• Rio de Janeiro Brasil
  • 14-18 Novembro 2022

Sensor eletroquímico a base de policaprolactona e grafite para a determinação voltamétrica de vitamina B2 em medicamentos.

Autores

de Oliveira, G.C. (UFF) ; Chagas, A.L.S. (UFF) ; Guimarães, S.F. (UFF) ; Ponzio, E.A. (UFF) ; Cassella, R.J. (UFF)

Resumo

Neste trabalho, eletrodos compósitos a base de policaprolactona (PCL) foram preparados com diferentes proporções de materiais de carbono (grafite, óxido de grafeno e carbono Vulcan®). Em todos os compósitos, a proporção de PCL foi mantida fixa em 30% (m/m). A melhor resposta eletroativa foi obtida com o eletrodo com 70% (m/m) de grafite. Este eletrodo foi caracterizado por espectrometria na região do infravermelho e voltametria cíclica. O eletrodo proposto foi utilizado na determinação voltamétrica de vitamina B2 em medicamentos do complexo B e apresentou resultados satisfatórios. O eletrodo apresenta grande potencial de aplicação na quantificação e identificação de diversos outros analitos em amostras de interesse farmacêutico, biológico e/ou ambiental.

Palavras chaves

sensor eletroquímico; policaprolactona; vitamina

Introdução

Os eletrodos compósitos consistem em misturas entre, pelo menos, duas fases, uma isolante e uma condutora. Considerando as fases de condução, os materiais derivados do carbono como, por exemplo, o grafite (DE OLIVEIRA et al, 2018), são opções atraentes para a construção de sensores baratos e versáteis. Com relação às fases isolantes, podemos citar os polímeros termoplásticos, como a acrilonitrila-butadieno-estireno (ABS) (DE OLIVEIRA et at, 2018), o poliácido láctico (PLA) (SILVA et al, 2018) e a policaprolactona (SILVA et al, 2020). A policaprolactona (PCL) é um polímero termoplástico biodegradável utilizado em materiais aplicados a suturas de ferimentos, blendas com outros polímeros para fins medicinais, em razão de ser atóxico e flexível. Há poucos relatos na literatura sobre o uso da PCL como material isolante em eletrodos compósitos (SILVA et al, 2020). A vitamina B2 (riboflavina) é um pó cristalino branco amarelo-alaranjado, de sabor amargo e odor leve, pertencente ao grupo das vitaminas hidrossolúveis do complexo B. A carência da vitamina B2 pode ser originada tanto pela falta de alimentos ou de uma dieta mal equilibrada. A vitamina B2 não é sintetizada pelo nosso organismo e deve ser adquirida por meio da alimentação e/ou suplementos vitamínicos (DE OLIVEIRA et al, 2018). Desta forma, métodos analíticos para a determinação desta vitamina em diferentes tipos de amostras são necessários. No presente trabalho, propomos o uso de um eletrodo compósito a base de PCL e grafite para a determinação voltamétrica de vitamina B2 em medicamentos.

Material e métodos

As experiências voltamétricas foram realizadas em um potenciostato Autolab PGSTAT128N (Metrohm®, Suíça) controlado com o software Nova 2.1 (Metrohm®, Suíça). O sistema eletroquímico consistiu em uma célula de três eletrodos. Um eletrodo Ag/AgCl (3 M KCl) foi usado como eletrodo de referência em combinação com um fio de platina como contra eletrodo e eletrodos compósitos de PCL como eletrodos de trabalho. Todas as medidas voltamétricas foram realizadas em uma célula de três eletrodos contendo 20,0 mL de uma solução de um eletrólito suporte adequado. Todas as experiências foram realizadas à temperatura ambiente sem remover o oxigênio dissolvido. Os sensores foram preparados para obter uma proporção fixa de 30% (m/m) de PCL no material final. O PCL (IC3D®, Brasil) foi solubilizado em clorofórmio na proporção de 1:3. Em seguida, os materiais de carbono (grafite, óxido de grafeno e carbono Vulcan®) foram adicionados em diferentes proporções: 70% (m/m) de grafite; 69% (m/m) de grafite e 1% de (m/m) de óxido de grafeno; 70% (m/m) de carbono Vulcan®. Os compósitos foram homogeneizados manualmente durante 10 minutos e inseridos em seringas do tipo insulina (1,0 mm de diâmetro interno). Em seguida, fios de cobre foram usados para estabelecer o contato elétrico dos sensores. Os eletrodos foram armazenados à temperatura ambiente entre 3 a 7 dias até a evaporação total do solvente. Posteriormente, os sensores eletroquímicos foram polidos usando lixas d’água de grão 600 e 1200.

Resultado e discussão

Os eletrodos compósitos foram avaliados empregando a voltametria cíclica em eletróltito suporte 0,5 M de KCl contendo 5 mM de K3[Fe(CN)6] a 25 mV/s. Na Figura 1, observa-se que os melhores resultados quanto as intensidades de correntes de pico e perfil voltamétrico foram obtidos com o eletrodo 70% (m/m) de grafite. Tal fato pode estar relacionado as cinéticas mais rápidas de transferência de elétrons na superfície deste eletrodo. Desta forma, o eletrodo 70% (m/m) de grafite foi definido como o eletrodo de trabalho para os estudos posteriores. Na Figura 2, é possível observar um par reversível de picos anódico-catódicos para a vitamina B2, um pico de redução localizado a -0,35 V e um pico de oxidação a -0,21 V (DE OLIVEIRA et at, 2018). Os estudos indicaram a ocorrência de um processo misto de adsorção e difusão desta vitamina na superfície do eletrodo 70% (m/m) de grafite (BECK, 1995). Para a determinação de vitamina B2 foi utilizada a voltametria de pulso diferencial (VPD). As melhores condições foram obtidas empregando um incremento de 5 mV, amplitude de 100 mV e velocidade de varredura de 50 mV/s. Estas condições otimizadas foram utilizadas em todos os experimentos posteriores. Foram obtidas duas curvas analíticas, a primeira, no intervalo de concentração entre 1,5 a 7,0 µM e, a segunda, entre 8,0 a 13,5 µM. Os limites de detecção (LD) e de quantificação (LQ) calculados, utilizando a primeira curva, apresentaram valores de 0,2 µM e 0,6 µM, respectivamente. A segunda curva apresentou LD de 1,2 µM e LQ de 3,5 µM. O método da adição de padrão foi usado na determinação da vitamina B2 em comprimidos da marca EMS complexo B. Uma porcentagem de recuperação satisfatória foi obtida demonstrando a viabilidade do uso do eletrodo proposto na determinação de vitamina B2.

Figura 1

Voltamogramas cíclicos usando eletrodos ECGP (70% m/m grafite), ECGP/GO (69% m/m grafite e 1% m/m óxido de grafeno, ECGP/CV (70% m/m carbono Vulcan®)

Figura 2

Voltamogramas cíclicos obtidos em (a) tampão acetato 0,1 M (pH 4,5) e (b) 50 µM de vitamina B2.

Conclusões

O presente trabalho propôs a determinação voltamétrica de vitamina B2 em medicamentos usando um eletrodo a base de um polímero termoplástico biodegradável (policaprolactona) e grafite. Este sensor demonstra várias vantagens, tais como, baixo custo, simples construção e rapidez de análise. A quantificação de vitamina B2 em comprimidos foi realizada com sucesso. O eletrodo proposto mostra-se promissor para a determinação de diversas outras vitaminas em formulações farmacêuticas e fluidos biológicos.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ, E-26/202.405/2019, E-26/202.406/2019) pelas bolsas e pelo apoio financeiro.

Referências

BECK, F. Cyclic voltammetry—simulation and analysis of reaction mechanisms, v. 7, n. 3, p. 298-298, 1995. DE OLIVEIRA, G. C.; PEREIRA, L. C.; SILVA, A. L.; SEMAAN, F. S.; CASTILHO, M.; PONZIO, E. A. Acrylonitrile-butadiene-styrene (ABS) composite electrode for the simultaneous determination of vitamins B2 and B6 in pharmaceutical samples. Journal of Solid State Electrochemistry, v. 22, n. 5, p. 1607–1619, 2018. SILVA, A. L.; CORRÊA, M. M.; OLIVEIRA, G. C. DE; MICHEL, R. C.; SEMAAN, F. S.; PONZIO, E. A. Development and application of a routine robust graphite/poly(lactic acid) composite electrode for the fast simultaneous determination of Pb2+ and Cd2+ in jewelry by square wave anodic stripping voltammetry. New Journal of Chemistry, v. 42, n. 24, p. 19537–19547, 2018. SILVA, E. M. DA; OLIVEIRA, G. C. DE; SIQUEIRA, A. B. DE; TEREZO, A. J.; CASTILHO, M. Development of a composite electrode based on graphite and polycaprolactone for the determination of antihypertensive drugs. Microchemical Journal, v. 158, p. 105228, 2020.

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