Autores
Borges Lima, C.H. (UFPA)  ; Pantoja Gomes, C.D. (UFPA)  ; de Souza Martins, V.C. (UFPA)  ; Souza da Silva, B. (UFPA)  ; Sousa Santa Brígida, P. (UFPA)  ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA)  ; Tavares Teixeira, V.J. (UFPA)  ; Frota da Silva, B.S. (UFPA)  ; Carvalho de Souza, E. (UFRA)  ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
A utilização da pimenta como tempero tem 
origem desde o período das grandes 
navegações, sendo ainda muito utilizada. O 
presente trabalho teve como objetivo 
estudar parâmetros físico-químicos (pH, 
condutividade elétrica, sólido solúveis 
totais, turbidez, densidade, viscosidade e 
resíduo seco) de molhos de pimentas de 
três marcas comercializados em Belém-PA. O pH 
médio ficou entre 3,20 e 3,59, a CE 
permaneceu entre 3 e 6,59 mS/cm, o SST se 
manteve entre 9,03 e 10,30° Brix, a 
densidade se ficou entre 1,17 e 1,21 g/mL, a 
turbidez se mostrou acima do limite 
de detecção em todas as amostras. Apenas o pH 
foi concordante com a literatura. 
Mediante a aplicação de análises multivariadas 
(PCA e HCA), houve separação entre 
as amostras de acordo com a marca do produto.
Palavras chaves
Condimentos; Produtos de origem vegeta; Estatística multivariada
Introdução
A utilização de temperos na culinária vem 
desde o período das grandes navegações, 
onde estes eram utilizados para a conservação 
de alimentos, e atualmente, para 
intensificar o sabor de diversos pratos na 
gastronomia. Dentro disso, tem-se a 
pimenta vermelha (Capsicum ssp.), matéria-
prima para a extração de corantes, 
aromatizantes e bastante utilizada como 
produto alimentício, a exemplo se tem a 
grande produção de molhos industriais (PINTO 
et al., 2013). A pimenta é uma 
planta da família Solanaceae e é bastante 
cultivada na América Central e México, 
também sendo produzida no Brasil (LOPES et 
al., 2007). Ademais, a espécie é rica 
em vitamina C e uma significativa atividade 
antioxidante, tendo assim uma 
excelente utilização na manutenção da saúde 
humana (MAURER, 2021). Há uma 
escassez de trabalhos que caracterizem 
condimentos, e, em especial, molhos de 
pimenta. Diante disso, o presente trabalho 
buscou caracterizar em termos físico-
químicos os molhos de pimenta vermelha 
industrializados e comercializado em Belém 
do Pará, produzidos por três fábricas 
diferentes marcas, que foram denominadas de 
Q, M e T, buscando contribuir com a 
caracterização desse produto. Além disso 
técnicas estatísticas multivariadas (análise 
de componentes principais, ACP, e 
análise hierárquica de agrupamentos, AHA) 
foram aplicadas com a intenção de 
discriminação das amostras conforme sua 
origem.
Material e métodos
Foram compradas, em fevereiro de 2022, 15 
amostras de molho de pimenta vermelha 
industrializadas e comercializadas nos 
supermercados de Belém, sendo 5 de cada 
marca, aqui denominadas de Q, M e T. Elas 
foram levadas ao Laboratório de Física 
Aplicada à Farmácia (LAFFA) da faculdade de 
farmácia, UFPA, onde foram feitas as 
seguintes análises: pH, determinado usando um 
pHmetro (PHTEK) calibrado com 
solução tampão pH 4 e 7; condutividade 
elétrica (CE), com o uso do condutivímetro 
portátil (INSTRUTHERM, CD 880) calibrado com 
solução padrão de 146,9 μS/cm; 
sólidos solúveis totais (SST), determinado em 
refratômetro portátil (INSTRUTHERM, 
ART 90) com escala de 0 a 65º Brix, e seus 
resultados corrigidos para 20° C 
(AOAC, 1992); viscosidade, determinada pela 
cronometragem do tempo de escoamento 
do molho pelo orifício de um viscosímetro do 
tipo copo Ford 5, com o tempo (em s) 
convertido para viscosidade com o uso de 
equação fornecida pelo fabricante do 
aparelho; resíduo seco (RS), feito pesando as 
amostras e depois as colocando na 
estufa por 24 h para eliminar os compostos 
voláteis, em seguida pesadas novamente 
para obter o resultado (FARMACOPEIA 
BRASILEIRA, 2010); densidade, com o auxílio 
de um picnômetro (BRASIL, 2010); e turbidez 
utilizando um turbidímetro, sendo a 
turbidez expressa em unidades nefelométricas 
de turbidez (UNT), e sua utilização 
feita conforme as orientações do fabricante 
(DIGMED). Todas as determinações 
foram executadas em triplicata e os resultados 
tabulados e tratados via Excel 
2010. Aos dados obtidos dos 3 grupos amostrais 
(marcas), uma ANOVA foi aplicada 
para se checar a semelhança dos parâmetros em 
termos das 3 marcas e análises 
multivariadas (ACP e AHA) foram executadas via 
Minitab 17 para verificar possível 
discriminação das amostras conforme sua 
origem.
Resultado e discussão
Na tabela 1 estão os resultados obtidos. O pH médio das amostras foi de 3,20 
(marca Q), 3,59 (marca M) e 3,46 (marca T), que, exceto a marca Q, concordam com 
os resultados encontrados por Júnior et al. (2014), que encontraram uma variação 
de pH de 3,4 a 3,7 ao estudar molhos de pimenta artesanais. Valores de pH abaixo 
de 4,35 demonstra uma boa condição para suprimir agentes patogênicos (PEREIRA, 
2018). A CE apresentou os valores médios de 3,18 mS/cm (marca Q), 3,00 mS/cm 
(marca M) e 6,59 mS/cm (marca T), sendo valores abaixo de 89,14 mS/cm, valor 
encontrado por Ferreira et al. (2017). Os SST médio foi de 9,03 até 10,30° Brix, 
demonstrando que nenhum dos resultados revelam semelhança com os resultados 
obtidos por Júnior et al (2014), que obteve uma variação de 12 a 19,8° Brix. A 
turbidez de todas as amostras superou o limite de quantificação do aparelho 
utilizado. A densidade média de todas as marcas estudadas se manteve entre 
1,1766 
e 1,1870 g/mL, sendo superiores aos dados encontrados por Ferreira et al. 
(2017), 
que observaram uma média de 1,03 g/mL para suas amostras. A viscosidade das 
amostras Q e M (238,63 e 226,00 cSt) se mostrou semelhante, enquanto o valor da 
amostra T (156,35 cSt) demonstrou que ela é menos viscosa em comparação com as 
outras amostras. Ademais, todas as amostras revelaram uma viscosidade muito 
maior 
em relação com os valores obtidos por Pereira et al. (2018), que encontrou 
viscosidade média de 59,47 cSt. Não foram encontrados dados na literatura sobre 
o 
RS. A Figura 1 trás os gráficos correspondentes às análises multivariadas, onde 
se percebe a formação de 3 grupos formados por amostras de mesma marca, 
indicando 
ser possível uma discriminação das amostras de acordo com a marca.

Letras iguais sobre as médias indicam não haver diferença significativa entre as médias com 95 % de significância, conforme ANOVA e teste de Tukey.

Acima gráfico dos dois componentes principais (ACP) e abaixo dendrograma (AHA).
Conclusões
Os parâmetros estudados não se mostraram concordantes com a literatura, exceto 
pelo pH. Isso pode se dar pelo fato de que os molhos existentes na literatura 
diferente em suas formulações aos estudados nesse trabalho. As três marcas 
tiveram diferença significativa em seus parâmetros físico-químicos, indicando 
haver divergências em suas formulações. As aplicações de métodos multivariados 
(PCA e HCA) revelaram a possibilidade de discriminação do molho de pimenta 
vermelha de acordo com a marca, visto que houve a formação de três grupos 
distintos.
Agradecimentos
A Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal da Amazônia 
(UFRA).
Referências
Association of Official Analytical Chemistry. Official Methods of Analysis of AOAC International, 11 ed. Washington: AOAC, 1992.
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FARMACOPÉIA BRASILEIRA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, 5º ed., v. 1, 2010.
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LOPES, C. A. et al. Pimenta (Capsicum spp.). Embrapa, 2007. Disponivel em: https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Pimenta/Pimenta_capsicum_spp/botanica.html. Acesso em: 06 de jun. de 2022.
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PEREIRA A. B. J.; FERREIRA DE M. J. E.; DA COSTA B. I. C.; CARVALHO S. E.; DOS SANTOS S. A. estudo físico-químico de molho de pimenta de cheiro e malagueta com tucupi. In: 57º CONGRESSO Brasileiro de Química (CBQ), 2018.
PINTO, C. M. F.; DE OLIVEIRA, C. L. P.; DONZELES, S. M. L.. Pimenta Capsicum: propriedades químicas, nutricionais, farmacológicas e medicinais e seu potencial para o agronegócio. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável, 2013.








