Jogo "War" da Química - Uma alternativa para o ensino de Tabela Periódica.

ÁREA

Ensino de Química

Autores

Mathias Oliveira, F. (IFRJ) ; Gonçalves Silva, I. (IFRJ) ; de Moraes Silva, A. (IFRJ)

RESUMO

A dificuldade dos alunos na aprendizagem de conteúdos complexos e abstratos em química, além da necessidade de um ensino crítico e interdisciplinar, levam os educadores a buscarem por novas alternativas, recursos e/ou metodologias. Neste sentido, os jogos didáticos tornam-se uma opção para o ensino de tabela periódica, pois são dinâmicos, desafiadores e ajudam no desenvolvimento de novas habilidades, além de estimular os estudantes a se interessarem pela química e melhor entenderem os fenômenos relacionados com essa ciência. Nesta perspectiva, o presente trabalho consiste em apresentar e discutir a utilização do jogo War da Química no ensino de tabela periódica, no Ensino Médio.

Palavras Chaves

jogo didático; ensino de química; tabela periódica

Introdução

O estudo da classificação dos elementos e de suas propriedades e interações torna possível aos estudantes compreenderem a relação entre os conceitos químicos e os diversos tópicos da Química. Esta relação é capaz de dar acesso aos discentes à percepção e explicação de fenômenos que fazem parte de seu cotidiano (FERNANDES, 2011). De acordo com Cardoso (2014), estudos realizados sobre o ensino de química revelam que um dos conteúdos de química do Ensino Médio em que os alunos apresentam maior dificuldade é a tabela periódica, devido a sua natureza e conteúdos abstratos, inviabilizando o ensino de forma facilitada e estimulante. O jogo pode ser um ótimo recurso didático ou estratégia de ensino para os educadores e também ser um rico instrumento para a construção do conhecimento (BEZ e GRÜBEL, 2006), pois segundo Antunes (1998 apud BRANDÃO, 2014) os jogos didáticos têm o objetivo de ensinar e divertir, mas para isso devem ser atrativos, dinâmicos e empolgantes. Desta maneira, a atividade lúdica pode ser considerada como uma estratégia que estimula o raciocínio, na maioria das vezes levando o aluno a enfrentar situações conflitantes relacionadas com o seu cotidiano, além de incentivar o trabalho em equipe e a interação professor-aluno e o desenvolvimento de habilidades. Desta forma, a utilização deste recurso pode promover aulas mais agradáveis e assim proporcionar uma aprendizagem mais fascinante (LARA, 2004). E assim, o presente trabalho apresenta a proposta do jogo didático War da Química como alternativa para o ensino de tabela periódica no 1º ano do Ensino Médio.

Material e métodos

O jogo War da Química foi elaborado durante uma atividade da disciplina Química em Sala de Aula II (QSA II), que faz parte da grade curricular do Curso de Licenciatura em Química do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) – Campus Nilópolis, na qual era necessário criar um jogo didático inédito para o ensino de algum tema da Química no Ensino Médio. O jogo War da Química foi baseado na dinâmica do jogo comercial War®, da empresa Grow Jogos e Brinquedos Ltda para ser utilizado no ensino de Tabela Periódica, no 1° ano do Ensino Médio. A fim de verificar a capacidade do jogo didático elaborado, houve uma validação por alunos do curso de Licenciatura em Química, do IFRJ – Campus Nilópolis. Apresentou-se uma aula sobre jogos didáticos, com o intuito dos discentes se aprofundarem um pouco mais a respeito do tema trabalhado e aplicou-se o jogo em uma turma do 6° Período de aproximadamente dez alunos da disciplina de QSA II. Ao final da aplicação do Jogo, os alunos responderam a um questionário avaliando o jogo para futuras melhorias e a possibilidade de aplicação do jogo no Ensino da tabela periódica: 1) O jogo War da Química proporciona o desenvolvimento de habilidades? Quais? 2) As relações aluno-aluno e/ou professor-aluno são promovidas? Explique. 3) Na sua opinião, o jogo auxilia e estimula os alunos na aprendizagem dos conteúdos? Explique. 4) Quais são as melhorias que você propõe para o desenvolvimento do jogo? A partir da validação do jogo, com os alunos da Licenciatura em Química, realizou-se a discussão neste trabalho sobre a viabilidade da utilização do jogo War da Química no ensino de Tabela Periódica, para estudantes do 1°ano do Ensino Médio, e a importância de atividades lúdicas para o ensino.

Resultado e discussão

O jogo War da Química dispõe de um tabuleiro, que é a própria tabela periódica, cartas com os objetivos a serem seguidos durante a partida, dados de duas cores diferentes, pinos coloridos e cartas representando as posses no tabuleiro (figura 1). O jogo pode ter a participação de até seis pessoas e envolve a conquista dos elementos da tabela periódica, de acordo com o objetivo contido na carta de cada jogador. Figura 1 – Jogo "War" da Química Nos objetivos do jogo estão envolvidas a classificação, as propriedades e as interações dos elementos químicos e a disputa também envolve cálculos como, conversão de unidades, massa molar dos elementos e concentração molar. A utilização do cálculo do número de mols permite que sejam trabalhados mais conceitos, além de tentar minimizar a questão do fator sorte no lançamento dos dados, conforme destacado por Lara (2004) para a criação de um bom jogo didático. A proposta foi desenvolvida em uma turma da disciplina de Química em Sala de Aula II (QSAII), que considerou que o jogo War da Química apresenta características favoráveis para a sua utilização no ensino de Tabela Periódica, tais como, o desenvolvimento de habilidades, o favorecimento das interações sociais entre professor-aluno e aluno-aluno, além de envolver a criatividade dos alunos para elaborarem as suas estratégias durante as partidas. Os licenciandos também indicaram a necessidade de ter menor número de ações por jogada, para um maior dinamismo durante a partida no tempo disponível de aula, além de utilizar uma tabela periódica de tamanho compatível para uma melhor experiência com o jogo.

Apresenta a imagem de todos os itens do jogo "War" da Química.

Conclusões

O jogo “War” da Química necessita de melhorias relacionadas com os critérios de Nóvak e Souza (2008; apud NETO et al., 2016), como jogabilidade e limitação de espaço e tempo, mudanças nos objetivos utilizados durante as partidas e uma tabela periódica maior como tabuleiro. Considerando os resultados obtidos com os licenciandos, o jogo representa uma alternativa para o Ensino de Tabela Periódica para estudantes do 1°ano do Ensino Médio, podendo ser um recurso didático para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem de maneira dinâmica e divertida.

Agradecimentos

Agradecemos o apoio do IFRJ-campus Nilópolis.

Referências

BEZ, M. R; GRÜBEL, J. M. Jogos Educativos. Revista Novas Tecnologias na Educação, Novo Hamburgo, v.4, dez. 2006. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/renote/article/view/14270/8183>. Acesso em: 08 out 2015.

BRANDÃO, H. C. A. D. N. T. de M. Estudo sobre a aprendizagem lúdica da Tabela periódica através do jogo Super Trunfo. Medianeira: UTFPR, 2014, 36 p. Disponível em:<http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/3547/1/MD_ENSCIE_IV_2014_48.pdf> Acesso em: 23 out 2017.

CARDOSO, A. M. Desenvolvimento de um objeto de aprendizagem para o ensino da tabela periódica. Lavras: UFLA, 2014, 113 p. Disponível em: <http://repositorio.ufla.br/bitstream/1/4425/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_DesenvDesenvolv%20de%20um%20objeto%20de%20aprendizagem%20para%20o%20ensien%20da%20tabela%20peri%C3%B3dica.pdf> Acesso em: 02 set 2017.

FERNANDES, M. A. M. A abordagem da tabela periódica na formação inicial de professores de química. Bauru: UNESP, 2011, 170 p. Disponível em: <http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/90972/fernandes_mam_me_bauru.pdf?sequence=1> Acesso em: 02 set 2017.

LARA, I. C. M. Jogando com a Matemática de 5ª a 8ª série. São Paulo: Ed.Rêspel, 2004. Disponível em: <http://miltonborba.org/CD/Interdisciplinaridade/ Encontro_Gaucho_Ed_Matem/minicursos/MC53.pdf>. Acesso em: 10 out 2015.

NETO, J. E. S.; SILVA, R. B.; ALVES, C. T. da S.; SILVA, J. da C. S. Elaboração e Validação de Jogos Didáticos propostos por estudantes do Ensino Médio. Revista Debates em Ensino de Química - REDEQUIM, Recife, v. 2, n. 2, p. 47-54, 2016. ISSN: 2447-6099. Disponível em: <http://www.journals.ufrpe.br/index.php/REDEQUIM/article/view/1297>. Acesso em: 14 ago 2021.