Autores
Lima, T.P.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Monteiro, A.M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Canelas, C.A.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Silva, D.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)  ; Cardenas, V.O.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO)  ; Brígida, R.T.S.S. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS - BELÉM/PA)  ; Rodrigues, A.P.D.F. (INSTITUTO EVANDRO CHAGAS - BELÉM/PA)  ; Passos, M.F. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ)
Resumo
A policaprolactona (PCL) é um dos polímeros mais estudados na engenharia de 
tecidos, graças às suas propriedades como biodegradabilidade e 
biocompatibilidade. Sendo assim, esse estudo buscou obter scaffolds de PCL, pela 
técnica de rotofiação, e determinar sua viabilidade celular para uso como 
biomaterial. Solução de PCL (20% m/v) foi rotofiada  à temperatura ambiente. Em 
seguida, os materiais foram caracterizados em termo de morfologia, usando 
microscopia eletrônica de varredura (MEV) e citotoxicidade. Os resultados 
indicaram formação de mantas micro e macro porosas, com arranjo fibrilar. 
Ensaios in vitro demonstraram ausência de toxicidade no material, com 
viabilidade celular de 95% em relação ao controle. Logo, os materiais sugerem 
uma possível aplicabilidade como biomaterial.
Palavras chaves
Biomateriais; Engenharia de tecidos; scaffolds
Introdução
Biomateriais podem ser compreendidos como dispositivos que auxiliam a 
recuperação de lesões e/ou doenças que acometem o sistema biológico, sem 
apresentar toxicidade para o organismo (ARIF et al., 2022). Mesmo sendo um termo 
moderno, os biomateriais já eram utilizados séculos atrás por povos como os 
egípcios; um exemplo disso, eram as linhas de sutura oriundas de matéria-prima 
animal, voltadas para o tratamento de ferimentos cutâneos. 
Atualmente, existe uma vasta gama de biomateriais, de diferentes tipos (metais, 
cerâmicas, compósitos e polímeros), podendo ser aplicados como: carreamento de 
fármacos, próteses, curativos cutâneos, suturas, engenharia de tecidos, 
regeneração ósseas, scaffolds, etc. Todavia, na engenharia de tecidos um dos 
materiais mais requeridos são os poliméricos, tendo como destaque a poli (ε-
caprolactona) (PCL) (SIDDIQUI et al., 2018).
A PCL é um polímero sintético que possui biocompatibilidade, biodegradabilidade, 
não-toxicidade, boa propriedade mecânica, etc. (FORTELNY et al., 2019; DWIVEDI 
et al., 2020). Em forma de scaffolds (andaimes), a PCL consegue biomimetizar a 
matriz extracelular, o que estimula a adesão e proliferação das células. Esses 
fenômenos são imprescindíveis para que ocorra o processo de regeneração tecidual 
(DIAS et al., 2022; AMBEKAR; KANDASUBRAMANIAN, 2019). Ademais, a PCL pode ser 
processada por diferentes técnicas, e uma delas é a rotofiação. O processo de 
rotofiação é uma técnica de baixo custo, que utiliza a força centrífuga para 
formação de fibras poliméricas. Portanto, esse trabalho objetivou a obtenção e 
avaliação in vitro de scaffolds de PCL, obtidas pela técnica de rotofiação, para 
serem usados como biomaterial na engenharia de tecidos. 
Material e métodos
2.1.	 Preparo da solução de PCL 
Pellets de PCL foram solubilizados em diclorometano, obtendo uma concentração 
final da solução de 20% m/v. Inicialmente, a solução foi preparada em um frasco 
âmbar, à temperatura ambiente, sob agitação magnética constante. Em seguida, 
após completa solubilização da PCL, a solução foi transferida para um balão 
volumétrico, e o volume completado com solvente, até a marca de aferição.
2.2.	 Síntese das fibras de PCL  
Para realização do processo de rotofiação, foi utilizado como base de estudo o 
trabalho de Ren et al. (2015). Portanto, após a obtenção da solução polimérica 
de PCL, a mesma foi adicionada ao sistema rotofiação que, ao ser ligado, expeliu 
as fibras de PCL na lateral do coletor, formando mantas poliméricas. Após esse 
processo, as mantas de PCL foram colocadas na estufa por um período de 48 h, em 
uma temperatura de 40°C, para eliminar possíveis solventes residuais na 
estrutura no material. 
2.3.	 Microscopia eletrônica de varredura (MEV)
A morfologia das amostras (porosidade e fibras) foi investigada usando 
microscópio eletrônico de varredura Jeol JSM-6610LV (SEM) (Tóquio, Japão), no 
Centro de Equipamentos e Serviços Multiusuários da Universidade Federal de São 
Paulo (UNIFESP). As amostras foram cobertas com uma fina camada de ouro 
(equipamento Denton Vacuum, modelo Desk V, Moorestown, NJ, EUA), e avaliadas com 
tensão de aceleração de 1 kV e aumentos de 500× e 1000×. 
2.4.	 Testes in vitro
2.4.1.	  Linhagem e condições de cultura 
Fibroblastos da linhagem 3T3 foram cultivados e incubados com o material PCL por 
48 horas. Após esse período foi realizado o ensaio do MTT para determinar a 
viabilidade celular de acordo com metodologia descrita por Rodrigues et al. 
(2011).
Resultado e discussão
3.1.	 Avaliação morfológica dos scaffolds 
 
Na Figura 1(A), pode ser observado os scaffolds de PCL cortados na dimensão 1x1 
cm. Verificou-se de modo macroscópico a ausência de “beads” (defeitos). Nas 
ampliações 500x e 1000x (Figuras 1(B) e 1(C), respectivamente) é possível 
verificar a presença de porosidades nas fibras e entre as fibras, com diâmetros 
variando de 18,40 a 19,50 μm. Esse resultado demonstrou-se interessante, uma vez 
que a presença de porosidade nos biomateriais contribui para proliferação e adesão 
celular. 
3.2.	 Resultados dos ensaios de MTT
Após o período de incubação das células com o material foi observada uma 
viabilidade de 95% destas células quando comparadas ao controle (100%). Portanto, 
o material não induziu morte celular em fibroblastos após 48 horas de incubação 
com o scaffold PCL, resultados similares foram encontrados no trabalho de Dias et 
al. (2022) (DIAS et al., 2022). 

Descrição: Na Figura 1(a) são scaffolds de PCL de forma macroscópica. Nas Figuras 1(b) e (c) é apresentado a microscopia eletrônica de varredura.
Conclusões
De posse dos resultados apresentados, os scaffolds de PCL obtidos pela técnica de 
rotofiação, apresentaram características morfológicas e biológicas interessantes 
para atuarem como biomaterial em engenharia de tecidos. 
Agradecimentos
Agradecimentos a Universidade Federal do Pará, ao Instituto Evandro Chagas, a 
Universidade Federal de São Paulo e ao Grupo de Desenvolvimento Tecnológico em 
Biopolímeros e Biomateriais da Amazônia por terem apoiado esse projeto.
Referências
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