Autores
Barbosa Damaceno, F. (UFVJM)  ; Emanuel Pereira Cota, V. (UFVJM)  ; Ribeiro de Sousa Barbosa, R. (IFNMG-CAMPUS SALINAS)  ; Santos Almeida, J. (UFVJM)  ; Ribeiro de Sousa Barbosa, L. (UFVJM)  ; Aparecido de Jesus Loures Mourão, H. (UFVJM)
Resumo
As fotodegradações do corante índigo de carmim foram estudadas na presença do 
catalisador pentóxido de nióbio, sintetizados pelo método hidrotérmico a 120 e 150 
°C, por 5h. O foto-reator era equipado com lâmpadas ultravioleta C e visível, 
contendo as amostras, fotocatalisador e corante. O difratograma de raios-X, 
revelou um material de baixa cristalinidade. Na radiação ultravioleta C, os 
catalisadores nas temperaturas de 120 e 150 °C, apresentaram, uma diminuição na 
concentração do corante de 99 e 70%, respectivamente. Já no visível, os materiais 
obtidos em ambas as temperaturas demonstraram um desempenho de 70% por um efeito 
chamado de fotossensibilização orgânica. Os resultados obtidos poderão contribuir 
para a viabilidade do uso do pentóxido de nióbio. 
Palavras chaves
Fotocatálise heterogênea; pentóxido de nióbio; fotodegradação
Introdução
Em decorrência dos danos causados pelos impactos ambientais da presença desses 
poluentes orgânicos, principalmente nos ambientes hídricos, torna-se necessário 
obter materiais mais eficientes que possam minimizar esses efeitos. Para mitigar 
estes problemas, estudos na área de química de materiais buscam entender melhor 
a relação entre método de síntese, estrutura e superfície dos materiais bem como 
suas propriedades fotocatalíticas. 
Os semicondutores fotoativos, tais como óxido de zinco (ZnO), vanadato de 
bismuto (BiVO4) e o dióxido de titânio (TiO2)  podem ser usados para processos 
de degradação de poluentes orgânicos, oxidação da água, redução de CO2 e 
obtenção de H2 (WU et al., 2014). O pentóxido de nióbio (Nb2O5) 
obtido pelo método hidrotérmico é o semicondutor de interesse para este 
trabalho. Ele  tem atraído grande atenção uma vez que o mesmo apresenta valores 
de energia de band gap entre 3,1 a 4,0 eV que estão na região do ultravioleta. 
Esta larga absorção, associada a adequadas propriedades eletrônicas e texturais, 
torna-o um potencial candidato para aplicações em fotocatálise heterogênea 
(ALVES e COUTINHO, 2015;FUJISHIMA HONDA, 1967; MARTINS et al, 2020). 
 Muitos materiais tais como ZnO, BiVO4 e CaO puros foram testados para a reação 
de fotodegradação do índigo de carmim, porém, somente o pentóxido de nióbio 
demostrou atividade fotocatalítica muito boa na radiação ultravioleta C e 
visível (MOURÃO et al, 2009). No entanto, este material é pouco abordado no que 
se refere à fotocatálise e pouco se sabe sobre o real papel do (foto)catalisador 
no processo de degradação de poluentes orgânicos.  O presente trabalho tem como 
objetivo avaliar a atividade fotocatalítica do pentóxido de nióbio na reação de 
fotodegradação do índigo de carmim. 
Material e métodos
Síntese e caracterização do pentóxido de nióbio (Nb2O5)	
Foi solubilizado 1,0 g do precursor oxalato amoniacal de nióbio – cedido pela 
Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) – em 80,0 mL de água 
destilada, formando uma dispersão incolor. Em seguida, ela foi colocada em um 
reator hidrotérmico fechado para o aquecimento a 120°C e 150°C por 5 h.  O 
precipitado formado foi centrifugado com água destilada repetidas vezes e álcool 
isopropílico, sendo seco na chapa aquecedora a 70 °C por 2 h. A caracterização 
foi feita por difração de raios x para determinação da fase cristalina presente, 
usando radiação CuKα (λ = 0,5418 Angstrom), 2θ de 5 a 80º.
Teste de fotodegradação 
 Os testes de fotodegradação foram realizados em um reator fotocatalítico 
(Figura 1)  com seis lâmpadas fixadas na parte superior que podem ser UVC ou 
visível. A potência de ambos os tipos de  lâmpadas foi  de 15 W  as quais 
permaneceram a uma distância de, aproximadamente, 24 cm  das amostras. O reator  
foi conectado a um trocador de calor para manter sua temperatura a 13°C. As 
amostras foram preparadas em béqueres contendo 0,0103 g de cada amostra 
sintetizada com 20 mL de solução 30 mg/L do corante índigo de carmim (IC) e 
deixadas em repouso no escuro por 12 h . A concentração do corante foi 
monitorada por espectroscopia UV-Vis nos intervalos de tempos de 15, 45, 105 e 
225 min para teste  com luz ultravioleta e nos tempos de 30, 90, 210 e 330 min 
para os de luz visível.  As leituras de absorbância foram analisadas no 
comprimento de onda característico do grupo cromóforo do corante de 610 nm para 
o índigo de carmim. 
Resultado e discussão
A Figura 1 apresenta o difratograma do material obtido na síntese hidrotérmica. 
Nas condições de síntese, um pico de intensidade máxima foi observado a 23° que 
corresponde ao plano (001) da fase cristalina tetragonal do pentóxido de nióbio. 
Os outros três picos de baixa intensidade identificados também podem ser 
associados aos planos (100), (002) e (102) dessa fase cristalina tetragonal. A 
baixa intensidade destes picos indica um material com baixa cristalinidade, 
porém com indícios de formação da fase cristalina tetragonal do pentóxido de 
nióbio (ZHANG et al, 2014).
A Figura 2 (A) mostra as curvas de concentração obtidas juntamente com as 
fotografias das amostras de corantes utilizadas submetidas à  radiação 
ultravioleta C. É possível observar também que não houve mudança no aspecto 
físico do catalisador, permanecendo na coloração branca até o final do teste 
sugerindo que, provavelmente, esteja ocorrendo o processo de fotodegradação ou 
remoção de grupo cromóforo, mas sem adsorção significativa do corante pelo 
catalisador.  Ao analisar diminuição na concentração do corante no tempo de 250 
minutos,  a amostra de Nb2O5  obtida à 120°C,  apresentou uma diminuição de 99% 
enquanto que a amostra obtida à  150°C, o valor da diminuição foi  de 70%. Este 
comportamento foi esperado, uma vez que o Nb2O5 possui um band gap ativo na 
região ultravioleta podendo também ser fotoativo no visível. 
Cervantes et al, (2009) realizaram a síntese Ti/TiO2 utilizando propriedades 
fotoeletrocatalíticas de filmes particulados de TiO2 suportados em placas de 
titânio e estimulados por radiação UV-Vis, para avaliar a sua atuação catalítica 
na fotodegradação de corante sintetico (azocorante). Os resultados mostraram que 
as taxas de descoloração foram superiores a 90% durante um período de 270 
minutos nas duas 
Giraldi et al (2016) realizaram  a síntese do zinco (ZnO) puro e dopado com 0, 
25; 0,5 e 1,0% % de mangânes (Mn) pelo método dos percursores poliméricos para 
aplicação na degradaçãodo corante azul de metileno. Como resultado, a amostra  
com 0,25% de Mn apresentou uma maior fotoatividade, uma vez que promoveu 
degradação de 78% do corante em 120 min de exposição à radiação. As amostras ZnO 
puro e 0,5% do íon Mn apresentaram atividades semelhantes e,  finalmente,  com 
1,0% de Mn apresentou menor atividade fotocatalítica, degradando 60% do corante 
em 150 min. Pode-se perceber que o material puro demonstrou atividade 
fotocatalítica igual ao material dopado com íon manganês .
Na  Figura 2 (B),  estão representadas  as curvas de concentração obtidas e as 
imagens das amostras submetidas ao  teste na radiação visível. Observa-se 
que estes materiais também foram fotoativos, exibindo um maior desempenho na 
fotdegradação do índigo de carmim e que não há alteração da cor dos 
catalisadores. O desempenho das amostras de Nb2O5 obtidas às temperaturas de 
120°C e 150°C foi de, aproximadamente, 70%. Os resultados de descoloração do 
corante pelo material de Nb2O5 nas temperaturas de 120° e 150°Cpode não ter sido 
apenas pela contribuição do efeito de adsorção ou fotodegradação. Uma hipótese 
para  explicar tal comportamento  é que o próprio corante contribuiria  com a 
atividade  do Nb2O5 puro por meio da sua fotoexcitação com a luz visível e 
injeção de cargas  na BC desse fotocatalisador, efeito este conhecido como 
fotossensibilização orgânica (BAE, CHOI, et al., 2000; O'REGAN e GRATZEL, 1991). 
No estudo de Leguizamón et al, (2010), foi explorado a fotossensibilização do 
semicondutor TiO2 na atividade fotocatalítica para a degradação de um poluente 
modelo (fenol) afim de aumentar suas propriedades catalíticas. Como resultado, 
foi obtida uma eficiência de remoção de, aproximadamente, 34% da concentração 
inicial de fenol em comparação com 19% usando TiO2 não modificado. Liu et al. 
(20140 mostraram que a síntese da heteroestrutura BiF3−Bi2NbO5F sintetizada pelo 
método solvotérmico (140°C, 12h) produziu um material com um band gap de 3,47 
eV. A estrutura foi utilizada na degradação fotossensibilizada da rodamina B 
(RhB) sob irradiação de luz visível. A eficiência da fotodegradação da RhB 
atingiu 99% após 90 minutos de irradiação. 

Difratograma de raios X do óxido de nióbio obtido a partir da síntese hidrotérmica a 150°C (JCPDS no 18- 0911).

Curvas da variação da concentração do corante índigo de carmim submetido à ação do fotocatalisador, Nb2O5 à 120 e 150°C, por 5h(A) UVC e (B) visível.
Conclusões
Foi obtido o pentóxido de nióbio de baixa cristalinidade, sintetizado pelo método 
hidrotérmico nas temperaturas de 120 e 150°C. Este material apresentou atividade 
fotocatalítica para a degradação do corante índigo de carmim nas radiações 
ultravioleta C e visível. Na radiação ultravioleta C, demostraram um resultado de 
99 e 70%, de diminuição da concentração do corante respectivamente para as 
amostras do pentóxido de nióbio a 120 e 150°C. No visível, ambos os materiais 
obtidos exibiram uma diminuição na concentração de 70%, sugerindo assim, a 
ocorrência do processo de fotosensitização orgânica.. Para uma constatação do que 
está acontecendo na superfície destes catalisadores, se faz necessário um estudo 
das propriedades superficiais dos catalisadores como a aplicação de técnicas de 
caracterização como potencial zeta e de adsorção. Os resultados revelaram o 
material de pentóxido de nióbio promissor para o processo fotocatalítico de do 
corante têxtil índigo de Carmim. 
Agradecimentos
Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico – CNPq pela bolsa de 
mestrado e o Programa de Pós-Graduação em química da Universidade Federal dos 
Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Referências
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