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60º COngresso Brasileiro de Química

Composição química do óleo essencial das folhas de Psidium acutangulum


ÁREA

Química de Produtos Naturais

Autores

da Cruz, E.N.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Andrade, W.M.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; Peixoto, L.S. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; da Costa, J.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Vilhena, E.C.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; dos Santos, E.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Santos, P.V.L. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ) ; de Lima, M.N.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ) ; Figueiredo, P.L.B. (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ)

RESUMO

Psidium acutangulum, popularmente conhecido como araçá-pera, é uma árvore ou arbusto nativo e não endêmico, com ocorrência na região Amazônica. Dessa forma, este estudo analisou a composição química do óleo essencial de um espécime de P. acutangulum (Pacut) coletado em Mocajuba, no Pará. Os óleos essenciais (OEs) foram extraídos por hidrodestilação com extrator tipo Clevenger modificado por 3h e analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas. Os constituintes identificados em maior teor foram o sesquiterpeno oxigenado óxido de cariofileno (43,7%) e o monoterpeno hidrocarboneto α-pineno (7,4%). Houve variação quantitativa e qualitativa na composição química do óleo essencial de P. acutangulum.

Palavras Chaves

Myrtaceae; Voláteis; Óxido de cariofileno

Introdução

Myrtaceae possui em torno de 1,220 espécies no território brasileiro, que estão distribuídas em 29 gêneros, com destaque para Psidium, tendo em vista o seu grande número de aplicações econômicas e farmacológicas (PROENÇA et al., 2020). O gênero Psidium compreende 60 espécies, com árvores de grande a pequeno porte, arbustos e subarbustos (TULER et al., 2020). Apesar das espécies de Psidium exibirem uma grande variedade de usos medicinais, os relatos sobre suas atividades biológicas se limitam principalmente a P. guajava e P. cattleyanum, sendo necessário explorar o conteúdo volátil das espécies de Psidium, bem como suas propriedades terapêuticas (SILVA, 2021). As espécies de araçá apresentam uma grande quantidade de estudos científicos sobre as propriedades biológicas de seus óleos essenciais (FRANZON et al., 2009). Dentre as principais espécies, P. acutangulum L., popularmente conhecido como araçá-pera, araçá, araçá-piranga, araçandiva, araçanduba e goiabarana, é uma árvore ou arbusto nativo e não endêmico, com ocorrência confirmada na região Amazônica (LORENZI, 2009; TULER et al., 2020). Tendo em vista os escassos relatos na literatura sobre esta espécie, o presente estudo analisou a composição química do óleo essencial de um espécime de P. acutangulum de Mocajuba, no Pará.

Material e métodos

O material botânico foi coletado em expedição científica no município de Mocajuba. A identificação botânica foi realizada por comparação com uma amostra autêntica do Herbário João Murça Pires do Museu Paraense Emílio Goeldi. As folhas do espécime foram secas em temperatura ambiente durante 7 dias, sendo posteriormente trituradas. Os óleos essenciais (OEs) foram extraídos por hidrodestilação com extrator tipo Clevenger modificado por 3h. Após as extrações, os OEs foram centrifugados por 5 min, secos com sulfato de sódio anidro (Na2SO4) e centrifugados novamente. Os OEs foram armazenados em ampolas de vidro âmbar e conservados sob refrigeração. Os rendimentos em óleo essencial foram calculados levando em conta o material livre de umidade. A composição química dos OEs foi analisada por cromatografia gasosa- detector de ionização de chama e cromatografia gasosa-espectrometria de massas, onde ambos os sistemas são equipados com um auto injetor AOC-20i e o software GCMS-Solution. A identificação dos componentes químicos foi baseada no índice de retenção linear calculado em relação aos tempos de retenção de uma série homóloga de n-alcanos (VAN DEN DOOL e KRATZ, 1963) e no padrão de fragmentação observado nos espectros de massas por comparação com amostras autênticas existentes nas bibliotecas Nist, Adams e FFNSC 2 (ADAMS, 2007; MONDELLO, 2011; NIST, 2014).

Resultado e discussão

O rendimento em óleo essencial do espécime de P. acutangulum (Pacut) foi de 0,3%. Foram identificados 09 (nove) compostos químicos no óleo essencial de P. acutangulum, que compreendem cerca de 70,0% do conteúdo total dos OEs. A Tabela 1 lista os compostos em ordem crescente de seus respectivos índices de retenção (IR). A classe predominante do óleo essencial foram os sesquiterpenos oxigenados (56,6%). Os constituintes identificados em maior teor foram o sesquiterpeno oxigenado óxido de cariofileno (43,7%) e o monoterpeno hidrocarboneto α-pineno (7,4%). A Figura 1 mostra as estruturas químicas desses compostos. Os OEs de Psidium apresentam variabilidade química significativa, tendo em vista que são compostos de mono e sesquiterpenos acíclicos (C10 e C15), com esqueletos do tipo mentano, pinano, bisabolano, germacrano, cariofilano, cadinano e aromadendrano (SILVA, 2021). Há apenas um relato na literatura descrevendo o perfil volátil de P. acutangulum, que foi coletado em Roraima, o qual apresentou elevados teores dos monoterpenos α-pineno (14,8%), 1,8-cineol (12,9%) e β-pineno (10,1%) (DA SILVA et al., 2003), diferindo no que diz respeito à presença e teor dos constituintes deste trabalho.

Tabela 1. Rendimento e composição química da amostra de P. acutangulum

Constituintes com teor > 1,0%

Figura 1. Compostos majoritários do óleo essencial de P. acutangulum



Conclusões

Por meio deste trabalho foi possível constatar que houve variação quantitativa e qualitativa na composição química do óleo essencial de Psidium acutangulum.

Agradecimentos

CNPq, UEPA, UFPA e UFOPA.

Referências

ADAMS, R. P. Identification of essential oil components by gas chromatography/mass spectrometry. 4. ed. Carol Stream: Allured Publishing Corporation, 2007.

DA SILVA, J. D. et al. Essential oils of the leaves and stems of four Psidium spp. Flavor and Fragrance Journal, v. 18, n. 3, p. 240-243, 2003.

FRANZON, R. C. et al. Araçás do gênero Psidium: principais espécies, ocorrência, descrição e usos. Brasília: Embrapa Cerrados, 2009. p. 1-48.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. v. 3, 1. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2009. p. 250.

MONDELLO, L. FFNSC 2: Flavors and Fragrances of Natural and Synthetic Compounds, Mass Spectral Database. New York: John Wiley & Sons Inc., 2011.

National Institute of Standards and Technology (NIST). Mass Spectral Library (NIST/EPA/NIH). v. 2. Gaithersburg: The NIST Mass Spectrometry Data Center,
2014.

PROENÇA, C. E. B. et al. Myrtaceae in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acesso em: 02 ago. 2021.

SILVA, R. C. et al. Monoterpenes and Sesquiterpenes of Essential Oils from Psidium Species and Their Biological Properties. Molecules, v. 26, n. 4, p. 965, 2021.

TULER, A. C. et al. Psidium in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/. Acesso em: 02 ago. 2021.

VAN DEN DOOL, H; KRATZ, P. D. A generalization of the retention index system including linear temperature programmed gas–liquid partition chromatography. Journal of Chromatography, v. 11, p. 463-471, 1963.