• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Síntese, caracterização espectroscópica e atividade antioxidante das azachalconas (2E)-3-fenil-1-(2-piridinil)-2-propen-1-ona e (2E)-3-(2-furil)-1-(2-piridinil)-2-propen-1-ona

Autores

Kerek, A.L. (UEPG) ; Ramos, R.H. (UEPG) ; Protachevicz, E. (UEPG) ; Ricardo, J.F. (UEPG) ; Fiorin, B.C. (UEPG)

Resumo

O objetivo do trabalho consistiu na síntese, caracterização espectroscópica e atividade antioxidante da (2E)-3-fenil-1-(2-piridinil)-2-propen-1-ona e (2E)-3-(2-furil)-1-(2- piridinil)-2-propen-1-ona. Os produtos das sínteses foram caracterizados pelas espectroscopias de infravermelho (FT-IR) e ressonância magnética nuclear (RMN). Com o uso da RMN foi possível verificar a presença da dupla ligação vinílica formada na reação, além de verificar a configuração trans característica para as azachalconas. Quanto a atividade antioxidante de inibição do radical DPPH as chalconas sintetizadas apresentaram resultados promissores, com a CHAL02 apresentando, na concentração de 100 mM, uma inibição de 45,89%, podendo ser considerada um promissor antioxidante.

Palavras chaves

síntese orgânica; caracterização; atividade antioxidante

Introdução

As chalconas estão presentes como metabólitos secundários em diversas estruturas das plantas, apresentando diversas funções, como por exemplo, atração para polinização, pigmentação, além de atividades protetivas, como antifúngica, antibacteriana e antioxidante (HERNÁNDEZ-RODRÍGUEZ; BAQUERO; LARROTA, 2019). Apresentam uma estrutura geral 1,3-difenil-2-propen-1-ona, sendo consideradas cetonas α,β- insaturadas, precursores naturais dos flavonoides (PATIL et al. 2009), e podem, através de rotas sintéticas serem obtidas com a presença de diversos substituintes, com o intuito de potencializar alguma atividade biológica de interesse, e nesse cenário podemos colocar a presença de um anel piridínico na estrutura dessa classe de compostos, resultando nas azachalconas, que são relatadas na literatura com boas propriedades anti- inflamatória, antibacteriana, antiviral, antioxidante, entre outras (RADHAKRISHNAN, 2015; SALEEM, 2021). Para a síntese desses compostos a metodologia mais comum é através da condensação de Claisen-Schmidt, com catálise homogênea ácida ou básica. (ZHUANG, 2017). Para verificar se os produtos de síntese possuem uma pureza adequada foram realizadas caracterizações espectroscópicas, como por exemplo, Espectroscopias no Infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR) e a Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de 1H, 13C e bidimensionais. Essa pureza dos compostos é fundamental para a aplicação em atividades biológicas, pois deve-se ter apenas o composto de estudo nas análises (ROZMER; PERJÉSI, 2016). Com isso, o intuito deste trabalho foi a síntese, caracterização espectroscópica e atividade antioxidante das azachalconas: (2E)-3-fenil-1-(2-piridinil)-2-propen-1-ona (CHAL01) e (2E)-3-(2-furil)-1-(2-piridinil)-2-propen-1-ona (CHAL02).

Material e métodos

Para a síntese da (2E)-3-fenil-1-(2-piridinil)-2-propen-1-ona e (2E)-3-(2-furil)-1-(2- piridinil)-2-propen-1-ona, utilizou-se o método de condensação aldólica de Claisen- Schmidt, com catálise homogênea básica, empregando uma solução aquosa de hidróxido de potássio 50%. Para isso adicionou-se a um balão de fundo redondo, a 2’-acetilpiridina (0,01 mol) e 6 mL de solução de KOH (50%), e deixou-se em agitação magnética, com banho de gelo, por 30 minutos. Posteriormente adicionou-se o benzaldeído (0,01 mol) deixando a mistura reacional sob agitação, em banho de gelo, por um período de 24 h. Esta é uma metodologia adaptada de Ciupa et. al 2012. Após a obtenção dos compostos partiu-se para as caracterizações espectroscópicas. As análises de FT-IR, foram realizadas em espectrômetro Shimadzu FT-IR Prestige-21, com as amostras sendo preparadas em pastilha de brometo de potássio (KBr) e as condições de operação do equipamento foram de 64 scans, resolução de 4 cm-1 e a faixa analisada foi de 400-4000 cm-1. Já os espectros de RMN foram obtidos no espectrômetro de ressonância magnética nuclear - Bruker 400MHz, AVANCE III, utilizando-se aproximadamente 20 mg do composto em CDCl3, com tetrametilsilano (TMS) como referência interna e temperatura da probe mantida próxima de 25 °C. A atividade antioxidante foi avaliada pela metodologia de inibição do radical DPPH, que consiste primeiramente na adição, de 160 μL de uma solução 1,5 mM de DPPH, seguida da adição de 40 μL das soluções das amostras de estudo em variadas concentrações. Em seguida deixou-se em descanso em ambiente livre de luminosidade por 30 minutos. O último passo consistiu na leitura da absorbância no comprimento de onda de 517 nm, de acordo com a metodologia descrita por Hamlaoui e colaboradores (2018).

Resultado e discussão

Para verificar a eficiência das sínteses e a pureza dos compostos foram realizadas as caracterizações por FT-IR e RMN. Pelo FT-IR observou-se a presença de bandas em aproximadamente 1680 e 1580 cm-1, que são referentes as ligações da carbonila (C=O) e da ligação vinílica (C=C), proveniente da formação das azachalconas, respectivamente (Figura 01). Para a CHAL01, observou-se através dos espectros de RMN de 1H, a formação do produto desejado, a azachalcona, principalmente no que diz respeito a formação da ligação dupla vinílica. Para isso verificou-se um sinal, na forma de um dupleto, com δ=8,29 ppm proveniente do hidrogênio vinílico α-carbonílico e com constante de acoplamento JHαHβ de 16,11 Hz, e outro dupleto, com δ=7,87 ppm, que corresponde ao hidrogênio vinílico β-carbonílico e com constante de acoplamento JHβHα de 16,20 Hz, evidenciando assim a formação da chalcona de interesse, conforme mostrado na Figura 01. Esses valores vão de acordo com os descritos na literatura para azachalconas, caracterizando um valor comum para acoplamento trans hidrogênio-hidrogênio pela ligação dupla (CIUPA, 2012; SALEEM, 2021). A CHAL02 apresentou um perfil semelhante do primeiro produto. Com relação a atividade antioxidante de inibição do radical DPPH, a CHAL02 apresentou, na concentração de 100 mM, uma inibição de 45,89%, enquanto a CHAL01, teve inibição máxima de 40,95% do DPPH, porém somente na concentração de 400 mM. Essa diferença está relacionada, provavelmente, com a presença do anel furano em sua estrutura. Esses resultados são promissores para as azachalconas, porém é necessário o estudo de outras metodologias de atividade antioxidante. A Figura 02 contém os dados espectroscópicas e de atividade antioxidante dos compostos.

Figura 01



Figura 02



Conclusões

Pode-se observar que a metodologia empregada para a síntese dos compostos foi eficiente, pois foram confirmados com as caracterizações espectroscópicas de FT-IR e RMN, sinais característicos para a formação de chalconas, como por exemplo, os dois dupletos com mesma constante de acoplamento 3JHH, o que está de acordo com a literatura para essa classe de compostos. Com relação a atividade antioxidante de inibição do radical DPPH a CHAL02 se apresentou como um promissor agente antioxidante, sendo necessários estudos de outras metodologias de atividade antioxidante para comprovar seu potencial.

Agradecimentos

Ao Laboratório de Espectroscopia, Caracterização e Modelagem pela estrutura e discussões cientificas, a CAPES pelo fomento à pesquisa, ao C-LABMU, pelas análises e a UEPG por toda a estrutura.

Referências

CIUPA, A. et al. Simple pyrazoline and pyrazole “turn on” fluorescent sensors selective for Cd2+ and Zn2+ in MeCN. Organic & Biomolecular Chemistry, v. 10, n. 44, p. 8753, 2012.

HAMLAOUI, I. et al. Experimental and theoretical study on DPPH radical scavenging mechanism of some chalcone quinoline derivatives. Journal of Molecular Structure, v. 1156, p. 385–389, mar. 2018.

HERNÁNDEZ-RODRÍGUEZ, P.; BAQUERO, L. P.; LARROTA, H. R. Flavonoids. In: Bioactive Compounds. [s.l.] Elsevier, 2019. p. 265–288.

RADHAKRISHNAN, S. K. et al. Azachalcones: A new class of potent polyphenol oxidase inhibitors. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters, v. 25, n. 8, p. 1753–1756, abr. 2015.

ROZMER, Z.; PERJÉSI, P. Naturally occurring chalcones and their biological activities. Phytochemistry Reviews, v. 15, n. 1, p. 87–120, 12 fev. 2016.

SALEEM, F. et al. Synthesis of azachalcones, their α-amylase, α-glucosidase inhibitory activities, kinetics, and molecular docking studies. Bioorganic Chemistry, v. 106, n. May 2020, p. 104489, jan. 2021.

ZHUANG, C. et al. Chalcone: A Privileged Structure in Medicinal Chemistry. Chemical Reviews, v. 117, n. 12, p. 7762–7810, 28 jun. 2017.

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