Autores
Medeiros, C.S. (IFRN/CA)  ; Medeiros, A.C.M. (IFRN/CA)  ; Melo, J.C.S. (IFRN/CA)  ; Maia, J. (IFRN/CA)  ; Badaró, A.D.S. (IFRN/CA)  ; Lima, F.C.S. (IFPE)  ; Costa, C.H.C. (IFRN/CA)
Resumo
Este trabalho objetivou-se avaliar a influência da pasteurização e a proporção 
de noni (10, 30 e 50%) adicionados nas formulações dos blends de noni com umbu, 
através dos parâmetros de cor: luminosidade (L*), intensidade de vermelho (a*), 
intensidade de amarelo (b*) e Chroma (C*). As análises dos parâmetros 
colorimétricos foram realizadas no Espectrofotômetro CM-3600A, com três 
repetições, e os dados tratados com o programa computacional Assistat, versão 
7.7. Após a pasteurização, verificou-se que os valores dos parâmetros de cor L*, 
b*, C* diminuíram, tornando as formulações mais escuras, menos amarelas e mais 
intensas. Embora a pasteurização tenha alterado os valores iniciais dos 
parâmetros de cor, sua aplicação é importante na garantia da estabilidade da cor 
das formulações. 
Palavras chaves
Pasteurização; Blend; Cor
Introdução
A Morinda citrifolia Linn, mais conhecida como noni, possui polpa creme, carnosa 
e suculenta (RAMPAZZO et al., 2018). Destaca-se entre as frutas classificadas 
como exóticas devido ao seu alto valor nutricional, além de apresentar alto 
poder antioxidantes, anti-inflamatórias e efeito imune (ARAÚJO et al., 2021; 
CORREIA et al., 2012; BATISTA et al., 2020).
De acordo com Thirukkumar et al. (2018), a noni tem um odor pungente ao 
amadurecer, o que diminui sua aceitação no mercado consumidor, pois apesar de 
ser rico em nutrientes e contribuir positivamente para a saúde das pessoas, os 
consumidores acabam optando por um alimento com sabor e cheiro mais agradáveis. 
Uma alternativa de agregar valor a esse fruto é utilizá-lo no preparo de blends, 
obtidos através da mistura de polpas de frutas, que proporcionam produtos com 
elevado valor nutritivo e com novos sabores (RIBEIRO et al., 2019). Segundo 
Silva et al. (2011), misturas de sucos de frutas com sabores e aromas exóticos, 
elaborados principalmente com a participação de frutas tropicais, estão sendo 
produzidos em todo o mundo. Além disso, a elaboração de blends ajuda a reduzir 
os excedentes de frutas na época de safra e disponibiliza novos produtos com 
interessantes propriedades nutricionais e sensoriais.
Alguns pesquisadores já utilizaram o noni na elaboração de blends com suco de 
uva (SOSA Paz, 2015), abrobinhas, seiva de pseudocaule de banana e Aloe vera 
(THIRUKKUMAR et. al., 2018), e goiaba (SUSHMITHA et al., 2021).
A polpa de umbu surge como alternativa para a elaboração de blends com a polpa 
de noni, pois apresenta alto valor nutricional, textura levemente aveludada, 
coloração verde-amarelada, sabor ácido e odor agradável, sendo também rico em 
vitamina C (ARAÚJO et al., 2021). 
Quando as polpas de fruta são misturadas, é adquirida uma nova matriz 
colorimétrica que promove rearranjos moleculares dos constituintes ali 
presentes, interferindo diretamente na cor final do produto, podendo afetar a 
sua aceitabilidade (SOUZA et al., 2020). A cor também é muito relevante na 
avaliação dos alimentos, apesar de não ter influência direta nas condições 
sanitárias do produto, pode ser um fator que implique sua rejeição pelo mercado 
consumidor. (SANTOS et al., 2016). 
De acordo com Zillo et al. (2014), atualmente, a pasteurização é um processo 
muito conhecido e eficiente para garantir a sanidade dos produtos e que se 
mostra capaz de garantir uma maior estabilidade aos blends, evitando o seu 
escurecimento.
Portanto, diante do exposto, objetivou-se neste trabalho avaliar a influência da 
pasteurização nas formulações dos blends de noni com umbu, com base nos 
parâmetros de cor: luminosidade (L*), intensidade de vermelho (a*), intensidade 
de amarelo (b*) e Chroma (C*), além de avaliar a proporção de noni adicionados 
nas formulações.
Material e métodos
As frutas utilizadas no trabalho foram adquiridas no comércio local, na cidade 
de Caicó-RN. Em seguida, foram levadas ao laboratório de Química do Instituto 
Federal do Rio Grande do Norte – IFRN para ser higienizadas e processadas.
As frutas foram higienizadas em solução de hipoclorito de sódio a 50 ppm por um 
período de 15 minutos e selecionados quanto a presença de danos mecânicos e 
alterações causadas por microrganismos. 
Após o despolpamento das frutas, foram preparadas três diferentes formulações de 
blends de noni e umbu com 10% de polpa de noni e 90% de polpa de umbu (F1), com 
30% de polpa de noni e 70% de polpa de umbu (F2) e 50% de ambas as polpas (F3).
As formulações de blends (F1, F2 e F3) foram separadas, antes das análises, em 
não pasteurizadas (controle) e pasteurizadas. A pasteurização foi realizada na 
temperatura de 80 ºC durante 30 minutos em banho-maria.
As análises dos parâmetros colorimétricos foram realizadas no Espectrofotômetro 
CM-3600A. O sistema de leitura utilizado foi o CIELAB, representado pelos 
parâmetros luminosidade (L*) (0 = preto e 100 = branco), coordenada de 
intensidade de vermelho (a*) (-a verde, +a vermelho), coordenada de intensidade 
de amarelo (b*) (-b azul, +b amarelo) e Chroma (C*) que expressa a saturação, ou 
seja, a pureza da cor em relação ao branco.
Todas as análises colorimétricas foram realizadas em triplicata, sendo utilizada 
para o cálculo a média dos valores obtidos, os quais foram avaliados com o 
auxílio do programa computacional Assistat, versão 7.7 Beta (SILVA & AZEVEDO, 
2009).
Resultado e discussão
Nas figuras 1.a-b, têm-se os valores dos parâmetros de cor, luminosidade (1.a) e 
intensidade de vermelho (1.b), das formulações de blends (F1, F2 e F3). Ao 
comparar cada formulação de blend antes e após a pasteurização, percebe-se que 
os valores dos parâmetros luminosidade (L*), responsável pelo brilho 
característico dos blends, diminuíram significativamente para cada formulação, 
tornando-se mais escuras. Alvarenga et al. (2017) também avaliando o efeito da 
pasteurização do blend composto pela polpa de maracujá e flor de capuchinha 
sobre a luminosidade (L*), observaram que esse tratamento térmico não afetou a 
luminosidade do produto.
No tocante ao aumento da concentração da polpa de noni (10, 30 e 50%), nota-se 
que os valores de luminosidade (L*) aumentaram significativamente nas 
formulações não pasteurizadas, enquanto que nas formulações pasteurizadas, os 
valores de luminosidade aumentaram em relação a F1. Este comportamento deve-se, 
provavelmente, ao maior valor de luminosidade apresentado pela polpa de noni (L* 
= 55,44 ± 0,16) em comparação com a polpa de umbu (L* = 51,78 ±0,02).
Comportamento semelhante foi observado por Leite et al. (2016), ao estudarem os 
blends de jaca com umbu-cajá, os quais perceberam aumento nos valores de 
luminosidade dos blends à medida que a proporção de jaca se elevava, pois esta 
possuía maior valor de luminosidade.
Nota-se na Figura 1.b, que os valores de intensidade de vermelho (a*) das 
formulações pasteurizadas diminuíram apenas na formulação F1, enquanto 
aumentaram na formulação F2, e permaneceram estatisticamente inalterado na 
formulação F3. Machado et al. (2019), analisando as polpas de physalis não 
pasteurizadas e pasteurizadas, observaram que a pasteurização provocou a perda 
de pigmentos instáveis responsáveis pela cor vermelha (+a*). 
Percebe-se ainda, que os valores de intensidade de vermelho (a*) das formulações 
F1, F2 e F3 diminuíram com o aumento do percentual da polpa de noni, o que as 
tornaram menos avermelhadas. Silva et al. (2013), verificaram o mesmo 
comportamento ao estudarem os blends de mamão formosa com figo-da-índia, notando 
que, quanto maior a proporção da polpa de figo-da-índia, menor a intensidade de 
vermelho (a*) dos blends.
Têm-se nas figuras 2.a-b, os valores de intensidade de amarelo (b*) e Choma (C*) 
das formulações de blends (F1, F2 e F3), elaboradas com polpa de noni e polpa de 
umbu, respectivamente. Nota-se que os valores desses parâmetros diminuíram 
significativamente com a pasteurização. Pelais et al. (2008) ao estudar o efeito 
da pasteurização na polpa de murici, perceberam que a temperatura de 
pasteurização diminuiu o valor do parâmetro de intensidade de amarelo (b*). Já 
Morais et al. (2017) observaram que os valores de chroma (C*) da polpa de 
araticum diminuíram após a pasteurização, indicando que a polpa in natura 
apresentou coloração mais intensa, em razão desse índice está relacionado com a 
saturação da amostra.
Verifica-se também que os valores de intensidade de amarelo (b*) e Chroma (C*) 
diminuíram em relação as formulações não pasteurizadas, enquanto que os valores 
desses parâmetros tenderam a diminuir em comparação à formulação F3, em relação 
ao aumento no percentual de polpa de noni (10, 30 e 50%). Silva et al. (2016), 
em seu experimento envolvendo as misturas de melancia e pepino, também notaram 
que o valor de intensidade de amarelo aumentou com o incremento de melancia, 
devido o pepino ser mais esbranquiçado, em razão da predominância da cor branca.
Valores de Luminosidade (1.a) e Intensidade de vermelho (1.b) das formulações dos diferentes blends de noni e umbu com e sem pasteurização.
Valores de Intensidade de amarelo (b*) e Chroma (c*) nas formulações dos diferentes blends de noni/umbu com e sem pasteurização.
Conclusões
Após a pasteurização, os valores dos parâmetros de cor das formulações dos blends 
de noni com umbu e luminosidade (L*), intensidade de amarelo (b*), chroma (C*) e a 
intensidade de vermelho (a*) da formulação F1 diminuíram significativamente, 
tornando-as mais escuras, menos amarelas e mais intensas. Com relação ao 
percentual da polpa de noni, os valores de luminosidade das formulações com e sem 
pasteurização aumentaram; enquanto que as formulações dos blends sem 
pasteurização, os parâmetros a*, b* e C* diminuíram significativamente; já as 
formulações pasteurizadas, os valores de a*, b* e C* tenderam a diminuir. Embora a 
pasteurização tenha alterado ligeiramente os valores iniciais dos parâmetros de 
cor, sua aplicação é importante na garantia da estabilidade da cor das 
formulações.
Agradecimentos
Ao IFRN/CA  e à PROPI pelo incentivo ao desenvolvimento dessa pesquisa.
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