Autores
Santos, R.S. (UFOPA/JURUTI)  ; da Silva, L.P. (UFOPA/JURUTI)  ; Nascimento, R.S. (UFPA)  ; Ferreira, A.P. (IFPA/PARAUAPEBAS)  ; Pereira, C.F.L. (UFOPA/CAMPUS JURUTI)  ; Fernandez, O.J.C. (IFPA/PPGMAT)  ; Figueira, B.A.M. (IFPA/PPGMAT)
Resumo
Neste trabalho, apresenta-se a caracterização tecnológica de minério de oxido de 
Mn de grau eletrolítico para investigação de suas características químico-mineral. 
Os resultados de DRX, IV-FTIR, MEV e FRX mostraram que este produto mineral 
apresenta o mineral nsutita como fase predominante, com morfologia em glóbulos, 
elevado teor de MnO (> 85 %), evidenciando a sua grande importância para os 
mercados nacional e internacional.
Palavras chaves
Amazonia; Minerio de Mn; Caracterização
Introdução
Província Mineral de Carajás localiza-se no estado do Pará, na Região Sudeste do 
estado e tem sua importância econômica 
principalmente por suas fontes minerais de alto valor para o mercado interno e 
externo . Nesta região do Pais, encontra-se 
atualmente as principais minas de minério de alto valor de Mn, com destaque a 
mina do Azul, Sereno, Buritirama e São 
Vicente (Costa et al, 2005; Araujo e Sousa, 2018). Nelas são lavrados os 
minérios de importância metalúrgica e também tipo eletrolítico 
(EMD), cuja demanda atende mercados como de liga de alto Mn, agricultura, 
catalisadores, corante de vidros, cerâmica 
vermelha, pilhas e baterias. Na mina de lavra, este bem mineral em geral é 
beneficiado, caracterizado quanto a sua 
composição químico-granulométrico para sua classificação e posterior venda ao 
mercado nacional e internacional (Sampaio et 
al., 2001). Ainda são poucos os trabalhos de caracterização tecnológica mais 
abrangente destes minérios de óxidos de Mn.
O objetivo deste trabalho foi desenvolver um estudo de caracterização mais 
abrangente de minério de Mn de grau 
eletrolítico coletado em uma mina de Mn da Provincia Mineral de Carajás.
Material e métodos
a) Coleta e preparação de amostra: As amostra de EMD caracterizadas neste 
trabalho foram coletadas em uma frente de lavra em uma mina da Província Mineral 
de Carajás. Elas foram pulverizadas, misturadas e quarteadas para obtenção de 
uma amostra representativa, que se chamou de OreMnPMC. 
b) Caracterizações: As analises por difratometria de raios-X foram feitas em 
difratômetro de raios-x modelo X´PERT PRO MPD (PW 3040/60), da PANalytical, com 
Goniômetro PW3050/60 (Theta/Theta) e tubo de raios-x cerâmico de anodo de Cu 
(Kα1 1,540598 Å). O detector 
utilizado foi do tipo RTMS, X'Celerator. Os espectros de infravermelho foram 
obtidos utilizando-se pastilhas prensadas a vácuo contendo 0,200 g de KBr e 
0,0013 g de amostra pulverizada e um espectrômetro de absorção molecular na 
região IV com transformada de Fourier, Perkin Elmer modelo FT-IR1760 X.As 
análises químicas (semiquatitativas) das amostras AP-01 e SN-02 (com pouca 
massa) foram realizadas em espectrômetro de Fluorescência de raios-X Sequencial 
(Axios Minerals, da Panalytical), equipado com tubo de raios-x cerâmico anodo de 
Rh. Para a determinação semi-quantitativa dos elementos, foram preparados disco 
fundidos a partir da mistura de 1 grama da amostra com 8 gramas de tetraborato 
de lítio, em cadinho de Pt, fundida em Máquina de fusão VULCAN. O material foi 
colocado num molde da mesma liga para a obtenção do disco de vidro. O resultado 
da perda ao fogo foi obtido por calcinação de outra alíquota de 1 grama de 
amostra, em mufla a 1000 ºC por 1,5 h.
Resultado e discussão
A caracterização mineral de OreMnPMC foi realizada por DRX, IV e MEV (Fig. 1). 
No padrão DRX da amostra (Fig. 1a), apesar da baixa definição dos picos, nota-se 
a predominância dos picos com d = 3,98 Å; 2,44 Å; 2,13 Å; 1,64 Å, que são 
característicos de nsutita ou sua fase sintética (PDF 00-014-0615), com sistema 
ortorrômbico. Não é 
possível afirmar a presença exclusiva de nsutita com base apenas neste 
difratograma. Uma caracterização espectroscopica complementar tambem foi feita e 
mostrada na Fig 1b. A presença de nsutita foi observada através das bandas de 
estiramento das ligações Mn-O (475, 533, 589, 694 e 1095 cm-1) bem 
correlacionadas com aquelas observadas de nsutita de Goriajhar (MOHAPATRA et 
al., 1995). As bandas em 535 e 589 cm-1, de acordo com JULIEN et al. (2004), 
referem-se aos modos de estiramento Mn-O dos octaedros de pirolusita e 
ramsdellita, estruturas que formam  nsutita. Quanto às bandas em 1095 cm-1 e 
1636 cm-1, possivelmente refletem os modos de vibração do grupo O-H adsorvidos 
neste mineral. Quanto a sua caracterização morfológica por MEV (Fig 1c), Um 
aglomerado de glóbulos imersos em uma superfície não planar pode ser observado, 
resultado que diverge do aspecto tipo ouriço revelado nos estudos de LI et al. 
(2006), bem como a morfologia de “bolo em camada” descrita por XIE et al. 
(2009). A composição química da amostra obtida por FRX mostrou a presença 
majoritária de manganês (85,84 
% em peso) e água (12,24 % em peso), que devem estar relacionados à fase 
nsutita. Os teores de manganês 
estão bem correlacionados com os teores descritos por MOHAPATRA (1995) e 
NIMFOPOLOUS (1991) deste 
mineral. Os teores de SiO2 (0,23 %), Al2O3 (0,47 %), Na2O (0,15 %), P2O5 (0,09 
%) e K2O (0,71 %) não 
alcançaram 1% em peso. Em relação aos elementos
Conclusões
Com base nos resultados de caracterização química e mineralógica, podem-se 
estabelecer as seguintes conclusões:
O minério de oxido de Mn de grau eletrolítico estudado neste trabalho, apresenta-
se majoritariamente constituído por nsutita, com morfologia em glóbulos bem 
definidos, bandas diagnosticas de vibração Mn-O na espectroscopia de IV e teor de 
MnO acima de 85 % em peso. 
Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio tecnico-cientifico da Capes, CNPQ, CETENE e 
Laboratorio de Caracterização Mineral da UFPA (Instituto de Geociencias) e IFPA 
(Metalografia).
Referências
ARAUJO, Raphael Neto; SOUSA, Marcelo Januário de. Área de Relevante Interesse Mineral, Província Mineral de Carajás, PA: estratigrafia e análise do minério de Mn de Carajás, áreas Azul, Sereno, Buritirama e Antônio Vicente. Repositório Institucional de Geociencias-CPRM, 2018.
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