• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

SUCO INDUSTRIALIZADO DE MARACUJÁ: UM ESTUDO FÍSICO-QUÍMICO E QUIMIOMÉTRICO

Autores

de Souza Martins, V.C. (UFPA) ; Souza da Silva, B. (UFPA) ; Sousa Santa Brígida, P. (UFPA) ; Borges Lima, C.H. (UFPA) ; Pantoja Gomes, C.D. (UFPA) ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA) ; Frota da Silva, B.S. (UFPA) ; Brito Negrão, C.A. (UFPA) ; Carvalho de Souza, E. (UFRA) ; dos Santos Silva, A. (UFPA)

Resumo

As frutas são amplamente utilizadas no mercado industrial. Desta forma, este trabalho estudou e comparou parâmetros físico-químicos de sucos industrializados de maracujá, de 2 marcas (M e N), visando sua caracterização para obtenção do controle de qualidade do produto. Este trabalho estudou parâmetros físico- químicos de sucos industrializados de maracujá, de 2 marcas (M e N). Para o pH, as médias foram 2,66 e 2,95. Para a CE, as médias se mantiveram em 1,60 e 1,21 mS/cm. O SST teve médias de 6,30 e 6,69° Brix. O pH e a densidade foram semelhantes aos dados de literaturas. A aplicação de análises multivariadas (ACP e AHA) revelou a possibilidade de discriminação conforme a marca da amostra, ratificando a afirmação de variação nos padrões de caracterização de acordo com a marca do produto.

Palavras chaves

bebidas não alcoólicas; Controle de qualidade; química aplicada

Introdução

A utilização de frutas no mercado industrial é base de muitas economias no mundo, que são utilizadas para a produção de inúmeros produtos: iogurtes, refrigerantes e sucos industrializados. Esse último produto se destaca por conta do seu grande consumo, por ser prático e de baixo valor comercial. Esses sucos, conhecidos como “sucos de caixa”, são produzidos por inúmeras empresas, podendo, assim, apresentar diferenças em sua composição, sabor e inevitavelmente a qualidade. Além, da grande variedade de marcas disponíveis no mercado têm-se também diversos sabores, dentre eles o suco de maracujá (Passiflora edulis Sims). Essa fruta é pertencente à família Passifloraceae, a qual é predominante em áreas tropicais do mundo, como o Brasil, a Colômbia e o Equador (FALEIRO et al., 2016). Ademais, ela também tem grande importância para a saúde humana, sendo um alimento funcional por apresentar em sua composição substâncias fenólicas, ácidos graxos e fibras (ZERAIK et al., 2010). Assim, devido ao alto consumo de “sucos em caixa” e da quase ausência de estudos de caracterização, principalmente de produtos produzidos na região norte, o presente trabalho buscou caracterizar e comparar (com parâmetros de qualidade presentes na literatura), em termos físico-químicos (pH, condutividade elétrica (CE), viscosidade, teor de sólidos solúveis totais (SST), resíduo seco (RS), turbidez e densidade), o suco de maracujá industrializado por 2 diferentes empresas e comercializado em Belém do Pará, com o intuito de constatar a qualidade, segurança e características do produto, além de aplicar técnicas multivariadas (análise de componentes principais (ACP) e análise hierárquica de agrupamentos (AHA)) na discriminação das amostras de acordo com sua origem, permitindo distinguir as amostras.

Material e métodos

Foram compradas, em fevereiro de 2022, dez amostras de suco de maracujá industrializado, de duas marcas diferentes. Depois, foram levadas para o laboratório de Física Aplicada à Farmácia (LAFFA), da faculdade de farmácia (UFPA), onde foram feitas as seguintes análises: pH, determinado usando um pHmetro (PHTEK) calibrado com solução tampão pH 4 e 7; CE, feita com o uso do condutivímetro portátil (INSTRUTHERM, CD 880) calibrado com solução padrão de condutividade 146,9 μS/cm; SST, determinado em refratômetro portátil (INSTRUTHERM, modelo ART 90) com escala de 0 a 65º Brix, e seus resultados corrigidos para 20°C (AOAC, 1992); viscosidade, que foi determinada pela cronometragem do tempo de escoamento do suco pelo orifício de um viscosímetro do tipo copo Ford 5, com o tempo (em s) convertido para viscosidade com o emprego de equação fornecida pelo fabricante do aparelho; turbidez, utilizando um turbidímetro, sendo a turbidez expressa em unidades nefelométricas de turbidez (UNT), e sua utilização feita conforme as orientações do fabricante (DIGMED); RS, feito se pesando as amostras e depois as colocando na estufa por 24 h para eliminar os compostos voláteis, em seguida pesadas novamente (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010); densidade, através do método picnométrico (BRASIL, 2010). Todas as determinações foram executadas em triplicata e os resultados tabulados e tratados com a ajuda do programa Excel 2010, sendo expressos em termos de médias de desvios padrões. Aos dados obtidos dos dois grupos amostrais, um teste t de Student foi aplicado para se checar a semelhança dos parâmetros em termos dos dois grupos amostrais, e análises multivariadas (ACP e AHA) foram executadas via Minitab 17 para verificar possível discriminação das amostras conforme sua origem.

Resultado e discussão

Os resultados encontrados estão na Tabela 1. O pH das amostras se mostrou abaixo do encontrado por Cardoso et al. (2014), que, ao estudar sucos industrializados de maracujá, obtiveram média de 3,86. Um pH mais baixo confere ao produto maior estabilidade frente aos microrganismos, assim sendo, o produto paraense apresenta maior estabilidade. Em relação a CE, os resultados obtidos foram maiores do que os observados por Correa et al. (2019), onde suas médias foram de 0,97 mS/cm. Em relação ao SST, os resultados se mostraram inferiores aos exigidos pela legislação brasileira, que demanda por mínimo de 11° Brix para sucos de maracujá (Brasil, 2000). A densidade foi aproximada quando em comparação com o a densidade encontrada por Pereira et al. (2015), que foi de 2,47 g/mL. A viscosidade é maior se comparada a encontrada por Correa et al. (2019), que verificou média de 13,84 cSt. Não foram encontrados dados na literatura para os parâmetros turbidez e RS, mas as médias obtidas foram de 693,33 e 1168 NTU, e 4,70 e 6 %, respectivamente. A densidade e a viscosidade se mostram semelhantes para os dois grupos amostras, indicando que o processo de industrialização do suco não influencia significativamente nesses parâmetros. A aplicação das análises multivariadas (ACP e AHA) gerou os gráficos da Figura 1. No gráfico das 2 componentes principais se formaram 2 conjuntos de amostras distintos (M e N), o que ocorreu também no dendrograma, indicando que os sucos in natura e industrializado podem ser discriminados através dessas técnicas. Desta forma, as formulações dos 2 sucos não pode ser considerada igual e as técnicas aplicadas podem ser empregadas na distinção do suco oriundo dessas duas fábricas.

Figura 1. Gráficos de ACP e dendrograma (AHA)

Acima se encontra o gráfico dos dois componentes principais (ACP) e abaixo se encontra o dendrograma (AHA).

Tabela 1. Resultados obtidos para as variáveis físico-químicas

Letras iguais sobre médias indicam haver semelhança significativa conforme teste t de Student com 95% de significância.

Conclusões

A turbidez e o RS não foram descritos em estudos anteriores, o que contribui para a caracterização do produto. O pH se mostrou inferior ao presente na literatura, mas isso atribui ao produto paraense uma maior estabilidade frente a ação de microrganismos, não afetando sua qualidade. As técnicas multivariadas revelaram uma discriminação entre as amostras, de acordo com a marca, indicando uma variabilidade de formulação do produto e também que se podem usar essas técnicas para identificar a origem dos produtos (marcas), contribuindo para seu controle de qualidade, via identificação do produto.

Agradecimentos

As universidades UFPA e UFRA.

Referências

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