (UFMA) ; Candido, R.F.A. (UFMA) ; Carvalho, W.L. (UFMA) ; Sousa, R.C. (UFMA)

RESUMO

A experimentação é uma metodologia eficiente no ensino de ciências da natureza, em especial no ensino de Química, uma vez que a referida disciplina é qualificada como uma ciência experimental. Este trabalho apresenta um relato de experiência referente a metodologia utilizada em uma disciplina de química experimental ministrada remotamente para graduandos do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão em meio a pandemia. Para a condução das aulas utilizou-se de plataformas e ferramentas, como: SIGAA, Google foorms Google Meet, Google Drive, e também o WhatsApp. Levando em consideração o momento atual marcado por vários entraves atrelados a inúmeras dificuldades considerou-se positivo o resultado da prática de ensino remoto em uma disciplina experimental.

Palavras Chaves

Tecnologias Digitais; Atividades Experimentais; Ensino Remoto

Introdução

A propagação das tecnologias digitais, nos leva a experimentar e expandir procedimentos de criação, tornando possível o compartilhamento de conhecimento, alcançando várias trocas, transições sociais e culturais, gerando o surgimento de formas modernas de refletir, acolher, opinar e conviver juntos. A vivência com as tecnologias no dia-a-dia das pessoas sempre foi um fator de transformação e concepção de hábitos novos. É sensato afirmar que estamos em um período digital. Coexistimos em um momento em que a rapidez da utilização de tecnologias está exercendo influência no nosso cotidiano. A comunicação e o consumo praticados por nós são impulsionados pelas mídias sociais, aplicativos assumem empresas com seus sistemas, casas inteligentes com seus inúmeros dispositivos conectados à internet administram a iluminação, a irrigação do jardim e praticamente tudo. Dessa forma não é difícil entender que a educação também concebe essa modificação que definirá as novas demandas do processo de ensino e aprendizagem. A atualização e o melhoramento das tecnologias balizam-se pelo surgimento de um bom plano. Inúmeras novidades que utilizamos habitualmente foram criadas em decorrência de necessidades da conjuntura em questão. Prova disso é a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 em que a população obedecendo a Organização Mundial da Saúde – OMS adotou o distanciamento social com a finalidade de minimizar os efeitos decorrentes da COVID-19. Assim, as instituições de ensino tanto da educação básica, quanto da educação superior, públicas ou privadas foram autorizadas a conduzir suas aulas remotamente. Os profissionais da educação fundamentaram-se aceleradamente, de uma série de tecnologias para levar o conteúdo acadêmico aos estudantes. As Universidades, os Institutos Federais e outros estabelecimentos de ensino tiveram que se adequar ao momento pandêmico. Para manter o distanciamento dos discentes, docentes e profissionais da educação, as instituições abraçaram o Ensino Remoto Emergencial - (ERE). Para Alves (2020), o ensino remoto é instituído por uma reunião de métodos pedagógicos mediados por plataformas digitais. É importante reconhecer que o uso de tecnologias digitais admite um aumento de diligências humanas nos mais diversos setores, notadamente no educacional. Por esse motivo, considerou-se relevante neste momento pandêmico utilizar-se de arranjos evidentes na educação a distância (EaD), como o emprego de Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC, possibilitando a continuidade dos estudos e atuando para mediar a comunicação entre discentes e docentes (MÉDICI; TATTO; LEAO 2020). No que concerne o ensino remoto, alguns estudiosos entendem que o mesmo é uma porção do ensino híbrido, no entanto chamam atenção para não confundi-los. Para Almeida (2020. P.18) “Dentro da ideia de ensino híbrido há momentos de escola remota, de aprendizagem remota, de ensino remoto. No entanto o que vimos no isolamento social por conta da pandemia foi uma mistura que ora parecia com ensino remoto – na maioria das vezes, ora parecia EAD, ora parecia e-learning, ora tantas outras coisas”. No ensino de Química, a experimentação é uma das estratégias que fazem parte da prática do docente da referida disciplina. E é conferido entre professores da educação básica ou do ensino superior, que as atividades práticas experimentais são fundamentais no processo de ensino/aprendizagem (BASSOLI, 2014). Uma metodologia baseada em atividades experimentais no ensino de química é muito relevante quando o foco é contribuir para que o discente esteja apto a problematizar e discutir a teoria a partir da experimentação. Dessa maneira, é essencial que as atividades práticas experimentais apresentem ligação com a teoria química, operando como facilitadora da edificação do aprendizado (SILVA et al., 2017). Dependendo da finalidade da aula, as atividades experimentais carecem ser realizadas com enfoques diferenciados, podem ser desenvolvidas objetivando a verificação de hipóteses, e com abordagem investigativa com o propósito do discente resolver problematizações e construir seu conhecimento de forma ativa (OLIVEIRA, 2010). Para compreender o contexto educacional, com enfoque no ensino remoto para os conteúdos acadêmicos ministrados em uma disciplina de química experimental, será observada nesta pesquisa a seguinte problemática: Quais as contribuições do ensino remoto para os conteúdos acadêmicos de um disciplina de química experimental para graduandos de oceanografia da UFMA? Definida a problemática, a pesquisa pautou-se em descrever o cenário de uma disciplina de química experimental conduzida remotamente para graduandos de oceanografia e conceituar o que é ensino remoto e discutir as principais contribuições deste ensino à luz da literatura científica.

Material e métodos

Definiu-se como tipo de pesquisa principal, a pesquisa bibliográfica, tendo em vista que a base conceitual será de suma importância para compreender como se dá o ensino remoto no contexto educacional brasileiro. Quanto a técnica utilizou-se método qualitativo de caráter descritivo e para coleta de dados utilizou-se o questionário e a observação simples. Para as aulas remotas planejou-se os conteúdos a serem ministrados e elaborou-se uma apostila que foi disponibilizada em pdf. A solução foi simplificar, resumiu- se a parte teórica, que antecedia os roteiros experimentais, selecionou-se roteiros sem alto grau de dificuldade e que inclusive os alunos pudessem realizá-los em casa com materiais alternativos de baixo custo. Embora o material disponibilizado tenha sido simplificado, houve o cuidado de contemplar a mensagem principal do conteúdo de maneira coerente e coesa, além disso, ao final de cada atividade experimental, adicionou-se alguns links de vídeos curtos e esclarecedores relativos ao experimento, sugeriu-se também outras literaturas para aprofundamento do assunto em questão, contribuindo dessa forma para o protagonismo do aluno. As aulas foram ministradas de maneira síncrona (ao vivo) com a utilização de slides e mesa digitalizadora, iniciadas sempre com o acolhimento dos alunos. Em seguida fazia-se a apresentação do assunto, instigando os alunos a se posicionarem diante dos questionamentos, levando em consideração o conhecimento prévio do discente, referente àquele assunto. Os experimentos eram explanados e as dúvidas que surgiam eram sanadas pelo professor. Em seguida apresentava-se um vídeo do experimento na tentativa de aproximar o aluno através da visualização da atividade experimental. Ao final de cada aula era sugerido a resolução de atividades disponíveis na apostila e a postagem no SIGAA com objetivo de verificar a aprendizagem. Dos vídeos apresentados, alguns foram gravados pelo professor regente e outros disponíveis na internet. As aulas aconteceram de maneira síncrona e assíncrona. Alguns alunos tiveram problemas de acesso à internet para acompanhar aulas ministradas de maneira síncrona. Para suplantar esta questão, o professor da disciplina propôs gravar as aulas e disponibilizá-las no SIGAA. As aulas foram gravadas utilizando a ferramenta de gravação do Google Meet. A avaliação correspondente a parte teórica da disciplina foi realizada através do Google Foorms. A nota era composta por 70 % da parte teórica e 30 % dos questionários relacionados às atividades experimentais. A pesquisa foi feita de maio a agosto de 2021, com a participação de 20 (vinte) componentes, sendo 01 (um) professor da área de ciências da natureza, química, 17 (dezessete) alunos do curso de oceanografia do 1º e 3º períodos, 04 (quatro) monitores e (01) uma estagiária.

Resultado e discussão

Com a adequação das aulas, das avaliações e a substituição das atividades práticas experimentais pela explanação via google meet e apresentação de vídeos o aprendizado foi considerado positivo, As aulas práticas experimentais via meet alcançaram boa parte dos objetivos delineados, dentre os quais podemos elencar - aceitação favorável dos discentes, possibilitou o compartilhamento de conhecimentos e vivências entre discentes e docente, o professor sentiu-se estimulado a apresentar um conteúdo fazendo relação com o cotidiano do aluno e também as aulas remotas possibilitaram o não comprometimento do período letivo. Ao serem questionados em relação ao aproveitamento da aulas, as respostas dos alunos convergiram bastante. A maioria ressaltou que o professor ministrava aulas bem explicativas, o material em pdf que foi disponibilizado trazia uma linguagem de fácil entendimento e que os vídeos ajudavam a clarificar algo que por ventura tivesse deixado alguma lacuna. Em contrapartida sentiram falta do manuseio (cultura make) presente em aulas experimentais presenciais, alegaram que isso poderia ocasionar prejuízos em futuras disciplinas experimentais. A relevância desse estudo no campo social se dá ao fato de possibilitar discussões na comunidade acadêmica e autoridades do campo educacional, objetivando avanços, revendo a questão de como otimizar o ensino e contribuir na aprendizagem no contexto que estamos vivenciando. Já a relevância científica, refere-se a uma temática que requer apreciações sistêmicas, demandando do corpo acadêmico fundamentações teóricas que apontem estratégias de ensino que apresentem bons resultados trabalhados remotamente. Enquanto isso, a relevância pessoal da pesquisa é direcionada a aspirações da pesquisadora enquanto docente de química e acadêmica que presencia e vivencia os arrochos que professores e alunos têm encarado para desenvolver suas atividades no ensino remoto. Portanto o estudo propõe debates sobre condições de qualidade do ensino remoto e metodologias adotadas pela maioria dos docentes e como foi avaliar a aceitação e aprendizagem dos discentes.

Conclusões

Alguns problemas foram visíveis como por exemplo – alguns alunos tiveram pouca participação, faltas repetitivas, baixa concentração, um certo desinteresse em serem avaliados dentre outros. No entanto, embora não tenha ocorrido o contato físico, que habitualmente teria nas aulas presenciais experimentais, a explanação do conteúdo e dos experimentos de forma síncrona e a apresentação de vídeos com suas respectivas discussões mediante um olhar atento do professor e monitores suscitou uma proximidade, mesmo que sutil, do laboratório. Episódio esse, que auxiliará os discentes quando as aulas forem retomadas. Haja vista eles terem entrado em contato com alguns procedimentos e técnicas experimentais mesmo que apenas visualmente. Além disso as aulas remotas possibilitaram o cumprimento da carga horária referente ao período letivo sem prejuízos expressivos de conteúdo. Dessa forma entendemos que ministrar aulas experimentais em um ambiente remoto foi positivo, pois minimizou resultados negativos e instigou o protagonismo do aluno e a aprendizagem de outras competências e habilidades não desenvolvidas no presencial.

Agradecimentos

Referências

ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Ensino Híbrido, rotas para implantação na educação infantil e no ensino fundamental, Pró Infanti Editora, Curitiba, 2020.
BASSOLI, Fernanda. Atividades práticas e o ensino-aprendizagem de ciência(s): mitos, tendências e distorções. Ciência e Educação, Bauru, v.20, n. 3, p. 579-593, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/1516-73132014000300005.
ALVES, L. Educação remota: entre a ilusão e a realidade. Interfaces Científicas – Educação, [S.L.], v. 8, n. 3, p. 348-365, 4 jun. 2020. Universidade Tiradentes. http://dx.doi.org/10.17564/2316- 3828.2020v8n3p348-365.
MÉDICI, M. S.; TATTO, E. R.; LEÃO, M. F. Percepções de estudantes do Ensino Médio das redes pública e privada sobre atividades remotas ofertadas em tempos de pandemia do coronavírus. Revista Thema, v. 18, n. ESPECIAL, p. 136-155, 2020. Disponível em:http://periodicos.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/viewFile/1837/1542. Acesso em: 01 Set. 2021.
OLIVEIRA, J. R. S. A perspectiva sócio histórica de Vygotsky e suas relações com a prática da experimentação no Ensino de Química. Revista da Educação em Ciência e Tecnologia, v. 3, n. 3, p. 25- 45, 2010.
PIERRI, L. D.; LIMA, S. P. Desenvolvimento de um Experimento Remoto Baseado em
Sistema de Geração Alternativa Híbrido. 2016. 127 f. TCC (Graduação) - Curso de
Bacharelado em Tecnologias da Informação e Comunicação, Universidade Federal de Santa Catarina, Araranguá, 2016.
SILVA, J. N.; AMORIM, J. S.; MONTEIRO, L. P.; FREITAS, K. H. G. Experimentos de baixo custo aplicados ao ensino de química: contribuição ao processo ensino-aprendizagem. Scentia Plena, v. 13, n. 1, p. 1-11, 2017.
VALENTE, José Armando. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da sala de aula invertida. Educar em Revista, n. 4, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/er/a/GLd4P7sVN8McLBcbdQVyZyG/?format=pdf&lang=pt Acessado em: 25 ago. 2021.