Autores
Ignacio, M.D.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; de Sampaio, M.T.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Tavares, S.S.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; de Almeida, B.B. (UNIVERSIADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Perez, G. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)  ; Ponzio, E.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE)
Resumo
O comportamento da corrosão em um aço 
inoxidável martensítico multifásico 17Cr
temperado (1000°C, resfriamento a água) e 
revenido em diferentes temperaturas foi
determinado usando a reativação 
potenciocinética eletroquímica de loop 
duplo
(DL-EPR). O corpo de prova revenido a 
550°C apresentou o maior graude 
sensibilização. 
Para o espécime tratado a 600°C, um 
processo de healing foi observado, seguida 
por uma 
segunda sensitização a 625°C coincidente 
com um aumento na fração volumétrica de 
austenita. Essa fase foi quantificada 
usando o método magnético e observou-se um 
aumento nesta fase com a temperatura da 
têmpera. Os resultados do DL-EPR foram 
correlacionados com os aspectos da 
superfície obtidos por microscopia de 
força atômica.
Palavras chaves
DL-EPR; Microestrutura; Corrosão intergranular
Introdução
Em reservatórios de águas profundas,como 
nos poços do pré-sal, ligas especiais 
resistentes à corrosão são usadas para 
aplicações de produtos tubulares 
petrolíferos. Aços inoxidáveis 
multifásicos de alta resistência com 14%–
17% Cr foram 
desenvolvidos recentemente. Esses 
materiais contêm maior teor de cromo do 
que os 
aços supermartensíticos e outras adições 
importantes, como Ni,Cu,Mo e W. Dependendo 
dos tratamentos térmicos finais de têmpera 
e revenimento, a microestrutura 
resultante pode conter ferrita (δ), 
martensita revenida (M), austenita retida 
ou 
reversa (γ), carbonetos e fases 
intermetálicas.A sensitização de aços 
inoxidáveis 
pode ser definida como a precipitação de 
fases ricas em Cr deixando regiões 
estreitas com depleção de Cr ao redor dos 
precipitados.Esse processo ocorre em 
muitos tipos de aço inoxidável. Entre as 
técnicas eletroquímicas mais utilizadas 
esta  a reativação potenciodinâmica 
eletroquímica de loop duplo (DL-EPR). O 
grau de 
sensitização (DOS) obtido neste teste é 
uma medida das áreas com depleção de Cr.Os 
testes eletroquímicos são muito 
importantes do ponto de vista da análise 
quantitativa, porém, é muito importante 
entender a reatividade microestrutural, 
observando especificamente a superfície 
para explicar as diferenças de 
suscetibilidade entre as fases presentes. 
Devido à sua capacidade de analisar 
regiões nanométricas, a microscopia de 
força atômica (AFM) tem sido aplicada para 
estudar fases, precipitados e processos de 
sensibilização nos mais diversos aços 
inoxidáveis. No presente trabalho, o DOS 
em um aço inoxidável 17% Cr foi avaliado 
por testes DL-EPR após diferentes 
temperaturas de revenimento. A técnica AFM 
foi 
aplicada para correlacionar aa 
microestrutura e os efeitos na superfície 
após o 
teste DL-EPR com o DOS para cada 
temperatura.
Material e métodos
Amostras para testes de corrosão e 
investigação microestrutural foram 
cortadas e 
tratadas termicamente por têmpera e 
revenimento. Os testes de DL-EPR foram 
realizados em uma célula de três 
eletrodos. O eletrodo de trabalho foi o 
aço 17% Cr 
embutido em resina epóxi com um fio de 
cobre encapsulado para contato elétrico. O 
eletrodo de calomelano saturado(SCE) foi a 
referência e o fio de Pt foi o contra-
eletrodo. Os eletrodos de trabalho foram 
lixados com lixa de grão 400 ou polidos 
com 
pasta de alumina 0,1 μm quando as amostras 
tiveram que ser observadas em microscopia 
óptica de luz (LOM) ou AFM após o teste. A 
solução de teste foi
0,25 mol/L H2SO4 e 0,01 mol/L KSCN. Após a 
estabilização do potencial de circuito 
aberto (OCP) por 1 h, o teste foi iniciado 
aumentando o potencial do OCP na direção 
anódica com uma taxa de varredura de 0,001 
V/s até 0,300 mVSCE Em seguida, a 
varredura foi revertida para a direção 
catódica com a mesma taxa de varredura. O 
DOS 
foi determinado pela razão Ir/Ia, onde Ir 
é a corrente máxima na varredura de 
reativação (catódica),e Ia é a corrente 
máxima na varredura de ativação (anódica). 
A 
microestrutura foi investigada por LOM, 
microscopia eletrônica de varredura (MEV), 
AFM, medidas magnéticas e difração de 
raios X (DRX). Para LOM e SEM, as amostras 
foram atacadas com reagente de Villela (95 
ml de etanol, 5 ml de HCl, 1 g de ácido 
pícrico). As microestruturas também foram 
reveladas nos testes DL‐EPR em corpos de 
prova previamente polidos, e as condições 
selecionadas foram analisadas no MEV e 
AFM. As medidas de AFM foram realizadas em 
temperatura ambiente com o Nanosurf Flex-
Axiom AFM no modo tapping usando 
cantilever Tap190Al-G. O tamanho da área 
analisada 
foi de 50 × 50 μm.Foi realizado um zoom 
nas fases δ e M,para analise do efeito do 
DL-EPR.
Resultado e discussão
O teste DL-EPR atuou como um ataque 
metalográfico e revelou as fases de 
martensita e 
ferrita revenidas.A fração volumétrica de 
ferrita foi verificada e encontrada 
semelhante ao medido na amostra Q (~35%). 
Nas amostras estudadas(QT-
500,QT525,QT550,QT600,QT625 e QT650), o 
teste DL-EPR induz um ataque na 
martensita. 
Em trabalho anterior do mesmo 
aço,carbonetos de nióbio e carbonitretos 
(NbC e 
Nb(C,N))foram identificados por XRD na 
condição QT-500, não sendo suficiente para 
fornecer uma estabilização completa contra 
precipitação de carboneto de Cr.(TAVARES 
et.al,2015).  No entanto, devido a um 
provavel aumento na precipitação de 
carbetos 
de Cr, o grau de DOS aumentou na amostra 
QT-525, e um grau máximo foi alcançado na 
amostra QT-550, seguida uma diminuição do 
DOS com o aumento de temperatura de 
têmpera, que é típica do fenomeno healing. 
A alta difusividade de Cr na martensita 
permite a redução dos gradientes de Cr, 
diminuindo o DOS para um valor mínimo na 
amostra QT-600. A análise de superfície 
por AFM mostrou uma boa relação entre DOS 
e 
parâmetros de superfície Δhδ/M e 
rugosidade martensítica (Δhδ/M sendo a  
diferença 
de altura entre a martensita e ferrita). A 
maior dissolução do fase martensita está 
relacionada com a fração de Cr global mais 
baixo nesta fase em relação à ferrita, 
enquanto sua rugosidade mais alta é 
provavelmente devido a zonas empobrecidas 
de 
Cr.O aumento do conteúdo de austenita 
reversa dentro das ilhas martensíticas 
também 
é relacionado ao segundo aumento de DOS, 
nos espécimes QT-625 e QT-650. Primeiro, 
porque a austenita reversa é pobre em Cr, 
W,e Mo, uma vez que são elementos 
ferritizantes.Segundo, porque carbonetos 
de Cr podem precipitar na austenita 
reversa 
e a difusividade do Cr é menor neste fase, 
o que retarda o processo de healing.
Conclusões
Com os ensaios de DL-EPR foi obsevado que 
DOS aumenta a partir da temperatura de 
revenimento do 525–550°C, ocorre então um 
processo de healing reduzindo a
DOS para a amostra revenida a 600°C. Então 
o segundo aumento de DOS é observado no 
revenido em 625°C, seguido por um segundo 
processo de healing na amostra temperada a 
650°C. As análises SEM e AFM após DL-EPR 
mostraram que martensita é a fase mais 
atacada 
durante o ensaio. Além disso o DOS das 
amostras QT-500,QT-550,QT-600 e QT-625 
foram 
relacionados às propriedades da superfície 
(Δhδ/M e rugosidade média da martensita).
Agradecimentos
Os autores agradecem às agências 
brasileiras de pesquisa (CAPES, FAPERJ e 
CNPq) pelo 
apoio financeiro.
Referências
TAVARES, S. S. M.; BASTOS, I. N.; PARDAL, J. M.; MONTENEGRO, T. R.; SILVA, M. R. DA. Slow strain rate tensile test results of new multiphase 17%Cr stainless steel under hydrogen cathodic chargingInternational Journal of Hydrogen Energy. Anais...Elsevier Ltd, 2015
TAVARES, S. S. M.; SILVA, M. R.; PARDAL, J. M.; SILVA, M. B.; MACEDO, M. C. S. DE. Influence of heat treatments on the sensitization of a supermartensitic stainless steel. Ciencia e Tecnologia dos Materiais, v. 29, n. 1, p. e1–e8, 1 jan. 2017. 








