Autores
Silveira, M.L.D.C. (UNESP)  ; Lemes, L.F.R.C. (UNESP)  ; de Souza, F.K.A. (UNESP)  ; Magdalena, A.G. (UNESP)
Resumo
A contaminação do meio ambiente por elementos tóxicos, devido à crescente ação 
antrópica afeta diretamente o equilíbrio ambiental. Síntese e caracterização de 
materiais à base de Fe3O4 e ZnO e estudo comparativo entre processos 
fotocatalíticos para remoção de Rh B, foram realizados. Resultados indicam que 
entre ensaios de fotodegradação e fotofenton houve uma taxa de variação de 
remoção de 100% para 67% (ZnO), 7,5% para 79,5%, (Fe3O4) e 82% para 87,5% 
(Fe3O4/ZnO), respectivamente. Sendo a presença da luz no processo fenton 
favorável à reação de degradação para materiais magnéticos, uma vez que a mesma 
é atribuída a redução do Fe3+ à Fe2+, espécie que reage diretamente com H2O2 
favorecendo o processo Fenton e evidenciando uma melhora expressiva, a qual está 
diretamente relacionada a Fe3O4. 
Palavras chaves
fotocatálise; fotofenton; nanopartículas magnéticas
Introdução
A contaminação do meio ambiente por elementos tóxicos, devido à crescente ação 
antrópica afeta diretamente o equilíbrio ambiental. A concentração excessiva de 
metais e corantes é um dos graves problemas que afeta tal equilíbrio. Dentre 
esses, destacam-se corantes como a Rodamina B, fármacos e compostos fenólicos, 
os quais em altas concentrações podem ocasionar diversos desequilíbrios 
bioquímicos fundamentais. O uso de nanopartículas magnéticas (NNPS) tem recebido 
atenção nas áreas de biotecnologia, ambientais, biomédicas, ciência dos 
materiais e engenharias devido à sua excelente propriedade elétrica, óptica, 
magnética e catalítica. É sabido que a fase, tamanho e morfologia dos 
nanomateriais têm grande influência em suas propriedades e aplicações 
potenciais. Nesse sentido, as nanopartículas de Fe3O4 e ZnO apresentam grande 
interesse devido as suas boas propriedades adsortivas, fotodegradativas e também 
potencialidade de funcionalização de sua superfície. Diante da perspectiva da 
nanotecnologia  voltada em destaque para a remediação ambiental, novos 
nanocompósitos podem ser  obtidos através da união de materiais base, como ZnO e 
Fe3O4.  Visando aprimorar  as propriedades iniciais, a incorporação de um 
segundo material à uma matriz pode apresentar contribuições extremamente 
significativas para estudo, uma vez que temos alteração da estrutura (eletrônica 
e geométrica), a qual é capaz de conferir novas propriedades e assim melhorar 
efeitos elétricos, catalisadores, estabilização coloidal, fotodegradação e 
adsorção, caracterizando-os assim como um novo material. A degradação 
fotocatalítica é uma solução eficaz para eliminar os corantes orgânicos na água 
e fotocatalisadores baseados em semicondutores são importantes candidatos para 
degradar corantes orgânicos em moléculas não-tóxicas em solução aquosa, e tem 
atraído considerável interesse. Tendo em vista a influência direta da energia de 
banda de condução e valência para processos fotocatalíticos, semicondutores como 
óxido de zinco evidenciam propriedades interessantes quando se trata de 
capacidade de excitação dos elétrons e geração de radicais hidroxila que 
favorecem o processo catalítico, apresentando ótimo desempenho para remoção de 
poluentes como corantes, enquanto que para Fe3O4 temos uma vasta aplicação em 
estudos de adsorventes (Mallikarjuna et. al., 2019). A reação do tipo Fenton tem 
sido relatada ao que se refere a materiais ferromagnéticos, e a mesma é usada 
para degradação de poluentes orgânicos. A reação está estruturada na reação dos 
íons ferro com peróxido de hidrogênio, para a formação de radicais hidroxilas, 
que são responsáveis pela oxidação e degradação dos compostos orgânicos. A 
presença da luz no processo fenton é favorável na reação de degradação uma vez 
que a mesma foi atribuída a redução do Fe3+ à Fe2+, espécie que reage 
diretamente com H2O2 dando continuidade ao processo Fenton. Há uma extrema 
importância na inovação em catalisadores para o processo foto-Fenton, que 
apresentem baixo custo, ampla faixa de pH, possam ser facilmente recuperados, 
baixa toxicidade e biodegrabilidade. (Nakamura et. al. 2019). Nesse aspecto os 
materiais propostos nesse trabalho buscam se encaixar diante dessa proposta, uma 
vez que o óxido de zinco e magnetita são biocompatíveis e as propriedades 
magnéticas presente no material facilitam de maneira considerável a separação e 
recuperação do catalisador, bem como avaliar de maneira comparativa os processos 
catalíticos de fotodegradação e foto-Fenton.
Material e métodos
Foram realizadas a síntese, caracterização e estudo da superfície das 
nanopartículas de ZnO, Fe3O4 e nanocompósito 1:1 Fe3O4/ZnO, as quais foram 
obtidas pelo método de co-precipitação em atmosfera inerte de N2. Caracterizadas 
empregando as técnicas de difratometria de raios-X (Rigaku-Rint2000), 
microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia na região do 
infravermelho com transformada de fourrier (FTIR - Vertex 70, Bruker 
Instruments) e medidas do potencial zeta em função do pH. Posteriormente os 
catalisadores foram submetidos a avaliações de estudo comparativo de eficiência 
fotocatalítica na degradação do corante Rodamina B, pelos processos de 
fotodegradação e foto-Fenton. As medidas foram realizadas em um reator de caixa 
escura com fonte de luz UV (Philips 26w) a temperatura controlada de 25 ± 0.5 
°C, na presença de 50 mg do catalisador e 10 ml do corante, onde o pH da solução 
inicial de rodamina B foi igual a 6.0 e uma concentração  de 10 ppm. Para 
processo foto-Fenton, foi realizada a adição de 1 mL de peróxido de hidrogênio 
0,5 mol.L-1 em intervalos de tempo. O sistema foi mantido à agitação constante. 
Alíquotas de 1 mL foram coletadas nos tempos de 0, 30, 60, 120, 150 e 180 min e 
posteriormente avaliadas por espectroscopia UV-Vis. vis (Agilent Technologies, 
Cary 8454) as quais verificaram as taxas de degradação do corante em função do 
tempo.
Resultado e discussão
Os perfis cristalográficos revelam uma síntese eficiente para os materiais base 
ZnO e Fe3O4, onde a cristalografia dos picos obtidos é compatível. Através dos 
dados presentes no difratograma e a equação de Scherrer, realizou-se o cálculo 
do tamanho médio do cristalito das nanopartículas a qual apresentou um valor de 
9,87 nm para Fe3O4 e 17,6 nm para ZnO. Diante do material 1:1, é possível 
identificar picos característicos tanto do óxido de zinco como da magnetita, 
evidenciando a formação de um nanocompósito com a presença dos dois materiais em 
análise, como mostrado na imagem 1. Estudos anteriores revelam que conforme há a 
variação das proporções 
dos materiais base, observamos mudanças específicas nos perfis de difração 
obtidos. A grande expectativa que se pode mencionar entre um comparativo dos 
materiais puros e a formação de um nanocompósito ZnO/Fe3O4 é a possibilidade da 
incorporação de propriedades que outrora podiam ser observadas no material puro, 
agora no novo material formado. Como a excelente atividade fotocatalítica do 
ZnO, o qual não é característico da magnetita e também a propriedade magnética 
das nanopartículas de Fe3O4, não existente no ZnO, tornando viável a avaliação 
da formação do compósito e sua aplicação em processos de fotocatálise. Além da 
variedade de interações possíveis entre magnetita e óxido de zinco, devido as 
diferentes morfologias encontradas para o ZnO (nanofios, corn-cob, esférica e 
entre outras). Esta temática é atual e vem mostrando relevância para a área de 
síntese de materiais catalisadores e chamada ambiental. Sabe-se que o processo 
de fotocatálise utilizando catalisadores em escala nanométrica está interligado 
à um bom desempenho, uma vez que temos a ampliação da área superficial, 
favorecendo o processo. O cálculo para determinação da eficiência do processo de 
degradação foi baseado na absorbância máxima, obtida através dos dados de 
espectroscopia UV-Vis. Diante disso, aplicou-se o conceito capacidade de 
degradação e porcentagem de remoção, através do tempo. Relacionando a 
concentração no equilíbrio entre a reação e a capacidade de degradação de Rh B; 
com as concentrações iniciais e finais do processo.
Os nanomateriais foram submetidos a avaliação fotocatalítica no processo de 
remoção do corante Rodamina B. Nanopartículas de ZnO apresentaram a melhor 
eficiência revelando-o fotodegradação de 100%, caracterizado-o como melhor 
catalisador mediante o processo. Evidencia uma relação morfológica e eletrônica 
para o excelente desempenho fotocatalítico, fator atrelado com a morfologia do 
tipo esférica com maior homogeneidade, aspectos que nos levam a uma maior área 
superficial, sendo um fator crucial, o qual favorece consideravelmente a 
interação de contato entre o corante a ser degradado e a superfície do 
nanomaterial. É possível verificar e comprovar a ótima eficiência do ZnO puro no 
processo de fotodegradação, no entanto o mesmo não ocorre para nanopartículas de 
Fe3O4, a qual apresentou uma taxa de 7,5% de remoção para as mesmas condições 
reacionais. Verificou-se que para amostras em proporção 1:1 ZnO/Fe3O4, a taxa de 
fotodegradação apresentou um valor de 81,72%, mostrando-se altamente positiva no 
processo, quando comparada a Fe3O4. Tal aspecto revela a contribuição positiva e 
eficaz da magnetita neste novo material e mostra a potencialidade do 
nanocompósito, o qual adquiriu propriedade magnética, sendo possível a separação 
magnética do catalisador ao final do processo para reuso, somada ao alto 
potencial fotocatalítico oriundo do óxido de zinco. Imagens MEV revelam o efeito 
da influência da Fe3O4 no crescimento do ZnO, onde há a formação de placas da 
automontagem da morfologia esférica do ZnO aumentado a área superficial do 
material. No entanto, diante a baixa porcentagem de remoção no processo de 
fotodegradação para nanopartículas de Fe3O4 (7,5%), realizou-se um estudo 
comparativo entre os processos de fotodegradação padrão e o processo foto-
Fenton. Processo no qual a interação química está estruturada na reação dos íons 
ferro com peróxido de hidrogênio, para a formação de radicais hidroxilas, que 
são responsáveis pela oxidação e degradação dos compostos orgânicos. Os 
resultados comparativos são apresentados na imagem 2.Diante as mesmas condições 
reacionais inicias do processo de fotodegradação padrão, o processo foto-Fenton 
foi realizado com a adição de peróxido de hidrogênio à 0,5 mol.L-1 em intervalos 
de 15 minutos, garantindo a presença de o H2O2 no meio reacional. Em um 
intervalo de tempo de 180 minutos de processo foto-Fenton observou-se uma 
melhora altamente expressiva para nanopartículas de Fe3O4, onde houve uma 
variação da taxa de degradação de 7,5% pra 79,5%. Melhora também constatada para 
o nanocompósito 1:1, com uma taxa de 82% para 87,5%, revelando que o processo 
Fenton é favorecido na presença de luz e meio reacional onde há a presença dos 
íons ferro. De acordo com todos os supracitados, os perfis cristalográficos 
atrelados as imagens MEV associam que a morfologia está ligada diretamente ao 
desempenho fotocatalítico, somados também aos valores do potencial zeta com 
superfície carregadas negativamente e boa estabilidade coloidal. Materiais 
magnéticos são favorecidos diante o processo Fenton, onde a presença da luz é 
favorável a reação de degradação de compostos orgânicos, uma vez que a mesma foi 
atribuída a redução do Fe3+ à Fe2+, espécie que reage diretamente com H2O2 dando 
continuidade ao processo Fenton, evidenciando uma melhora altamente expressiva, 
a qual está relacionada diretamente a Fe3O4 (Tavares, et.al, 2022),  uma vez que 
para o material ZnO, onde houve a ausência dos íons ferro, o processo não foi 
favorecido e revela uma queda da taxa de degradação de 100% para 67% no processo 
foto-Fenton quando comparado a fotodegradação padrão.

Difratograma de raios-X obtidos para nanopartículas de ZnO, Fe3O4 e nanocompósito 1:1 ZnO/Fe3O4 reportados a ficha cristalográfica na base de dados.

Resultados do estudo comparativo de ensaios de fotodegradação e foto-Fenton com diferentes materiais e gráfico de barras com porcentagem de degradação
Conclusões
As nanopartículas sintetizadas foram obtidas de maneira eficiente. Propriedade 
magnética que é exclusiva das nanopartículas ferromagnéticas, foram incorporadas 
ao nanocompósito. O bom desempenho fotocatalítico dos nanomateriais estão 
atrelados a uma combinação de fatores ópticos, eletrônicos e geométricos. À vista 
disso, a união dos materiais revelou contribuição eficiente e expressiva para o 
processo de fotodegradação. Diante do supracitado, resultados indicam que para o 
estudo comparativo entre fotodegradação e fotofenton houve uma taxa de variação de 
remoção de 100% para 67% através do nanomaterial de ZnO puro, 7,5% para 79,5%, 
para o material magnético Fe3O4 e 82% para 87,5% para o novo material constituído 
por Fe3O4/ZnO. A presença da luz no processo Fenton é favorável na reação de 
degradação de compostos orgânicos para materiais magnéticos, uma vez que a mesma 
foi atribuída a redução do Fe3+ à Fe2+, espécie que reage diretamente com H2O2 
dando continuidade ao processo Fenton, evidenciando uma melhora altamente 
expressiva, a qual está relacionada diretamente a Fe3O4.
Agradecimentos
Ao CNPq, CAPES e POSMAT.
Referências
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