Autores
Souza da Silva, B. (UFPA)  ; Sousa Santa Brígida, P. (UFPA)  ; Borges Lima, C.H. (UFPA)  ; de Souza Martins, V.C. (UFPA)  ; Pantoja Gomes, C.D. (UFPA)  ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA)  ; Tavares Teixeira, V.J. (UFPA)  ; de Melo e Silva, T. (UFPA)  ; Carvalho de Souza, E. (UFRA)  ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
O consumo de frutas vem se destacando na busca por uma dieta mais balanceada. 
Este trabalho buscou caracterizar, em termos físico-químicos (pH, CE, SST, 
turbidez, densidade, viscosidade e RS), o suco de cacau in natura provenientes de 
duas localidades. As médias para o pH foram de 4,16 e 4,06, para a CE foram de 
1,13 e 1,24 mS/cm, o SST teve médias de 2,61 e 4,77° Brix e a turbidez teve 
médias de 237,23 e 355,97 NTU. Ao aplicar as análises multivariadas (ACA e 
AHA),foi possível perceber discriminação das amostras de acordo com sua origem.
Palavras chaves
Amazônia; bebidas não alcoólicas; Controle de qualidade
Introdução
Atualmente, tornou-se cada vez mais frequente a busca por hábitos mais saudáveis 
para impulsionar a qualidade de vida, e dentre os esses principais hábitos está a 
busca por alimentos naturais e mais nutritivos, assim, o consumo de frutas e 
sucos vem ganhando destaque (PINHEIRO et al., 2006). Dentre as frutas consumidas 
com esse perfil têm-se o cacau, o qual é uma fruta amplamente consumida devido 
aos seus benefícios a saúde como propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, 
além de possuir alto valor energético. A junção desses fatores confere a esta 
fruta benefícios como prevenção de doenças cardiovasculares, infecções agudas, 
diminuição do colesterol e entre outras (RIBEIRO, 2001). Apesar dos diversos 
benefícios e das diversas formas de consumo, há poucos estudos realizados na 
comunidade científica com relação aos parâmetros físico-químicos de suco de 
cacau, sendo esses essenciais para indicar o controle de qualidade. Por essa 
razão, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o suco in natura de cacau 
através de testes físico-químicos (pH, condutividade elétrica (CE), viscosidade, 
resíduo seco (RS), densidade, turbidez, sólidos solúveis totais (SST)), além de 
aplicar duas técnicas estatísticas multivariadas (análise de componentes 
principais, ACP; análise hierárquica de agrupamentos, AHA) com a intenção de 
verificar a possível distinção das amostras de acordo com sua origem.
Material e métodos
Foram adquiridas, em março de 2022, 10 
amostras de cacau, de 2 locais diferentes 
em Belém-PA, aqui denominadas de A e B. Após 
sua aquisição, as amostras foram 
levadas para o Laboratório de Física Aplicada 
à Farmácia (LAFFA), da faculdade de 
farmácia (UFPA), onde houve o despolpamento da 
fruta e a fabricação do suco 
(feito com 10 g de polpa e diluição com 200 mL 
de água destilada, sem adição de 
corantes e açucares). Foram analisados: pH, 
obtido usando um pHmetro (PHTEK) 
calibrado com solução tampão pH 4 e 7; CE, 
feita com o uso do condutivímetro 
portátil (INSTRUTHERM, CD 880) calibrado com 
solução padrão de condutividade 
146,9 μS/cm; SST, determinado em refratômetro 
portátil (INSTRUTHERM, ART 90) com 
escala de 0 a 65º Brix, e seus resultados 
corrigidos para 20° C (AOAC, 1992); 
viscosidade, determinada pela cronometragem do 
tempo de escoamento do suco pelo 
orifício de um viscosímetro do tipo copo Ford 
5, com o tempo (em segundos) 
convertido para viscosidade com o emprego de 
equação fornecida pelo fabricante do 
aparelho; turbidez, utilizando um turbidímetro 
(DIGMED), sendo a turbidez 
expressa em unidades nefelométricas de 
turbidez (UNT); densidade, com o auxílio 
de um picnômetro (BRASIL, 2010); e RS, feito 
se pesando as amostras e depois as 
colocando na estufa por 24 h para eliminar os 
compostos voláteis (FARMACOPEIA 
BRASILEIRA, 2010). Todas as determinações 
foram executadas em triplicata e os 
resultados tabulados e tratados com a ajuda do 
programa Excel 2010, sendo 
expressos em termos de médias e desvios 
padrões. Teste t de Student foi executado 
para se verificar as semelhanças entre as 
médias dos 2 grupos de amostras e 
testes de ACP e AHA foram conduzidos para a 
discriminação das amostras conforme 
sua origem, tendo sido empregado o MINITA 17 
para essa finalidade.
Resultado e discussão
A Tabela 1 exibe os resultados encontrados. O pH apresentado se mostra acima do 
Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ), visto que, o pH obtido foi de 4,16 para A 
e 4,06 para B, já o apresentado pelo PIQ do suco de cacau, é de 3,4 (BRASIL, 
2018). A CE dos sucos apresenta média entre 1,13 mS/cm (A) e 1,24 mS/cm (B), um 
pouco abaixo do encontrado por Santos et al. (2015). As médias dos SST 
encontrados foram de 2,61° Brix (A) e 4,77° Brix (B), resultados inferiores ao da 
PIQ que pede por um valor mínimo de 14° Brix, mostrando uma diferença notável em 
relação às amostras. A turbidez observada nas amostras apresentou grande 
diferença entre os dois locais, onde, em A, a média de turbidez foi de 237,23 NTU 
e em B foi de 355,93 NTU. As médias de densidade obtidas foram 0,97 g/mL (A) e 
0,98 g/mL (B), resultados próximos aos encontrados por Correa et al. (2016). As 
médias de viscosidade apresentaram diferença significativa entre as localidades, 
onde em A o valor foi de 31,02 cSt e em B foi de 76,17 cSt, o ultimo apresenta 
resultado mais próximo com o encontrado por Borges et al. (2018), que foi de 
59,47 cSt. Não foram encontrados valores na literatura para o parâmetro RS. A 
aplicação de ACP (Figura 1) gerou dois grupos formados cada um por amostras de 
mesma localidade e o dendrograma obtido através da AHA (Figura 1) demonstrou não 
haver semelhança entre as amostras de A e B (similaridade zero), sendo possível 
descriminar as amostras de acordo com sua origem. 

Letras iguais sobre as médias indicam não haver diferença significativa entre as médias com 95 % de significância, conforme teste t de Student.

Acima se encontra o gráfico dos dois componentes principais obtidos pela aplicação de ACP e abaixo se encontra o dendrograma da técnica AHA.
Conclusões
Dos parâmetros estudados, apenas a densidade e a viscosidade obtiveram resultados 
próximos à literatura. O parâmetro resíduo seco não foi descrito em estudos 
anteriores, levando à uma contribuição para a literatura. A aplicação das 
técnicas estatísticas de ACP e AHA levaram a formação de dois agrupamentos 
distintos, o que pode ser empregado na discriminação das amostras desse produto, 
conforme a sua origem.
Agradecimentos
A UFPA e a UFRA.
Referências
Association of Official Analytical Chemistry. Official Methods of Analysis of AOAC International, 11 ed. Washington: AOAC, 1992.
BORGES, J. P. A.; MORAES, J. E. F.; BARBOSA, I. C. C.; SOUZA, E. C.; SILVA, A. S. ESTUDO FÍSICO-QÚIMICO DE MOLHO DE PIMENTA DE CHEIRO E MALAGUETA COM TUCUPI. In: 58° Congresso Brasileiro de Química, 2018.
BRASIL, portaria N° 37, Regulamento Técnico para Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para Suco de Cacau. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento/Secretaria de Defesa Agropecuária. Brasília, DF, n.194 p. 23, 2018.
BRASIL. Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. São Paulo, V. 2, 2010.
CORREA, L. P.; LIMA, J. P. R.; MOURA, J. J. M. N.; ROSÁRIO, A. A. P.; NEVES, E. R. S.; NEGRÃO, C. A. B.; MORAES, J. E. F.; MULLER, R. C. S.; SOUZA, E. C.; SILVA, A. S. ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE SUCO INDUSTRIALIZADO DE TAPEREBÁ. In: 59° Congresso Brasileiro de Química, 2019.
FARMACOPÉIA BRASILEIRA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, 5º ed., v. 1, 2010.
MAIA, G. A. Avaliação Quimíca, físico-quimíca e microbiológica de suco de frutas integrais: abacaxi, caju e maracujá. Ciência e Tecnologia de Alimentos. v. 26. n. 1. p. 98-103. 2006.
PINHEIRO, A. M.; FERNANDDES, A. G.; FAI, A. E. C.; PRADO, G. M.; SOUSA, P. H. M; RIBEIRO, T. A. et al. Desenvolvimento e caracterização físico-química de polpa de fruta mista com diferentes concentrações de cacau e Açaí Development and physicochemical characterization of mixed fruit pulp with different concentrations of cocoa and Açaí. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 8, p. 80716-80728, 2021.
SANTOS, J. C. R.; SILVA, K. P.; SOUZA, C. M.; SANTOS, I. T.; BARBOSA, I. C. C.; SOUZA, E. C.; SILVA, A. S. ESTUDO FÍSICO-QUÍMICO E QUIMIOMÉTRICO DE NÉCTAR DE LARANJA. In: 56º Congresso Brasileiro de Química, 2016.








