Autores
Sousa Santa Brígida, P. (UFPA)  ; Borges Lima, C.H. (UFPA)  ; de Souza Martins, V.C. (UFPA)  ; Souza da Silva, B. (UFPA)  ; Pantoja Gomes, C.D. (UFPA)  ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA)  ; Brito Negrão, C.A. (UFPA)  ; Frota da Silva, B.S. (UFPA)  ; Carvalho de Souza, E. (UFRA)  ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
O cacau é conhecido por ser matéria prima do 
chocolate, além de ser bastante 
consumido de diversas maneiras, como em formas 
de polpa que serve para o preparo 
de sucos e doces diversos. Este trabalho 
estudou parâmetros físico-químicos da 
polpa de cacau in natura e industrializada. O 
pH teve médias de 7,23 e 3,45. A CE 
teve médias 0,32 e 2,47 mS/cm. As médias para 
o SST foram de 5,07 e 14,24° Brix. 
A umidade foi de 95,05 e 88,37 %. A Utilização 
de análises multivariadas (ACP e 
AHA) levou a uma completa separação das 
amostras ao criar dois grupos que não 
possuem semelhança entre si.
Palavras chaves
Amazônia; Frutas; Produto de origem vegetal
Introdução
O Cacau (Theobroma cacao) pertence à família 
Malvaceae e é originário da América 
Central e do Sul, sendo popularmente conhecido 
por seu sabor característico e, 
principalmente, por ser a matéria prima do 
chocolate (MEDEIROS, 2010). O fruto é 
alongado, sulcado e sustentado por um 
pedúnculo lenhoso em seu interior, onde há 
amêndoas em formato ovoide que são recobertas 
com uma polpa gelatinosa de 
coloração esbranquiçada de sabor ácido e 
adocicado (SANAR, 2018). As formas do 
consumo de sua polpa são como fruta fresca, 
sucos, geleias ou doces caseiros. A 
polpa do cacau apresenta propriedades 
antioxidantes e anti-inflamatórias, assim o 
fruto contribui na queda da prevalência e 
incidência de doenças cardiovasculares, 
isso em virtude dos altos níveis de compostos 
fenólicos (EFRAIM et al., 2011). 
Apesar de seu grande uso e importância 
nutricional, a polpa de cacau, in natura e 
industrializada, não dispõe de muitos 
trabalhos sobre sua caracterização físico-
química. O objetivo deste trabalho foi 
caracterizar polpas in natura, colhidas 
diretamente em árvores de cacau, em termos 
físico-químicos (pH, condutividade 
elétrica (CE), sólidos solúveis totais (SST), 
densidade e umidade), diferenciando 
da polpa de cacau industrializada, 
comercializadas em Belém do Pará, via emprego 
de técnicas estatísticas multivariadas 
(análise de componentes principais, ACP, e 
análise hierárquica de agrupamentos, AHA), de 
forma a contribuir com seu controle 
de qualidade.
Material e métodos
Foram adquiridas, em abril de 2022, cinco 
amostras de polpa de cacau 
industrializada (amostras B) e cinco cacaus in 
natura, maduros e colhidos 
diretamente das árvores, em dois pontos 
distintos de Belém do Pará, para extração 
de suas polpas (amostras A). Essas dez 
amostras foram levadas ao Laboratório de 
Física Aplicada à Farmácia (LAFFA), da 
faculdade de farmácia (UFPA), onde se 
deram as análises físico-químicas: pH 
determinado usando um pHmetro (PHTEK) 
calibrado com solução tampão pH 4 e 7; CE 
feita com o uso do condutivímetro 
portátil (INSTRUTHERM, CD 880) calibrado com 
solução padrão de condutividade 
146,9 μS/cm; umidade feita se pesando as 
amostras e depois as colocando na estufa 
por 24 h para eliminar os compostos voláteis, 
em seguida pesadas novamente 
(FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010); SST 
determinados em refratômetro portátil 
(INSTRUTHERM, modelo ART 90) com escala de 0 a 
65º Brix, e seus resultados 
corrigidos para 20° C (AOAC, 1992); e 
densidade obtida através do método 
picnométrico (BRASIL, 2010). Todas as 
determinações foram executadas em 
triplicata e os resultados tabulados e 
tratados com a ajuda do programa Excel 
2010, sendo os resultados expressos em termos 
de médias e desvios padrões. Testes 
t de Student foram conduzidos ao nível de 
significância de 95 % para se averiguar 
a semelhança entre os valores médios de cada 
variável de acordo com o tipo de 
amostra. Além disso, as técnicas multivariadas 
de ACP e AHA, tomando-se dados 
padronizados, distâncias euclidianas e 
ligações simples foram realizadas na 
discriminação das amostras de acordo com o seu 
tipo, in natura ou 
industrializada.
Resultado e discussão
A Tabela 1 expressa os resultados obtidos. As médias para o pH foram bastante 
divergentes, visto que em A foi de 7,23 e em B foi de 3,45, onde somente B está 
de acordo com o Padrão de Qualidade e Identidade (PIQ), que estipula um valor de 
3,4 para o pH (BRASIL, 2018). A CE resultados consideravelmente diferentes, onde 
para A média foi de 0,32 mS/cm e para B foi de 2,47 mS/cm, indicando que a polpa 
industrializada apresenta mais íons em sua composição. Os dois grupos de amostras 
tiveram resultados muito abaixo dos obtidos por Viana (2010), que, em seu estudo 
com polpa de cupuaçu, obteve médias de 63,8 e 85 mS/cm. A diferença nas médias 
permanece no SST, onde em A foi de 5,07° Brix e em B foi de 14,24° Brix, e tais 
resultados demonstram que mais uma vez que somente as amostras industrializadas 
obedecem aos valores mínimos exigidos pela PIQ, que é de 14° Brix (BRASIL, 2018). 
Talvez o estado de maturação das polpas in natura justifiquem as diferenças 
encontradas em ralação às industrializadas. A densidade média foi 
significativamente igual para A e B. Os resultados encontrados se assemelham com 
os obtidos por Nunes et al. (2021), que, ao estudar a polpa de pitaya, obteve 
como média para esse parâmetro um valor de 1,0 g/mL. A umidade apresentou uma 
média de 95,05 %, para A, e 88,37 %, para B, estando as médias dos grupos de 
polpas acima do encontrado por Pugliese (2010), para a polpa de cacau. A 
aplicação dos testes de ACP e AHA demonstrou uma clara discriminação entre os 
dois tipos polpas, sendo que o dendrograma (Figura 1) não apresentou nenhum grau 
de similaridade entre elas, e no gráfico da ACP (Figura 1) são formados dois 
agrupamentos distintos, indicando a discriminação das polpas estudadas entre in 
natura e industrializadas.

Letras iguais sobre as médias indicam não haver diferença significativa entre as médias com 95 % de significância, conforme teste t de Student.

Gráfico dos dois componentes principais via técnica ACP e dendrograma gerado via técnica AHA.
Conclusões
Os parâmetros pH e SST demonstraram que somente as amostras de polpas 
industrializadas obedecem aos valores mínimos exigidos pela PIQ. Além disso a 
condutividade elétrica também se mostrou bem diferentes entre os dois conjuntos 
amostrais, sendo que tais diferenças podem estar relacionadas com o estado de 
maturação da polpa in natura coletada. Os dois tipos de polpas foram totalmente 
discriminados, apresentando nenhum grau de similaridade, indicando que as polpas 
de cacau in natura são bem distintas das industrializadas, em termos físico-
químicos.
Agradecimentos
A Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal Rural da Amazônia 
(UFRA).
Referências
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