Autores
Araujo, C.F.A. (UFPA ANANINDEUA)  ; Vaz Neto, J.S.V.N. (UFPA ANANINDEUA)  ; Rosa, D.L.S.R. (UFPA ANANINDEUA)  ; Paula, M.V.S.P. (UFPA ANANINDEUA)
Resumo
Neste trabalho é abordada a obtenção de emulsões do óleo essencial da casca de 
canela (OECC) (Cinnamomum cassia). A emulsão foi obtida através do método de 
emulsificação espontânea, utilizando o Tween 80 e o óleo de Coco (OC) como 
surfactante e inibidor do amadurecimento de Ostwald, respectivamente. Após a 
obtenção da OECC, foram avaliados parâmetros experimentais, como: aspecto 
visual, pH e turbidez. A emulsão apresentou um alto valor de turbidez, exibindo 
opacidade, mas indicando a formação de emulsões em escala manométrica, 
constatada através da utilização de laser, onde o feixe de luz atravessou a 
mesma. Com base em nossos resultados revela-se o caráter promissor para a 
utilização da emulsão obtida a partir do óleo essencial da casca da canela em 
aplicações médicas e em embalagens. 
Palavras chaves
Óleo essencial; Nanoemulsão; Homogeneização
Introdução
Os óleos essenciais são substâncias lipofílicas derivados de espécies vegetais. 
Tais óleos devido ao caráter de seus componentes possuem características 
antibacterianas, antifúngicas, antivirais dentre outras. Tais características 
fazem com que os óleos essenciais possuam varias aplicações no setor de 
fármacos, cosméticos, agricultura, embalagem de alimentos, dentre outras 
(Ribeiro et al 2021). Contudo os componentes lipofílicos encontrados nos óleos 
essenciais apresentam algumas desvantagens que podem limitar sua utilização. 
Dentre essas desvantagens pode ser citado: degradação pela exposição à luz, 
temperatura e além de possuírem um caráter hidrofóbico que dificulta sua 
dispersão em água e em algumas matrizes poliméricas (Ribeiro et al 2021). 
Uma forma de mitigar essas desvantagens exibidas pelos óleos essenciais seria a 
obtenção de emulsões a partir de tais óleos (Liu et al 2021). Onde após a 
obtenção de emulsões espera-se obter um produto final que mantenha as 
características antimicrobianas presentes no óleo original, além da manutenção 
da estabilidade química dos componentes presentes no óleo essencial (He et al 
2021).  As emulsões são sistemas onde existem no mínimo duas fases imiscíveis, 
além de possuírem estabilidade cinética (Gupta 2019). As emulsões podem ser 
obtidas através do auxilio do ultrassom, cisalhamento e também através da 
emulsificação espontânea (Yazgan H. 2020). Dentre os óleos essenciais amplamente 
utilizados para aplicações biomédicas e em embalagem de alimentos pode ser 
citado o óleo essencial da canela (Cinnamomum cassia), o qual pode ser extraído 
de partes da espécie vegetal como casca e folha. Investigações conduzidas por 
Li, Kong e Wu (2013) relataram que o trans-cinamaldeído (66,28–81,97%),α-guaieno 
(1,51–7,62%), copaeno (0,58-3,86%), 2-propenal,3-(2-metoxifenil) (0,98–2,59%), 
cis-cinamaldeído (0,72–2,29%), α-muuroleno (0,11–1,83%) e α-calacoreno (0,57–
1,28%) são os principais componentes encontrados no óleo essencial da canela. 
(Li, Kong e Wu 2013).  
Diante do exposto, esta investigação aborda a obtenção de emulsões, através do 
método de emulsificação espontânea formadas pelo óleo essencial da casca de 
canela, utilizando o óleo de coco como inibidor do amadurecimento de Ostwald e o 
Tween 80 como surfactante. Em adição, esta investigação também realiza a 
avaliação de algumas propriedades físicas, destacando-se a turbidez, viscosidade 
dinâmica e avaliação da degradação das formulações obtidas através do 
monitoramento do pH.
Material e métodos
2.1 Materiais 
Óleo essencial de casca de canela obtido por destilação a vapor das cascas, 
fornecido pela Terra flor, Brasil. Óleo de coco Dr. Orgânico®, fornecido pela 
Dr. Orgânico, Brasil. Tween 80 (Polissorbato), fornecido pela Êxodo científica, 
Brasil. 
2.2 Preparação da NE: agitação magnética 
A emulsão de óleo essencial de casca de canela (OECC) e óleo de Coco (OC) foi 
preparada pela mistura da fase oleosa na fase aquosa na proporção de 8:2 (v/v), 
de acordo com o método reportado por Liew, et al. 2020. A fase oleosa, perfez 
10% (v/v) de óleos (OECC + OC) e 10% (v/v) de surfactante (Tween 80), ao passo 
que a fase aquosa, integralizou 80% (v/v) de água destilada. Quantidades de OECC 
e OC respeitando a proporção de 8:2(v/v) foram agitadas a 1000 rpm por 30 min 
por um agitador magnético (Modelo 39ST002Z; TOA ST-10A, Japão) em 25°C. Logo 
após, adicionou-se à mistura o surfactante Tween 80, agitando-se por mais 30 min 
a 1000 rpm. A fase orgânica, já homogeneizada, foi adicionada gota a gota à fase 
aquosa sob agitação magnética constante a 1000 rpm por 30min. Para análise da 
estabilidade de armazenamento, as amostras foram seladas em frascos de vidro e 
embrulhados em folha de papel alumínio para evitar evaporação e degradação 
durante o armazenamento a 25°C.
2.3 Caracterização das NEs
2.3.1 Analise visual
O aspecto visual das amostras foi avaliado em três tempos específicos: logo após 
a síntese das formulações (tempo zero), ao somar 15 dias e após decorrido 30 
dias de armazenamento. Foi feito o registro fotográfico para cada tempo 
especificado com um smartphone modelo Smartphone Motorola Moto E7 Power, Brasil. 
2.3.2 Medição de turbidez
A turbidez das formulações obtidas foi avaliada pelo porcentual de transmitância 
(T%) da Nanoemulsão não diluídas em um comprimento de onda específico (600 nm) 
usando um espectrofotômetro UV-Vis 1800 (Shimadzu, Japão). Água destilada foi 
usada como parâmetro durante a análise (branco). A quantidade de luz que 
atravessava a amostra foi medida e a porcentagem de transmitância para cada 
amostra foi registrada. Para tanto, a medição para cada amostra foi feita em 
triplicata. 
2.3.3. Medição de pH 
A acidez do sistema foi avaliada em triplicata através de medições em um Phmetro 
- modelo TOA ION meter IM-40s, Japão, submergindo a NE no bulbo do aparelho em 
três tempos específicos: logo após a síntese das formulações (tempo zero), após 
decorrido 15 dias e após 30 dias de armazenamento. 
Resultado e discussão
3.1 Caracterização das NEs
3.1.1 Análise visual
A formulação (OECC + OCC - 8:2 v/v) exibiu um caráter homogêneo e opaco após a 
sua obtenção, conforme observado na Figura 1. A Figura 1 apresenta o aspecto 
visual para a amostra (OEC+OCC-8:2v/v) no decorrer de 0dia, 15 dias e após 30 
dias de armazenamento, onde foi observado a manutenção das características 
observadas em 0 dia, de forma análoga àquelas características observadas nos 
estudos de Sugumar et al. 2015,; Zhang et al.2015. 
É importante ressaltar que para a emulsão avaliada, o comportamento de 
armazenamento foi semelhante às deduções relatadas anteriormente, sem 
discrepâncias, e nem foi verificado separação de fases pela análise visual das 
amostras ensaiadas, o que pode ser um indicativo da estabilidade da emulsão.
No diagnóstico visual destaca-se que a transmissão de luz retroprojetada 
resultou em transmissão do feixe luminoso sem espalhamento de luz. Com base 
nestes resultados pode-se sugerir que a emulsão apresentou certo grau de 
estabilidade e tamanho de partícula uniforme, não havendo mudança média de luz 
retroespalhada para aquele tempo de armazenamento.
3.1.2 Medição de turbidez
A seguir são apresentados os gráficos de absorbância na Figura 2, na região de 
300 a 600 nm, para a amostra avaliada. Onde foi observado um percentual de 
absorbância dentro do esperado para as amostras (OECC +OC 8:2 v/v), com 
excelente confiabilidade, tendo em vista que os mesmo foram realizados em 
triplicada e obtiveram valores médio nos dias zero, quinze e trinta 
respectivamente 3,443, 3,463 e 3,654. Segundo deduções feitas por Liew et 
al.2020, o aumento da absorbância pode indicar aumento de turbidez da 
nanoemulsão. 
3.1.3. Medição de pH
As medições de pH, feitas em triplicatas para uma maior confiabilidade da 
medição, demonstraram que não houve mudança significativa de acidez para a 
formulação nos tempos de armazenamento 0, 15 e 30 dias. Sendo observado para a 
amostra (OECC + OC 8:2 v/v), uma média de pH igual a 4,77; 4,36 e 4,47 em 0, 15 
e 30 dias, respectivamente. Sugumar et al.2014, investigaram o tempo de 
sonicação sobre o pH de nanoemulsões obtidas a partir do OE de Eucalipto por 
ultrassom. Eles observaram que não houve influência do tempo de sonicação em 
relação ao pH da NE.

Aspecto visual da formulação 8:2v/v, obtida por agitação magnética a 1000 rpm: (a) após homogeneização a 25°C e decorrido 15 e 30 dias. Fonte: Autores

Gráfico de Turbidez: Espectro de absorbância obtido a 600nm para as formulação 8:2.
Conclusões
No presente trabalho foi obtida através da emulsificação espontânea, a emulsão do 
óleo essencial da casca de canela (Cinnamomum verum). A emulsão foi obtida 
utilizando o Tween 80 como surfactante e o óleo de coco como inibidor do 
amadurecimento de Ostwald.
A emulsão (OECC+OC 8:2 v/v) demonstrou um aspecto homogêneo e opaco, com passagem 
de feixe de laser após a sua obtenção, o que é indicativo que o tamanho médio das 
partículas da emulsão estão em dimensões nanométricas. A manutenção da 
homogeneidade e aspecto visual foram preservadas após 15 e 30 dias
A amostra exibiu valores satisfatórios para turbidez. Variações marginais de pH 
foram observadas para as NEs nos tempos de 0, 15 e 30 dias, o que indica ausência 
de degradação dos componentes do óleo essencial presentes na amostra. Dessa forma 
é assertivo afirma que a emulsão obtida nesta investigação possui caráter 
promissor para sua utilização em aplicações biomédicas e em embalagem de 
alimentos.
Agradecimentos
Referências
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