Autores
Freitas, B.P. (INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA)  ; Oliveira, A.H. (EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS)  ; Kunigami, C.N. (INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA)  ; Novo, A.A. (INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA)  ; Matta, V.M. (EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS)  ; Jung, E.P. (INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA)  ; Ribeiro, L.O. (INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA)
Resumo
Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do solvente na 
recuperação dos compostos bioativos do resíduo do despolpamento de umbu (casca, 
caroço e torta do refino da polpa). Etanol e acetona em diferentes concentrações 
foram empregados na extração. Os resultados mostraram que o uso de acetona 
promoveu maior recuperação dos compostos fenólicos, resultando em extratos mais 
antioxidantes (p<0,05). A capacidade antioxidante dos extratos cetônicos não 
variou com aumento do percentual de acetona no solvente (30% - 70%) (p>0,05). A 
casca apresentou-se como a fração mais rica em compostos bioativos. Conclui-se que 
o resíduo de umbu pode ser usado como matéria-prima para obtenção de compostos de
maior valor agregado, empregando acetona 30% como solvente.
Palavras chaves
Spondias tuberosa; resíduos agroindustriais; compostos bioativos
Introdução
O umbuzeiro, da família Anacardiaceae, é uma árvore frutífera nativa encontrada 
na região semiárida do Brasil. Segundo o IBGE, em 2020, foram produzidas cerca 
de 9,5 toneladas de umbu (Spondias tuberosa), principalmente, no estado da Bahia 
e no norte de Minas Gerais, os quais foram responsáveis por 78% da produção 
total no país. O umbu possui um tempo de vida útil pós-colheita curto, o que 
acarreta em perdas quando comercializado in natura. Entretanto, por ser uma 
fruta com rendimento de polpa entre 55 a 65%, o principal produto comercial da 
sua cadeia produtiva é a polpa congelada. (Lima et  al., 2002). 
O processo de despolpamento é conhecido pela geração de resíduos, representados, 
principalmente, por cascas e sementes. A fim de reduzir o impacto do setor 
agroindustrial no meio ambiente, tais biomassas têm sido aproveitadas por 
conterem compostos bioativos que apresentam diferentes atividades biológicas, 
representando, desta forma, uma alternativa para agregação de valor à cadeia 
produtiva das frutas. De acordo com Ribeiro et al. (2019), a casca de umbu 
apresentou relevante teor de compostos fenólicos e carotenoides. Já os caroços, 
caracterizados por Dias et al. (2019), além dos compostos fenólicos, foram ricos 
em ácidos graxos insaturados.
Os compostos bioativos presentes em matrizes vegetais, de forma geral, atuam 
como agentes biológicos que podem trazer benefícios à saúde, por exemplo, a 
redução na incidência de doenças crônicas. As propriedades funcionais desses 
compostos são associadas ao seu potencial antioxidante no organismo, uma vez que 
atuam sobre os radicais livres (Verena et al., 2012). Entretanto, esses 
compostos precisam ser recuperados da matriz por meio de técnicas de extração. 
Dentre os parâmetros de extração, o tipo de solvente exerce grande influência na 
eficiência do processo. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o 
efeito do solvente na recuperação dos compostos bioativos presentes no resíduo 
do despolpamento de umbu (casca, caroço e a torta do refino da polpa).
Material e métodos
Para o desenvolvimento deste trabalho, as frutas, obtidas no comércio local da 
cidade do Rio de Janeiro, foram despolpadas em uma despolpadeira horizontal. O 
resíduo obtido, constituído por casca, caroço e torta do refino da polpa foram 
secos em estufa com circulação de ar forçada a 50 °C por aproximadamente 72 
horas. As amostras secas (casca e torta) foram desintegradas em um processador 
doméstico para a obtenção de um material homogêneo. O caroço, após a secagem, 
foi triturado em moinho de facas. 
As amostras foram submetidas à extração sólido-líquido na razão 1:10 (m/v) sob 
agitação constante de 150 rpm a temperatura ambiente. Foram avaliados como 
solvente as misturas etanol:água e acetona:água nas concentrações de 30 e 70% 
(E30, E70, A30 e A70), a fim de determinar o melhor solvente para a extração dos 
compostos de interesse. Após uma hora de extração, os extratos foram filtrados 
em papel de filtro e armazenados sob congelamento até a realização dos ensaios 
de conteúdo de fenólicos totais (CFT) e capacidade antioxidante.
Para a determinação de CFT (Singleton; Rossi, 1965), 250 µL do extrato filtrado 
e diluído foram reagidos com 1,25 mL do reagente Folin-Ciocalteu 10% e 
adicionados de 1,0 mL de carbonato de sódio 7,5% (m/v). As amostras foram 
aquecidas a 50 ºC por 15 minutos e resfriadas a temperatura ambiente. A 
absorbância foi medida em 760 nm. Os resultados foram expressos em mg de ácido 
gálico equivalente por 100 g (mg AGE/100 g).
A capacidade antioxidante, mensurada a partir da reação dos extratos com o 
radical ABTS•+, foi realizada conforme Gião et al. (2007). 30 μL dos extratos 
foram reagidos com 3 mL da solução de radical ABTS•+ a temperatura ambiente por 
6 minutos. Ao final, as absorbâncias foram lidas em 734 nm. Os resultados foram 
obtidos a partir da elaboração de uma curva padrão de Trolox, sendo expressos em 
μmol de Trolox/g.
Os dados foram analisados estatisticamente por meio do software Statistica 
versão 13 (Dell Inc., Tulsa, OK, USA). Análise de variância (ANOVA) e teste de 
Tukey foram empregados para verificar a diferença entre os resultados (p<0,05). 
Os experimentos foram realizados em triplicata e os resultados apresentados como 
média ± desvio padrão.
Resultado e discussão
Com base na Figura 1, é possível observar que todas as amostras, independente do 
tipo de solvente, apresentaram potencial antioxidante, o que está relacionado 
com CFT extraído de cada matriz. A casca de umbu foi a amostra com maior 
disponibilidade de compostos bioativos, fornecendo extratos mais antioxidantes 
(p<0,05). Entretanto, como resíduos agroindustriais, os resultados 
mostram que todas as frações do despolpamento de umbu podem ser aproveitadas 
para obtenção de compostos bioativos, em função do seu uso como antioxidantes 
naturais em formulações alimentícias.
A eficiência de recuperação dos compostos bioativos foi influenciada pela 
polaridade do solvente empregado no processo de extração, sendo destacado o uso 
de acetona 30%. De acordo com Oreopoulou et al. (2019), a eficiência de um 
solvente depende principalmente da sua capacidade de solubilizar os compostos de 
interesse, sendo os solventes de polaridade intermediária, como aqueles 
resultantes de sistemas binários (acetona+água), os mais eficientes para 
extração de compostos fenólicos, uma vez que eles podem influenciar a 
permeabilidade da célula vegetal, afetando a bicamada fosfolipídica da membrana. 
Embora o etanol seja o solvente tradicionalmente preferido em processos de 
extração, em função da sua baixa toxicidade, neste trabalho os resultados 
obtidos tanto a 30% quanto a 70% de etanol na solução extratora foram inferiores 
àqueles observados para o sistema acetona/água (p<0,05). 
Resumidamente, o incremento de acetona na solução extratora não favoreceu de 
forma significativa a recuperação dos compostos fenólicos na casca e na torta de 
umbu, exceto para o caroço. Além disso, o potencial antioxidante das amostras 
não foi influenciado pelo incremento de acetona no solvente. Assim, o uso de 
acetona 30% é destacado entre os solventes avaliados.
Quanto aos extratos obtidos empregando acetona como solvente, os CFT a 
partir da casca, do caroço e da torta de umbu foram 3334; 947 e 1903 mg AGE 
100/g, respectivamente. Para o potencial antioxidante, os valores foram 149; 44; 
95 μmol de Trolox/g, respectivamente. Valores estes que corroboram o uso desse 
resíduo para obtenção de compostos de maior valor agregado.

Conteúdo de fenólicos totais (CFT) e capacidade antioxidante (ABTS•+) dos extratos da casca (C), caroço (CR) e torta (T) de umbu.
Conclusões
Conclui-se que a acetona 30% foi o melhor solvente para obtenção de extratos 
antioxidantes a partir do resíduo do despolpamento de umbu, sendo uma estratégia 
para agregação de valor à cadeia agroindustrial desta fruta nativa de importância 
socioeconômica para a Caatinga.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq, ao Instituto Nacional de Tecnologia e a Embrapa 
Agroindústria de Alimentos.
Referências
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