Autores
Araújo, E.E.S. (IFRN/CA)  ; Medeiros, A.C.M. (IFRN/CA)  ; Melo, J.C.S. (IFRN/CA)  ; Maia, J. (IFRN/CA)  ; Lima, F.C.S. (IFPE)  ; Silva, S.C.P. (IFRN/CA)  ; Badaró, A.D.S. (IFRN/CA)
Resumo
A pesquisa teve por objetivo estudar a estabilidade do pH de diferentes blends de 
noni com umbu e noni com cajá, elaborados com e sem pasteurização, estocados 
durante 180 dias a -6ºC. Foram realizadas análises de pH de acordo com a 
metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008). Ao fim da estocagem, verificou-se que 
o pH de noni e umbu, com e sem pasteurização, tiveram uma variação de 2,55 (NU1*) 
a 3,19 (NU3*), considerados seguros do ponto de vista microbiológico. Do mesmo 
modo, os blends elaborados com o noni e cajá, com e sem pasteurização, variaram de 
2,65 (NC1*) a 3,20 (NU3). O processo de estocagem sob congelamento se mostrou 
bastante eficaz para a manutenção do pH nas formulações, apresentando-se como um 
processo eficaz no armazenamento dos blends.
Palavras chaves
Noni; Blends; pH
Introdução
Na indústria, a procura por sabores diversificados é grande. Isso tem levado as 
empresas a desenvolverem novos produtos para atender a essa demanda (BRANCO et 
al., 2007). A formulação de blends de polpas de frutas é um recurso que vem 
sendo bastante utilizado na indústria alimentícia, pois combina as propriedades 
físico-química e organolépticas entre duas ou mais frutas, melhorando os 
atributos nutricionais e sensoriais, promovendo um produto de maior aceitação 
pelos consumidores (ADEDOKUN et al., 2022).
Nesse sentido, segundo Correia et al. (2017), a elaboração de blends de frutas 
permite que novos produtos sejam criados com características diferentes de 
acordo com o perfil do consumidor que se deseja atingir. Além disso, os blends 
surgem como uma alternativa de minimizar os excedentes na época de safra e 
agregar valor aos frutos da região (GADELHA et al., 2019).
No tocante a polpa de noni, esta apresenta potencial de atividade anti-
inflamatória, antimicrobiana e antioxidante, que a faz funcionar como um 
eficiente suplemento alimentar, no entanto, possui um cheiro forte desagradável 
(LEE et al., 2020; ALMEIDA, OLIVEIRA e HOTZA, 2019). Desse modo, é importante 
estudar o comportamento da polpa de noni na elaboração de blends, a fim de 
promover um produto aceitável pelo consumidor. Para isso, uma opção para 
elaborar os blends com a polpa de noni seria utilizar polpas de frutas nativas 
da região norte e nordeste do Brasil, como a polpa de umbu e a de cajá, que são 
frutas endêmica da caatinga do nordeste brasileiro, identificado por serem 
frutos suculentos, de aroma forte e por possuir uma marcante acidez. 
Segundo Mattietto et al. (2007), o cajá (Spondias lutea L.) e o umbu (Spondias 
tuberosa Arr. Câmara) são dois frutos bastante conhecidos e apreciados no Norte 
e Nordeste brasileiro, com grande potencial para industrialização e, quando 
misturado em um único produto, colabora para a agregação de valor na 
agroindústria brasileira.
Assim como as polpas de frutas, os blends devem preservar as qualidades 
nutricionais, organolépticas e microbiológica, durante a sua vida de prateleira. 
Portanto, a aplicação do congelamento, que é um método de conservação mais 
utilizado para a polpa de fruta, surge como uma opção para estudar a 
estabilidade dos blends durante o seu armazenamento. 
Dentre os vários parâmetros que podem ser estudados para a avaliação da 
estabilidade de bebida durante o armazenamento, tem-se o pH, que se destaca pela 
capacidade de limitação dos tipos de microrganismos capazes de se desenvolver em 
um alimento, exercendo influência sobre o crescimento, a sobrevivência ou a 
destruição destes microrganismos (SILVA, 2000). Segundo Silva et al. (2005), 
valores de pH superiores a 4,5 podem favorecer o crescimento do Clostridium 
botulinum.
Nessa perspectiva, encontram-se vários trabalhos relatando a importância do 
estudo da estabilidade da polpa de fruta, dos néctas e dos blends através das 
suas propriedades físico-química, como por exemplo, o pH, como se observa nos 
trabalhos de Shamsudin, Zulkifli e Zaman (2020), os quais estudaram a mistura de 
abacaxi e manga; por Mattietto et al. (2007), ao estudarem o armazenamento do 
néctar misto de cajá e umbu e por Modesto Junior et al. (2016) no estudo sobre o 
armazenamento de polpa do fruto ginja (Eugênia uniflora L.).
Portanto, o objetivo desse trabalho foi estudar a estabilidade do pH de 
diferentes blends de noni com umbu (NU1, NU2, NU3, NU1*, NU2* e NU3*) e noni com 
cajá (NC1, NC2, NC3, NC1*, NC2* e NC3*) durante um período de 180 dias de 
estocagem.
Material e métodos
Para a realização da pesquisa, as frutas foram adquiridas no comércio local, na 
cidade de Caicó-RN. Em seguida, foram levadas ao laboratório de Química do 
Instituto Federal do Rio Grande do Norte – IFRN – Campus Caicó para serem 
higienizadas e processadas. Os frutos foram higienizados com a solução de 
hipoclorito de sódio a 50ppm, durante 15 minutos, e selecionados de acordo com 
sua integridade.
Após as polpas serem processadas, foram preparadas 3 formulações em duplicatas 
de blends de noni e umbu (NU1, NU2 e NU3) e noni com cajá (NC1, NC2 e NC3), nas 
seguinte proporções de polpa: NU1 - 10% de polpa de noni e 90% de polpa de umbu, 
NU2 - 30% de polpa de noni e 70% de polpa de umbu, NU3 - 50% de ambas as polpas, 
NC1 - 10% de polpa de noni e 90% de polpa de umbu, NC2 - 30% de polpa de noni e 
70% de polpa de umbu, NC3 - 50% de ambas as polpas.
Continuando o processo, as formulações dos blends de noni com umbu (NU1, NU2 e 
NU3) e noni com cajá (NC1, NC2 e NC3) sem pasteurização, foram separadas e 
submetidas à pasteurização lenta e denominadas (NU1*, NU2* e NU3*) e (NC1*, NC2* 
e NC3*), respectivamente. 
Na fase de pasteurização lenta, utilizou-se o binômio 80 °C, por 30 minutos (em 
banho maria). As amostras de blends foram acondicionadas em potes de 
poliestireno opacos, em porções de 250 g e armazenadas a –6 °C por 180 dias. A 
análise de pH foi realizada com o Peagâmetro, de acordo com a metodologia 
recomendada pelo Instituto Adolfo Lutz (2008). 
Vale salientar que todas as análises foram realizadas em triplicata e para o 
cálculo, utilizou-se a média dos valores obtidos, os quais foram avaliados com o 
auxílio do programa computacional Assistat, versão 7.7 Beta (SILVA & AZEVEDO, 
2009).
Resultado e discussão
Nas Tabelas 1 e 2, representadas a seguir, tem-se os valores médios de pH das 
diferentes formulações de dois tipos de blends (noni com umbu e noni com cajá), 
com e sem pasteurização, armazenados durante 180 dias. Nota-se que os valores de 
pH das formulações dos blends de noni e umbu, com e sem pasteurização, variaram 
de 2,55 (NU1*) a 3,19 (NU3*), inferior a 4,5, sendo considerados seguros do 
ponto de vista microbiológico, por ser classificado como um alimento muito 
ácido. Nessa faixa de valores de pH (pH < 4,5), o desenvolvimento microbiano e 
atividade enzimática dos alimentos são reduzidas (SILVA et al., 2020; GADELHA et 
al., 2019).
De acordo com os resultados, percebe-se que os valores médios do pH da 
formulação NU1 do blend de noni com umbu não pasteurizados tenderam a diminuir 
durante o armazenamento, enquanto que os valores de pH das formulações NU2 e NU3 
apresentaram tendência a aumentar ao longo do armazenamento. Após o final do 
armazenamento, comparando os valores iniciais e finais do pH, verificou-se que 
os percentuais de oscilações dos valores das formulações foram de 0,77% (NU1), 
9,06% (NU2) e 0,95%(NU3). Nesse sentido, Modesto Junior et al. (2016) ao 
estudarem o armazenamento de polpa do fruto ginja (Eugênia uniflora L.) durante 
um período de dois meses sob congelamento a -18 ºC, observaram que não houve um 
decréscimo significativo no pH.
No tocante aos valores de pH das formulações pasteurizadas, apenas a formulação 
NU3* (1,27%) apresentou tendência de aumento ao longo do armazenamento, enquanto 
que as formulações NU1* e NU2* não apresentaram diferença estatística. Machado 
et al. (2019) observaram que os valores de pH para a polpa de physalis não 
pasteurizada e pasteurizada variaram durante o armazenamento, porém ao se 
comparar o tempo zero e após 120 dias de armazenamento, os valores não diferiram 
estatisticamente.
Pelos resultados, observa-se na Tabela 2 que os valores de pH das formulações 
dos blends de noni com cajá, com e sem pasteurização, variaram de 2,65 (NC1*) a 
3,20 (NU3), os quais permaneceram inferiores a 4,5 durante todo armazenamento, 
indicado a estabilidade desse parâmetro. 
Percebe-se, ainda, que os valores médios das três formulações dos blends não 
pasteurizados não apresentaram alterações significativas até os 90 dias de 
armazenamentos. No entanto, ao completar os 180 dias de armazenamento, os 
valores de pH das formulações sem pasteurização diminuíram em 6,18% (NC 1), 
4,41% (NC 2) e 3,44% (NC 3) quando comparados aos valores iniciais.
Em relação aos valores médios de pH das formulações de blends pasteurizados, 
observam-se na Tabela 2 que os valores apresentaram pequenas oscilações ao longo 
do armazenamento, porém, ao comparar os valores iniciais com os valores obtidos 
após 180 dias, percebe-se que as formulações NC1*, NC2* e NC3*, variaram de 
2,26, 1,05 e 1,28%, respectivamente. 
Nesse contexto, Mattietto et al. (2007) ao estudarem o armazenamento do néctar 
misto de cajá e umbu, submetido à pasteurização térmica (90 °C/60 s), observaram 
que, durante os 90 dias de armazenamento, o pH variou de forma expressiva apenas 
nos 30 dias iniciais, depois ocorreu discreto aumento e permaneceu sem 
alterações significativas. Isso também foi observado por Ribeiro et al. (2017) 
quando desenvolveram estudos relacionados a estocagem do suco de umbu durante 90 
dias, perceberam que os valores de pH apresentaram um ligeiro aumento.
Conclusões
Diante dos dados obtidos, conclui-se que no estudo do armazenamento sob 
congelamento das formulações dos blends de noni com umbu e noni com cajá, 
ocorreram pequenas oscilações nos valores médios de pH, das amostras com e sem 
pasteurização. O uso dos frutos tropicais, em particular, o umbu e o cajá, na 
elaboração de blends com noni, permitiram obter um produto com valores de pH 
adequados capaz de garantir a segurança alimentar das formulações estudadas, além 
de ser uma alternativa viável para utilização de frutos perecíveis, agregando 
maior valor econômico ao produto. 
Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, 
Campus Caicó, pelo apoio financeiro concedido à pesquisa.  
Referências
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