Autores
Silva, N.C. (UFVJM)  ; Santos, L.S.D. (UFVJM)  ; Rodrigues, J.S. (UFVJM)  ; Paiva, A.E. (AMBER/TRINITY COLLEGE DUBLIN)  ; Vasques, J.F.B. (AMBER/TRINITY COLLEGE DUBLIN)  ; Borsagli, F.G.L.M. (UFVJM)
Resumo
O uso de fibras vegetais na extração de nano-cristais de celulose pode ser uma 
alternativa promissora, principalmente, para a obtenção de hidrogéis para 
aplicações biomédicas. Nesse enfoque, o presente trabalho produziu hidrogéis de 
carboximetilcelulose com incorporação de nano-cristais de celulose extraída do 
bioma do semiárido.  Esses nano-cristais foram caracterizados apresentando 
morfologia bastante diferenciada, com tamanhos na ordem de 30 nm. 
Palavras chaves
Biomateriais; CMC; fibras-naturais
Introdução
Hidrogéis são materiais que possuem a habilidade de adsorver água mantendo sua 
estabilidade química, o que o torna promissor para diversas aplicações (NOGUEIRA 
et al, 2012). Diversos estudos vêm sendo desenvolvidos com esses materiais, 
derivados de misturas poliméricas ou copolímeros, em razão de suas 
características promissoras como biodegradabilidade, propriedades mecânicas, 
estabilidade química e interações polímeros-polímeros (THANKAM et al, 2013). 
Nesse contexto, a possibilidade de adaptação dessas matrizes poliméricas para 
otimizar a liberação de drogas baseada em suas propriedades e parâmetros 
farmacocinéticos é bastante interessante no âmbito biomédico (FEDERICO et al, 
2015). O Brasil possui uma grande biodiversidade vegetal que pode ser explorada 
para diversos fins tecnológicos. Dentre os polissacarídeos, a celulose se 
destaca devido à sua disponibilidade, biocompatibilidade, biodegradabilidade, 
grande disponibilidade e extração de nanocritais (SANTOS et al, 2016). O uso de 
fibras vegetais para a obtenção de hidrogéis nanocelulósicos pode ser uma 
alternativa promissora, pois o resultado destas estruturas altamente ordenada, 
mostra grande capacidade de armazenamento de água, elevada resistência mecânica, 
propriedades óticas, magnéticas e elétricas significativamente diferentes do 
material macroscópico (SAMMIR et al, 2005).Hidrólise realizados com ácido 
sulfúrico, os grupos sulfatos se ligam à superfície dos nano-cristais e tornam 
estes carregados negativamente, o que causa uma repulsão eletrostática que evita 
aglomeração das partículas (SILVA; D´ALMEIDA, 2009). Nesse sentido, o presente 
trabalho visou obter hidrogéis de carboximetilcelulose com a incorporação de 
nano-cristais de celulose, para aplicação no tratamento da saúde da mulher. 
Material e métodos
Nano-cristais de celulose foram obtidos por meio de adaptação do método de Song 
et al, (2019). Primeiramente, as fibras pré-tratadas foram imersas em uma 
solução de 60 % de ácido sulfúrico e 40 %de ácido clorídrico deixada sob 
agitação por 1 hora. Após, 300 mL de água deionizada gelada foi adicionado ao 
processo para finalizar a hidrólise. Então, a solução foi    centrifugada    
várias    vezes,    retirando-se    o sobrenadante e, em seguida, a solução foi 
dialisada e guardada em geladeira para posterior uso. Para a produção dos 
hidrogéis,, um solução 2 %de carboximetilcelulose (CMC) foi preparada e mantida 
sob agitação por 24 horas. Após a completa solubilização da CMC, acrescentou 1 % 
de nano-cristais e manteve-se sob agitação por 24 horas. Sequencialmente, 
acrescentou-se 10 % (m/m) de ácido cítrico na solução CMC-CNC-HCl/H2SO4 deixando 
sob agitação por 20 minutos. Após, 10 mL da solução CMC- CNC-HCL/H2SO4-AC foram 
vertidas em placa de petri de poliestireno e secos em estufa a 40 ˚C durante 24 
h para remoção da água. Na sequência, as amostras foram mantidas na estufa com 
aumento de temperatura para 80 ˚C durante 24 h para a reação de reticulação 
(método de evaporação lenta). As análises morfológicas dos nano-cristais foram 
realizadas utilizando-se  Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)no SEM, FEI-
FEG-FIB-QUANTA 3D acoplado com espectroscópio de dispersão de energia  (EDX, 
EDAX Bruker), com resolução de 0,8 nm. A princípio, a amostra foi metalizada com 
uma fina camada de carbono (30 nm) e as imagens foram obtidas pelo método de 
elétrons secundários, com ampliações de 350x na área superficial. 
Resultado e discussão
A Figura 1 mostra a avaliação morfológica dos nano-cristais de celulose obtidas 
por MEV. Os nano-cristais apresentaram morfologia bastante heterogênea com 
tamanhos na faixa de 30 nm. Além disso, os nano-cristais obtidos a partir da fibra 
Ceiba speciosa apresentaram alto teor de celulose (60,63 %) e holocelulose (91,14 
%). Os nano-cristais apresentaram morfologia bastante heterogênea utilizando ácido 
clorídrico. Todavia, a presença do ácido sulfúrico manteve o formato dos nano-
cristais acicular, conforme relatado na literatura e possibilitou uma melhor 
dispersão dos nano-cristais no hidrogel de CMC (Figura 2). No entanto, percebeu-se 
uma porosidade presente nos nano-cristais, provavelmente, em razão da presença de 
ácido clorídrico. 

Figura 1: Micrografia dos nano-cristais obtida por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) com aumento de 350x

Figura 2: Hidrogel produzido
Conclusões
Os resultados mostraram que é possível produzir hidrogéis de carboximetilcelulose 
com a incorporação de nano-cristais de celulose. As caracterizações dos hidrogéis 
produzidos apresentaram um material homogêneo. Os resultados indicaram a formação 
de nano-cristais com formação acicular de tamanho em torno de 30 nm, indicando que 
esta biomassa subutilizada pode ser explorada como uma nova fonte de matéria-prima   
de celulose para a produção de nano-cristais com potencial para múltiplas 
aplicações, incluindo a biomédica. 
Agradecimentos
Os autores agradecem ao BIOSEM-LESMA/UFVJM e o AMBER/Trinity College Dublin pelas 
análises e caracterizações químicas realizadas. Assim como a FAPEMIG (APQ-02565- 
21), CAPES, CNPq e UFVJM pelo suporte financeiro ao projeto
Referências
FEDERICO, Marilia Pinto; SAKATA, Renata Akemi Prieto; PINTO, Paula Figueiredo Carvalho; FURTADO, Guilherme Henrique Campos. Noções sobre parâmetros farmacocinéticos/farmacodinâmicos e sua utilização na prática médica. Sociedade Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, v. 3, p. 201-205, jul. 2015.
NOGUEIRA, N.; CONDE, O.; MIÑONES, M.; TRILLO, J. M.; MIÑONES JR, J. Characterization of poly(2-hydroxyethyl methacrylate) (PHEMA) contact lens using the Langmuir monolayer technique. - Journal of Colloid and Interface Science v. 385 p. 202- 210, 2012.
SAMMIR, M. A. S. A.; ALLOIN, F.; DUFRESNE, A. Review of Recent Research into Cellulosic Whiskers, Their Properties and Their Application in Nanocomposite Field. Biomacromolecules, 6, 2005. 612-626.
SANTOS, Fernanda Abbate dos; IULIANELLI, Gisele C. V.; TAVARES, Maria Inês Bruno. The Use of Cellulose Nanofillers in Obtaining Polymer Nanocomposites: properties, processing, and applications. Materials Sciences And Applications, Rio de Janeiro, v. 07, n. 05, p. 257-294, 2016. 
SILVA, Deusanilde de Jesus; D’ALMEIDA, Maria Luiza Otero. Nanocristais de celulose: cellulose whiskers. O Papel, São Paulo, v. 70, p. 34-52, jul. 2009.
SONG, Kaili; ZHU, Xiaoji; ZHU, Weiming; LI, Xiaoyan. Preparation and characterization of cellulose nanocrystal extracted from Calotropis procera biomass. Bioresources and Bioprocessing, China, v. 45, n. 6, p. 1-8, 2019.
THANKAM, Finosh Gnanaprakasam; MUTHU, Jayabalan; SANKAR, Vandana; GOPAL, Raghu Kozhiparambil. Growth and survival of cells in biosynthetic poly vinyl alcohol–alginate IPN hydrogels for cardiac applications. Colloids And Surfaces B: Biointerfaces, India, v. 107, n. 1, p. 137-145, jul. 2013.








