Autores
Silva Junior, J.H. (UFRN)  ; Medeiros, L.G. (UFRN)  ; Silava, K.A. (UFRN)  ; Castro, P.S. (UFRN)
Resumo
Este trabalho descreve uma metodologia alternativa para fabricação de eletrodos 
utilizando hastes de grafite retiradas de pilhas comuns (tipo AAA) e sua 
sistematização através da impressão 3D. Essa nova tecnologia apresenta-se como 
uma alternativa bastante atrativa devido à sua simplicidade, robustez, 
versatilidade, baixo custo e diversidade de materiais para impressão. Os 
espelhos foram projetados e impressos para formação de um molde de silicone. As 
hastes foram conectadas a um fio de cobre e encapsuladas utilizando resina 
epóxi. Os eletrodos foram caracterizados utilizando voltametria cíclica com 
resposta equiparável aos eletrodos comerciais. Além disso, o fator 
reprodutibilidade também foi avaliado evidenciando possibilidade de utilização 
em aulas didáticas e em pesquisas científicas. 
Palavras chaves
impressão 3D; eletrodo de grafite; fabricação de eletrodos
Introdução
A busca por novos materiais e inovação nas metodologias de fabricação são 
atualmente um dos principais desafios encontrados no desenvolvimento de sensores 
eletroquímicos. A impressão 3D é uma tecnologia de manufatura aditiva baseada no 
princípio da construção por deposição em camadas, que se destaca dos demais 
processos de construção pela maior economia de matéria-prima, maior velocidade 
de produção, grande capacidade de personalização e de confecção de estruturas 
complexas e bem definidas - especialmente, internas (SILVA JUNIOR, 2021). Desta 
forma, nos últimos anos, essa nova tecnologia vem se destacando como ferramenta 
essencial para diversas aplicações interessantes na área de eletroanalítica. 
Assim, diferentes configurações de eletrodos vêm sendo introduzidos com 
aplicações em análises clínicas, ambientais, farmacêuticas e forenses (OLIVEIRA 
et. al., 2020; CAMPOS JANEGITZ et al., 2022; MUNIZ et al. 2022).
Os dispositivos eletroquímicos, tais como pilhas e baterias estão amplamente 
presentes no cotidiano da vida moderna. Ainda que úteis, estes aparelhos 
apresentam grande risco ambiental devido sua composição composta de elementos 
potencialmente poluentes, tais como zinco, manganês, níquel, cádmio, chumbo e 
mercúrio. Apesar de diversos incentivos e campanhas de descarte de forma segura, 
uma grande quantidade de pilhas ainda são descartadas diariamente em aterros 
sanitários e terrenos baldios (AFONSO et al., 2003). Segundo dados da Associação 
Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) são produzidos 
anualmente, apenas no Brasil, cerca de 800 milhões de pilhas, sendo 80% destas 
pilhas secas do tipo zinco e carbono e 20% de pilhas alcalinas. Embora haja 
conhecimento da quantidade produzida de pilhas e baterias no país, não há 
estimativas da porção destes dispositivos que são recolhidos e reciclados, ou 
descartados de forma correta (CONTE, 2016).   
	Atualmente existem alguns processos químicos nos quais os metais de 
pilhas e baterias conseguem ser reciclados, como por exemplo na recuperação de 
zinco e manganês de pilhas através de eletrólise (FERELLA; DE MICHELIS; VEGLIÒ, 
2008). No entanto, a reutilização do cátodo de grafite presente nestes 
dispositivos também apresenta relevância, uma vez que este material de carbono 
tem potencial para ser empregado como sensor eletroquímico (SIQUEIRA SANTOS et 
al., 2018). 
O carbono pode apresentar-se de diferentes formas, tais como: fibras, pó, 
folhas, espumas e compósitos. Estas formas possuem propriedades atrativas em 
diferentes aplicações eletroquímicas, uma vez que o material citado apresenta 
boa condutividade elétrica. Umas das formas elementares mais comuns do carbono é 
o grafite. O grafite possui estrutura de carbono em planos de camadas, e pode 
ser encontrado de forma natural ou ser sintetizado a partir de precursores 
industriais como coque de petróleo, pixe e negro de fumo. (BAIO; RAMOS; 
CAVALHEIRO, 2014). Assim, os cátodos das pilhas comuns possuem como fonte de 
carbono o grafite natural de alta pureza que podem ser empregados como material 
condutor para fabricação de sensores eletroquímicos utilizando a impressão 3D 
como alternativa para confecção de moldes de silicone para encapsulamento em 
resina epóxi.  
Material e métodos
Reagentes
Os reagentes utilizados na caracterização e análise dos eletrodos foram 
reagentes do tipo PA (para análise) da marca Sigma-Aldrich. As soluções foram 
preparadas com água destilada purificada através de sistema de osmose reversa 
(Permution–E. J. Krieger & Cia LTDA, 18 MΩ cm-1). Os reagentes 
utilizados foram: hidróxido de potássio, hexacianoferrato (III) de potássio, 
cloreto de potássio, ácido fosfórico, dihidrogenofosfato de sódio e padrão de 
cafeína (C8H10N4O2- Dinâmica). A 
solução estoque de cafeína foi preparada no dia de sua utilização, a fim de se 
evitar possíveis oxidações químicas.
Equipamentos e medidas eletroquímicas
Para limpeza dos eletrodos de grafite foi utilizado o ultrassom Unique 
UltraCleaner 1450. As medidas eletroquímicas foram realizadas em um 
potenciostato Metrohm Autolab PGSTAT302N utilizando uma célula eletroquímica de 
três eletrodos: eletrodo de trabalho – eletrodo de grafite confeccionado, 
eletrodo de referência – Ag/AgCl/KCl(3M) de fabricação própria e eletrodo 
auxiliar – fio de platina.
Fabricação do eletrodo de carbono grafite utilizando impressão 3D
Os eletrodos foram confeccionados utilizando hastes de grafite retiradas de 
pilhas comuns exauridas (zinco-carbono, tipo AAA). Em seguida, as hastes foram 
lixadas (lixa d’água #600) e lavadas com água destilada. O método de fabricação 
utilizado foi o de encapsulamento em resina epóxi (Redelease 2004) a partir de 
moldes de silicone que foram confeccionados via impressão 3D seguindo os 
parâmetros para impressão da peça espelho para confecção dos moldes em 
silicone: Material = PLA (⌀ 1,75 mm); Temperatura do extrusor = 245 °C; Altura 
de camada = 0,2 mm; Densidade de preenchimento = 60 %; Padrão de preenchimento = 	        
Cúbico; Velocidade de impressão	= 40 mm/s. 
Verificação do funcionamento dos eletrodos de carbono grafite
Os testes para verificação do funcionamento dos dispositivos fabricados foram 
realizados utilizando uma solução contendo uma espécie mediadora conhecida, 
ferricianeto de potássio (K3[Fe(CN)6]), de concentração 10 mmol/L em KCl 100 
mmol/L como eletrólito suporte. Logo, foram executadas análises voltamétricas 
utilizando voltametria cíclica para verificação dos resultados e sua comparação 
com os dados descritos na literatura.
Resultado e discussão
Fabricação de eletrodos de grafite utilização impressão 3D
A Figura 1 descreve as etapas para construção do eletrodo. Para a construção dos 
moldes, uma peça espelho com a forma dos eletrodos (Etapa 1) foi desenhada 
digitalmente utilizando a plataforma Tinkercad, e impressa em PLA (Ácido 
polilático, 3DFila) utilizando uma impressora 3D modelo Ender 3, fabricada pela 
Creality. O molde de silicone foi preparado vertendo na peça impressa uma 
mistura homogênea de borracha e catalisador (Redelease) na proporção mássica de 
100:3, respeitando o tempo de cura de 24 horas até o desmolde (Etapa 2 e 3). 
Para compor o condutor dos eletrodos, a haste de grafite foi cortada em 
fragmentos de 5 mm, e com o auxílio de uma mini retifica, um pequeno orifício 
foi feito em uma das faces de cada fragmento, onde foi conectado (por pressão) 
um pedaço de fio rígido de cobre (⌀ 1mm) (Etapa 4). Os conjuntos haste-fio foram 
inseridos no molde de silicone, onde foi vertido uma mistura homogênea de resina 
epóxi e catalisador (2:1) (Etapa 5). O tempo de cura respeitado foi de 24 horas, 
quando então os eletrodos foram retirados e lixados (lixa d’água #600) até a 
obtenção de uma superfície plana e rente ao corpo de epóxi, com o condutor de 
disco de grafite exposto (Etapa 6).
Caracterização dos eletrodos de grafite
A resposta voltamétrica do eletrodo de carbono grafite fabricado foi comparada à 
de um eletrodo de carbono vítreo comercial como mostra a Fig. 2A. Para isso, a 
técnica de voltametria cíclica foi utilizada empregado uma solução de 
K3[Fe(CN)6] 10 mmol/L em KCl 100 mmol/L com velocidade de varredura de 30 mV/s. 
Pode-se observar que há diferenças nos valores de corrente e potencial de picos 
anódico e catódico. Desta forma, a maior corrente observada para o eletrodo de 
carbono grafite evidencia uma maior área eletroativa de sua superfície. A 
aproximação entre os picos no voltamograma associado ao eletrodo de carbono 
grafite reflete uma maior transferência de elétrons nas reações de oxidação e 
redução que ocorrem na interface entre a superfície do eletrodo de trabalho e a 
solução eletrolítica. A diferença entre os picos no eletrodo de carbono vítreo 
foi de aproximadamente 0,137 V, enquanto que no eletrodo de carbono grafite foi 
de 0,098 V.
Cálculo da área eletroativa do eletrodo de grafite
A técnica de voltametria cíclica foi utilizada para determinar a área 
eletroativa do eletrodo de grafite fabricado neste trabalho. Para tal, uma série 
de medidas foram realizadas modificando as velocidades de varredura a fim de 
correlacionar os picos anódicos e catódicos e determinar através da Equação de 
Randles-Sevick (Equação 1) a área efetiva do eletrodo de carbono grafite.
ip = 2,69×105n(3/2)AD(1/2)Cv
(1/2) Equação 1
onde, ip é a corrente de pico anódico (μA), n é o número de elétrons 
transferidos (n = 1 for K3[Fe(CN)6], A é a área do eletrodo (cm2), C 
é a concentração das espécies oxidadas (mol/cm3), D é o coeficiente 
de difusão das espécies oxidadas (D = 7,6 × 10-6 cm2/s 
para K3[Fe(CN)6] e v é a velocidade de varredura (V/s). 
As Fig. 2B e 2C mostram respectivamente as respostas eletroquímicas obtidas 
através das medidas voltamétricas em diferentes velocidades de varredura (5 - 60 
mV/s) e as equações da reta obtidas para o processo anódico e catódico.  
Utilizando a equação 1 foi possível determinar que a área eletroativa do 
eletrodo de grafite fabricado corresponde à 0,796 cm2. Observando as 
equações das retas obtidas podemos afirmar que o transporte de massa foi 
controlado por difusão. Além disso, podemos observar que à medida em que a 
velocidade de varredura foi aumentando, houve um pequeno deslocamento nos 
potenciais de pico anódico e catódico das correntes. Essa mudança na região dos 
picos pode ser explicada pela adsorção ou formação da dupla camada na superfície 
do eletrodo de grafite, uma vez que devido sua porosidade, a superfície do 
eletrodo revela uma reação redox quase reversível.
Reprodutibilidade de fabricação dos eletrodos	
No tocante à reprodutibilidade, foram analisados 5 eletrodos de grafite 
confeccionados de forma similar. Utilizando voltametria cíclica e uma solução de 
K3[Fe(CN)6] 10 mmol/L em KCl 100 mmol/L a uma velocidade de varredura de 30 mV/s 
obtivemos os dados:  Corrente de Pico Anódico(μA) = 94,55; 99,24; 110,57; 99,89; 	
103,94 com Valor Médio = 101,64 e Desvio Padrão(σ) = 6,00 e Corrente de Pico 
Catódico(μA) = -113,54; -115,68; -131,87; -116,33; -123,13 com Valor Médio =	
-120,11	e Desvio Padrão(σ) = 7,49.
Levando em consideração a metodologia proposta de fabricação utilizando a 
impressão 3D, a reutilização das hastes de pilhas, o contato elétrico entre a 
haste e o fio de cobre, e o encapsulamento utilizando resina podemos considerar 
podemos considerar que a metodologia artesanal proposta neste trabalho é 
bastante reprodutível e pode ser considerada uma alternativa bastante favorável 
para laboratórios didáticos e grupos de pesquisa em eletroanalítica.  Desta 
forma, existe ainda um grande potencial de produção destes eletrodos em larga 
escala.
Aplicação do eletrodo de grafite na identificação de cafeína
Dentre as técnicas eletroquímicas disponíveis, a técnica da voltametria de pulso 
diferencial - DPV (Differential Pulse Voltammetry) foi a selecionada para 
determinar cafeína em amostras produzidas em laboratório. Dessa forma, foram 
analisadas soluções contendo concentrações distintas de cafeína em tampão PBS pH 
2,5 numa faixa de concentração entre 0,1 e 5,99 mmol/L. Para medição do 
analito proposto foram feitas adições consecutivas de volumes pré-fixados da 
solução padrão de cafeína 500 ppm. Após a adição da alíquota no sistema e sua 
respectiva homogeneização a leitura de sinal em triplicata foi feita utilizando 
DPV.
A partir dos picos apresentados pela técnica de DPV, Figura 2D, foi possível 
construir uma curva de calibração. Os sinais obtidos na voltametria de pulso 
diferencial apresentaram-se na faixa esperada da cafeína, entre 1,3 e 1,4 V 
(MARTÍNEZ - HUITLE et al., 2010). A correlação entre as concentrações de cafeína 
(mmol/L) e o sinal associado de corrente (mA) produziu um coeficiente de 
determinação ótimo (R2=0,994), ou seja, foi possível observar um 
comportamento linear do pico de oxidação da cafeína com o aumento da sua 
concentração. 


Conclusões
O desenvolvimento de novas tecnologias para fabricação de sensores 
eletroquímicos busca fomentar a inovação na criação de novos materiais e métodos 
alternativos às técnicas tradicionais. Neste cenário, o trabalho desenvolvido 
buscou através da utilização do grafite oriundo da reciclagem de pilhas comuns e 
por meio da impressão 3D confeccionar eletrodos de carbono grafite apresentando 
qualidade analítica e potencial de produção em larga escala.  
A impressão 3D para confecção de sensores eletroquímicos dispõe de diversas 
vantagens, como por exemplo, sua simplicidade, robustez, versatilidade, além de 
apresentar baixo custo e facilidade na aplicação da técnica. 
Apesar da matéria prima utilizada ser fruto de reciclagem, quando comparado com 
eletrodo de carbono vítreo comercial, o eletrodo de grafite possui correntes de 
pico anódica e catódica maiores, além de aproximação dos picos.  Fato este 
associado à maior área eletroativa do eletrodo, a qual foi calculada e 
corresponde à 0,796 cm2.
Através das medidas de reprodutibilidade, o eletrodo de carbono grafite 
apresentou uma resposta estável para os diferentes dispositivos testados, com 
desvios padrões de 6,0 e 7,49 para os picos anódico e catódico, respectivamente.
Finalmente, o eletrodo de carbono grafite foi aplicado na determinação de 
cafeína em diferentes concentrações. Através da técnica de voltametria de pulso 
diferencial (DPV) foi possível observar um comportamento linear da oxidação da 
cafeína, com o sinal de corrente associado aos picos. A correlação entre os 
parâmetros apresentou valor ótimo, R2=0,994.
Agradecimentos
Os autores agradecem à UFRN, ao Laboratório de Eletroquímica Ambiental e Aplicada 
(LEAA), a Central Analítica do Instituto de Química-UFRN e ao PIBIC pelo apoio 
financeiro.
Referências
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