Autores
da Silva Picanço dos Santos, R.C. (UFPA)  ; Souza de Lima, V. (UFPA)  ; dos Santos Lucena, S.M. (UFPA)  ; Frank e Silva, H. (UFPA)  ; Costa da Silva, S. (UFPA)  ; dos Reis Lima, J.P. (UFPA)  ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA)  ; Magno Rocha, R. (LACEN-PA)  ; Carvalho de Souza, E. (UFRA)  ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
O guaraná é uma bebida de origem amazônica muito apreciada no Brasil, 
especialmente na região norte. Este trabalho buscou realizar uma caracterização 
físico-química de 3 marcas de refrigerantes de guaraná produzidos em Belém do 
Pará e aplicar análises multivariadas para tentar distinguir as amostras conforme 
sua marca. Os resultados das análises físico-químicas, em sua maioria, estiverem 
de acordo com trabalhos precedentes e legislação, e houve uma perfeita separação 
das amostras em 3 agrupamentos distintos, indicando ser possível aplicar as 
técnicas empregadas na distinção das amostras e que suas formulações diferem 
entre si.
Palavras chaves
Amazônia; bebidas não alcoólicas; quimiometria
Introdução
O guaraná (Paullinia cupana) é um fruto típico da Amazônia que tem a sua história 
contada por meio de uma lenda, na qual um casal de índios pediu ao deus Tupã um 
filho e o mesmo foi concebido, todavia, um espírito invejoso o matou e o deus 
mandou que plantasse os olhos da criança, que ao florescer deu origem ao uma 
árvore com um fruto em formato de olho, está dava muita energia ao quem o 
consumisse (EMBRAPA, 1982). Dessa forma, a lenda retrata o surgimento de uma 
fruta rica em energia, que serve para fazer sucos e medicamentos com propriedades 
adstringentes e antioxidantes, que se devem à presença de taninos e catequinas 
(RIBEIRO, 2012). Assim, impulsionado pela crença popular, o guaraná popularizou-
se e passou a ser comercializado nas mais diferentes formas. O presente trabalho 
objetivou realizar uma caracterização físico-química (pH, condutividade elétrica 
(CE), densidade, sólidos solúveis totais, viscosidade, turbidez, acidez e 
umidade) de amostra de refrigerantes de sabor de guaraná para realizar um estudo 
sobre as características e qualidade do produto, além de aplicar técnicas 
multivariadas (análise de componentes principais (ACP), análise hierárquica de 
agrupamentos (AHA)) para possivelmente discriminar as amostras de acordo com sua 
origem.
Material e métodos
Foram adquiridas, em uma rede de supermercados de Belém do Pará, 30 amostras de 
refringente de guaraná, de 3 marcas distintas. As amostras foram escolhidas se 
obedecendo o critério de regionalidade, onde todos os refrigerantes foram 
produzidos em indústrias paraenses. As amostras foram levadas até o Laboratório 
de Física Aplicada à Farmácia da Faculdade de Farmácia da UFPA, onde foram 
armazenados e iniciou-se o processo de estudo. As testagens de CE se deram com o 
emprego de um condutivímetro portátil (Instrutherm, CD 880); a leitura de pH se 
deu por meio de um pHmetro previamente calibrado com solução tampão 4 e 7 
(FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). A testagem de densidade se deu pelo método do 
picnômetro. O ensaio de acidez titulável ocorreu pela titulação da solução de 
NaOH 0,1 mol L-1, tendo a fenolftaleína como indicador (ADOLFO LUTZ, 2008). O 
ensaio de SST foi realizado em um refratômetro portátil (Instrutherm, modelo ART 
90) com escala de 0 a 65º Brix. O teste de viscosidade se realizou através do 
viscosímetro tipo copo Ford 3, sendo o tempo de escoamento convertido para 
viscosidade pela equação do aparelho. O teor de umidade foi determinado pesando a 
massa da amostra em cadinho de porcelana previamente aferido, sendo levado à 
estufa a 105ºC, até secura completa (BRASIL, 2005). O ensaio de turbidez foi 
realizado utilizando um turbidímetro portátil Instrutherm, modelo TD-300. Os 
testes foram realizados em triplicata e os resultados foram tabulados em 
Microsoft Excel®. Aplicaram-se as técnicas de ACP e AHA se considerando dados 
padronizados, distâncias euclidianas e ligações simples, o que foi realizado via 
software Minitab®.
Resultado e discussão
A tabela 1 apresenta os dados obtidos. a CE de uma solução indica a concentração 
de íons presentes na mesma, assim, as marcas A, B e C apresentaram 0,82, 0,65 e 
0,50 mS/cm, respectivamente, usando o método de Tukey, as três marcas apresentam 
divergência, sendo a A que possuir mais íons dispersos no líquido. O pH médio 
registrado para A foi de 2,81, para B 3,30 e C 3,45, dados esses que corroboram 
com o estudo de Souto (2011). As densidades obtidas para as 3 marcas se 
diferenciam das encontradas por Souto (2011), o que pode ser explicado por ter 
sido usado refrigerante zero. Nunes (2014) apontou uma média 3,14 % (m/v) para 
acidez total, resultado esse que se contrapõem com o achado, diferença essa que 
pode ter sido ocasionada pela diferente metodologia utilizada. Da Cunha (2011) 
apontou um STT de 6,5º Brix, para refrigerante Coca-cola, valor esse que se 
aproxima da marca B e se distancia da marca A e C, o que pode se dever a 
quantidade de açúcar em cada amostra. Bertulani (1999) apontou que a viscosidade 
é basicamente uma medida de quanto um material gruda, dessa forma, as três marcas 
apresentam um padrão de viscosidade bem parecido. Araújo (2006) apontou em seu 
estudo com umidade guaraná, um resultado que ficou em média de 90 %, resultado 
que bate com o achado. A turbidez está relacionada à presença de alguns sólidos 
suspensos na água ou qualquer outro líquido, assim, o Ministério da Saúde 
preconiza o valor máximo de 5 uT para o consumo humano, ao analisar os achados, 
apenas a marca B encontra-se acima do valor preconizado. Através das técnicas de 
ACP e AHA (Figura 1) se podem separar as amostras conforme sua marca, sendo 
assim, pode-se dizer que as formulações delas são distintas e que as técnicas 
empregadas podem discriminar os refrigerantes de acordo com sua origem.


Acima gráfico dos dois primeiros componentes principais via técnica de ACP e abaixo dendrograma obtido pela técnica de AHA.
Conclusões
Após os devidos testes e as análises realizadas à literatura, foi possível 
verificar com o teste de Tukey, que as marcas apresentam disparidade entre si. No 
mais, as marcas apresentaram um resultado plausível quando comparadas com a 
literatura e legislações vigentes, todavia, a amostra B apresentou-se uma 
inconformidade quando se analisou a turbidez, dessa forma, é preferível realizar 
outros testes para a verificação dessa disparidade. As amostras podem ser 
diferenciadas também se utilizando técnicas multivariadas, indicando terem 
formuilações diferentes.
Agradecimentos
UFPA e UFRA
Referências
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