Autores
Correa, F.G. (UFMA)  ; Araujo, R.J.P. (UFMA)  ; Cutrim, E.S.M. (UFMA)  ; Teixeira, M.M. (UFMA)  ; Campos, V.N.S. (UFMA)  ; Alcântara, A.C.S. (UFMA)
Resumo
O progresso da nanotecnologia fundamenta-se na produção de materiais e no 
aperfeiçoamento de propriedades físico-químicas em escala manométrica, 
apresentando a possibilidade de favorecer diversos tipos de aplicações, como em 
processos adsortivos, liberação controlada de fármacos, fotocatálise, dentre 
outros. Neste contexto, o presente trabalho consiste na elaboração de um 
nanocompósito a partir de hidróxidos duplo lamelares (HDL) Zn-Al e Pontos 
Quânticos de Carbono (CQD). Utilizando o método de co-precipitação, obteve-se 
êxito na síntese da nanoplataforma híbrida HDL-CQD. O material foi caracterizado 
através de análises estruturais por FTIR e DRX e seu comportamento térmico foi 
investigado através da Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC). 
Palavras chaves
Pontos de carbono; Hidroxido duplo lamelar; Nanocompósito 
Introdução
A nanotecnologia pode desenvolver materiais nanométricos com propriedades 
físicas e químicas únicas. Essas novas propriedades surgem para desenvolver 
produtos com diferentes tipos de aplicações tecnológicas, sendo que uma área 
crescente para a aplicação de novas nanoestruturas é o campo farmacêutico por 
meio da formação de nanoplataformas promissoras como sistemas carreadores de 
fármacos. Assim, os materiais atuam de forma sinérgica com o componente ativo, 
contribuindo para o aumento da eficiência terapêutica associada ao fármaco de 
interesse, além de reduzir os efeitos colaterais gerados ao paciente.Um material 
que apresenta vantagens para a produção de nanoplataformas são os hidróxidos 
duplo lamelares (HDLs) que correspondem a uma classe de materiais inorgânicos 
com camada 2D aniônica.  Eles são estruturalmente parecidos com o mineral 
hidrotalcita, dessa forma possuem a fórmula genérica: [M2+1-x + M3+x (OH)2]x+ 
(An-)x/n.mH2O, sendo An- representando o intercalante aniônico. A participação 
de ânions entre as lamelas proporciona a eletroneutralidade. Ademais, juntamente 
com moléculas de água, o grupo aniônico provoca o empilhamento de camadas de HDL 
com um campo irregularmente ordenado. Comparando com a estrutura da brucita 
[Mg(OH)2], ambas contém ligações de hidrogênio para conectar suas lamelas, porém 
o HDL ainda possui também favoravelmente a força eletrostática. (Benício et al., 
2015).  O HDL tem a capacidade de atuar como matriz hospedeira para substâncias 
pelo método de troca iônica. As vantagens desse sólido inorgânico estão na 
biocompatibilidade, biodegrabilidade e versatilidade na composição, permitindo a 
intercalação com diversos tipos de moléculas aniônicas (Zhigang Jia, 2021) 
(Rebitski et al. 2019). Além disso, possibilita a síntese em laboratório de 
maneira fácil, econômica, de baixo impacto ambiental e ainda com alta pureza. 
(Swain et al., 2017).Por outro lado, tem-se os pontos quânticos de carbono (CQD 
- sigla em inglês Carbon Quantum Dots) que representam uma classe de materiais 
de carbono em escala nanometrica. A presença de vários grupos funcionais 
possuindo o oxigênio em sua composição, como a carboxila, ocasiona a grande 
solubilidade em água e biocompatibilidade. Dentre suas singulares propriedades 
físico-químicas, a fluorescência tem atraído bastante atenção para aplicações 
distintas, como fotocatálise (Shafique et al., 2022) e bioimagem (Zhang et al., 
2019). Seus benefícios na utilização consistem no baixo custo, método de síntese 
diversificado e simples, dispõem de inúmeras modificações químicas e passivação 
da superfície, aliado ao fato de ser ecologicamente correto. (Alizadeh and 
Hasanzadeh, 2018). Nesse contexto o presente trabalho tem como objetivo a 
síntese de uma plataforma hibrida a base de HDL-CQD.
Material e métodos
A síntese dos Pontos Quanticos de Carbono (CQD) foi efetuada de acordo com a 
metodologia descrita por Qu et al., (2016), que tem como base o tratamento 
solvotérmico do ácido cítrico e da ureia. Primeiramente 1g de ácido cítrico e 2g 
de ureia foram solubilizados em 10 mL de dimetilformamida, em seguida, a solução 
foi submetida em banho ultrassônico. A solução foi transferida para uma 
autoclave de aço inoxidável revestido de teflon com capacidade de 15 mL e 
aquecida a 160°C durante 6h. Após o tempo de reação, a autoclave foi retirada da 
estufa, onde resfriou espontaneamente até alcançar a temperatura ambiente, e ao 
seu conteúdo foi adicionado 20mL de uma solução de hidróxido de sódio 50 g.L-1. 
A mistura foi agitada durante 1 min e depois centrifugada a 15000 RPM por 30 
min. O sobrenadante foi descartado e o sólido resultante foi lavado com água 
destilada e centrifugado duas vezes nas condições citadas anteriormente, a fim 
de remover possíveis sais e álcali residual. Por fim, o sólido resultante das 
lavagens foi disperso em um pequeno volume de água destilada, congelado e 
liofilizado por um período de 72h a 35°C. O material resultante da liofilização 
foi mantido em dessecador até posterior utilização.Para a preparação do HDL 
(branco), pesaram-se 1,20 g de MgCl2.6H2O e 2,00 g de AlCl3.9H2O, que foram 
dissolvidos em 100 mL. A mistura de sais foi adicionada a  um funil de 
decantação, encaixado em um balão de fundo redondo com três bocas,  contendo 100 
mL água  deionizada. A mistura de sais foi gotejada lentamente no balão de fundo 
ao juntamente com hidróxido de sódio (NaOH) 0,1 mol/L, de forma a manter o pH 
9,5-10. Todo o sistema foi purgado com gás nitrogênio para evitar uma possível 
interferência de ânions carbonato. O sistema resultante é submetido  ao agitador 
magnético e mantido por até 24 horas. Após este tempo, o material  sólido 
centrifugado, lavado abundantemente com água destilada e seco em estufa a  60 ºC 
por uma noite. Para a obteção do material HDL-CQD, o  procedimento supracitado 
foi repetido, onde a mistura de sais e NaOH foi gotejada lentamente  sob uma 
solução de CQDs no balão de fundo redondo, em pH 9,5-10. O material  obtido foi 
centrifugado, lavado e liofilizado.  	Foram realizadas as  caracterizações por 
meio das técnicas de Espectrometria de infravermelho com transformada de Fourier 
(FTIR), análise térmica (DSC) e Difratometria de raios X (DRX). 
Resultado e discussão
Para os CQDs sintetizados, analisados por FTIR, foram observadas  bandas 
características referentes  aos estiramentos do grupo O-H, indicando que há 
inúmeras hidroxilas na superfície do material, estiramento da ligação C=C 
presentes em anéis aromáticos, e de grupos amino. Para analisar alguma possível 
interação entre o CQD e HDL realizou-se medidas de FTIR, os quais são mostrados 
na Figura 1a. Nota-se que os espectros relacionados à nanoestrutura híbrida 
(HDL-CQD) revelam-se semelhantes ao HDL puro. No entanto, ainda que não é 
possível observar com clareza a presença de grupos relacionados ao CQD, é 
evidenciado que a banda correspondente ao estiramento de grupos O-H no HDL 
inicial, é deslocado para menores valores de número de onda no material HDL-CQD 
indicando este grupo pode estar envolvido em ligações com o CQD. Por fim, a 
coincidente banda presente no HDL de partida e no material HDL-CQD em 1360 cm-1, 
refere-se à presença do ânion CO32-, um contaminante comum de HDL. Por meio da 
leitura espectrofotométrica na região do UV-Vis da água de lavagem proveniente 
do processo de síntese do HDL-CQD, foi possível estimar a porcentagem de CQD 
adsorvido durante a síntese. Para isso, foi utilizado o comprimento de onda de 
531 nm, correspondente ao CQD, no qual pode-se inferir que 98,6% do CQD 
empregado na síntese foi incorporado ao HDL. Por meio do difratograma (Figura 
1b), pode-se observar grande parte das reflexões características do HDL 
permanecem nos seguintes planos: (003), (006), (012), (015), (018) (110), em 
harmonia com a ficha do banco de dados JCPDS 35-395. Por outro lado, o DRX do 
material CQD apresenta dois planos de reflexão em torno de 27,0° e 42,4° 
correspondentes aos planos (002) e (100) da estrutura grafítica, respectivamente 
(Cutrim et al., 2021). Já para o material HDL-CQD observa-se que o mesmo 
apresenta um padrão de difração são bem semelhantes ao do HDL puro, permitindo 
compreender que não ocorre uma desorganização da estrutura do HDL de partida. 
Ainda que 98% do CQD foi adsorvido no HDL, devido à escala nanométrica e baixa 
quantidade de massa de CQD com relação a massa total de material, não foi 
possível visualizar características relacionadas à estrutura carbonácea. Este 
material também foi analisado quanto ao seu comportamento térmico por meio da 
técnica de DSC (Figura 2), no qual podemos observar que até 150º C todos os 
materiais apresentam um evento endotérmico relacionado à perda de moléculas de 
água adsorvidas. No entanto, no caso do HDL observa-se um evento de grande 
intensidade centrado em 400ºC o qual corresponde a liberação de ânions clorato e 
carbonato localizados na região interlamelar; enquanto no caso do CQD é 
observado um evento exotérmico centrado em torno de 511 º C, o qual é atribuído 
à remoção de grupos funcionais como hidroxila, carbonila, carboxilato e amina da 
superfície do CQD (Cutrim et al., 2021). Importante ressaltar que o material 
HDL-CQD apresenta ambos os eventos relacionados aos materiais puros: um evento 
em 400ºC e 495 º C, de natureza endotérmica e exotérmica, respectivamente. Esses 
resultados indicam que o material HDL-CQD é estabilizado por uma mistura física 
bastante compatível no qual pode interagir por ligações fracas como indicado 
pelas análises de FTIR. 

a) FTIR dos materiais HDL, CQD e HDL-CQD; b) DRX dos materiais HDL, CQD e HDL-CQD.

Análise térmica DSC dos materiais HDL, CQD e HDL- CQD. Medidas realizadas em atmosfera de nitrogênio
Conclusões
Os resultados mencionados apontam o sucesso na realização da síntese do HDL, 
constatando a real possibilidade da obtenção deste material de maneira simples e 
de baixo valor aquisitivo. Além disso, o HDL exibiu elevada pureza, ao comparar 
com os dados obtidos da análise de FTIR com a literatura. Ademais, considerando 
que o fenômeno da difração dos raios X em uma estrutura cristalina é explicado 
pela similaridade do comprimento de onda dos raios X com o espaço interatômico de 
materiais cristalinos, observou-se a contínua aparição das reflexões dos planos de 
átomos inerentes ao HDL puro, indicando estável arranjo estrutural desse sólido 
inorgânico. A premissa da nanotecnologia consiste na manipulação e incorporação de 
propriedades físico-químicas. Nesse sentido, a intercalação do CQD foi bastante 
satisfatória, apresentando o percentual de 98,6% da massa inicial. Dessa forma, a 
união desses materiais proporcionou o aperfeiçoamento do comportamento térmico 
interligado à decomposição de diversos tipos grupos funcionais, em relação ao HDL, 
do íon clorato e carbonato, já referente ao CQD, da hidroxila, carbonila, 
carboxilato e amina.
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com apoio da CAPES–Cód.fin.001,FAPEMA(POS-GRAD- 
02553/21),CNPq(401840/2021- 2,425730/2018-2,315109/2021-1);CENTRAL ANALITICA DE 
QUÍMICA/UFMA. ARAUJO,RGP AGRADECE A FAPEMA PELA
BOLSA CONCEDIDA.
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