Autores
de Souza Martins, V.C. (UFPA)  ; Souza da Silva, B. (UFPA)  ; Sousa Santa Brígida, P. (UFPA)  ; Borges Lima, C.H. (UFPA)  ; Pantoja Gomes, C.D. (UFPA)  ; da Silva Carneiro, A. (UFPA)  ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA)  ; de Melo e Silva, T. (UFPA)  ; Carvalho de Souza, E. (UFRA)  ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
O café é uma das matérias primas com maior 
importância no comércio internacional. 
Este trabalho estudou as propriedades físico-
químicas (pH, CE, SST, densidade do 
café, densidade do pó, viscosidade, RS do 
café, umidade do pó, e TB) de 3 marcas 
de café em pó produzidas em Belém do Pará. A 
média do pH foi entre 5,55 e 6,22, a 
CE teve médias entre 2,36 e 2,59 mS/cm, o SST 
alcançou médias entre 1,84 e 2,22° 
Brix, o TB teve médias entre 66,93 e 73,28 %. 
Apenas o TB foi concordante com a 
literatura. A aplicação de análises 
multivariadas (ACP e AHA) não levou a 
formação de 3 grupos de amostras de marcas 
distintas, indicando não se poder 
discriminar as amostras de pó de café via 
emprego de tais técnicas e das 
variáveis estudadas. 
Palavras chaves
Bebida não alcoólica; Quimiometria; Controle de qualidade
Introdução
O café (Coffea arabica L.) é uma das matérias-
primas com maior importância no 
comércio internacional. É igualmente uma das 
bebidas mais apreciadas em todo 
mundo, não só pelas suas características 
organolépticas, mas também pelo seu 
efeito estimulante. (ALVES; CASAL; OLIVEIRA, 
2009). Ademais, ele é excelente à 
manutenção da saúde humana, visto que possui 
compostos fenólicos, os quais, além 
de serem relatados como contribuintes do sabor 
e aroma característicos das 
bebidas de café são conhecidos em razão das 
propriedades fisiológicas e 
farmacológicas, como a atividade antioxidante 
(ABRAHÃO et al., 2010). Apesar de 
ser uma bebida muito consumida ao redor do 
mundo, o café ainda tem escassez de 
trabalhos que analisem suas propriedades 
químicas, especialmente as físico-
químicas. O presente trabalho buscou 
caracterizar, em termos físico-químicos, 
através da determinação de pH, condutividade 
elétrica (CE), sólidos solúveis 
totais (SST), teor de borra (TB), densidade, 
viscosidade, e resíduo seco (RS) do 
café preparado conforme o sugerido no rótulo 
do produto, além de umidade e 
densidade do pó de café. Também aplicou as 
técnicas de análise de componentes 
principais (ACP) e análise hierárquica de 
agrupamentos (AHA) para verificar a 
discriminação das amostras conforme a fábrica 
produtora.
Material e métodos
Foram compradas, em março de 2022, 5 amostras 
de 3 marcas de cafés 
comercializados em Belém, totalizando 15 
amostras, sendo as marcas denominadas de 
P, S e L. Elas foram levadas ao Laboratório de 
Física Aplicada à Farmácia (LAFFA) 
da faculdade de farmácia (UFPA), onde se 
analisaram: pH, obtido usando um pHmetro 
(PHTEK) calibrado com solução tampão pH 4 e 7; 
CE, feita com o uso do 
condutivímetro portátil (INSTRUTHERM, CD 880) 
calibrado com solução padrão de 
condutividade 146,9 μS/cm; SST, determinado em 
refratômetro portátil 
(INSTRUTHERM, modelo ART 90) com escala de 0 a 
65º Brix, e correção para 20°C 
(AOAC, 1992); viscosidade, obtida pela 
cronometragem do tempo de escoamento do 
café pelo orifício de um viscosímetro do tipo 
copo Ford 5, com conversão do tempo 
(s) para viscosidade através da equação dada 
pelo fabricante do aparelho; RS, 
feito pesando as amostras e depois as 
colocando na estufa por 24 h para eliminar 
os compostos voláteis (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 
2010); umidade, feita pesando as 
amostras do pó e depois as colocando na estufa 
por 24 h para eliminar os 
compostos voláteis (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 
2010); teor de borra, feito com 
auxílio de uma estufa, filtros de papel e 
balança analítica, assim foi 
determinado pesando-se a borra que ficou no 
filtro depois de ter ficado 24 horas 
na estufa e desconsiderando a massa do filtro; 
densidade (café) pelo método 
picnométrico e densidade (pó de café) com o 
auxílio de uma proveta (BRASIL, 
2010). Todas as análises foram feitas em 
triplicata e os resultados expressos em 
médias e desvios padrões. ANOVA e teste de 
Tukey foram empregados para verificar 
semelhanças das variáveis entre marcas e as 
técnicas ACP e AHA foram utilizadas 
para verificar discriminação das amostras 
conforme a fábrica produtora do café.
Resultado e discussão
Os resultados estão expostos na Tabela 1. O pH médio das amostras P, S e L foi de 
respectivamente, 5,91, 5,51 e 6,22, acima do encontrado por Pina et al. (2016) 
que obteve médias entre 4,9 e 5,1. A CE média obtida no presente trabalho se 
mostra bastante abaixo dos valores obtidos por Ferreira et al. (2010), sendo 
estes entre 171,80 e 180,38 mS/cm. O SST encontrado se mostrou inferior ao 
encontrado por Fernandes et al. (2001), que obteve média de 25,94° Brix. Em 
relação à densidade do pó do café, os resultados obtidos neste trabalho foram 
semelhantes aos encontrados por Moura et al. (2007), que encontraram 0,3607 e 
0,3789 g/mL. Para o TB os resultados foram semelhantes aos observados por Pina et 
al. (2016), visto que suas médias encontradas foram 66,95 a 69,05 %. Não foram 
encontrados dados na literatura para os parâmetros viscosidade, densidade do 
café, porém seus resultados foram entre 31,92 a 32,28 cSt, e 1,1162 e 1,1188 
g/mL, respectivamente. Não foram observados valores na literatura para RS e 
umidade do pó, mas seus resultados foram entre 1,71 e 1,95 % e 5,22 e 6,86 %, 
respectivamente. Mediante a aplicação das técnicas de ACP e AHA foram gerados o 
gráfico dos dois componentes principais e o dendrograma, presentes na Figura 1. 
Através desses resultados se percebe que apenas as amostras da marca L se 
discriminaram das demais, sendo assim, as técnicas empregadas e as variáveis 
estudadas não são suficientes para discriminar as amostras das marcas S e P.

Letras iguais sobre as médias indicam não haver diferença significativa entre as médias com 95 % de significância, conforme ANOVA e teste de Tukey.

Acima, gráfico dos dois primeiros componentes principais (ACP) e abaixo dendrograma,com ligações simples e distâncias euclidianas.
Conclusões
O café em pó seria um meio ácido, pois seu pH é inferior a 7, com baixa 
quantidade de partículas sólidas dissolvidas (SST < 2o Brix) e um pó de baixa 
densidade. Alguns dos parâmetros físico-químicos estudados não foram descritos em 
estudos anteriores, levando a uma contribuição para a literatura da área. Apenas 
as amostras da marca L apresentou uma separação das demais, via as técnicas 
empregadas, indicando a necessidade de investigação de outras variáveis para que 
seja possível discriminar todas as amostras de café, de acordo com sua marca
Agradecimentos
As universidades UFPA e UFRA.
Referências
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