Autores
dos Santos, A.M.C. (UFOPA)  ; Leão, M.H.S. (UFOPA)  ; de Santiago, A.C.P. (UFOPA/PPGSAQ)  ; Saldanha, L.S. (UFPA/CAMPUS ANANINDEUA)  ; dos Santos, P.H.C. (UFPA)  ; Ribeiro, A.F. (UFPA/CAMPUS ANANINDEUA)  ; Figueira, B.A.M. (UFOPA)
Resumo
Este trabalho descreve a síntese de 
acetato de manganês (Mn(CH3COO)2·4H2O)  
por fusão alcalina e lixiviação acida, 
empregando-se os rejeitos de óxidos de Mn 
da Amazonia (RBA) como matéria prima de 
baixo custo. Os produtos de síntese foram 
caracterizados por difração de raios X em 
pó, espectroscopia FTIR-ATR e análise TG-
DSC. Com base nas condições ótimas de 
síntese, os resultados revelaram que os 
rejeitos de óxidos de Mn compostos por 
caulinita, gibbisita, quartzo e fases de 
Mn (birnessita, litioforita, criptomelana 
e pirolusita) podem ser transformados com 
sucesso na forma tetra-hidratada de 
acetato de Mn com estabilidade térmica 
próxima a 350ºC. 
Palavras chaves
Acetato de manganês ; Rejeitos de óxidos de Mn; Síntese 
Introdução
Rejeitos de Mn da indústria mineral são 
sub-produtos formados a partir do 
beneficiamento do minério em processos de 
classificação química e granulométrica. 
Quando o produto lavrado possui baixo teor 
de Mn e/ou granulometria de 400 mesh 
(fração fina) ele não tem valor econômico 
e é descartado em bacias de sedimentação 
(Mendes, 2018).
Segundo Figueira et al. (2013), Mendes et 
al. (2018) e Callandra et al. (2022), 
estes resíduos podem ser uma fonte 
interessante e de baixo custo para 
produção de adsorventes/fotodegradores 
(birnessita), indústria do lítio e 
melhoramento do asfalto.
Neste trabalho, investigou-se a 
recuperação de Mn presente nos rejeitos da 
indústria mineral do Mn (Amazonia) na 
forma de acetato de manganês. Este sal é 
um importante composto inorgânico para a 
indústria de catalise, fertilizante, assim 
como de tintas, plásticos e borracha na 
função de dessecante (PATCH, SIMOLO E 
CARRANO, 1982; Scoott, 2009; DERA, BRUFFEY 
et al., 2020).
Material e métodos
O processo de conversão de rejeitos de 
Mn(CH3COO)2·4H2O iniciou a partir de sua 
reação com solução alcalina para 
recuperação total do Mn como MnO2. Em 
sequência, o dióxido de Mn foi lixiviado 
com ácido acético a 1 mol.L-1 para 
conversão em acetato de Mn puro. A 
caracterização mineral dos produtos foi 
feita por difração de raios X (DRX), onde 
se empregou um difratômetro D2Phaser 
(Bruker) com  tubo de cobre (CuKa = 1.5406 
Å) de 400 W de potência e tensão de 30 kV 
e 10mA, respectivamente. A caracterização 
química do teor de manganês nos rejeitos 
foi obtida em espectrômetro de 
Fluorescência de raios-X Sequencial 
(Espectrômetro PANalytical Axios Max), 
equipado com tubo de raios-x cerâmico 
anodo de Rh. Para a determinação semi-
quantitativa dos elementos, foi preparada 
a pastilha fundida a partir da mistura de 
1g da amostra com 8g de tetraborato de 
lítio, em cadinho de Pt.  O espectro de 
infravermelho no médio (4000 a 400 cm-1) 
foi coletado utilizando-se uma pastilha 
prensada a vácuo contendo 0,200 g de KBr e 
0,0013 g de amostra pulverizada e um 
espectrômetro de absorção molecular na 
região IV com transformada de Fourier da 
Bruker (Vertex 70). As curvas TG-DSC do 
acetato de Mn foram registradas no 
termoanalisador da NETZSCH (STA 449 F5 
Júpiter), com forno cilíndrico vertical, 
conversor digital acoplado a um 
microcomputador e um fluxo de N2 de 50 
ml/s. 
Resultado e discussão
A composição químico-mineral de RBA foi 
estudada por FRX e DRX (Fig. 1a). O teor 
da amostra foi 33 % em peso de MnO, 
mostrando a viabilidade de uso da amostra. 
Enquanto sua composição mineral é formada 
por hematita (01-085-0987), gibbsita (PDF 
01-074-1775), muscovita (PDF 046-1409), 
litioforita (PDF 041-1378) e birnessita 
(PDF 01-080-1097). O padrão DRX da amostra 
lixiviada com ácido acético (Fig. 1b) 
mostrou picos bem definidos a 10,1; 12,44; 
13,92; 30,30 e 34,20º (2 theta) referentes 
à fase de acetato de Mn tetra-hidratado 
(Fichas PDF 014-0724 e PDF 029-0879). O 
espectro FTIR e curvas TG-DSC são 
mostrados na Fig. 2. As bandas 
diagnósticas de grupos acetato 
(estiramento H2O, estiramento C-O, balanço 
COO no plano, balanço COO fora do plano) 
foram identificadas no espectro IV-FTIR 
(Fig. 2a) e confirmaram a caracterização 
feita por DRX. Além disso, as curvas TG-
DSC mostraram dois eventos térmicos 
principais: i) processo de desidratação 
para produção de acetato de Mn anidro na 
faixa de temperatura de 25 a 150 °C; ii) 
decomposição térmica de Mn(CH3COO)2 e 
transformação em fase MnO em torno de 350º 
C (Mohamed e Halawy, 1994; Ito e 
Bernstein, 2001)


Conclusões
Os resultados mostraram que os resíduos de 
Mn da Região Amazônica foram convertidos 
com sucesso em um sal de manganês (acetato 
de Mn tetrahidratado), confirmando assim 
que um subproduto do setor mineral de Mn 
pode ser convertido em material de valor 
agregado e de grande importância 
tecnológica.
Agradecimentos
Os autores agradecem a CAPES, CNPQ, UFOPA, 
LCM (IFPA), LAMIGA (UFPA) e CETENE pelo 
apoio financeiro e analítico que 
permitiram a execução deste trabalho
Referências
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