Autores
Farias Botelho, B. (UFPA)  ; Soares Menezes, M.A.M. (UFPA)  ; Lobato Carvalho, J. (UFPA)  ; Batista dos Santos, G.G. (UFPA)  ; Siqueira Pantoja, S. (UFPA)  ; Nobre de Moura Júnior, J.M. (UFPA)  ; Magno Rocha, R. (LACEN-PA)  ; da Costa Barbosa, I.C. (UFRA)  ; Carvalho de Souza, E. (UFRA)  ; dos Santos Silva, A. (UFPA)
Resumo
Amplamente consumida ao redor do mundo há séculos, a cerveja ainda se renova, 
sendo produzida em novos sabores, através adição de novos componentes, como 
frutas. Desta forma, na Amazônia, onde abundam diversas frutas, não podia ser 
diferente. O objetivo deste trabalho foi realizar uma caracterização físico-
química básica de cerveja de açaí e de bacuri, além de aplicar técnicas 
multivariadas na discriminação das amostras. Os resultados encontrados, como o pH 
(4,82 para açaí e 4,53 para bacuri) e a acidez que foi de 1,07% (bacuri) e 3,80% 
(açaí), concordam com valores existentes na literatura para cervejas de outros 
sabores. Também as técnicas empregadas foram eficientes na discriminação dos 
produtos. Os resultados encontrados podem ser uteis no controle de qualidade 
dessas cervejas.
Palavras chaves
bebidas alcoólicas; Amazônia; Frutas
Introdução
A cerveja é uma bebida com amplo histórico de utilização pelo homem, onde 
evidências arqueológicas apontam que o início de seu consumo se deu por volta de 
3000 a.C., entre os sumérios (WANG et al., 2016). E pelo fato desse produto ser 
tão antigo e tão apreciado pelas pessoas, foi surgindo a necessidade de inovar o 
sabor da cerveja, fugindo do sabor convencional, então iniciou-se a produção de 
cervejas artesanais. Essas, em sua maioria, possuem adição de frutas como 
adjuntos para introdução de cores, sabores e aromas únicos (SOUZA et al., 2022). 
Verificou-se na bibliografia atual que estudos (principalmente, de caráter 
físico-químico) sobre esses produtos ainda são escassos, por isso, esta pesquisa 
teve o intuito de contribuir para a difusão do conhecimento de cervejas com 
incorporação de frutas típicas da região norte do país. Sendo assim, objetivou-se 
fazer análises físico-químicas (pH, condutividade elétrica (CE), densidade, teor 
alcoólico (TA), sólidos solúveis totais (SST), viscosidade, resíduo seco (RS), 
acidez e turbidez) de cervejas artesanais de sabor açaí (Euterpia oleraceae) e 
bacuri (Platonia insignis), produzidas no município de Belém, com a finalidade de 
obter seu controle de qualidade, além de aplicação de duas técnicas multivariadas 
(análise de componentes principais (ACP) e análise hierárquica de agrupamentos 
(AHA)) com a intenção de discriminar as amostras de acordo com o seu sabor. 
Material e métodos
Foram adquiridas 10 amostras de cerveja de bacuri e 10 de açaí, todas levadas ao 
Laboratório de Física Aplicada a Farmácia (LAFFA) da Faculdade de Farmácia (UFPA) 
e analisadas em triplicatas. A densidade foi determinada via método picnométrico 
(FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). O TA foi determinado por um densímetro de três 
escalas, com uma das escalas dando o percentual de álcool diretamente na escala 
do aparelho. O pH foi obtido a partir da introdução de um eletrodo de pHmetro 
(PHTEK) calibrado com soluções tampão 4 e 7 nas amostras. A CE foi determinada 
via emprego de um condutivímetro portátil, previamente calibrado. O SST foi 
obtido a partir de um refratômetro portátil, gotejando as amostras no prisma e 
lido em escala de graus Brix (AOAC, 1992). Caracterizou-se a viscosidade com a 
utilização do copo Ford 3, contando o tempo de escoamento da amostra pelo 
orifício do copo e tempo (segundos) convertido para viscosidade via emprego de 
equação fornecida pelo fabricante. A acidez foi encontrada através do método 
titulométrico, usando-se fenolftaleína como indicador e solução de NaOH 0,01 mol 
L-1. A turbidez foi determinada a partir de um turbidímetro T1000. O RS foi 
encontrado utilizando cadinhos de porcelana previamente pesados e adicionando 
cerca de 1 g de amostra neles, levando-os à estufa a 105° C por 24 h e resfriados 
em dessecador, seguindo-se pesagem na balança analítica e resultado expresso em 
porcentagem (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). A semelhança das médias entre os dois 
grupos de amostras para cada variável foi checada via teste t de Student e a 
possibilidade de discriminação das amostras conforme seu sabor foi avaliada 
através das técnicas de ACP e de AHA, com 95 % de significância e emprego do 
programa MINITAB 17.
Resultado e discussão
Os resultados obtidos estão na Tabela 1. O pH encontrado foi de 4,82 (cerveja de 
açaí), valor menor do que 5,19 encontrado por Souza et al. (2019) para licor a 
base de açaí. Já para a cerveja de bacuri, foi encontrado um pH de 4,53, que é 
igual ao encontrado por Souza et al. (2022) para cerveja artesanal de cupuaçu. 
Para os SST se obteve 7,10° Brix (açaí) e 7,03° Brix (bacuri), valores esses 
maiores do que os encontrados por Goiana et al. (2016), em cervejas artesanais de 
Fortaleza (5,92° Brix). Os valores de TA para as cervejas de açaí e bacuri foram 
4% e 5,6 %, respectivamente. Tais valores estão de acordo com a classificação de 
bebidas alcoólicas estabelecidos pelo Ministério da Agricultura Pecuária e 
Abastecimento (MAPA, 2009). Para a densidade, os dados obtidos apontam o valor 
médio de 1,13 g/mL para ambas cervejas analisadas, valor maior que 1,02 g/mL 
obtidos por Pereira e Leitão (2016). Para os valores de acidez se achou os 
valores de 1,07% (bacuri) e 3,80% (açaí), que são valores foram maiores que 
0,578%, achado por Silva et al. (2018). Para a CE, se encontrou um valor médio de 
3,30 mS/cm para ambas cervejas, que são valores maiores que 1,67 mS/cm encontrado 
por Araújo et al. (2019) ao estudar cervejas vendidas em Teresina. Para turbidez 
se achou um valor de 68,76 NTU (açaí) e 19,52 NTU (bacuri), que são valores 
maiores que o encontrado por Souza et al. (2022) ao estudar cerveja de cupuaçu. 
Para o RS se achou o valor de 42,01% (açaí) e 93,18% (bacuri), que são valores 
maiores que 5,44% encontrado por Sousa (2019). As variáveis densidade e RS não se 
mostraram significativamente diferentes entre os dois tipos de cerveja e as 
técnicas de ACP e AHA conseguiram discriminar as amostras em dos grupos distintos 
(Figura 1), formados por amostras de mesmo sabor.

Amostras A = cerveja de açaí; Amostras B = cerveja de bacuri. * significa que as médias das variáveis dos dois grupos são significativamente diferente

Acima: gráfico da ACP; abaixo: dendrograma.
Conclusões
Os parâmetros físico-químicos analisados nos dos tipos de cervejas artesanais 
paraenses se mostraram semelhantes aos encontrados na literatura e obedecem aos 
limites legais. Desta forma são produtos de qualidade aceitável. A aplicação das 
técnicas multivariadas foi eficiente na discriminação das cervejas conforme seu 
sabor, desta forma elas podem ser usadas no controle de qualidade desses 
produtos.
Agradecimentos
Referências
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