Autores
Ribeiro, J.C. (UEG)  ; Envall, M.G. (UEG)  ; Bevilaqua, G.B. (USP)  ; Rosseto, R. (UEG)
Resumo
O descarte indevido de corantes pelo setor têxtil gera contaminação do meio 
ambiente, esses corantes são resistentes a degradação e são bioacumulativos, sendo  
necessário o desenvolvimento de métodos de tratamento. Dentre os principais  
métodos desenvolvidos, a adsorção em materiais funcionais se destaca por ser uma  
técnica muitas vezes simples e de baixo custo operacional, sendo que a areia se  
mostra promissora. Para a modificação da areia, dispersou-se areia em uma  solução 
de carbonato de sódio, mantendo em agitação por 2h. As análises de  MEV 
demonstraram mudanças significativas na morfologia do material obtido e a  
cinética de remoção do corante cristal violeta demonstrou uma redução na 
concentração de corante em 86% após 60 minutos.
Palavras chaves
Cinética; Concentração; Remoção
Introdução
O setor industrial é o principal responsável por parte do uso de corantes na 
atualidade. Com isso, há o descarte de corantes em águas residuais que gera a 
contaminação e intoxicação da biota aquática e de vida na Terra. Geralmente, os 
corantes apresentam resistência a degradação e não são biodegradáveis (SHARMA et 
al., 2019). Diante deste fato, os métodos para a remoção desses corantes em 
águas de descarte são propostos, como processos oxidativos avançados (LEVANA et 
al., 2021), adsorção em materiais funcionais (LIU et al., 2022) e membranas de 
troca iônica (KHAN et al., 2022). Dentre esses métodos, destaca-se a adsorção 
como uma técnica promissora por apresentar uma operação simplificada e um baixo 
custo para a descoloração da água contaminada (MUNDADA; BRIGHU; GUPTA, 2017).
	Entre os materiais funcionais, o carvão ativado é o mais utilizado e tem 
destaque entre as pesquisas atuais, entretanto o uso do carvão ativado envolve 
um alto custo. Como uma alternativa a materiais de elevado custo, tem-se o uso 
de areais como adsorventes que podem ter a superfície modificada devido a 
presença de sílica, gerando novos grupos funcionais para a interação com 
compostos orgânicos (BELLO; BELLO; ADEGOKE, 2013; SHARMA et al., 2019). A 
modificação de areia com o NaOH foi reportada por Sharma et. al, (2019) em que 
foi removido cerca de 70% de corante durante os primeiros 3 minutos de reação. 
Resultados promissores que influenciam o estudo do uso de areias com possíveis 
modificações para o uso como adsorventes.
	Dentro dessa perspectiva, o presente trabalho teve como objetivo avaliar 
a capacidade de adsorção da areia modificada com carbonato de sódio (Na2CO3) 
utilizando o corante cristal violeta.
Material e métodos
A metodologia utilizada foi análoga a descrita por Sharma et al., (2019). A 
areia coletada foi lavada com água destilada para remover as impurezas suspensas 
e depois seca em estufa a 100 °C por 2 horas. Para a ativação foi realizado uma 
dispersão de 5 g da areia em uma solução a 0,5 mol/L de Na2CO3, que permaneceu 
sob  agitação durante 2 h. Após a ativação, a areia foi lavada com água 
destilada (3 x 25 mL) e seca em 
estufa a 100 °C por 2h. Para a cinética de adsorção, foi preparado 100 mL de uma 
solução aquosa de cristal violeta a 10 mg L-1uma solução, em um Erlenmeyer foi 
colocado 100 mL da solução e 10 mg da areia ativada que permaneceu em agitação 
durante 2 horas a temperatura ambiente. Alíquotas de 2 mL foram retiradas nos 
intervalos de tempo 0, 5, 10, 15, 30, 60 e 120 minutos e centrifugadas por 3 
minutos, o sobrenadante foi utilizado para análise por espectroscopia na região 
do Ultravioleta-visível (UV-vis) monitorando a evolução da banda em 584 nm. Os 
materiais obtidos foram caracterizados por microscopia eletrônica de varredura 
(MEV).
Resultado e discussão
A análise de MEV (figura 1 a) da areia não modifica apresenta flocos maiores, 
lisos e com maior regularidade, o que não é observado na areia modificada 
(figura 1 b), que apresenta flocos menores, uma morfologia áspera, pequenos 
poros e finas ranhuras. O tratamento com Na2CO3 auxiliou na remoção de impurezas 
e possivelmente levou a formação de novas ligações contendo o ânion CO32-. A 
formação dessas ligações resulta em um possível aumento no número de sítios 
ativos e rugosidade na superfície da areia, como é evidente nas imagens MEV, 
permitindo uma melhor sorção das moléculas de corante (SHARMA et al., 2019). 
Durante a cinética de remoção após o tempo de 5 minutos, foi possível observar 
uma redução significativa da intensidade da cor  da solução Os picos ao longo da 
faixa de comprimento de onda reduziram significativamente após adsorção de 100 
mL do corante, indicando a interação do corante com a areia ativada. O gráfico 
da adsorção é demonstrado na figura 2. Após os primeiros 5 minutos de cinética 
realizado o adsorvente alcançou uma remoção de 72% do corante e em 60 minutos 
alcançou o máximo de remoção que foi de 86% que indica que a capacidade 
adsortiva da areia ativada chegou ao máximo para a concentração de corante 
utilizada. Loganathan et. al, (2022) reportaram a adsorção efetiva do cristal 
violeta utilizando poliamidas aromáticas, com um percentual de remoção de 95% em 
que foi utilizado 200 mg de adsorvente em uma solução de 100 mg/L de cristal 
violeta. Ao comparar com o presente trabalho, nota-se a utilização de uma menor 
massa de adsorvente, podendo demonstrar a capacidade adsortiva da areia 
modificada com Na2CO3.

Diferenças na morfologia da areia não modificada (a) e modificada (b)

Demonstração gráfica da diminuição da banda de absorção do corante cristal violeta em função do tempo.
Conclusões
O estudo realizado demonstra que a areia sofreu uma modificação, sendo possível 
observar uma diminuição no tamanho dos grãos e diferenças significativas na 
morfologia quando comparada a areia não ativada. O estudo de adsorção demonstra um 
resultado significativo, sendo alcançado 86% de remoção do corante em 60 minutos. 
A partir dos resultados obtidos, esse trabalho abre novas perspectivas de estudos 
utilizando areia previamente modificada com possíveis aplicações como adsorvente 
de baixo custo.
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de 
Goiás (FAPEG), pelo suporte financeiro concedido.
Referências
BELLO, O.; BELLO, I.; ADEGOKE, K. Adsorption of Dyes Using Different Types of Sand: A Review. South African Journal of Chemistry, v. 66, n. 1, p. 117–129, 2013. 
KHAN, M. I. et al. Application of the commercial anion exchange membrane for adsorptive removal of Eriochrome Black-T from aqueous solution. Desalination and Water Treatment, v. 252, p. 437–448, 2022. 
LEVANA, A. et al. Photo-Fenton Oxidation of Methyl Orange Dye Using South African Ilmenite Sands as a Catalyst. 2021. 
LIU, Y. et al. Iron-biochar production from oily sludge pyrolysis and its application for organic dyes removal. Chemosphere, v. 301, n. April, p. 134803, 2022. 
MUNDADA, P.; BRIGHU, U.; GUPTA, A. B. Removal of methylene blue on soil: An alternative to clay. Desalination and Water Treatment, v. 58, n. January, p. 267–273, 2017. 
SHARMA, A. et al. Adsorption of textile wastewater on alkali-activated sand. Journal of Cleaner Production, v. 220, p. 23–32, 2019. 
LOGANATHAN, M. et al. Effective adsorption of crystal violet onto aromatic polyimides: Kinetics and isotherm studies. Chemosphere, v. 304, n. April, p. 135332, 2022.








